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LITERATURA<br />

ADORÁVEL<br />

CAVALEIRO<br />

Dom Quixote, de Cervantes, chega aos<br />

400 anos seduzindo novas gerações de<br />

estudiosos e leitores; São Paulo tem<br />

acervo raro com edições ilustra<strong>da</strong>s<br />

Por Cássio Ventura<br />

TESOURO<br />

Edições raras, escritas<br />

em mais de 40 línguas<br />

diferentes e ilustra<strong>da</strong>s<br />

por mestres como<br />

Salvador Dali e Picasso,<br />

estão reuni<strong>da</strong>s numa<br />

biblioteca em<br />

São Paulo<br />

18 | REVISTA DOS BANCÁRIOS<br />

Os dias corriam ligeiros naquele começo<br />

do século 17. A Europa entrava na I<strong>da</strong>de<br />

Moderna sacudi<strong>da</strong> por grandes<br />

transformações e efervescia com o desenho<br />

<strong>da</strong>s bases do Estado Moderno, a<br />

Reforma e a Contra-Reforma na Igreja<br />

e um intenso movimento artístico e intelectual. Nesse<br />

cenário, surge na Espanha aquele que viria a ser<br />

considerado o primeiro romance moderno: é Dom<br />

Quixote, o Engenhoso Fi<strong>da</strong>lgo de La Mancha que, quatro<br />

séculos depois, continua a cumprir seu destino<br />

de obra-prima ao influenciar não só outros autores<br />

como também pintores, cineastas, músicos... É, segundo<br />

estudiosos, o segundo livro mais lido em todo<br />

o mundo – perde apenas para a Bíblia.<br />

Escrito por Miguel de Cervantes, Dom Quixote veio<br />

à luz em janeiro de 1605 e alcançou êxito imediato,<br />

com seis edições logo no primeiro ano. Pouco depois,<br />

foi traduzido para o inglês e o francês. O maior<br />

responsável pelo livro ter caído nas graças do leitor<br />

é justamente o personagem que lhe dá nome, o venerado<br />

Dom Quixote. Ao longo dos séculos, ganhou<br />

tamanha notorie<strong>da</strong>de que se tornou mais conhecido<br />

que seu próprio criador. Alguns fatores contribuíram:<br />

a obra faz uma sátira <strong>da</strong>s novelas de cavalaria, em<br />

voga na I<strong>da</strong>de Média e ain<strong>da</strong> muito li<strong>da</strong>s na Espanha<br />

naquele início de século 17; há a figura burlesca do<br />

fiel escudeiro, Sancho Pança, e o amor idealizado do<br />

herói por Dulcinéia Del Toboso.<br />

Personali<strong>da</strong>de<br />

Mas é bom não esquecer que Dom Quixote sobreviveu<br />

incólume ao fim <strong>da</strong>s novelas de cavalaria e atravessou<br />

o tempo fascinando leitores de novas gerações.<br />

O segredo talvez esteja na personali<strong>da</strong>de do “Cavaleiro<br />

<strong>da</strong> Triste Figura”; ou seja, o próprio Quixote. Descobrir<br />

que perfil é esse não é tarefa fácil, principalmente<br />

neste aniversário de 400 anos, quando as considerações<br />

são as mais varia<strong>da</strong>s: seria ele um doido varrido,<br />

um idealista sonhador, um visionário, um pacifista,<br />

um rematado idiota, um ingênuo pobre coitado,<br />

um personagem com um profundo senso de justiça?<br />

“Dom Quixote é tudo isso e muito mais, pois ao<br />

criá-lo Cervantes contemplou to<strong>da</strong>s as facetas do ser<br />

humano”, avalia o bibliotecário do Unibero (Centro<br />

Universitário Ibero-Americano), Manuel Maria <strong>da</strong> Sil-<br />

va, leitor voraz do clássico de Cervantes e autor de<br />

estudo acadêmico tendo o cavaleiro como tema central.<br />

“É um personagem tão complexo que estudiosos<br />

vivem escarafunchando a obra à procura de novas<br />

facetas”, ressalta. Diante de um personagem com<br />

tamanha complexi<strong>da</strong>de, ca<strong>da</strong> leitor tende a se identificar<br />

com determinados traços <strong>da</strong> multifaceta<strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de<br />

do fi<strong>da</strong>lgo, que teria enlouquecido de tanto<br />

ler os famigerados romances de cavalaria.<br />

Ledor contumaz <strong>da</strong> obra cervantina, José Alexandre<br />

Tavares Guerreiro, professor <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Direito<br />

do Largo São Francisco <strong>da</strong> USP, enxerga em<br />

Dom Quixote “o personagem que faz a apologia <strong>da</strong><br />

Justiça e <strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de”. Ele vê ain<strong>da</strong> no cavaleiro “o<br />

idealista que quis mu<strong>da</strong>r o mundo, inconformado<br />

que era com a baixeza e a mediocri<strong>da</strong>de humana”.<br />

“Cervantes construiu seu personagem com extrema<br />

habili<strong>da</strong>de e sutileza, <strong>da</strong>ndo a ele uma profun<strong>da</strong> di-

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