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moralidade, civilização e decadência - Programa de Pós ...

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CAPÍTULO II<br />

Formação e <strong>de</strong>clínio das civilizações vitais<br />

1. Critérios gerais da avaliação nietzschiana dos tipos e das suas respectivas<br />

morais<br />

No capítulo anterior, vimos que Nietzsche compreen<strong>de</strong> a moral como algo plural e<br />

mesmo mutável. Também vimos que as diferentes morais estão relacionadas a diferentes<br />

tipos <strong>de</strong> homens. Para que nos situemos ante a gama <strong>de</strong> idéia expostas no capítulo anterior<br />

e nos apropriemos dos critérios gerais aos quais Nietzsche submete essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos<br />

– <strong>de</strong> modo a po<strong>de</strong>r, valorá-los, hierarquizá-los –, é indispensável que compreendamos o<br />

pathos que <strong>de</strong>u origem a esses critérios. Pathos, porque o problema da moral não se<br />

configura em Nietzsche como uma mera especulação filosófica. Do mesmo modo que o<br />

filósofo não compreen<strong>de</strong> a <strong>moralida<strong>de</strong></strong> como algo alicerçado pela racionalida<strong>de</strong>, ele<br />

tampouco compreen<strong>de</strong> a problematização <strong>de</strong>la como um movimento puramente<br />

especulativo – a moral está na filosofia nietzschiana completamente relacionada à vida.<br />

Desse modo, se no capítulo anterior expusemos como para Nietzsche se <strong>de</strong>u o surgimento<br />

da moral e os diversos âmbitos que o fundamentam ou que <strong>de</strong>le se seguem, no presente<br />

item concentrar-nos-emos em <strong>de</strong>svendar a perspectiva, os critérios em que se situa o<br />

problema dos valores, isto é, o problema da moral.<br />

O percurso que conduziu Nietzsche às conclusões apontadas, por nós, no Capítulo I –,<br />

iniciou-se através da investigação sobre a origem dos valores da moral dominante,<br />

entendida por ele como moral ascética. É curioso notarmos que o interesse <strong>de</strong> Nietzsche<br />

pela questão da moral é concebido, por ele, como algo que em muito ultrapassa o mero<br />

âmbito da especulação filosófica. Uma espécie <strong>de</strong> “escrúpulo” para com a moral<br />

dominante seria o seu “a priori” existencial:<br />

“Por um escrúpulo que me é peculiar, e que confesso a contragosto – diz<br />

respeito à moral, a tudo o que até agora foi celebrado na terra como moral<br />

–, escrúpulo que surgiu em minha vida tão insolicitado, tão incontido, tão<br />

em contradição com ambiente, ida<strong>de</strong>, exemplo, procedência que eu quase<br />

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