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Revista do CLUBE DE OFICIAIS DA MARINHA MERCANTE<br />

Nº 77 Novembro/Dezembro <strong>de</strong> 2006<br />

EDITORIAL<br />

O SOLSTÍCIO DE INVERNO<br />

A noite <strong>de</strong> 21 para 22 <strong>de</strong> Dezembro é a mais longa do<br />

ano. Estamos no Solstício <strong>de</strong> Inverno. Daí para a frente o<br />

Sol vai aumentando a sua permanência nos céus, os dias<br />

alongam-se e a Natureza começa a recuperar <strong>da</strong> letargia<br />

do frio. Um novo ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> em breve <strong>de</strong>spontará, as<br />

sementes vão germinar, as árvores vão florir, os animais<br />

vão reproduzir-se, as águas vão correr límpi<strong>da</strong>s nos rios e<br />

regatos. Haverá <strong>de</strong> novo abundância <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong><br />

recursos oferecidos pela Terra mãe.<br />

Esta noite mais longa, a noite sagra<strong>da</strong> entre to<strong>da</strong>s as<br />

noites, a transição <strong>da</strong>s trevas para o renascimento, é celebra<strong>da</strong><br />

com alegria, luz e prazer. Para casa traz-se a árvore<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, símbolo <strong>da</strong> constante renovação <strong>da</strong> Natureza, <strong>da</strong> ligação entre o céu e a terra, e enfeita-se com a<br />

luz <strong>da</strong>s lamparinas. Entre familiares e amigos trocam-se presentes saídos do trabalho <strong>da</strong>s mãos <strong>de</strong> quem<br />

oferece, fortalecendo as relações e amenizando com calor humano o <strong>de</strong>sconforto do frio. O Rei Inverno,<br />

<strong>de</strong> longas barbas brancas, sem nunca ser visto ou ouvido, distribui nesta noite pren<strong>da</strong>s às crianças que<br />

lhe <strong>de</strong>ixam na chaminé um pouco <strong>de</strong> comi<strong>da</strong> e um copo <strong>de</strong> vinho. Das arcas retiram-se as melhores<br />

iguarias guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a última Primavera e, em honra <strong>da</strong> próxima, para que seja abun<strong>da</strong>nte, inicia-se<br />

o banquete <strong>de</strong> vários dias, regenerador <strong>de</strong> forças e ânimo para aguentar o resto dos rigores do Inverno.<br />

As len<strong>da</strong>s encerram em si o encanto <strong>de</strong> possuírem qualquer coisa <strong>de</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> sem nunca sabermos<br />

on<strong>de</strong> está o limiar <strong>da</strong> imaginação. Mas não custa aceitar que muito antes <strong>da</strong> invenção do Natal, muitos<br />

milénios antes do nascimento <strong>de</strong> Cristo, era assim que os povos do Norte e <strong>de</strong>pois os próprios Celtiberos<br />

celebravam, no seu paganismo, o Solstício <strong>de</strong> Inverno. Terá sido aí, nesses tempos ancestrais, que nasceram<br />

as actuais tradições <strong>de</strong> Natal e Ano Novo, muito, mesmo muito longe, <strong>da</strong>s iluminações <strong>de</strong> néon,<br />

<strong>da</strong>s montras rechea<strong>da</strong>s <strong>de</strong> apelos efémeros, dos anúncios <strong>de</strong> televisão matraqueados até à exaustão, do<br />

frenesim do consumismo, <strong>da</strong>s pren<strong>da</strong>s como acto social obrigatório...<br />

Para ttodos,, os nossos maiis siincceros vottos <strong>de</strong><br />

Felliizz Sollsttíícciio,, Bom Nattall e Próspero Ano Novo<br />

Gaassppaarr PPeeddrroo<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Direcção<br />

3 BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006


SUMÁRIO<br />

Pag.<br />

● Notícias Soltas......................... 3<br />

● Editorial................................... 4<br />

● Política <strong>de</strong> Transportes .......... 5<br />

● Histórias <strong>de</strong> Bordo.................. 7<br />

● Privilégios e Hipotecas Marítimas<br />

.......................................... 9<br />

● <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> Recreio.............. 12<br />

● Notícias do Mar… ................ 14<br />

● Encontro Regional do Sul .... 15<br />

Ficha Técnica: Publicação Bimestral – Distribuição gratuita aos sócios do<br />

<strong>COMM</strong>.<br />

Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>: CLUBE DE OFICIAIS DA MARINHA MERCANTE.<br />

Tv. S. João <strong>da</strong> Praça nº 21 – 1100-522 Lisboa ● Tel./Fax: 218880781<br />

E-mail: comm@sapo.pt ● Web site: www.comm-pt.org<br />

Reg. Publ. Nº 11 7898 ● Depósito Legal Nº 84 303 ● Correio Editorial:<br />

Despacho DE02022006ATO/RBE<br />

Director: Daniel C. <strong>de</strong> Spínola Pitta ● Tipografia: SocTip – Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Tipográfica, SA<br />

Colaboraram neste número: Gaspar Pedro; Ferreira <strong>da</strong> Silva; Alberto<br />

Fontes; Armando Henriques; Luís Faria.<br />

Os artigos assinados expressam a opinião do autor, não necessariamente<br />

a posição <strong>da</strong> Direcção.<br />

Capa: — Padrão dos Descobrimentos<br />

José Rasquinho<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006 4<br />

FUNCIONAMENTO DA SEDE DO <strong>COMM</strong><br />

O horário <strong>de</strong> funcionamento é o seguinte, contando com a colaboração<br />

do Sr. João Piteira:<br />

● Às 2ª, 3ª, 5ª e 6ª feira: — <strong>da</strong>s 15:00 às 18:00<br />

● À 4ª feira: — <strong>da</strong>s 15:00 às 21:00<br />

Comparece e convive.<br />

ACTUALIZAÇÃO DO SITE DO <strong>COMM</strong><br />

www.comm-pt.org<br />

e dispõe <strong>de</strong> um fórum <strong>de</strong> discussão.<br />

Põe as tuas questões, dá as tuas opiniões e sugestões.<br />

Faz-te ouvir<br />

DELEGAÇÃO DO PORTO<br />

Nas 3 as quartas-feiras <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mês, os sócios <strong>da</strong> região Norte juntam-se<br />

para uma boa cavaqueira durante um almoço<br />

Se és do Norte, aparece<br />

A organização está a cargo do Cte. António Ferreira<br />

Tlm: 91 905 08 24 asilva_ferreira@hotmail.com<br />

ENCONTRO REGIONAL NORTE 2007<br />

AAVVEEI IRROO<br />

GGAAFFAANNHHAA DDAA NNAAZZAARRÉÉ<br />

20 <strong>de</strong> Janeiro 2007<br />

Segue em anexo à nossa revista uma separata com os <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>ste<br />

