DOWNLOAD Edição completa Baixe a versão original da
DOWNLOAD Edição completa Baixe a versão original da
DOWNLOAD Edição completa Baixe a versão original da
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
na empresa”, comenta o advogado trabalhista<br />
Luiz Salvador, que também é articulista<br />
<strong>da</strong> revista Consultor Jurídico. Para<br />
ele, enquanto for possível continuar praticando<br />
as subnotificações acidentárias, jogando<br />
o ônus ao trabalhador infortunado,<br />
ao INSS e à socie<strong>da</strong>de, o governo não<br />
conseguirá controlar o déficit previdenciário.<br />
“Isso é uma vergonha e tem que acabar”,<br />
condena.<br />
No entanto, há quem pense diferente em<br />
relação às alterações <strong>da</strong> resolução. Na opinião<br />
do médico René Mendes, presidente<br />
<strong>da</strong> Associação Nacional de Medicina no<br />
Trabalho, a questão tem sido trata<strong>da</strong> de<br />
forma equivoca<strong>da</strong>. Para ele, utilizar o Ca<strong>da</strong>stro<br />
Internacional de Doenças como parâmetro<br />
para a tarifação individual do Seguro<br />
de Acidentes do Trabalho, coloca em<br />
vala comum as causas de benefícios por<br />
incapaci<strong>da</strong>de de natureza previdenciária –<br />
o que ele aponta como a maioria – e as<br />
causas de benefício por incapaci<strong>da</strong>de de<br />
natureza acidentária.“A adoção do FAP<br />
com a metodologia, do modo que está sendo<br />
anuncia<strong>da</strong>, poderá trazer, como subproduto<br />
indesejável, a utilização de mecanismos<br />
de seleção <strong>da</strong> força de trabalho hígi<strong>da</strong><br />
(“atletas”), predominantemente jovens,<br />
em detrimento dos não tão saudáveis,<br />
nem tão jovens, e eventuais portadores<br />
de doenças crônico-degenerativas que<br />
na<strong>da</strong> têm a ver com o trabalho”, escreveu<br />
em artigo publicado no site <strong>da</strong> associação.<br />
Já para o auditor fiscal <strong>da</strong> Previdência<br />
Social Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira,<br />
idealizador <strong>da</strong> resolução, o novo sistema<br />
não padeceria do vício <strong>da</strong> CAT, uma<br />
vez que independe <strong>da</strong> comunicação do empregador.<br />
“A questão que se coloca é saber<br />
se pertencer a um determinado segmento<br />
econômico constitui fator de risco para o<br />
trabalhador apresentar determina<strong>da</strong> doença”,<br />
sintetiza.<br />
JAILTON GARCIA<br />
Discriminação<br />
No meio do debate, o papel <strong>da</strong>s Comissões<br />
Internas de Prevenção de Acidentes<br />
(Cipas) ganha maior relevância. No entanto,<br />
o funcionário responsável pela Cipa<br />
nem sempre é bem visto pelos superiores.<br />
“Meu gerente chegou a me perguntar se<br />
era a Cipa quem pagava meu salário”, conta<br />
Mário Raia, 40 anos, funcionário do Banespa<br />
e ex-cipeiro. Outro problema é quanto<br />
à elaboração <strong>da</strong> Semana Interna de Prevenções<br />
de Acidente do Trabalho, a Sipat.<br />
“O banco sempre vinha com a Sipat pronta,<br />
sem espaço para que pudéssemos colaborar”,<br />
conta.<br />
Além dos transtornos ocasionados pelas<br />
doenças ocupacionais, o lesionado enfrenta<br />
outro problema grave, a discriminação.<br />
Basta uma pessoa que estava afasta<strong>da</strong><br />
por problemas de saúde relaciona<strong>da</strong><br />
ao trabalho retornar ao seu posto que<br />
logo é coloca<strong>da</strong> de lado e trata<strong>da</strong> como<br />
um fardo a ser carregado. “Quando voltei<br />
me colocaram em uma mesa sem computador<br />
nem na<strong>da</strong>. Disseram que era para<br />
eu ficar lá, já que não poderia fazer<br />
outra coisa”, conta M., que preferiu não<br />
ser identifica<strong>da</strong>. Segundo ela, é comum<br />
ser tratado com desdém pelos demais colegas,<br />
que não compreendem a serie<strong>da</strong>de<br />
do problema. “Só quem possui a doença<br />
sabe como é difícil”, conta ela, vítima<br />
de LER/Dort e funcionária do Banco<br />
ABN Real. Caso semelhante viveu Carolina<br />
de Freitas Mazoli, 27 anos. Ela trabalhava<br />
no Su<strong>da</strong>meris até sua incorporação<br />
ao ABN Real. “O banco sabia do<br />
meu problema (LER/Dort), mesmo assim<br />
optou por me demitir”, conta. Reincorpora<strong>da</strong><br />
devido à ação do Sindicato,<br />
Carolina, hoje afasta<strong>da</strong>, diz se sentir discrimina<strong>da</strong><br />
quando tem que ir ao banco.<br />
“Ninguém quer ser coitado. Quero apenas<br />
respeito por mim e pela minha doença”,<br />
reclama.<br />
São pacientes como elas que a doutora<br />
Maria Maeno, especialista em Saúde do<br />
Trabalhador, costuma atender diariamente<br />
há vários anos. “O ritmo muito intenso<br />
de trabalho, a pressão sofri<strong>da</strong> por metas<br />
impostas e pelos clientes, o enxugamento<br />
do quadro de funcionários e as<br />
ameaças de penalização levam os bancários<br />
a adoecer com muita freqüência”, comenta<br />
a médica, que atua no Sindicato.<br />
Para ela, a resolução 1.236 é imprescindível<br />
para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do ambiente<br />
de trabalho dentro <strong>da</strong>s instituições<br />
bancárias. “À medi<strong>da</strong> que houver, de fato,<br />
sua implementação, as empresas mais penaliza<strong>da</strong>s<br />
teriam de encontrar saí<strong>da</strong>s para<br />
diminuir o adoecimento e investir na prevenção”,<br />
aponta. ❚<br />
REVISTA DOS BANCÁRIOS | 23