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moralidade, civilização e decadência - Programa de Pós ...

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filosóficas <strong>de</strong>senvolvidas (ou amadurecidas) na terceira fase do pensamento nietzschiano,<br />

sendo elas: vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência, fisiologia (o corpo), moral, psicologia, hierarquia,<br />

ascetismo 64 , niilismo, crítica à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, etc. Nesse sentido, como bem afirma Volpi<br />

“[o] tema da <strong><strong>de</strong>cadência</strong>, intimamente ligado ao do niilismo, perpassa, por assim dizer,<br />

toda a obra <strong>de</strong> Nietzsche e se torna para ele [...] um filão temático central na reflexão <strong>de</strong><br />

seus últimos anos <strong>de</strong> luci<strong>de</strong>z” (VOLPI, 1996, p. 50).<br />

Como não po<strong>de</strong>ria ser diferente, na feitura <strong>de</strong>ssa interconexão, uma <strong>de</strong>terminada forma<br />

é <strong>de</strong>marcada: através da déca<strong>de</strong>nce, as diversas noções, concepções e posturas explicitadas<br />

acima se organizam sob a forma <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> narrativa da humanida<strong>de</strong> em geral (e assim<br />

colocamos a crítica <strong>de</strong> Nietzsche à noção <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong> em suspenso). Diante disso,<br />

po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r porque essa tão tardia e pouco <strong>de</strong>senvolvida noção é aclamada pelo<br />

filósofo como o pensamento que o ocupou mais profundamente: ela é o conceito<br />

sintetizador das suas principais inquietações filosóficas. Além disso – e aqui temos um<br />

segundo e forte motivo para compreen<strong>de</strong>r essa “profundida<strong>de</strong>” –, o problema da déca<strong>de</strong>nce<br />

é algo que se apresentou no interior da sua própria carne; Nietzsche se consi<strong>de</strong>rava, ainda<br />

que não <strong>de</strong> todo e nem principalmente, um déca<strong>de</strong>nt: “Sem consi<strong>de</strong>rar que sou um<br />

déca<strong>de</strong>nt, sou também o seu contrário. [...] Como summa summarum [totalida<strong>de</strong>] eu era<br />

sadio, como ângulo, como especialida<strong>de</strong> era déca<strong>de</strong>nt” (EC “Por que sou tão sábio” §2).<br />

Mas, o que afinal é déca<strong>de</strong>nce?<br />

Toda hierarquia, relembremo-nos, para ser possível enquanto tal, <strong>de</strong>ve<br />

necessariamente prevalecer sobre a tendência à dissolução que lhe é inerente. Contudo, por<br />

mais tempo que prevaleça, não é dada a nenhuma hierarquia a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nunca<br />

sucumbir à dissolução. Não existem entes eternos: para o filósofo, tudo aquilo que se<br />

forma, que vem a ser, que cresce, “traz consigo um <strong>de</strong>scomunal esfacelamento e perecer”<br />

(VP §112)<br />

Em uma compreensão ordinária dos seres vivos ou mesmo dos seres inorgânicos, o<br />

processo <strong>de</strong> perecimento se apresenta como algo <strong>de</strong> óbvio: é <strong>de</strong>finido como morte,<br />

<strong>de</strong>terioração, <strong>de</strong>composição. Contudo, quando tratamos <strong>de</strong> mais entes complexos, como as<br />

civilizações humanas, nem sempre a aniquilação ou ainda as drásticas mutações sofridas<br />

por estes entes (vi<strong>de</strong> o caso <strong>de</strong> Roma) são compreendidas sob o signo <strong>de</strong> um perecimento<br />

64 Lembremo-nos que o termo ascetismo engloba tanto o platonismo quanto o cristianismo.<br />

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