Encontro.<br />

Participa.<br />

VAMOS TODOS EMBARCAR<br />

O próximo EENNCCOONNTTRROO NNAACCI IOONNAALL DDEE 22000077 do <strong>COMM</strong> irá ter lugar<br />

a bordo do paquete “Princess Danae”, num mini cruzeiro a Tanger que<br />

se realizará nos dias 29-30 <strong>de</strong> Abril e 1 <strong>de</strong> Maio 2007.<br />

Segue em anexo à nossa revista uma separata com os <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>ste<br />

cruzeiro.<br />

Não <strong>de</strong>ixes <strong>de</strong> participar


POLÍTICA DE TRANSPORTE DAS MATÉRIAS<br />

ENERGÉTICAS<br />

O maior problema, que um país como Portugal<br />

enfrenta no momento presente, no que diz respeito à<br />

energia necessária que importa para a suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

é o <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir com precisão e objectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> a política<br />

do transporte <strong>da</strong>s matérias produtores <strong>de</strong> energia.<br />

Primeiro <strong>de</strong>verá ser clarificado quais as energias (ou<br />

melhor, as suas matérias produtoras: — carvão, gás<br />

natural, petróleo ou nuclear) que o País (as instalações<br />

produtoras) preten<strong>de</strong> utilizar no consumo <strong>da</strong>s suas<br />

activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s económicas do dia a dia e <strong>de</strong>finir como<br />

garantir o abastecimento <strong>da</strong>s mesmas por via duma<br />

ampla e segura diversificação <strong>da</strong>s fontes <strong>de</strong>ssas energias.<br />

Tendo em conta que no momento presente essas<br />

fontes têm procedência estrangeira (com possível<br />

excepção do nuclear se esta energia for escolhi<strong>da</strong> para<br />

futura utilização nacional) e assim será num futuro<br />

próximo (mesmo admitindo possível existência <strong>de</strong><br />

petróleo e gás natural no nosso território/águas marítimas)<br />

há que realizar contratos <strong>de</strong> fornecimento <strong>da</strong>s<br />

várias matérias energéticas, petróleo, carvão e gás<br />

natural, com fornecedores que as garantem nos prazos<br />

e nos preços mais convenientes para a nossa economia<br />

po<strong>de</strong>r enfrentar a concorrência económica, e o custo<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> não se tornar insuportável para a maioria dos<br />

nossos ci<strong>da</strong>dãos.<br />

O País po<strong>de</strong> receber (importar) as matérias energéticas<br />

por vias (transportadores) diversas e por diferentes<br />

rotas <strong>de</strong> transporte. Mas os contratos <strong>de</strong> transporte que<br />

até ao momento presente têm oferecido as melhores<br />

condições <strong>de</strong> custo (fretes mais baixos) são os que se<br />

processam utilizando a via marítima. O petróleo, o<br />

carvão e parte do gás que se consome entram no País<br />

por via <strong>de</strong> navios que ao momento não só nenhum<br />

<strong>de</strong>les arvora ban<strong>de</strong>ira portuguesa como são <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> armadores estrangeiros.<br />

Os petroleiros (cru<strong>de</strong>) e os metaneiros (gás) po<strong>de</strong>m<br />

ser substituídos por pipelines em casos muitos especí-<br />

ficos ao longo dos continentes. Portugal só tem condições<br />

<strong>de</strong> ser fornecido <strong>de</strong> gás natural por aquele tipo <strong>de</strong><br />

transporte e mesmo este acabou, felizmente, por ser<br />

diversificado por navios, <strong>de</strong>vido ao terminal construído<br />

em Sines.<br />

O gás natural tendo-se rapi<strong>da</strong>mente imposto no consumo<br />

mundial, por ser <strong>de</strong> entre to<strong>da</strong>s as matérias a <strong>de</strong><br />

tecnologia operacional mais limpa (menor emissão <strong>de</strong><br />

CO2) face á aceitação dos ambientalistas <strong>de</strong>verá continuar<br />

a ser a energia em maior expansão.<br />

Quem está conhecedor <strong>de</strong>stes problemas não tem<br />

qualquer dúvi<strong>da</strong> em saber que nos dias <strong>de</strong> hoje, e nos<br />

próximos, o sector do transporte (em especial o marítimo)<br />

<strong>de</strong> matérias energéticas, à escala global, tem<br />

uma importância vital para todos os países.<br />

E em muito especial para Portugal pois está quase<br />

100% <strong>de</strong>le <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – com a pequena excepção do<br />

que recebe pelo gasoduto Magreb-Ibérico –.<br />

Sabendo-se <strong>da</strong> importância que o transporte marítimo<br />

tem e irá ter no futuro, fica-nos a pergunta <strong>de</strong><br />

saber qual a política que a União Europeia, e obviamente<br />

Portugal, irá ter futuramente para o sector.<br />

Quais as tarefas que se escolherão para os sectores<br />

chaves <strong>da</strong> energia?<br />

Que providências se vão tomar para garantir o<br />

fornecimento marítimo <strong>da</strong>s matérias energéticas<br />

necessárias aquelas tarefas?<br />

Como obter os financiamentos para essas tarefas?<br />

Qual o apoio a <strong>da</strong>r aos armadores?<br />

E no caso <strong>de</strong> Portugal vamos <strong>de</strong>ixar a continuar a<br />

“dolorosa sangria” à balança comercial, pagando centenas<br />

<strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> euros, em fretes mensalmente, aos<br />

transportadores (navios) estrangeiros?<br />

Como garantir pessoal suficiente e qualificado<br />

para as instalações a criar e para os navios mo<strong>de</strong>rnos a<br />

adquirir?<br />

Estas e outras questões mais estão a ser <strong>de</strong>bati<strong>da</strong>s<br />

pelos economistas mundiais que gerem o mercado dos<br />

transportes marítimos para o petróleo, o carvão e o gás<br />

natural.<br />

Mas não encontramos em Portugal o entusiasmo e a<br />

preocupação necessária e imprescindível para garantir<br />

que a nossa economia se fortaleça e o País consiga<br />

manter a sua in<strong>de</strong>pendência económica por muitos<br />

anos mais.<br />

Não escutámos ain<strong>da</strong> dum ministro <strong>da</strong>s Finanças ou<br />

