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moralidade, civilização e decadência - Programa de Pós ...

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Isso significa que o sucesso <strong>de</strong>ssa coerção-formação e conseguinte/concomitante<br />

crescimento da estrutura não estão garantidos: serão formados entes mais e menos coesos,<br />

mais e menos complexos – e disso, temos a abertura para um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> más e<br />

medíocres formações e rarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> boas formações – os “acasos felizes”, como já o<br />

dissemos. Acreditamos que essas variações estruturais, relativas sobretudo à complexida<strong>de</strong><br />

e coesão 24 , conformam a base para uma diferenciação geral (entes <strong>de</strong> gêneros diferentes) e<br />

específica (entes <strong>de</strong> um mesmo gênero) dos entes. E daí a po<strong>de</strong>rmos afirmar,<br />

conjuntamente a Schatzki, que aquilo que diferencia os homens dos animais é o mesmo<br />

que diferencia o homem superior do inferior (SCHATZKI, 1994, p. 151) 25 .<br />

No que se refere a uma diferenciação geral, não po<strong>de</strong>mos ir mais adiante: o filósofo<br />

não nos oferece quaisquer elementos, além <strong>de</strong>sses. O motivo para isso é que todo o seu<br />

interesse nas questões relativas à complexida<strong>de</strong> e à coesão – que, é bem verda<strong>de</strong>, ele não<br />

trata com a especificida<strong>de</strong> aqui presente –, concentra-se em <strong>de</strong>senvolver as bases para uma<br />

diferenciação entre os homens. O interesse nessa diferenciação é não só algo <strong>de</strong> natural,<br />

mas mesmo algo <strong>de</strong> crucial à sua filosofia, tendo em vista o seu principal intento, que,<br />

como já anunciamos, consiste na promoção <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> valoração que se ponha <strong>de</strong><br />

acordo com o caráter da vida. Ora, sendo os valores a expressão mais complexa dos<br />

instintos e havendo diferentes formas <strong>de</strong> avaliar, po<strong>de</strong>mos concluir que, no âmbito do<br />

humano, há diferentes modos <strong>de</strong> hierarquização entre instintos – se assim não o fosse não<br />

seria possível haver diferentes formas <strong>de</strong> avaliação – e, por conseguinte, diferentes tipos <strong>de</strong><br />

homem – uma vez que esses são justamente a hierarquia entre os instintos. Para que<br />

atentemos com proprieda<strong>de</strong> para as diferenciações tipológicas existentes entre os homens,<br />

julgamos interessante que estejamos previamente atentos às nuances mais genéricas<br />

pertencentes ao plano estrutural – do qual todos os outros são <strong>de</strong>rivados. Comecemos,<br />

então.<br />

O grau <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ente 26 está, para Nietzsche, diretamente relacionado à<br />

24 Há ainda um terceiro ponto igualmente importante para uma diferenciação dos entes: o modo <strong>de</strong><br />

disposição das forças que po<strong>de</strong> ser ascen<strong>de</strong>nte (<strong>de</strong> acordo com a vida) ou <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte (<strong>de</strong> acordo com a<br />

<strong>de</strong>generação). Como esse “ponto” está relacionado à questão da déca<strong>de</strong>nce, julgamos oportuno<br />

<strong>de</strong>senvolvê-lo mais adiante.<br />

25 Schatzki não faz essa afirmação pensando na questão da complexida<strong>de</strong> e da coesão, todavia como ele a<br />

coloca <strong>de</strong> maneira geral, julgamos apropriado apoiarmo-nos nele.<br />

26 Apesar <strong>de</strong> admitirmos que a doutrina da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência não nos oferece elementos suficientes para<br />

uma diferenciação dos entes em geral, optamos pelo uso do termo genérico “ente” ao termo “homem”,<br />

porque caso o usássemos seria quase inevitável invocar os outros planos a ele referentes – o que não é o<br />

objetivo do presente item, que visa concentrar-se apenas no plano do mais elementar. Além disso, à<br />

medida que Nietzsche admite que haja na natureza um “exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> malogrados” e que, na nossa<br />

interpretação da doutrina da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência, essas questões referentes à má-formação estão<br />

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