T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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principio a fim" completava a leitura sem sentir um misto de angústia e de ânsia,<br />
grandeza e de estranhamento "[...] Mas nem por isso as sensações que estes livros<br />
despertavam eram menos inesquecíveis, deixavam de ser excepcionaes." 164 Este<br />
aspecto foi explicita<strong>do</strong>, em 1913:<br />
171^<br />
O gosto por leituras constitue um <strong>do</strong>s maiores prazeres intelectuaes:<br />
confirmam-no todas as pessoas de senso. É verdade, essa, reconhecida<br />
pelos mais simples entendimentos e pelos mais cultos. [...]A maioria<br />
acha até prazer (e como é agradavel assignalal-o) em ver num escripto<br />
qualquer, ora uma idéa que esteja conforme a sua maneira de<br />
comprehender as coisas, ora a graça tenue de um sentimento, que<br />
coexista com a delicadeza <strong>do</strong> seu sentir. 165<br />
Quaisquer que fossem os motivos para que as pessoas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> lessem,<br />
suas leituras eram permeadas por incontáveis e irrecuperáveis idiossincrasias,<br />
baseadas em uma cultura compartilhada. Cabe, ao fim e ao cabo, tentarmos verificar<br />
como alguns desses leitores, com todas suas peculiaridades (de classe, crença, etc.)<br />
leram os livros a sua disposição. Com isso, esperamos poder fechar o esboço da<br />
leitura no <strong>Paraná</strong> da virada <strong>do</strong> século, mostran<strong>do</strong> sua vitalidade.<br />
As formas como os diversos leitores leram, embora sejam recuperadas<br />
fragmentariamente, quanto a uns poucos livros para cada leitor, (às vezes, um único<br />
livro por leitor, ou um único leitor por livro) são um caminho de acesso à<br />
compreensão da leitura no passa<strong>do</strong> que está em foco aqui. Em mais uma longa lista<br />
de exemplos, o primeiro é a leitura que Emiliano Pernetta fez de Aristófanes, que<br />
remeteu o leitor à história relatada, fezen<strong>do</strong>-o ouvir "ainda a chalaça brutal das<br />
platéias de Athenas, o rugi<strong>do</strong> sangrento da plebe iconoclasta e irreverente, que<br />
assassinou de improperios, de chufes e de infamias, Socrates, o filosofo". 166 Outro<br />
164 VICTOR, Nestor. Zola. Victrix 2, Curitiba, 1902, p. XXV-XXXII<br />
165 "Bolivar". Portico. A Bomba 7(10). Coritiba, 12 de junho de 1913, s./p.<br />
166 PERNETTA, Emiliano. A proposito <strong>do</strong> Centro de Letras <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Fanal III (15, 16,17),<br />
Curitiba, Abr, maio, jun./1913, p. 319-323.