<strong>da</strong> Economia qualquer medi<strong>da</strong> <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a reduzir a<br />

mais dolorosa sangria do nosso dinheiro, que está a<br />

hipotecar o futuro dos nossos próximos vindouros, por<br />

via <strong>de</strong> enormes empréstimos bancários <strong>de</strong>stinados aos<br />

armadores estrangeiros, para lhes pagar o transporte<br />

5 BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006


(não falando no próprio custo <strong>da</strong>s matérias importa<strong>da</strong>s,<br />

incomportável para a nossa <strong>de</strong>bilita<strong>da</strong> economia).<br />

Será que esses senhores nunca leram a historia <strong>da</strong><br />

SOPONATA, nasci<strong>da</strong> em 1946, e os milhões <strong>de</strong> contos<br />

que essa empresa <strong>de</strong>u ao País, não só pelos fretes<br />

como pelos imensos ganhos e postos <strong>de</strong> trabalho, que<br />

geraram paralelamente <strong>de</strong>vido à sua existência como<br />

armador português?<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006 6<br />

Que não se perca esta gran<strong>de</strong> (e talvez última) oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> programar UMA POLÍTICA DE TRANS-<br />

PORTES DA ENERGIA para garantir o futuro <strong>de</strong><br />

Portugal.<br />

Jo<strong>aqui</strong>m Ferreira <strong>da</strong> Silva<br />

Membro <strong>da</strong> Secção <strong>de</strong> Transporte<br />

<strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Geografia <strong>de</strong> Lisboa


Situemo-nos no tempo para melhor compreen<strong>de</strong>rmos<br />

e apreciarmos os factos reais que nos propomos <strong>aqui</strong><br />

narrar.<br />

Começava o ano <strong>de</strong> 1977, portanto a época post a<br />

"brilhante" <strong>de</strong>scolonização portuguesa.<br />

No “Altair” por mim coman<strong>da</strong>do <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1967 (ano<br />

<strong>da</strong> sua construção em Viana do Castelo) tínhamos<br />

apanhado na re<strong>de</strong>, no ano anterior, portanto em 1976,<br />

uma ban<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> URSS, em quase impecável estado<br />

<strong>de</strong> conservação e que a minha mulher, que an<strong>da</strong>va<br />

comigo a bordo nas férias dos filhos, tinha reparado<br />

completamente e que passou a fazer companhia a muitas<br />

outras que já possuíamos a bordo e que seriam<br />

usa<strong>da</strong>s se houvesse necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escalar qualquer<br />

porto, quer para <strong>de</strong>scarregar o pescado, quer por motivo<br />

<strong>de</strong> outra or<strong>de</strong>m: — como arriba<strong>da</strong> por doença grave<br />

a bordo, aci<strong>de</strong>nte ou avaria irreparável a bordo.<br />

A partir <strong>de</strong> 1975, com o abandono <strong>da</strong>s Províncias<br />

Ultramarinas e reportando-nos concretamente a 1977,<br />

a frota pesqueira <strong>da</strong> União Soviética, então uma <strong>da</strong>s<br />

maiores do mundo, senão mesmo a maior, pescava,<br />

indiscrimina<strong>da</strong> e <strong>de</strong>savergonha<strong>da</strong>mente em to<strong>da</strong> a<br />

costa <strong>de</strong> Angola, não respeitando zonas <strong>de</strong> protecção<br />

piscícola, águas territoriais ou mesmo interiores.<br />

Navios fábricas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões arrastavam<br />

quase nas praias a pouca distância <strong>de</strong> terra sem ligarem<br />

à fiscalização costeira, pois sabiam bem que ela<br />

era quase inexistente e pouco eficaz. Mas ain<strong>da</strong> que<br />

ela existisse ou se fizesse sentir, também a ignorariam<br />

já que Angola <strong>de</strong>pois do 25 <strong>de</strong> Abril passou, (como é<br />

do domínio público) a ser quase que exclusivamente<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos cubanos, irmãos consanguíneos (politicamente<br />

falando) dos soviéticos.<br />

O “Altair”, nesse ano <strong>de</strong> 1977, tinha saído <strong>de</strong> Lisboa<br />

para Moçâme<strong>de</strong>s, para mais uma campanha <strong>de</strong> alguns<br />

meses na África do Sul, em princípios <strong>de</strong> Março.<br />

Antes <strong>da</strong>s Canárias houve uma avaria no sistema<br />

Kamewa <strong>de</strong> comando do hélice <strong>de</strong> passo reversível,<br />

pelo que o navio precisava entrar em doca seca para<br />

verificação <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong> avaria e, se fosse necessário,<br />

após a verificação, pedirem-se as peças a substituir,<br />

que teriam <strong>de</strong> vir <strong>da</strong> Suécia. O porto mais indicado<br />

para se arribar era, portanto, Las Palmas, até porque<br />

era um porto franco evitando-se assim as <strong>de</strong>moras<br />

inerentes a <strong>de</strong>spachos e outros contratempos.<br />

HISTÓRIAS DE BORDO<br />

Consultado o armador que compreen<strong>de</strong>u as vantagens<br />

<strong>da</strong>quela opção, rumámos àquele porto, entrando<br />

em doca seca no dia seguinte.<br />

A doca artificial on<strong>de</strong> entrámos foi construí<strong>da</strong> junto<br />

à muralha e fechava, já com o navio <strong>de</strong>ntro, com um<br />

sistema <strong>de</strong> portas estanques. Esgotava-se <strong>de</strong>pois a<br />

água e o navio escorado previamente por mergulhadores,<br />

ficava assente num carrinho-berço e assim trazido<br />

à superfície por um sistema hidráulico. Depois já no<br />

cais, era <strong>de</strong>slocado sobre carris e posicionado <strong>de</strong> acordo<br />

com as entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s dos navios a reparar.<br />

À volta do “Altair” encontravam-se vários navios <strong>de</strong><br />

diferentes nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e diferentes tonelagens.<br />

Mesmo a nosso lado estava um navio russo também<br />

<strong>de</strong> arrasto pela popa, cujo nome tinha 6 letras como o<br />

nosso.<br />

Por qualquer razão que não consigo explicar a mim<br />

mesmo, copiei esse nome russo para um bloco <strong>de</strong><br />

notas e <strong>de</strong>ixei-o sobre a minha secretária do camarote.<br />

O “Altair” tinha autonomia para 40 dias <strong>de</strong> viagem,<br />

incluindo a pesca, mas nunca fazia mais do que 34/35<br />

dias <strong>de</strong> mar, porque carregava normalmente as 500<br />

tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> peixe que o navio comportava.<br />

