11.04.2013 Views

T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

170^<br />

[...] Senta-se commodamente em uma cadeira, e abrin<strong>do</strong> um livro ou<br />

um jornal, põe-se a 1er ou a fingir que lê, porque aos socios que<br />

entram, vae elle dirigin<strong>do</strong> a palavra [...]0 Luiz Candi<strong>do</strong> cerca-o,<br />

segura-o pela gola <strong>do</strong> paletot e cuspin<strong>do</strong>-lhe na cara, discursa<br />

simultaneamente sobre: a habitalidade <strong>do</strong>s astros, a crise financeira<br />

que abala o nosso paiz e o seu bolso, litteratura, filosofia... que sei<br />

eu!... [...] "Sabe em que pé está aquella questão <strong>do</strong> Zola? Parece que o<br />

capitão vae ser solto, segun<strong>do</strong> li n'um <strong>do</strong>s últimos jornaes da côrte. Eu<br />

aprecio muito o Zola! Aquelle seu romance 'Nana' é sublime!" 160<br />

Referentes a leitores reais ou fictícios, as imagens acima nos dão alguns<br />

elementos adicionais quanto à leitura no perío<strong>do</strong> e local em questão, sem pretender,<br />

com isso, afirmar que to<strong>do</strong>s os leitores se pautavam pelos mesmos critérios. Ao<br />

contrário, os critérios e objetivos da leitura eram bastante varia<strong>do</strong>s quanto a suas<br />

origens ou seus pressupostos. Há, porém, ênfase em alguns aspectos. Já falamos da<br />

necessidade da leitura para o progresso, da nação ou da humanidade, que fica patente<br />

nas pregações a favor <strong>do</strong> ensino e da alfabetização. Foi esse sentimento que levou,<br />

por exemplo, Silveira Netto a afirmar, em 1896, que "com o livro, e a imprensa livre<br />

e honesta, ilumina-se metade <strong>do</strong> futuro", 161 e, duas décadas mais tarde, fez um<br />

jornalista da Gazeta <strong>do</strong> Povo afirmar que "a grandeza da pátria [...] é conseqüência<br />

imediata e correlata <strong>do</strong> cultivo literário e intelectual de seus filhos [...]". 162 Mas essa<br />

gama de motivações à leitura concorria com a leitura dionisíaca, como aquela da<br />

Edith sonha<strong>do</strong>ra, uma leitura feita principalmente pelo prazer, que transformava as<br />

sisudas leituras de Dario Vellozo em alimento, ao transmutá-lo em "assíduo comensal<br />

<strong>do</strong>s bons livros de lettras e sciencias"; 163 que proporcionava diferentes emoções a<br />

Nestor Victor, e que ele estendia a to<strong>do</strong>s os leitores de Zola, dizen<strong>do</strong> que nenhum<br />

"d'entre os seus contemporâneos que se tivesse enbrenha<strong>do</strong> por um desses livros de<br />

160 O Sapo I (29), Curitiba, 18/set./1898, p. 1<br />

161 SILVEIRA NETTO, Respigas. Cenáculo 11(2). Coritiba, 1896, p. 158-60.<br />

162 A nossa bibliotheca...., p. 1.<br />

163 MACEDO, F.R.A. Epístolas pedagógicas II. A Escola I (S e 9). Curitiba, set., out./1906, p. 135-7.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!