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T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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em voz alta" sen<strong>do</strong> mais "a audição de uma palavra leitora" <strong>do</strong> que o ato subjetivo e<br />

silencioso. 59 Nesse senti<strong>do</strong>, acompanhan<strong>do</strong> as pesquisas de Rolf Engelsing e David<br />

Hall, que chegaram a um modelo geral da leitura através de pesquisas independentes,<br />

podemos pensar o século XV3II como o de uma "revolução" na leitura. Segun<strong>do</strong><br />

esses autores, da Idade Média até aproximadamente 1750, havia uma forma intensiva<br />

de se 1er alguns livros - a Bíblia, alguns almanaques e catecismos - "várias e várias<br />

vezes, em voz alta e em grupos. Depois de 1800, na Europa, estudada por Engelsing,<br />

lia-se extensivamente, "to<strong>do</strong> o tipo de material, especialmente periódicos e jornais<br />

[...] apenas uma vez, corren<strong>do</strong> para o item seguinte". No caso da Nova Inglaterra,<br />

estudada por Hall, houve uma inundação de novos tipos de livros - "novelas, jornais,<br />

variedades recentes e alegres de literatura infantil" - que eram li<strong>do</strong>s "avidamente,<br />

descartan<strong>do</strong> uma coisa, assim que podiam encontrar outra". 60<br />

131^<br />

Porém, as duas formas de leitura coexistiram em diferentes camadas sociais,<br />

como podemos ver no Dom Quixote, de Cervantes, quan<strong>do</strong> Sancho decide contar<br />

histórias para seu amo para passar o tempo. Sua narrativa, entrecortada por<br />

repetições e histórias paralelas, comentários e digressões, "projetam o narra<strong>do</strong>r na<br />

história e remetem à situação de momento". 61 Tal forma de narrar irritou D. Quixote,<br />

habitua<strong>do</strong> ao fluxo <strong>do</strong>s livros que lia "até o ponto de desvaira<strong>do</strong> excesso". Ele queria<br />

que a narrativa de Sancho fosse feita conforme as regras da escrita linear, objetiva e<br />

59 CHARTIER, Roger. A história cultural, entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990., p.<br />

124.<br />

60 DARNTON, Robert. História da Leitura, In: BURKE, Peter, org. A escrita da história; novas<br />

perspectivas. São Paulo: Unesp, 1989, p.199-236. p. 212-13.<br />

61 CHARTIER, Textos, impressões e leituras. In: HUNT, Lynn. A nova historia cultural. São Paulo:<br />

Martins Fontes, 1992, p. 211-238, p.217.

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