A avaria complicou-se, tudo se atrasou e acabámos<br />

por ficar em Las Palmas, não uma semana e dias,<br />

como tínhamos estimado, mas 32 longos dias que<br />

correspondia, portanto, a uma viagem perdi<strong>da</strong>. Ao sair<br />

pensei então que a única possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperar<br />

aquele tempo todo perdido, seria tentar fazer uma<br />

pesca maluca, inconsciente, em zonas proibi<strong>da</strong>s, arriscando<br />

tudo, talvez imitando os navios russos que pescavam<br />

indisciplina<strong>da</strong>mente on<strong>de</strong> queriam.<br />

O “Altair” tinha <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> lado dos varandins <strong>da</strong> ponte<br />

<strong>de</strong> comando, o nome do navio em letras gran<strong>de</strong>s<br />

(como era obrigatório durante a II Gran<strong>de</strong> Guerra), em<br />

painéis <strong>de</strong> 2 metros ca<strong>da</strong> um, por 50/60 centímetros <strong>de</strong><br />

largura, para se po<strong>de</strong>rem i<strong>de</strong>ntificar bem ao longe. Em<br />

viagem para o Sul chamei o Chefe <strong>de</strong> Máquinas que<br />

era <strong>da</strong> Figueira <strong>da</strong> Foz e que era muito prestável e <strong>de</strong><br />

quem eu gostava muito, e também o Contra-Mestre e<br />

expliquei-lhes a minha i<strong>de</strong>ia: que era a <strong>de</strong> fazer dois<br />

painéis semelhantes aos existentes na ponte, que se<br />

pu<strong>de</strong>ssem encaixar neles facilmente, encobrindo-os<br />

totalmente.<br />

Por outro lado <strong>da</strong>va jeito, para a i<strong>de</strong>ia que eu tinha,<br />

o facto do “Altair” ter uma tarja encarna<strong>da</strong> à volta <strong>da</strong><br />

chaminé (como os russos) com o símbolo <strong>da</strong> Companhia<br />

C.P.P. – os russos tinham CCCP –. Quando os<br />

painéis ficaram prontos com os grampos e, po<strong>de</strong>remse<br />

<strong>de</strong>sse modo, encaixar por cima dos outros, pinteilhes<br />

eu mesmo as letras do tal navio russo que eu<br />

tinha copiado em Las Palmas, e man<strong>de</strong>i guar<strong>da</strong>r em<br />

local bem resguar<strong>da</strong>do do tempo e do mar.<br />

Fomos directamente <strong>de</strong>scarregar a Moçâme<strong>de</strong>s to<strong>da</strong><br />

7 BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006


a "trapalha<strong>da</strong>" que trazíamos <strong>de</strong> Lisboa, como cartões<br />

para a embalagem do peixe, plásticos etc. Abastecemos<br />

<strong>de</strong> gasoil e mantimentos e saímos para a pesca.<br />

Por alturas <strong>da</strong> Baía dos Tigres, concretamente entre a<br />

foz do rio Cunene e a Baía dos Tigres, encontrei um<br />

grupo <strong>de</strong> navios russos a pescar entre as 3 e as 12<br />

milhas <strong>de</strong> terra. Man<strong>de</strong>i içar a tal ban<strong>de</strong>ira russa que<br />

eu tinha guar<strong>da</strong>do, man<strong>de</strong>i pintar o nome do navio à<br />

popa, cobrir os painéis <strong>da</strong> ponte com os novos, tapar<br />

com re<strong>de</strong>s o nome do navio à proa e meti-me <strong>de</strong>scara<strong>da</strong>mente,<br />

no meio dos russos. Ficámos assim transformados<br />

em mais um russo e isto em poucos minutos.<br />

Os outros navios portugueses bem tentavam comunicar<br />

connosco, quer em fonia, quer em VHF. Queriam<br />

saber o que era feito do “Altair” que já sabiam<br />

ter saído <strong>de</strong> Moçâme<strong>de</strong>s.<br />

Os russos, nossos vizinhos, queriam também comunicar<br />

com o "Kamara<strong>da</strong>" que por ali an<strong>da</strong>va no meio<br />

<strong>de</strong>les e que lhes acenava ao passar, mas que lhes não<br />

respondia às constantes e persistentes chama<strong>da</strong>s por<br />

rádio. Acenava-se-lhes quando passavam perto, que<br />

não custava na<strong>da</strong> ser-se simpático e amistoso.<br />

Para se abreviar a história e a não tornarmos cansativa,<br />

dir-lhes-ei que a pesca foi <strong>de</strong> tal modo produtiva,<br />

que se pescavam, em vez <strong>de</strong> 24 horas por dia, apenas<br />

9,10 ou 11 horas e ficava-se parado o resto do tempo a<br />

preparar o peixe: congelá-lo, embalá-lo e armazená-lo<br />

nos porões frigoríficos. Não havia capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> congelação<br />

para fazer melhor.<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006 8<br />

A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do peixe era especial e completamente<br />

diferente <strong>da</strong> habitual pesca<strong>da</strong> ou cachucho que se capturava<br />

normalmente. Eram enormes corvinas, na sua<br />

maioria com mais <strong>de</strong> um metro e algumas com metro<br />

e meio ou mais. A acompanhar estas especiais corvinas<br />

vinham também gran<strong>de</strong>s peixes parecidos com<br />

doura<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> que me não lembro agora o nome. A<br />

pesca foi <strong>de</strong> tal modo abun<strong>da</strong>nte (a nossa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> congelação não ultrapassava as 28 tons/dia, que ao<br />

fim <strong>de</strong> 19 dias estávamos novamente a entrar em<br />

Moçâme<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>scarregarmos para a ARAN aquele<br />

peixe que era <strong>de</strong>pois transportado para Lisboa em<br />

transportadores frigoríficos. Saímos após a <strong>de</strong>scarga,<br />

voltámos ao mesmo sítio (então a pescarmos escan<strong>da</strong>losamente<br />

entre a meia milha e 1 milha <strong>de</strong> terra e ao<br />

fim <strong>de</strong> 21 dias entrávamos, novamente lá, para uma<br />

<strong>de</strong>scarga mais. Isso significou, portanto, que em duas<br />

viagens recuperámos o tempo perdido em Las Palmas,<br />

para regozijo <strong>da</strong> tripulação e do armador, que quando<br />

o peixe chegou a Lisboa, nem queria acreditar no que<br />

viam.<br />

Foi esta história, uma <strong>da</strong>s que conservo em memória,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 40 anos <strong>de</strong> mar e que me foi recor<strong>da</strong>do<br />

há tempos, pelo meu Imediato na altura que, ao regressar<br />

<strong>de</strong> Bruxelas, me convidou para almoçar.<br />

M.M. Damas


IV SEMINÁRIO DO <strong>COMM</strong><br />

PRIVILÉGIOS E HIPOTECAS MARÍTIMAS<br />

(I)<br />

Realizou-se no passado dia 12 <strong>de</strong> Outubro o IV<br />

Seminário do <strong>COMM</strong> sob o assunto em epígrafe,<br />

tendo como orador o Dr. Armando Henriques.<br />

Da<strong>da</strong> a pertinência do assunto para o universo<br />

<strong>da</strong> <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong>, vamos transcrever a súmula<br />

