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moralidade, civilização e decadência - Programa de Pós ...

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e <strong>civilização</strong>). Ora, uma vez que o filósofo “encontra” nessas tão diferentes instâncias os<br />

mesmos aspectos primordiais, ele se questiona se não seria lícito compreen<strong>de</strong>r a existência<br />

também <strong>de</strong> acordo com essa perspectiva: “A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> força como<br />

específica para o fenômeno da vida, nutrição, geração, transmissão hereditária, – da<br />

socieda<strong>de</strong>, Estado, costume, autorida<strong>de</strong>. – Não <strong>de</strong>veríamos po<strong>de</strong>r supor essa vonta<strong>de</strong> como<br />

causa motora também na química? – e na or<strong>de</strong>m cósmica?” (VP §689). A partir das suas<br />

conclusões referentes aos fenômenos internos ao corpo e o modo como esse “comportou-se<br />

em relação ao restante da natureza” (VP §691) – o que, por sua vez, põe-se <strong>de</strong> acordo com<br />

as suas prévias consi<strong>de</strong>rações no campo da antropologia –, Nietzsche concebe o princípio<br />

fundamental da vida e, com esse, o princípio fundamental <strong>de</strong> toda existência. Sendo, para<br />

ele, a vida, “essencialmente apropriação, ofensa, sujeição do que é estranho e mais fraco,<br />

opressão, dureza, imposição <strong>de</strong> formas próprias, incorporação e no mínimo e mais<br />

comedido exploração” (BM §259), temos configurado um caráter pouco convencional para<br />

o existir.<br />

No presente item, tal como já po<strong>de</strong>mos perceber, modificaremos a perspectiva pela<br />

qual abordamos a filosofia nietzschiana no item 1. Pois se iniciamos a presente dissertação<br />

com a abordagem das questões referentes ao homem e às suas criações, ou seja, com as<br />

consi<strong>de</strong>rações filosófico-antropológicas <strong>de</strong> Nietzsche, neste segundo momento nos<br />

<strong>de</strong>teremos na parte mais elementar da cosmovisão nietzschiana, que concerne não só ao<br />

homem e às suas criações, mas a tudo o que há. Esse plano, que po<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong><br />

ontológico – tendo em vista que ele se refere ao mais geral do real –, não é o objetivo final<br />

do nosso estudo, mas é fundamental tanto para uma compreensão da antropologia<br />

filosófica nietzschiana, quanto para a compreensão da fundamentação biológico-filosófica<br />

que Nietzsche conferiu ao seu pensamento – que, por sua vez, são imprescindíveis para a<br />

compreensão da existência dos valores hostis à vida e, por conseguinte, do ascetismo<br />

(esses sim objetos do nosso estudo). Adiantemos que a perspectiva agora adotada será<br />

também mantida nos itens 3 e 4.<br />

Ao compreen<strong>de</strong>r os diferentes entes e instâncias como ânsia por mais domínio, ou<br />

seja, como vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência, Nietzsche parece conceber a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência como a<br />

substância que diz sobre a essência íntima <strong>de</strong> todas as coisas. Ora, apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarmos<br />

que em muitos momentos o modo <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> Nietzsche conduza a essa interpretação<br />

– que, por sua vez, é adotada por ninguém menos do que Martin Hei<strong>de</strong>gger –, não a<br />

assumimos como a nossa. Sustentando-nos nas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Wolfgang Müller-Lauter,<br />

acreditamos que a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência se apresenta não como uma substância essencial,<br />

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