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Quixote observa as<br />
brincadeiras com seu<br />
escudeiro, numa ilustração<br />
de Portinari<br />
mensão <strong>da</strong> alma humana”, aponta.<br />
A professora Mônica Derito Ramos, coordenadora<br />
do Setor de Publicações Acadêmicas do Unibero, acredita<br />
que Cervantes tenha criado seu famoso personagem<br />
tendo por base o binômio coragem/idealismo.<br />
Essas duas características, segundo ela, fizeram de<br />
Dom Quixote um ícone do objetivo humano de querer<br />
realizar o irrealizável. “Ele é corajoso, destemido,<br />
obstinado e, sem medo do ridículo, sai em busca de<br />
seus ideais. Para alcançá-los, enfrenta gigantes imaginários<br />
e investe contra moinhos de vento”.<br />
Na opinião <strong>da</strong> professora, a grandeza do protagonista<br />
reside justamente em sua capaci<strong>da</strong>de de acreditar<br />
em seus sonhos e batalhar para realizá-los. Para<br />
ela, a discussão sobre a insani<strong>da</strong>de de Quixote é<br />
secundária. “Afinal, ele é mesmo insano ou simplesmente<br />
ingênuo?” Em sua avaliação, o recado do cavaleiro<br />
an<strong>da</strong>nte é claro: “Devemos sonhar com o im-<br />
REPRODUÇÕES DE GERARDO LAZZARI<br />
possível e procurar atingir alturas inatingíveis”.<br />
Ao contrário <strong>da</strong> maioria dos leitores e mesmo de<br />
alguns estudiosos <strong>da</strong> obra-prima de Cervantes, que<br />
falam de Dom Quixote como quem se refere a um<br />
ser humano de carne e osso, e não como um simples<br />
personagem, Ana Lúcia Trevisan Pelegrino procura<br />
colocá-lo no devido lugar. “Vejo Dom Quixote<br />
apenas como um texto literário que sai viajando pelo<br />
mundo”, afirma a professora de Literatura Hispano-Americana<br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Mackenzie.<br />
Para Ana, a obra coloca em primeiro plano a discussão<br />
do que é a construção do discurso e a representação<br />
<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. “O Quixote é uma figura que surge<br />
do próprio texto, se sustenta o tempo todo apenas como<br />
texto literário e que cai em profun<strong>da</strong> solidão to<strong>da</strong><br />
vez que se vê impossibilitado de expressar sua discursivi<strong>da</strong>de”.<br />
Daí, segundo a docente, a importância do fiel<br />
escudeiro no romance, Sancho Pança, que mantém o<br />
diálogo com o fi<strong>da</strong>lgo durante todo o tempo.<br />
Raros<br />
Ao contrário <strong>da</strong>s discussões acerca <strong>da</strong> importância<br />
do livro de Cervantes para a literatura universal e <strong>da</strong><br />
complexi<strong>da</strong>de de seu mais ilustre personagem, sempre<br />
presentes entre literatos e leitores e amplamente<br />
divulga<strong>da</strong>s, são poucos os que conhecem um rico e<br />
curioso acervo formado exclusivamente por edições<br />
ilustra<strong>da</strong>s do Dom Quixote. Fica em São Paulo e é<br />
composto por mais de 600 edições que integram a<br />
Biblioteca Cervantina Públio Dias, do Centro Hispano-Brasileiro<br />
de Cultura, enti<strong>da</strong>de mantenedora do<br />
Unibero.<br />
Entre as rari<strong>da</strong>des destacam-se edições vin<strong>da</strong>s de<br />
diversos países, escritos em mais de 40 línguas, livros<br />
impressos há séculos, exemplares com dedicatória<br />
de escritores renomados e ilustrados por grandes<br />
artistas. “É a maior coleção de ‘Quixotes’ ilustrados<br />
de que temos conhecimento em todo o mundo”,<br />
garante o bibliotecário Manuel Maria <strong>da</strong> Silva. “Há<br />
exemplares que não são encontrados sequer na Biblioteca<br />
Nacional <strong>da</strong> Espanha”, prossegue o responsável<br />
pela manutenção do valioso acervo.<br />
Um dos destaques <strong>da</strong> rara coleção é uma edição<br />
em espanhol, mas impressa em Bruxelas, na Bélgica,<br />
no distante ano de 1662. Também chama a atenção<br />
uma edição de 1863, ilustra<strong>da</strong> por Gustav Doré, artista<br />
francês que deu ao Quixote as feições que mais<br />
se aproximam <strong>da</strong>s descrições de Cervantes. Em meio<br />
aos diversos artistas renomados que retrataram o<br />
Quixote, figuram ícones <strong>da</strong> pintura como Salvador<br />
Dali, Francisco Goya e Pablo Picasso.<br />
Entre os brasileiros, sobressai-se um portifólio com<br />
21 lâminas com pinturas de Cândido Portinari. Os<br />
desenhos retratam cenas do Quixote e são acompanhados<br />
de poemas de Carlos Drummond de Andrade<br />
inspirados no livro de Cervantes. Há também volumes<br />
que levam a assinatura de autores nacionais<br />
que doaram livros ao colecionador Públio Dias – Mário<br />
de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Vinícius<br />
de Moraes, Jorge Amado e Manuel Bandeira. A Biblioteca<br />
Cervantina Públio Dias está aberta para visitas<br />
monitora<strong>da</strong>s. Os interessados devem entrar em<br />
contato com o Unibero pelo telefone 3188-6720. ❚<br />
Logo no primeiro ano,<br />
Cervantes emplacou 6<br />
edições de seu livro<br />
PARA CRIANÇAS<br />
Na coleção de “Quixotes”<br />
do Unibero há edições dedica<strong>da</strong>s<br />
ao público infantil,<br />
como uma a<strong>da</strong>ptação<br />
de Monteiro Lobato, na<br />
qual as peripécias do Cavaleiro<br />
<strong>da</strong> Triste Figura são<br />
conta<strong>da</strong>s por Dona Benta.<br />
Will Eisner, que revolucionou<br />
a linguagem <strong>da</strong>s HQ<br />
ao criar o Spirit, também<br />
dá o ar de sua graça, enriquecendo<br />
o acervo com<br />
sua <strong>versão</strong> do Quixote em<br />
quadrinhos.<br />
REVISTA DOS BANCÁRIOS | 19