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ARTIGO
O QUE FALTA É
GENTE
Lei que estabelece prazo para fila em banco tem
de apontar para mais contratações nestas empresas e
fiscalização freqüente, ou não funcionará de forma eficaz
Por Juvandia Leite Moreira
Juvandia Moreira Leite
é secretária-geral do
Sindicato e funcionária
do Bradesco
34 | REVISTA DOS BANCÁRIOS
PAULO PEPE
Éfato notório que as empresas que integram
o sistema financeiro representam o
setor que mais lucra no País. Apenas
no primeiro trimestre desse ano os bancos
Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Unibanco
tiveram um lucro em média 56%
superior ao mesmo período do ano passado. Em
2004, só os 10 maiores bancos que operam no Brasil
lucraram em torno de R$ 15 bilhões.
Se pelo lado dos banqueiros tudo anda muito
bem, o mesmo não se pode dizer de seus funcionários
e clientes. Esse mesmo sistema financeiro sofreu
uma série de transformações desde 1994. Entre
elas estão uma forte concentração bancária e
mudanças tecnológicas acompanhadas de alterações
na regulamentação pelo Bacen, como as liberações
de cobrança de tarifas indiscriminadamente, do correspondente
bancário, terceirizações etc. Porém, essas
mudanças nem sempre se refletiram em melhorias
para os clientes e para a sociedade: os clientes
sofrem com a cobrança de tarifas (basta observar o
crescimento das receitas de prestação de serviços divulgadas
nos balanços dos próprios bancos) e com
as filas nas agências bancárias. E a sociedade pagou
com o alto índice de desemprego agravado pelas
demissões dos bancários.
As filas nos bancos afetam diretamente clientes e
bancários. Os clientes, pelo tempo desperdiçado e
os empregados, por suportarem a insatisfação dos
clientes e a conseqüente sobrecarga de trabalho pela
falta de funcionários. Muitos municípios, inclusive
São Paulo, aprovaram leis controlando o tempo
de espera nas filas dos bancos, porém essas leis
não prevêem mecanismos eficazes de controle e fiscalização,
nem dialogam com um número de funcionários
suficientes para o bom atendimento nos
bancos. Em São Paulo, a lei passou a valer desde
maio deste ano, mas não prevê as formas de fiscalização
nem a contratação de mais funcionários pa-
ra melhor atender aos clientes e à população em
geral.
Não há estrutura na Prefeitura para efetivar o
controle e aplicação da lei. A idéia é que funcione
a partir das denúncias dos clientes, que poderão ser
feitas pelo telefone 156. Se os clientes conseguirem
efetivar sua denúncia, os bancos que não cumprirem
a legislação estão sujeitos a uma multa irrisória
de R$ 564. Em caso de reincidência, o valor dobra,
porém a agência não pode ser interditada.
Em Porto Alegre essa lei já foi aprovada há mais
tempo, mas se mostrou omissa nos mesmos pontos.
Lá, os clientes têm que preencher um formulário,
que nunca está disponível nas agências bancárias,
e levar até a Prefeitura, juntamente com testemunhas.
Com tantas dificuldades, é fácil imaginar
quantas pessoas conseguem efetivar sua denúncia!
Mas essa lei pode, sim, beneficiar a população,
desde que preveja formas eficazes de fiscalização do
seu cumprimento e não penalize ainda mais os funcionários,
que já estão tão sobrecarregados de trabalho
e sofrendo pressão para vender produtos, autenticar
e atender rapidamente aos clientes. Para isso,
é imprescindível que a lei preveja a contratação
de mais bancários, o controle do tempo de permanência
com fiscalizações rigorosas e multas eficientes.
Só assim será possível acabar com as filas e atender
melhor à população.
O Sindicato tem cobrado dos banqueiros cotidianamente
a geração de mais empregos, como na última
campanha que fez esse ano e culminou num
saldo de mil contratações no Grupo Santander Banespa:
Banqueiros no Big Lucro... Fim das Demissões.
Contratações Já! Bancários e clientes podem
ajudar muito denunciando e cobrando a responsabilidade
social dos bancos, e cobrando também da
Prefeitura que torne essa lei mais completa e realmente
eficiente. ❚