T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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aos capazes de recebel-o e disseminan<strong>do</strong> a grandeza anatômica <strong>do</strong> Brasil - supino<br />
ideal de Sylvio Romero". 33<br />
119^<br />
A noção de educação a<strong>do</strong>tada por ele transparecia também em sua opinião<br />
sobre a alfabetização, ou a "difiusão <strong>do</strong>s vinte e cinco utilíssimos caracteres, com<br />
alguns tragos de moralidade e civismo". Alfabetização essa, definida como "luz aos<br />
trevosos cérebros", que não deveria ser abrupta ("não tão forte para não maltratar a<br />
vista"), nem em demasia ("moderada, lentamente"), mas apenas suficiente para que<br />
família e pátria fossem engrandecidas. 34 Porém ele criticava os lugares comuns que<br />
associavam a criminalidade com o analphabetismo, em termos principalmente de<br />
repetições incontáveis de frases feitas nesse senti<strong>do</strong>, frases que Deusdedit considera<br />
"asneiras e infantilidades como [...] [as] bonitas locuções <strong>do</strong> genial auctor <strong>do</strong> Legende<br />
des Siècles, que, se fosse vivo, estaria arrependi<strong>do</strong> de tel-as crea<strong>do</strong>, tal a ingenuidade<br />
que ellas contem e o despu<strong>do</strong>r das citações sem termo: A ignorancia produz o erro, e<br />
o erro produz o crime, Cada escola que se abre, um cárcere se fecha". Segun<strong>do</strong><br />
Deusdedit, basean<strong>do</strong>-se em diversos exemplos de países que começaram a ter ensino<br />
obrigatório e nos quais a criminalidade não diminuiu, não existia relação alguma entre<br />
"gramatica e a moralidade, como não é possível comprehender que uma paixão ou<br />
um preconceito de honra, por exemplo, possam ser destrui<strong>do</strong>s pelo Alphabeto" 35<br />
Em sua luta por não aceitar verdades acabadas - como a opinião corrente na<br />
virada <strong>do</strong> século sobre o analfabetismo como fonte de crime - Deusdedit combateu<br />
também a superficialidade com que o seu próprio tempo entendia a cultura. Para ele,<br />
o "typo moderno", civiliza<strong>do</strong>, que aprendia mais por atavismo <strong>do</strong> que por estu<strong>do</strong><br />
33 MOURA BRASíL.Oníogenia..., p. 9.<br />
34 MOURA BRASIL. A criminalidade ...