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Notas sob luz infravermelha: diferenças na hora<br />
sobre cigarro e esperava que a resposta fosse<br />
negativa. Não quero ouvi-lo falar que<br />
experimentou drogas”, diz, ressalvando, porém,<br />
que o filho tem “cabeça boa”. “Conversamos<br />
bastante. Passo minha experiência<br />
de ver jovens jogando a vi<strong>da</strong> fora e estragando<br />
famílias com o consumo de drogas”,<br />
afirma.<br />
O núcleo é isolado por uma única porta,<br />
de ferro. Para transpô-la é necessário<br />
digitar senha em um teclado numérico. O<br />
entorpecente apreendido em delegacias é<br />
depositado em um gavetão. Junto ao material<br />
vem o pedido de análise, descrição<br />
de quanti<strong>da</strong>de e tipo de embalagem. Se o<br />
material não corresponder à descrição <strong>da</strong><br />
requisição é devolvido. A suposta droga é<br />
pesa<strong>da</strong> e passa pelo processo de constatação,<br />
ou seja, os peritos, através do uso de<br />
reagentes químicos que produzem coloração<br />
específica para ca<strong>da</strong> tipo de entorpe-<br />
cente, vão dizer se é ou não droga. Uma<br />
pequena parte é guar<strong>da</strong><strong>da</strong> para a contraprova.<br />
“Em 98 de 100 casos se constata que<br />
é droga realmente”, ressalta Gisela. O laudo<br />
definitivo é elaborado com a utilização<br />
de técnicas mais apura<strong>da</strong>s, com uso de solventes<br />
ou gases. O perito Marcelo Henrique<br />
Voloch, farmacêutico, 30 anos, explica<br />
que é muito comum a cocaína ter várias<br />
outras substâncias em sua composição,<br />
tão ou mais perigosas. “A sílica pode<br />
causar a Doença do Carvoeiro, em que se<br />
desenvolvem cistos no pulmão. A lidocaína,<br />
choque anafilático em pessoas que têm<br />
alergia a anestésicos”, ensina.<br />
Já o núcleo de análises de DNA é dirigido<br />
pela bióloga, professora e advoga<strong>da</strong><br />
Norma Bonaccorso, 45 anos, que se confessa<br />
apaixona<strong>da</strong> pela profissão. É um dos<br />
mais bem equipados, mas, ao contrário do<br />
que se imagina, não faz testes de paterni<strong>da</strong>de<br />
e nem tem a atribuição de fazer prova<br />
em casos de litígio, por exemplo. “Nós<br />
trabalhamos para a tentativa de eluci<strong>da</strong>ção<br />
de crimes. Portanto, geralmente analisamos<br />
amostras de sangue de uma vítima de homicídio,<br />
de esperma em calcinhas de vítimas<br />
de estupro e, muitas vezes, esse material<br />
é bem escasso, o que dificulta, e muito,<br />
nosso trabalho”, explica Norma.<br />
De acordo com a especialista, o tipo<br />
de análise é obrigatoriamente comparativo.<br />
“Temos que ter uma mostra biológica<br />
de um suspeito ou de prováveis parentes<br />
de uma pessoa morta, sem identificação.<br />
A outra mostra é aquela <strong>da</strong> qual<br />
não se sabe a origem, colhi<strong>da</strong> geralmente<br />
em um local de crime”, afirma. Ela<br />
aponta que sua equipe trabalha, em média,<br />
em 40 ou até 50 casos mensalmente.<br />
Cerca de 49% são <strong>da</strong> capital, outros<br />
51% do interior paulista. Grande parte é<br />
volta<strong>da</strong> para tentar eluci<strong>da</strong>r crimes sexuais:<br />
45% dos casos. O êxito nesse tipo<br />
de análise é de 61%. A identificação de<br />
cadáveres corresponde a 40% <strong>da</strong>s análises,<br />
<strong>da</strong>s quais 70% têm resultado conclusivo.<br />
Os 15% restantes são dedicados a<br />
confrontos genéricos de DNA.<br />
A rotina do núcleo consiste basicamente<br />
