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765 em 2000 para 1.539 casos em 2004, enquanto<br />

o número oficial de doenças ocupacionais<br />

subiu de 787 em 2000 para 1019<br />

em 2004 em sete bancos analisados. Nos<br />

dois casos, o maior banco privado do País<br />

foi também o maior responsável pelo número<br />

de novos casos de LER/Dort. O Bradesco<br />

apresentou um total de 2.878 vítimas<br />

no período compreendido de 2000 a 2004.<br />

Além <strong>da</strong>s LER/Dort, os transtornos mentais<br />

também são bastante freqüentes entre<br />

os bancários. São casos de estresses e diversos<br />

tipos de síndromes, como as depressivas<br />

e as de pânico. Enquanto 1.152 profissionais<br />

foram afastados por esse tipo de<br />

doença, apenas 38 foram reconhecidos como<br />

sendo por conta do ambiente de trabalho.<br />

“É um fator de risco muito grande<br />

ser bancário hoje. O risco maior é que ele<br />

contraia LER/ Dort e transtornos mentais”,<br />

afirma Rita Berlofa, secretária de Saúde do<br />

Sindicato.<br />

Resolução 1.236<br />

Embora tenha forte caráter arreca<strong>da</strong>tório,<br />

a resolução 1.236, de 28 de abril de<br />

2004, publica<strong>da</strong> em 10 de maio do mesmo<br />

ano no Diário Oficial <strong>da</strong> União, pode<br />

aju<strong>da</strong>r a corrigir distorções como estas. A<br />

resolução cria o Fator Acidentário Previdenciário<br />

(FAP) e altera as normas de recolhimento<br />

do SAT (Seguro de Acidente<br />

de Trabalho), que hoje é dividido em empresas<br />

de risco leve (na qual estão enquadra<strong>da</strong>s<br />

as instituições bancárias), que recolhem<br />

1% sobre o total <strong>da</strong> folha de pagamento<br />

e empresas de risco médio e grande<br />

risco, que recolhem 2% e 3%, sucessivamente.<br />

Com a alteração, as empresas seriam<br />

enquadra<strong>da</strong>s por meio do Código Internacional<br />

de Doenças (CID),<br />

o que significa dizer que seriam<br />

taxa<strong>da</strong>s de acordo com a frequência<br />

de adoecimentos na base<br />

de <strong>da</strong>dos do INSS – tanto os<br />

caracterizados como por acidente<br />

de trabalho como os que<br />

não foram considerados como<br />

de origem no ambiente laboral<br />

– determinando assim seu real<br />

risco ocupacional.<br />

“Por que o banco paga um<br />

por cento enquanto a construção<br />

civil paga três? Não foi feito<br />

nenhum balizamento, não<br />

houve nenhum critério estatístico<br />

para avaliar se o banco causa<br />

mais doenças do que a construção civil”,<br />

explica o diretor do Departamento do<br />

Regime Geral <strong>da</strong> Previdência Social (-<br />

RGPS) do Ministério <strong>da</strong> Previdência, Geraldo<br />

Arru<strong>da</strong>. A mu<strong>da</strong>nça, de pronto, elevaria<br />

a alíquota dos bancos para 2%. E is-<br />

22 | REVISTA DOS BANCÁRIOS<br />

Rita, do Sindicato:<br />

“É preciso tirar a<br />

culpa pelo déficit<br />

previdenciário<br />

<strong>da</strong>s costas do<br />

trabalhador”<br />

so já está causando mal estar entre os banqueiros.<br />

“O grau de risco para a categoria<br />

bancária é muito alto para ser de apenas<br />

1%”, afirma Rita. Segundo ela, a implementação<br />

<strong>da</strong> resolução possibilitaria à Previdência<br />

uma maior arreca<strong>da</strong>ção sem onerar<br />

o trabalhador. “É preciso tirar a culpa<br />

pelo déficit previdenciário <strong>da</strong>s costas do<br />

trabalhador”, defende.<br />

Mas a idéia principal é fomentar o investimento,<br />

por parte <strong>da</strong>s empresas, na prevenção<br />

de acidentes. Com o FAP, se uma<br />

