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moralidade, civilização e decadência - Programa de Pós ...

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explicação geral para todas as coisas. Contudo, todas as noções interessantes para o<br />

presente trabalho, já foram por nós <strong>de</strong>stacadas. Antes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrarmos os meandros<br />

concernentes à tipologia nietzschiana, consi<strong>de</strong>remos apenas que todas as noções<br />

ontológicas por nós expostas conformam uma espécie <strong>de</strong> cosmovisão ou filosofia da<br />

natureza. Para muitos filósofos, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma filosofia da natureza se<br />

configura como principal objetivo, mas não pensamos que seja isto o que ocorra no caso <strong>de</strong><br />

Nietzsche. Acreditamos que a sua filosofia da natureza tem como principal função<br />

estabelecer o caráter da vida – e, num sentido mais amplo, o da existência –, já que assim<br />

serão fornecidas as bases para uma valoração dos homens e das suas conformações (moral<br />

e <strong>civilização</strong>). Não nos esqueçamos que todo esse esforço nietzschiano em promover uma<br />

valoração e interpretação a favor da vida é indissociável do seu combate ao i<strong>de</strong>al<br />

dominante, em outras palavras, à vida empobrecida da qual, segundo ele, todos nós<br />

fazemos parte: “Minha tarefa é preparar a humanida<strong>de</strong> para a gran<strong>de</strong> tomada <strong>de</strong><br />

consciência, um gran<strong>de</strong> meio-dia em que ela olhe para trás e para adiante, em que ela<br />

escape ao domínio do acaso e do sacerdote [ascético]” (EC “Aurora” §2).<br />

5. Prelúdio a uma diferenciação tipológica<br />

No item 1, quando tratamos da pré-história do homem e das suas conformações<br />

sociais, a noção <strong>de</strong> tipo ainda não encontrava lugar. A frágil e <strong>de</strong>sgovernada compleição<br />

instintiva que <strong>de</strong>ra origem à <strong>moralida<strong>de</strong></strong> dos costumes 30 não era capaz <strong>de</strong> configurar um<br />

<strong>de</strong>terminado tipo – <strong>de</strong>vido à caotização instintiva peculiar ao “antece<strong>de</strong>nte do homem”.<br />

Contudo, uma vez que os instintos estejam fixados 31 , teremos como conseqüência a<br />

formação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> homem, que ao menos nos tempos mais remotos está<br />

diretamente associada à formação <strong>de</strong> uma estirpe <strong>de</strong> homens, isto é, a um grupo <strong>de</strong> homens<br />

cujos instintos se dispõem <strong>de</strong> uma maneira <strong>de</strong>terminada e específica – o que se revelará em<br />

um modo <strong>de</strong> comportamento, bem como em um sistema <strong>de</strong> crenças igualmente<br />

30 Lembremo-nos que a caoticida<strong>de</strong> instintual inerente ao antece<strong>de</strong>nte do homem <strong>de</strong>u origem à <strong>moralida<strong>de</strong></strong><br />

dos costumes à medida que somente através <strong>de</strong> uma coerção externa os instintos po<strong>de</strong>riam vir a se fixar.<br />

Por outro lado, foi a fixação dos instintos o que possibilitou a consolidação da <strong>moralida<strong>de</strong></strong> dos costumes.<br />

Tal como dissemos na página 7, a relação entre valor e a hierarquia instintiva é uma relação recíproca.<br />

31 Essa fixação dos instintos propiciada pela <strong>moralida<strong>de</strong></strong> dos costumes, nunca <strong>de</strong>ve ser compreendida como<br />

algo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finitivo ou completamente rígido. O motivo disso está no próprio caráter dinâmico da vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> potência que naturalmente se reflete na hierarquia. Em palavras diretas, isso significa que a hierarquia<br />

não é imutável e tampouco eterna. Ela é sempre <strong>de</strong> duração relativa, bem como é sempre mutável –<br />

embora nunca absolutamente, senão dar-se-ia a <strong>de</strong>sestruturação da hierarquia e não sua mutação.<br />

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