<strong>da</strong> intervenção do orador, escrita pelo próprio e<br />

que, <strong>da</strong><strong>da</strong> a sua extensão, prolongar-se-á por duas<br />

edições do BL.<br />

D<br />

es<strong>de</strong> sempre, o COMÉRCIO MARÍTIMO<br />

foi mobilizador <strong>de</strong> recursos financeiros<br />

avultados, situação que actualmente se<br />

mantém com particular acui<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Mas o crédito só é concedido se for suportado com<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s e idóneas garantias <strong>de</strong> cumprimento por<br />

parte dos armadores, uma vez que é <strong>de</strong>stas garantias<br />

que resulta o equilíbrio dos interesses entre mutuantes<br />

e mutuários.<br />

Acontece que a mais frequente <strong>da</strong>s garantias ofereci<strong>da</strong>s<br />

pelos armadores é a hipoteca sobre os navios.<br />

A hipoteca, segundo o art. 682º do Código Civil,<br />

confere ao credor o direito <strong>de</strong> ser pago pelo valor <strong>de</strong><br />

certas coisas imóveis ou equipara<strong>da</strong>s, pertencentes ao<br />

<strong>de</strong>vedor ou a terceiro com preferência sobre os <strong>de</strong>mais<br />

credores que não gozem <strong>de</strong> privilégio especial ou <strong>de</strong><br />

priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> registo.<br />

Mas a hipoteca tem inerentes limitações que, em<br />

muitos casos, a po<strong>de</strong>m tornar garantia insuficiente e<br />

muito pouco atractiva, quiçá inútil, para os financiadores,<br />

tal acontecendo por via <strong>da</strong> concorrência entre a<br />

hipoteca e os privilégios marítimos.<br />

Estes são a facul<strong>da</strong><strong>de</strong> que a lei, em atenção à causa<br />

do crédito, conce<strong>de</strong> a certos credores, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> registo, <strong>de</strong> serem pagos com preferência a<br />

outros (art. 733º do Código Civil).<br />

Além <strong>da</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> no pagamento, e, por força do<br />

9<br />

disposto no art. 8º <strong>da</strong> Convenção <strong>de</strong> 1926 Sobre Privilégios<br />

e Hipotecas Marítimas, “os créditos privilegiados<br />

acompanham o navio, seja qual for o seu possuidor”,<br />

isto é, gozam do direito <strong>de</strong> sequela que se<br />

traduz no direito <strong>de</strong> acompanhar o navio seja qual for<br />

o seu possuidor.<br />

A facul<strong>da</strong><strong>de</strong> dos créditos marítimos serem pagos<br />

prioritariamente está consagra<strong>da</strong> no art. 592º do<br />

Código Comercial, nos seguintes termos:<br />

“Os credores hipotecários serão pagos dos seus créditos,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> satisfeitos os privilégios creditórios<br />

sobre o navio, pela or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> do registo<br />

comercial” (<strong>da</strong>s hipotecas).<br />

D<strong>aqui</strong> <strong>de</strong>corre que, em Portugal, os credores hipotecários,<br />

ain<strong>da</strong> que em processo <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> sua<br />

iniciativa, po<strong>de</strong>m ficar arre<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> participação no<br />

produto <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> do navio hipotecado e penhorado,<br />

porque o mesmo se esgotou no pagamento aos credores<br />

com privilégio sobre o navio.<br />

É por isso que as instituições financeiras manifestam,<br />

por vezes, alguma relutância em confiar nas<br />

garantias hipotecárias sobre navios registados em<br />

Portugal.<br />

Mas afinal <strong>de</strong> que privilégios creditórios sobre<br />

navios estamos a falar?<br />

No plano <strong>da</strong>s relações jurídicas nacionais, dos<br />

previstos na legislação portuguesa, isto é, no art. 574º<br />

e segs. do Código Comercial, estamos a falar dos que<br />

constam no art. 578º do Código Comercial:<br />

1º – As custas e <strong>de</strong>spesas judiciais feitas no interesse<br />

comum dos credores;<br />

2º – Os salários <strong>de</strong>vidos por assistência e salvação;<br />

3º – As <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pilotagem e reboque <strong>da</strong> entra<strong>da</strong><br />

no porto;<br />

4º – Os direitos <strong>de</strong> tonelagem, faróis, ancoradouro,<br />

saú<strong>de</strong> pública e quaisquer outros <strong>de</strong> porto;<br />

5º – As <strong>de</strong>spesas com a guar<strong>da</strong> do navio e com a<br />

armazenagem dos seus pertences;<br />

6º – As sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s do capitão e tripulantes;<br />

7º – As <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> custeio e conserto do navio e<br />

dos seus aprestos e aparelhos;<br />

8º – O embolso do preço <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s do carregamento,<br />

que o Capitão precisou ven<strong>de</strong>r;<br />

9º – Os prémios do seguro;<br />

10º – Os preços em dívi<strong>da</strong> <strong>da</strong> última <strong>aqui</strong>sição do<br />

navio;<br />

11º – As <strong>de</strong>spesas com o conserto do navio e seus<br />

aprestos e aparelhos nos últimos três anos anteriores à<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006


viagem e a contar do dia em que o conserto terminou;<br />

12º – As dívi<strong>da</strong>s provenientes <strong>de</strong> contratos para a<br />

construção do navio;<br />

13º – Os prémios dos seguros feitos sobre o navio,<br />

se todo foi segurado, ou sobre a parte e acessórios que<br />

o foram, não compreendidos no nº 9º;<br />

14º – A in<strong>de</strong>mnização <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> aos carregadores por<br />

falta <strong>de</strong> entrega <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s ou por avarias que estas<br />

sofressem.<br />

O § único <strong>de</strong>ste dispositivo legal acrescenta que:<br />

— “As dívi<strong>da</strong>s menciona<strong>da</strong>s nos nos. 1º a 9º são as<br />

contraí<strong>da</strong>s durante a última viagem e por motivo<br />

<strong>de</strong>la.”<br />

Qual o significado <strong>de</strong>sta norma?<br />

Tão só o <strong>de</strong> que as dívi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> última viagem<br />

prevalecem sobre as <strong>da</strong>s viagens anteriores.<br />

(cfr. Art. 6º <strong>da</strong> Convenção <strong>de</strong> 1926 à qual, a seguir,<br />