em oito procedimentos: a coleta do material<br />
(sangue, esperma, ossos), a extração<br />
do DNA, a quantificação, amplificação, eletroforese<br />
(que individualiza características<br />
<strong>da</strong> amostra), a interpretação dos resultados,<br />
cálculos de probabili<strong>da</strong>des e laudo.<br />
“Para se ter uma idéia <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> em nosso<br />
Estado comparo com um <strong>da</strong>do que o<br />
chefe <strong>da</strong> polícia científica de Tokio, Japão,<br />
me passou em visita que fez ao núcleo. Em<br />
sete anos, eles trabalharam em 80 casos, o<br />
que é quase a nossa produção mensal”,<br />
aponta Norma. ❚<br />
PROJETO VISA<br />
ESTUDAR FAUNA<br />
CADAVÉRICA<br />
Objetivo é criar laboratório<br />
especializado em analisar insetos,<br />
para identificar, por exemplo,<br />
o período do óbito<br />
Negrini: como nos seriados de TV<br />
Subdividido em 19 núcleos na Capital e 11 no Interior<br />
– com 40 equipes desmembra<strong>da</strong>s em 102 uni<strong>da</strong>des<br />
– o IC tem sede no Butantã. Ali funcionam seis<br />
núcleos ligados ao Ceap, nos quais são feitas as análises<br />
de laboratórios, que correspondem a cerca de<br />
70% dos laudos. Ain<strong>da</strong> no prédio, que o IC divide<br />
com o Departamento de Investigações Sobre Narcóticos<br />
(Denarc), funciona o Centro de Perícias de Campo,<br />
com 10 núcleos, entre eles os de Acidente de<br />
Trânsito, de Crimes Contábeis, Crimes contra o Patrimônio,<br />
Contra a Pessoa, Documentoscopia e o Núcleo<br />
de Perícias Criminais <strong>da</strong> Capital e Grande São<br />
Paulo.<br />
Atualmente, além dos vários testes já existentes<br />
no IC, há projetos para a instalação de um laboratório<br />
de Entomologia Forense, especializado<br />
em estudos de insetos que compõem a fauna ca<strong>da</strong>vérica.<br />
“Através <strong>da</strong> análise desses insetos poderemos<br />
descobrir pistas no corpo de uma vítima de<br />
homicídio, como, por exemplo, há quanto tempo<br />
estava morta”, explica o diretor Negrini, adiantando<br />
que o instituto também planeja a montagem de<br />
um laboratório de Botânica. De acordo com o advogado<br />
e professor Celso Perioli, 53 anos, coordenador<br />
<strong>da</strong> Superintendência <strong>da</strong> Polícia Técnico-Científica,<br />
o instituto deve se modernizar em breve,<br />
construindo outras 10 uni<strong>da</strong>des no interior e mais<br />
duas na capital.<br />
“Ain<strong>da</strong> neste ano vamos entregar 250 maletas novas<br />
aos peritos, com todo o aparato importado para<br />
a coleta, observação e análise de material”, afirma.<br />
O IC também abriu inscrições para concurso e<br />
preenchimento de 159 vagas. “É pouco, pois temos<br />
que admitir que o número de profissionais ain<strong>da</strong> é a<br />
metade do satisfatório. Mas é um avanço”, observa<br />
Negrini. Em sua avaliação, o IC está bem dotado<br />
de equipamentos, muitos importados do Japão, Israel,<br />
EUA e Alemanha. “Podemos quase nos comparar<br />
aos laboratórios <strong>da</strong> série de TV norte-americana<br />
CSI, que mostra a rotina de peritos criminais<br />
aju<strong>da</strong>ndo a desven<strong>da</strong>r crimes. E se precisarmos temos<br />
convênio com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)<br />
e outros <strong>da</strong> USP”, afirma, lembrando que,<br />
já na déca<strong>da</strong> de 30, um diretor do FBI reconheceu<br />
o IC internacionalmente.<br />
REVISTA DOS BANCÁRIOS | 29