T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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que o livro em questão; buscou também na tradição literária (Vitor Hugo em<br />
particular, com seu César que mata e Pedro que mente, de 58 páginas) obras de<br />
semelhante porte que, seguin<strong>do</strong> o argumento <strong>do</strong> ataque católico, de nada valiam por<br />
não caracterizarem um livro mais volumoso. 104<br />
Os cânones de leitura (e livros) que se buscava estabelecer pelo viés <strong>do</strong><br />
aconselhamento, cuja apresentação era legitimada por um notório saber ou por um<br />
estilo eloqüente <strong>do</strong> resenhista, eram freqüentemente vistos como <strong>do</strong>gmas por outros<br />
resenhistas e autores, que tinham em mente outros quadros canónicos. Assim, o<br />
leitor/escritor ou o leitor/resenhista concentra<strong>do</strong> em modelos modernos de leitura e<br />
literatura, como o simbolismo, via o cânone neo-clássico como <strong>do</strong>gmático e, em<br />
conseqüência, repressor das possibilidades literárias que buscava em suas leituras e<br />
escritos. Foi nesse senti<strong>do</strong> que se construiu grande parte da crítica literária contida<br />
nas resenhas e artigos da imprensa paranaense da virada <strong>do</strong> século. Os aspectos que<br />
essa crítica assumiu eram muito próximos das tentativas de estabelecimento de<br />
cânones de leitura (cuja eficácia ou fracasso só poderá ser verificada através de uma<br />
outra pesquisa que descubra como uma ampla parcela <strong>do</strong>s leitores das resenhas<br />
percebeu tais leituras).<br />
Ainda que o interesse imediato <strong>do</strong> presente texto não seja o de avaliar a<br />
constituição da crítica literária como campo de conhecimento no espaço e tempo<br />
estuda<strong>do</strong>s, aquilo que alguns intelectuais paranaenses <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em questão<br />
entendiam como crítica literária pode, novamente, fornecer mais algumas pistas sobre<br />
suas leituras. Assim, escreven<strong>do</strong> em 1914, Mario Rezende criticava a poesia de<br />
Francisco Leite em seu livro de estréia (Poentes de Outono) em termos da falta de<br />
104 LOCUSTA. Utopias. O Sapo I (31), Curitiba, 21/out./1898, p. 2.<br />
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