se fará referência)<br />

No plano <strong>da</strong>s relações jurídicas internacionais,<br />

tem que ter-se presente a Convenção Internacional<br />

<strong>de</strong> 1926, sobre privilégios e hipotecas marítimas <strong>da</strong><br />

qual Portugal é Parte e cujo artigo 2º estabelece a<br />

seguinte graduação <strong>de</strong> créditos sobre os navios:<br />

1º – As custas judiciais <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s ao Estado e as <strong>de</strong>spesas<br />

feitas no interesse comum dos credores para a<br />

conservação do navio ou para executar a ven<strong>da</strong> do<br />

navio e a distribuição do seu preço; os direitos <strong>de</strong><br />

tonelagem, farolagem e do porto e as outras taxas e<br />

impostos públicos <strong>da</strong> mesma natureza; as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />

pilotagem, guar<strong>da</strong> e conservação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a entra<strong>da</strong> do<br />

navio no último porto;<br />

2º – Os créditos resultantes do contrato <strong>de</strong> arrolamento<br />

do capitão, <strong>da</strong> tripulação e <strong>de</strong> outras pessoas<br />

contrata<strong>da</strong>s a bordo;<br />

3º – As remunerações <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s pela salvação e assistência<br />

e a contribuição nas avarias comuns;<br />

4º – As in<strong>de</strong>mnizações por abalroação ou outros<br />

aci<strong>de</strong>ntes na navegação, assim como por <strong>da</strong>nos causados<br />

nas obras <strong>de</strong> arte dos portos, docas e vias navegáveis;<br />

as in<strong>de</strong>mnizações por lesões corporais aos passageiros<br />

e às tripulações; as in<strong>de</strong>mnizações por per<strong>da</strong>s<br />

ou avarias <strong>da</strong> carga ou <strong>de</strong> bagagens;<br />

5º – Os créditos provenientes <strong>de</strong> contratos celebrados<br />

ou operações efectua<strong>da</strong>s pelo capitão fora do porto<br />

<strong>de</strong> matrícula, em virtu<strong>de</strong> dos seus po<strong>de</strong>res legais,<br />

para necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s reais <strong>da</strong> conservação do navio ou <strong>da</strong><br />

continuação <strong>da</strong> viagem, sem distinguir se o capitão é,<br />

ou não, ao mesmo tempo proprietário do navio, e se o<br />

crédito é seu ou é dos fornecedores, reparadores, prestamistas<br />

ou outros contratantes.<br />

Estes privilégios oneram também o frete <strong>da</strong> viagem<br />

durante a qual nasceram e os acessórios do navio e do<br />

frete adquirido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>da</strong> viagem (art. 2º).<br />

Acessórios do navio e do frete são os enunciados no<br />

art. 4º <strong>da</strong> Convenção, aos quais, mais adiante, se fará<br />

referência.<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006<br />

10<br />

Só a seguir a estes créditos marítimos, são graduados<br />

os garantidos por:<br />

— Hipotecas<br />

— “Mortgages”<br />

— Penhores sobre navios.<br />

(art. 3º <strong>da</strong> Convenção)<br />

Mas, dispõe o art. 3º <strong>da</strong> Convenção <strong>de</strong> 1926 que:<br />

— “As leis nacionais po<strong>de</strong>m conce<strong>de</strong>r privilégio a<br />

outros créditos além dos mencionados no mesmo artigo,<br />

mas sem modificar a graduação reserva<strong>da</strong> aos<br />

créditos garantidos por hipoteca, mortgages e penhores<br />

e aos privilégios que lhes preferem.”<br />

Estão abrangidos por esta disposição, os créditos<br />

referidos no art. 578º do Código Comercial que não<br />

constem do art. 2º <strong>da</strong> Convenção <strong>de</strong> 1926.<br />

Como conjugar, então, os diferentes privilégios e<br />

respectivas graduações <strong>da</strong> Convenção <strong>de</strong> 1926 com o<br />

disposto no art. 578º do Código Comercial, nos casos<br />

em que forem aplicáveis ambos os diplomas legais?<br />

Em nosso enten<strong>de</strong>r, estabelecendo a seguinte or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s:<br />

1ª – Créditos previstos na Convenção <strong>de</strong> 1926;<br />

2ª – Hipotecas, “Mortgages” e penhores sobre navios;<br />

3ª – Créditos previstos no art. 578º do Código<br />

Comercial não constantes do art. 2º <strong>da</strong> Convenção <strong>de</strong><br />

1926.<br />

D<strong>aqui</strong> <strong>de</strong>corre que, <strong>de</strong> acordo com a lei portuguesa,<br />

o credor hipotecário só po<strong>de</strong>rá ver satisfeitos os seus<br />

créditos garantidos por hipoteca, “mortgage” ou<br />

penhor sobre o navio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pagos todos os créditos<br />

privilegiados <strong>de</strong> acordo com o art. 2º <strong>da</strong> Convenção<br />

<strong>de</strong> 1926.<br />

Porque assim é, os financiadores não se sentem protegidos<br />

quando chamados a financiar investimentos<br />

para navios <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira portuguesa, exigindo, com<br />

frequência, que aos navios financiados seja atribuí<strong>da</strong><br />

uma nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>/ban<strong>de</strong>ira com um regime legal<br />

mais aberto no que diz respeito à protecção dos credores<br />

privilegiados, além <strong>de</strong> garantias adicionais pessoais<br />

ou reais.<br />

Esta é também uma <strong>da</strong>s razões:


— Da proliferação <strong>da</strong>s ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> conveniência;<br />

— Que leva a concluir que a escolha <strong>da</strong> ban<strong>de</strong>ira é,<br />

ca<strong>da</strong> vez mais, uma <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> gestão que carece <strong>de</strong><br />

cui<strong>da</strong><strong>da</strong> reflexão.<br />

De notar que os privilégios previstos no art. 2º <strong>da</strong><br />

Convenção <strong>de</strong> 1926 se esten<strong>de</strong>m também sobre o<br />

frete <strong>da</strong> viagem durante a qual nasceu o crédito privilegiado<br />

e sobre os acessórios do navio e do frete<br />

adquirido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>da</strong> viagem, entendidos os<br />

acessórios do navio com o sentido que lhes é <strong>da</strong>do<br />

pelo art. 4º <strong>da</strong> mesma Convenção:<br />

— Art. 4º – Os acessórios do navio e <strong>de</strong> frete<br />

visados no artigo 2º são:<br />

11<br />

1º – As in<strong>de</strong>mnizações <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s ao proprietário por<br />

