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COMUNICACÃO ,<br />

QUANDO VERDADE<br />

TEM DONO<br />

Com a imprensa nas mãos de poucos,<br />

interesses financeiros se sobrepõem aos <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de; saí<strong>da</strong> aponta<strong>da</strong> é viabilizar veículos<br />

alternativos Por Renato Rovai<br />

Ao menos em tese há uma diferença fun<strong>da</strong>mental<br />

entre o dito “Quarto Poder”, a<br />

imprensa, e os outros três (Executivo, Legislativo,<br />

Judiciário) consagrados pelo filósofo<br />

iluminista Montesquieu em O Espírito<br />

<strong>da</strong>s Leis, de 1748. A lógica do poder<br />

midiático e o seu funcionamento estão atrelados<br />

a interesses privados, mesmo no caso dos veículos<br />

eletrônicos, cuja concessão é pública. Os proprietários<br />

dos meios de comunicação visam obter lucro e<br />

controle e, para alcançá-los, não têm hesitado em<br />

abrir mão de parte <strong>da</strong> credibili<strong>da</strong>de do seu produto.<br />

Exemplos dessa prática existem às pencas, e não são<br />

privilégios do Terceiro Mundo.<br />

No Brasil, o caso mais lembrado é o <strong>da</strong> edição feita<br />

pela Rede Globo do segundo debate entre os candi<strong>da</strong>tos<br />

à presidência Lula e Collor. Na Venezuela, recentemente<br />

os veículos de comunicação ignoraram o<br />

jornalismo para defender o golpe de Estado contra o<br />

presidente Hugo Chávez. E na terra que se auto-denomina<br />

como <strong>da</strong> “imprensa livre”, os Estados Unidos,<br />

um silêncio obsequioso <strong>da</strong> mídia sobre as falsas<br />

provas de armas químicas do Iraque garantiu a Bush<br />

apoio <strong>da</strong> opinião pública para atacar aquele país.<br />

Se o problema <strong>da</strong> promiscui<strong>da</strong>de midiática está no<br />

nascedouro, no fato de não se constituir em um espaço<br />

público, mas sim de defesa de interesses privados,<br />

qual seria então a solução para impedir que ela<br />

se fortaleça como instrumento autoritário? Atualmente<br />

é quase unanimi<strong>da</strong>de entre os estudiosos do<br />

tema (críticos ao atual modelo) que a saí<strong>da</strong> é a desconcentração<br />

de proprietários de veículos, garantindo<br />

parte desses canais comunicativos a enti<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de civil.<br />

Para que isso ocorra é importante <strong>da</strong>r concessões<br />

(no caso dos meios eletrônicos) a novos atores, mas<br />

não basta. É legítimo e necessário que o Estado apóie<br />

esses novos grupos, <strong>da</strong> mesma forma que faz com<br />

os grandes veículos comerciais. O raciocínio que vale<br />

é a mesmo que define a atual política do governo<br />

para a reforma agrária. Apenas assentar o semterra<br />

não garante sua sobrevivência. É preciso <strong>da</strong>r a<br />

ele condições para que possa produzir e sobreviver<br />

6 | REVISTA DOS BANCÁRIOS<br />

dela. Condições que os ruralistas têm, já que recebem<br />

diferentes linhas de crédito com juros subsidiados<br />

para financiar seus negócios.<br />

Na lógica <strong>da</strong> comunicação, entregar concessões a<br />

grupos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil ou a empresários de menor<br />

porte sem que lhes sejam <strong>da</strong><strong>da</strong>s condições de<br />

buscar recursos do Estado (que garantem boa parte<br />

<strong>da</strong> receita dos grandes veículos privados) é inviabilizá-los.<br />

Nem Rede Globo nem Editora Abril sobreviveriam<br />

sem qualquer publici<strong>da</strong>de do governo por<br />

mais de três meses, então como um veículo menor<br />

conseguiria? Para se ter idéia do que significa essa<br />

“forcinha” em cifras, é bom saber que os governos<br />

do Brasil são recordistas mundiais em investimentos<br />

de publici<strong>da</strong>de na mídia. Dos recursos obtidos pelos<br />

veículos para viabilizá-los, 7,13% do total vêm<br />

do setor público. Só do governo federal são 5,04%.<br />

E esses recursos são repassados, praticamente de forma<br />

integral, para os grandes veículos.<br />

Evidente que modificar essa situação encontra senões<br />

de diferentes segmentos e não só dos proprietários<br />

<strong>da</strong>s grandes mídias. João Cury, ex-diretor de<br />

conteúdo <strong>da</strong> América On Line no Brasil, sustenta<br />

que parte dos grupos alternativos “torcem os fatos<br />

porque são ideológicos demais”. E, de certa forma,<br />

por isso mesmo não têm credibili<strong>da</strong>de, não podendo<br />

ser considerados informativos. A editora <strong>da</strong> Agência<br />

Carta Maior (site de internet) e membro <strong>da</strong> coordenação<br />

executiva <strong>da</strong> associação civil Intervozes, Bia<br />

Barbosa, concor<strong>da</strong> em tese com a falta de quali<strong>da</strong>de<br />

de parte desses veículos, mas com ressalvas.<br />

Para Bia, a maioria deles tem “o papel de resistência<br />

ao que é oferecido na grande mídia” e, em muitos<br />

casos, são eles que garantem a divulgação de um<br />

conteúdo de maior quali<strong>da</strong>de do que o transmitido<br />

pelos veículos comerciais. Em sua análise, ela abor<strong>da</strong><br />

principalmente veículos impressos (jornais e revistas)<br />

e os sites de internet, mais consumidos pelos<br />

públicos A e B, minoria dentro do cenário nacional.<br />

Só a título de comparação do alcance dos veículos,<br />

se forem somados todos os jornais diários brasileiros<br />

não se chega a uma tiragem de 6 milhões de<br />

exemplares.

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