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PERFIL<br />

PEDRO<br />

MISSIONEIRO<br />

Em mais de três déca<strong>da</strong>s à frente <strong>da</strong><br />

Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro<br />

Casaldáliga construiu uma história de fé<br />

e coragem em defesa dos brasileiros<br />

pobres e perseguidos pela violência<br />

Por Maria Angélica Ferrasoli<br />

Há no município de Ribeirão Cascalheira, nordeste do<br />

Mato Grosso, um santuário diferente dos que existem<br />

por aí. Modesto, abriga fotos e gravuras de mártires<br />

do Brasil e outros países <strong>da</strong> América Latina.<br />

Gente que viveu e morreu lutando, reconheci<strong>da</strong> pela<br />

história ou anônimos guerreiros índios, negros,<br />

trabalhadores. Dessa mesma estirpe, a dos que gritam sem trégua<br />

por um mundo melhor, é o homem que presenciou ao assassinato<br />

que originou a construção do templo e que, com a<br />

população local, soube transformar em vi<strong>da</strong> esta e tantas outras<br />

tragédias. Na região há 37 anos, está Dom Pedro Casaldáliga,<br />

por mais de três déca<strong>da</strong>s bispo de São Félix do Araguaia<br />

(sua sucessão ocorreu oficialmente no último 1º de<br />

maio) e um dos principais expoentes <strong>da</strong> Igreja que faz a opção<br />

pelos mais pobres.<br />

“O Deus de Jesus quer libertar os pobres <strong>da</strong> miséria e <strong>da</strong> exclusão,<br />

e quer libertar os ricos do egoísmo e <strong>da</strong> prepotência.<br />

O Evangelho é: nem ricos, nem pobres; irmãos e irmãs mais<br />

ou menos iguais, que todos somos filhos de Deus”, ensina. Aos<br />

77 anos, esse missioneiro catalão <strong>da</strong> Ordem Claretiana desembarcou<br />

no Brasil em pleno recrudescimento <strong>da</strong> ditadura militar.<br />

Era 1968 e ele tinha pela frente uma missão tão dura quanto a<br />

reali<strong>da</strong>de que acabara de encontrar. Nas terras que formam a Prelazia<br />

de São Félix do Araguaia, hoje com mais de uma dezena de<br />

municípios, havia conflitos de todos os tipos, com a violência<br />

atingindo principalmente índios e trabalhadores rurais. As grandes<br />

fazen<strong>da</strong>s, os latifundiários, banqueiros e até o governo militar,<br />

por intermédio <strong>da</strong> Su<strong>da</strong>m (Superintendência do Desenvolvimento<br />

<strong>da</strong> Amazônia), não queriam conversa com índios, peões<br />

e posseiros, que acabavam explorados, enxotados e assassinados<br />

em nome do “desenvolvimento” <strong>da</strong> região.<br />

A Pedro – como gosta de ser chamado –, o solo era fértil para<br />

plantar justiça e esperança. Mas para isso não bastava clamar pelos<br />

céus: era preciso agir, organizar, denunciar. Ao ser ordenado<br />

bispo, em 1971, lançou um documento que, mais que denúncia e<br />

24 | REVISTA DOS BANCÁRIOS<br />

AGÊNCIA ESTADO

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