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moralidade, civilização e decadência - Programa de Pós ...

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maneira mais radical, ele sequer admita a concepção <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência como<br />

elemento interno da força. Ele julga que essa forma <strong>de</strong> compreensão significa tomar<br />

“<strong>de</strong>masiado literalmente a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Nietzsche <strong>de</strong> que o conceito <strong>de</strong> força carece <strong>de</strong><br />

um complemento por meio da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência”. Müller-Lauter acredita que, na obra<br />

nietzschiana, ou o termo força é empregado no sentido do representar mecanicista – sendo<br />

nessa acepção criticado – ou no sentido <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência (MÜLLER-LAUTER,<br />

1997, p. 110-12).<br />

Po<strong>de</strong>ríamos citar aqui outras interpretações relacionadas a uma possível diferenciação<br />

entre força (no sentido dado por Nietzsche) e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência, tais como a <strong>de</strong> Marton,<br />

que, ao apontar para as problematizações referentes a essa questão, parece não julgar que<br />

haja uma diferença contun<strong>de</strong>nte – a sua hipótese é a <strong>de</strong> que a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência seja a<br />

explicitação do caráter intrínseco da força (MARTON, 1990, p. 55) –, e a <strong>de</strong> Deleuze que<br />

teria diferenciado <strong>de</strong> maneira bastante pormenorizada a força da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência<br />

(DELEUZE, 1976, pp. 32-43). Apesar <strong>de</strong> não <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rarmos <strong>de</strong> todo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

haver alguma espécie <strong>de</strong> diferenciação entre os termos força e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência,<br />

acreditamos que ela, se existe, não é passível <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição e, assim, optaremos, na presente<br />

dissertação por empregar os conceitos <strong>de</strong> força e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência como sinônimos.<br />

Através da concepção <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência como caráter da existência, Nietzsche<br />

não só <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> lado a idéia do mundo “material”, o mundo das unida<strong>de</strong>s fixas inseridas<br />

num <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento causal, como também a do mundo imaterial, o das substâncias<br />

irredutíveis e imutáveis. Para Nietzsche, não há nenhum “Ser” no sentido estável, bem<br />

como não há “mônadas” indivisíveis. Todas as concepções filosóficas que remontem a<br />

essas conclusões são, para o filósofo, ficções cunhadas a partir da doença ascética. Diante<br />

disso, po<strong>de</strong>mos perceber que a noção <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência como caráter da existência<br />

coloca o mundo sob a perspectiva do vir-a-ser, o que significa que as unida<strong>de</strong>s (os entes)<br />

são concebidas como continuamente mutáveis, <strong>de</strong> fronteiras inseguras, além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> qualquer essência transcen<strong>de</strong>ntal. Para Nietzsche, essência e existência são<br />

uma coisa só; e, é nesse sentido que <strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r o conformar-se e apresentar-se dos<br />

entes como vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência.<br />

A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência não <strong>de</strong>ve ser, então, compreendida como algo que subsistindo<br />

“por si”, viria a se impor sobre as <strong>de</strong>mais vonta<strong>de</strong>s. De acordo com a perspectiva por nós<br />

adotada, temos <strong>de</strong> nos prevenir <strong>de</strong> substancializar a força/vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência, o que<br />

significa que não <strong>de</strong>vemos compreendê-la como sujeito, como Um – que, para Nietzsche,<br />

seria o caso do átomo. Como expusemos acima, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência é tida por nós como<br />

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