moralidade, civilização e decadência - Programa de Pós ...
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social ou aliança, foram eles que <strong>de</strong>ram forma aos mais toscos e incipientes complexos<br />
sociais, e, assim, à perspectiva sob a qual o homem veio a criar a sua própria forma – que,<br />
como sabemos, é a perspectiva do valor:<br />
100<br />
O olho estava posicionado nessa perspectiva; e com a ru<strong>de</strong> coerência<br />
peculiar ao pensamento da mais antiga humanida<strong>de</strong>, pensamento difícil<br />
<strong>de</strong> mover-se, mas inexorável no caminho escolhido, logo se chegou à<br />
gran<strong>de</strong> generalização: “cada coisa tem seu preço; tudo po<strong>de</strong> ser pago”<br />
(GM II §8)<br />
Tenhamos em mente que a compreensão <strong>de</strong> que a relação primordial entre os homens<br />
está posta sob os parâmetros da relação <strong>de</strong> um ven<strong>de</strong>dor com um comprador, revela não<br />
apenas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a promessa, mas a presença <strong>de</strong> uma forma rudimentar<br />
<strong>de</strong> avaliar, uma vez que a relação <strong>de</strong> compra e venda pressupõe o comparar, a avaliação.<br />
Com isso, ousamos afirmar que o homem precisou criar uma memória da vonta<strong>de</strong>, porque<br />
já podia, ainda que toscamente avaliar. Explicitando em pormenores, isso significa que a<br />
ainda incipiente capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação, advinda da multiplicida<strong>de</strong> instintiva e expressa<br />
na relação primordial <strong>de</strong> um ven<strong>de</strong>dor com um comprador, foi, sob o ponto <strong>de</strong> vista<br />
antropológico, o que incitou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixação dos instintos. Somente com a fixação<br />
dos instintos, os homens teriam as suas relações homogeneizadas, o que po<strong>de</strong>ria garantir<br />
não só o estabelecimento <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> relação (ela não seria minada por uma violência<br />
caotizada e daí vem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prometer), mas também a formação <strong>de</strong> novos e mais<br />
potentes complexos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (e aqui nos remetemos novamente à perspectiva da vida).<br />
Com esses argumentos, concluímos não só pela naturalida<strong>de</strong> da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação –<br />
o homem, sendo conformado por diferentes instintos é capaz <strong>de</strong> “enxergar” por diferentes<br />
perspectivas e, portanto <strong>de</strong> avaliar – quanto pela naturalida<strong>de</strong> do próprio processo <strong>de</strong><br />
hominização – o antece<strong>de</strong>nte do homem, animal não fixado, teve a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixar-se<br />
(o que configura o processo <strong>de</strong> hominização), a partir <strong>de</strong> uma potencialida<strong>de</strong> advinda da<br />
sua riqueza instintiva. Notemos que essa última sentença é dotada <strong>de</strong> dois sentidos: a<br />
riqueza instintiva tanto necessita da fixação, para o não <strong>de</strong>sperdício (ampliação da<br />
potência), quanto conduz a essa fixação. Retomando uma sentença afirmada na página 7,<br />
embora agora ela esteja dotada <strong>de</strong> uma outra <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos afirmar: o avaliar é uma<br />
criação dos instintos que acaba por garantir a sua hierarquia.<br />
Tanto a relação da comunida<strong>de</strong> com os indivíduos que a conformavam, quanto a