<strong>da</strong>nos materiais causados ao navio e não reparados, ou<br />

por per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> frete;<br />

2º – As in<strong>de</strong>mnizações <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s ao proprietário por<br />

avarias comuns, quer estas constituam <strong>da</strong>nos materiais<br />

sofridos pelo navio e não reparados, quer per<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

frete;<br />

3º – As remunerações <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s ao proprietário por<br />

assistência presta<strong>da</strong> ou salvação efectua<strong>da</strong> até ao fim<br />

<strong>da</strong> viagem, <strong>de</strong>dução feita a somas arbitra<strong>da</strong>s ao capitão<br />

e a outras pessoas ao serviço do navio.<br />

(Contínua no próximo número)<br />

Dr. Armando Henrique<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006


PORTUGAL GANHOU A MEDALHA DE<br />

PRATA NO MUNDIAL 2006 DE VELA UNI-<br />

VERSITÁRIA<br />

A equipa <strong>de</strong> vela <strong>da</strong> ESCOLA NÁUTICA INFANTE D.<br />

HENRIQUE que representou Portugal pela primeira<br />

vez no Campeonato do Mundo <strong>de</strong> Vela Universitária,<br />

disputado <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> Outubro a 4 <strong>de</strong> Novembro em<br />

Lorient França, classificou-se em segundo lugar.<br />

A tripulação composta pelo timoneiro António Fontes<br />

e por Hel<strong>de</strong>r Basílio, André Azad, Ana Lúcia Chita,<br />

Carolina Vilela, José Lopes, João Faria, Jano<br />

Rodrigues, participou com uma embarcação monocasco<br />

MUMM 30, com a característica <strong>de</strong> ser muito rápi<strong>da</strong>,<br />

muito precisa, a requerer gran<strong>de</strong> know how com<br />

uma cui<strong>da</strong><strong>da</strong> pilotagem, revelando <strong>de</strong>sta forma as<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s técnicas <strong>da</strong>s tripulações.<br />

Esta prova, que se realiza <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979 então com a<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Course <strong>de</strong> l’ Europe, ganha prestígio<br />

acrescido ano após ano, pois nela concorrem as<br />

melhores equipas <strong>de</strong> vela <strong>da</strong>s Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> todo o<br />

mundo, contando a prova para o calendário <strong>da</strong> INTER-<br />

NATIONAL SAILING FEDERATION (ISAF).<br />

Na edição <strong>de</strong> 2006, ao fim <strong>da</strong>s onze provas, entre as<br />

quais uma nocturna, a que concorreram onze países,<br />

com a França país organizador e a Inglaterra vencedora<br />

<strong>da</strong> última edição a apresentarem duas equipas a<br />

classificação ficou assim or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>:<br />

1. Irlan<strong>da</strong> – Trinity Colledge Dublin<br />

2. Portugal – Escola Náutica Infante D. Henrique<br />

3. Escócia – Strathcly<strong>de</strong> University<br />

4. Inglaterra – Southampton Solent (vencedor<br />

na última edição)<br />

5. Estados Unidos – US Naval Aca<strong>de</strong>my<br />

6. França – Université Technologique <strong>de</strong> Troyes<br />

7. Inglaterra – Cambridge University<br />

8. Polónia – Polish University of Technology<br />

Poznam<br />

9. Dinamarca – Danish University of Technol-<br />

MARINHA DE RECREIO<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006 12<br />

ogy<br />

10. Japão – National Defense Aca<strong>de</strong>my<br />

11. Itália – Centro Universitario Sportivo <strong>de</strong> Milan<br />

12. França – Ecole Polytechnique<br />

13. Alemanha – RWTH Aachen<br />

O CLUBE DE OFICIAIS DA MARINHA MERCANTE<br />

regozija-se com a magnífica prestação <strong>da</strong> equipa portuguesa,<br />

que <strong>de</strong> forma digna patenteou o saber português<br />

<strong>de</strong> an<strong>da</strong>r no mar.<br />

REGATA PORTO DE LISBOA<br />

Tal como vem acontecendo há trinta anos, a ASSO-<br />

CIAÇÃO NAVAL DE LISBOA (ANL) organizou no dia 1<br />

<strong>de</strong> Novembro no estuário do Tejo a REGATA PORTO<br />

DE LISBOA, promovi<strong>da</strong> pela APL no âmbito <strong>da</strong>s<br />

comemorações do “Dia do Porto <strong>de</strong> Lisboa”.<br />

Reunindo mais <strong>de</strong> oitenta embarcações, é sem dúvi<strong>da</strong><br />

alguma uma <strong>da</strong>s regatas mais participa<strong>da</strong>s, no<br />

calendário <strong>de</strong> provas <strong>da</strong> vela <strong>de</strong> cruzeiro, contribuindo<br />

para tal os prémios atribuídos, on<strong>de</strong> os mais <strong>de</strong>sejados<br />

são os <strong>de</strong>scontos nos lugares <strong>de</strong> amarração nas várias<br />

docas. Para além disso, foram sorteados dois lugares<br />

<strong>de</strong> amarração, um pelo período <strong>de</strong> um ano e outro pelo<br />

período <strong>de</strong> seis meses, entre to<strong>da</strong>s as embarcações que<br />

participam na Regata.<br />

EMBARCAÇÃO MOVIDA A ENERGIA SO-<br />

LAR VAI TENTAR ATRAVESSAR O OCEA-<br />

NO ATLÂNTICO<br />

O “Sun 21” um catamarã unicamente movido a<br />

energia solar, saiu do porto suíço Rhin à Bale para<br />

tentar atravessar o oceano Atlântico.<br />

A embarcação com um comprimento <strong>de</strong> 14 m, boca<br />

6.60 m, calado máximo 1 m, lotação 8 pessoas, dois<br />

motores <strong>de</strong> 8 KW e baterias 520Ah/C5, 48 V DC, terá<br />

uma autonomia <strong>de</strong> 18 horas à veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 7<br />

nós.<br />

Efectuando uma viagem promocional no Rio Reno<br />

até Roterdão, será então carrega<strong>da</strong> num navio mercante,<br />

que a transportará até Sevilha <strong>de</strong> on<strong>de</strong> navegará até<br />