empresa diminuir o número de adoecimentos<br />

entre seus funcionários, poderá ter reduzido<br />

o repasse à Previdência em até 50%.<br />

Do outro lado, quem não investir na segurança<br />

do trabalhador poderá ser onerado<br />

em 100% sobre o valor principal <strong>da</strong> alíquota.<br />

“O trabalhador não agüenta mais esperar.<br />

Nós precisamos de ações por parte<br />

do governo para pressionar as empresas em<br />

investir em prevenção”, afirma a secretária<br />

de saúde do Sindicato. De acordo com Geraldo<br />

Arru<strong>da</strong>, o objetivo é estabelecer um<br />

incentivo de natureza econômica para que<br />

as empresas possam investir em prevenção.<br />

“Dessa forma, a Previdência vai pagar menos<br />

benefícios por incapaci<strong>da</strong>de. Para o trabalhador<br />

o ganho é a preservação de sua<br />

saúde e sua integri<strong>da</strong>de física”, pondera.<br />

Ônus do empregador<br />

As mu<strong>da</strong>nças previstas na resolução<br />

1.236 do Conselho Nacional <strong>da</strong> Previdência<br />

Social também podem alterar a atual<br />

forma para notificação <strong>da</strong>s doenças ocupacionais<br />

e seu reconhecimento pela perícia<br />

do INSS, que hoje exige a emissão de<br />

CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)<br />

e avaliação do perito. Com a implantação<br />

do nexo epidemiológico,<br />

o trabalhador, ao apresentar<br />

doença de alta prevalência no<br />

seu ramo de ativi<strong>da</strong>de teria sua<br />

doença ocupacional reconheci<strong>da</strong>,<br />

ficando ao perito o estabelecimento<br />

<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de laboral<br />

ou não. Dessa forma, o ônus<br />

PAULO PEPE<br />

<strong>da</strong> prova <strong>da</strong> relação <strong>da</strong> doença<br />

com o trabalho passaria a ser<br />

do empregador, não mais do<br />

trabalhador. Com isso, se uma<br />

doença for mais freqüente do<br />

que a média em um determinado<br />

setor empresarial será caracteriza<strong>da</strong><br />

doença ocupacional.<br />

No atual modelo, os empre-<br />

gadores relutam em emitir a CAT, uma vez<br />

que, se o empregado obtiver o auxílio-previdenciário<br />

e não o acidentário, a empresa<br />

fica desobriga<strong>da</strong> de recolher o Fundo de<br />

Garantia por Tempo de Serviço e de <strong>da</strong>r<br />

estabili<strong>da</strong>de de 12 meses após o retorno do<br />

DEDICAÇÃO<br />

“RECOMPENSADA”<br />

Benedito:“Cheguei a<br />

trabalhar até 18 horas<br />

segui<strong>da</strong>s”<br />

trabalhador às suas ativi<strong>da</strong>des. “Foi constatado<br />

que um médico do trabalho demora<br />

dois anos para diagnosticar um doente<br />

nesses casos”, revela o médico Paulo Roberto<br />

Kaufmann; ou seja, este profissional<br />

emite uma CAT a ca<strong>da</strong> dois anos. Segundo<br />

ele, apenas uma pequena fração <strong>da</strong>s<br />

doenças ocupacionais é notifica<strong>da</strong> pelas<br />

empresas. Especialista em Medicina do Trabalho,<br />

o doutor Kaufmann relembra que<br />

testemunhou um perito do INSS, ao ministrar<br />

para médicos que estavam se credenciando<br />

no instituto, afirmar que as<br />

CATs emiti<strong>da</strong>s por Centros de Referência<br />

<strong>da</strong> Saúde e Sindicatos não deveriam ser<br />

considera<strong>da</strong>s.<br />

“O trabalhador é atendido internamente<br />

na empresa por determinado perito que<br />

nega a doença ocupacional e o respectivo<br />

nexo e, ao chegar ao INSS para pedir socorro,<br />

lá encontra o mesmo perito para<br />

chancelar o que já foi decidido antes, lá

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