T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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autores colocaram ali, ter realmente gosta<strong>do</strong> de 1er aquilo, (como pretendiam uns<br />
poucos veteranos). A falta de imaginação da maioria <strong>do</strong>s escritores acadêmicos na<br />
escrita era surpreendente e chegava às raias <strong>do</strong> intolerável. Porém, eram leituras<br />
obrigatórias, e foram feitas com sofreguidão e imediatismo. Muito daquilo que foi<br />
li<strong>do</strong> perdeu-se nos meandros <strong>do</strong> que gosto de chamar de "memória seletiva". Outras<br />
leituras foram extremamente proveitosas, principalmente quan<strong>do</strong> traziam a sensação<br />
de que se estava sen<strong>do</strong> transporta<strong>do</strong> para o passa<strong>do</strong>. Assim foi, por exemplo, tanto a<br />
leitura de Os reis taumaturgos, quanto a de A era <strong>do</strong>s impérios e O palácio da<br />
memória de Matteo Ricci entre tantos outros. 7<br />
Os percalços não retiraram o prazer deriva<strong>do</strong> da leitura, acadêmica ou não,<br />
que boas obras proporcionam. Por mais novos meios de entretenimento que tenham<br />
surgi<strong>do</strong> e se desenvolvi<strong>do</strong> nesse espaço de tempo, a leitura tem si<strong>do</strong> uma quase<br />
obsessão, e a paixão pelos livros é acalentada na biblioteca pessoal, que hoje incluí<br />
uma pequena quantidade de edições centenárias de literatura portuguesa e brasileira,<br />
além de vários manuais de educação sexual das primeiras décadas deste século,<br />
coleciona<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> da confecção de meu trabalho anterior.<br />
Esse pequeno esboço de "ego-história", mais facilmente visualizável como<br />
ego-trip, tem a finalidade de relativizar o contato <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r com seu objeto de<br />
estu<strong>do</strong>. O prazer deriva<strong>do</strong> da leitura é diferente temporal e espacialmente, mas há<br />
inquestionavelmente prazer na leitura, quaisquer que tenham si<strong>do</strong> suas origens.<br />
Outros historia<strong>do</strong>res já se questionaram quanto a suas leituras e como elas moldaram<br />
7 BLOCH, Marc. Os réis taumaturgos-, o caráter sobrenatural <strong>do</strong> poder régio - França e Inglaterra.<br />
São Paulo: Companhia das Letras, 1993; HOBSBAWM, Eric. A era <strong>do</strong>s impérios. 1875-1914. Rio<br />
de Janeiro: Paz e Terra, 1988; SPENCE, Jonathan. O palacio da memoria de Matteo Ricci; a<br />
historia de uma viagem: da Europa da contra-reforma à China da dinastía Ming. São Paulo:<br />
Companhia das Letras, 1986.<br />
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