Nova Iorque, com escalas nas Canárias, em Cabo<br />

Ver<strong>de</strong> e na Flóri<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma a aproveitar ventos e<br />

correntes marinhas favoráveis.<br />

O responsável pela iniciativa tem 58 anos e é médico.<br />

ESCUTEIROS MARÍTIMOS<br />

O CORPO NACIONAL DE ESCUTAS (CNE) representa<br />

em Portugal quatro mil jovens escuteiros marítimos,<br />

num universo <strong>de</strong> setenta mil jovens escuteiros inscritos.<br />

Esta fraca percentagem advém a nosso ver <strong>da</strong> falta<br />

<strong>de</strong> condições e material disponível para a prática dos<br />

<strong>de</strong>sportos náuticos. Apenas como exemplo, referimos<br />

que no Algarve, apesar <strong>da</strong> vasta costa oceânica, rios


navegáveis e espelho <strong>de</strong> águas interiores abriga<strong>da</strong>s,<br />

apenas conta com o ramo marítimo, no agrupamento<br />

dos escuteiros em Ferragudo. Contam actualmente<br />

com 10 embarcações para prática <strong>de</strong> vela, cinco<br />

canoas e quatro embarcações <strong>de</strong> apoio, tudo armazenado<br />

em instalações <strong>da</strong> Câmara Municipal <strong>de</strong> Lagoa<br />

na praia <strong>da</strong> Angrinha. Contudo o projecto do passeio<br />

marítimo a ser construído em breve vai acabar com<br />

este areal e a chefia do agrupamento, vem pedindo ao<br />

IPTM a cedência <strong>de</strong> um espaço alternativo, o que até<br />

agora, ain<strong>da</strong> não aconteceu.<br />

DESASSOREAMENTO DO RIO ARADE<br />

“SEM PERNAS PARA ANDAR”<br />

O projecto para o <strong>de</strong>sassoreamento dos 11 km do<br />

Rio Ara<strong>de</strong>, entre Portimão e Silves, orçado em 5<br />

milhões <strong>de</strong> Euros, teve parecer <strong>de</strong>sfavorável do<br />

Ambiente e foi chumbado.<br />

Preten<strong>de</strong>-se que o rio Ara<strong>de</strong> seja navegável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>da</strong> maré, envolvendo a construção <strong>de</strong><br />

sete cais flutuantes, a limpeza e o arranjo <strong>da</strong>s margens,<br />

a implementação <strong>de</strong> sinalização para ra<strong>da</strong>r e laser, <strong>de</strong><br />

forma a permitir também a navegação nocturna.<br />

A Agência do Ara<strong>de</strong> (ASSOCIAÇÃO DE DESENVOL-<br />

VIMENTO DO ARADE) em conjunto com a Comissão <strong>de</strong><br />

Coor<strong>de</strong>nação e Desenvolvimento Regional do Algarve<br />

(CCDRA) e os municípios <strong>de</strong> Lagoa, Monchique,<br />

Portimão e Silves receberam a informação que o projecto<br />

apresentado pelo IPTM foi chumbado na Declaração<br />

Ambiental, que não aceitou a solução proposta<br />

para <strong>de</strong>pósito em terra dos dragados e sedimentos a<br />

retirar do rio, que são calculados em 500 mil metros<br />

cúbicos, dos quais 40% serão areias não contamina<strong>da</strong>s.<br />

A solução proposta em alternativa ao <strong>de</strong>pósito em<br />

terra, passa para o <strong>de</strong>pósito no mar, para isso obrigando<br />

a encontrar uma via navegável no estuário do Rio<br />

Ara<strong>de</strong> que permita ultrapassar os actuais constrangimentos<br />

originados pela altura <strong>da</strong>s pontes existentes,<br />

que foram construí<strong>da</strong>s sem a preocupação <strong>da</strong> navegabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

no rio.<br />

Reconhecendo-se que o projecto é <strong>de</strong>cisivo, como<br />

impulso para o turismo náutico, para o turismo natureza<br />

e para o turismo cultural <strong>da</strong>quela sub-região,<br />

estamos convictos que uma solução amiga para o<br />

ambiente vai ser encontra<strong>da</strong>.<br />

AMERICA’S CUP<br />

Em Valência, com muito dinheiro investido em<br />

milhares <strong>de</strong> empregos, recuperação urbanística e<br />

publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, percebeu-se porque razão Portugal per<strong>de</strong>u<br />

esta organização <strong>da</strong> prova FÓRMULA 1 <strong>da</strong> vela<br />

milionária, on<strong>de</strong> não há segundo lugar. O vencedor<br />

leva tudo.<br />

As embarcações custam vinte milhões <strong>de</strong> Euros, são<br />

rechea<strong>da</strong>s <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> ponta, tornam-se como<br />

brinquedos nas mãos <strong>de</strong> magnatas obcecados com a<br />

competição.<br />

Ca<strong>da</strong> veleiro, construído em fibra <strong>de</strong> carbono, tem<br />

24 metros <strong>de</strong> comprimento, quatro metros <strong>de</strong> boca e<br />

um mastro com 32 metros <strong>de</strong> altura que lhes permite<br />

chegar aos doze nós <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Ca<strong>da</strong> equipa tem cerca <strong>de</strong> sessenta pessoas envolvi<strong>da</strong>s,<br />

on<strong>de</strong> um estratega, um responsável técnico e 17<br />

tripulantes a bordo, a que acrescem ain<strong>da</strong> em terra,<br />

tripulantes suplentes, mecânicos, e assistentes, todos a<br />

trabalhar em conjunto durante quatro anos, preparando<br />

tudo ao pormenor.<br />

A America’s Cup é um fenómeno que primeiro se<br />

estranha e <strong>de</strong>pois se entranha!<br />

ACTIVIDADE MARÍTIMO – TURÍSTICA<br />

O armador DOURO AZUL vai internacionalizar a sua<br />

activi<strong>da</strong><strong>de</strong>, com um novo barco hotel, <strong>de</strong>stinado a<br />

fazer cruzeiros no Rio Amazonas. O <strong>COMM</strong> <strong>de</strong>seja ao<br />

seu sócio empresa as maiores felici<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o maior<br />

sucesso empresarial neste projecto.<br />

Alberto Fontes<br />

13 BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006


O MAIOR PORTA-CONTENTORES<br />

O N/M EMMA, o maior porta-contentores do Mundo, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Maersk Lines<br />

já se encontra em serviço no tráfego Europa/Ásia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o passado mês <strong>de</strong> Setembro.<br />

Construído na Dinamarca, nos estaleiros <strong>de</strong> O<strong>de</strong>nse Steel Shipyard, Ltd, este navio<br />

pertence à nova geração dos SUPER POST PANAMAX. Com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />

transportar 11 000 TEUs, com espaço para 1 000 toma<strong>da</strong>s para contentores frigoríficos,<br />

o N/M EMMA possui um casco com 397 metros e uma boca <strong>de</strong> 56 metros. O navio<br />

dispõe <strong>de</strong> dois propulsores <strong>de</strong> proa e dois propulsores <strong>de</strong> popa, ca<strong>da</strong> um com 25<br />

tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> propulsão transversal, para facilitar as manobras em porto.<br />

NOVAS REGRAS COMUNITÁRIAS PARA O “TRAMPING”<br />

No passado dia 25 <strong>de</strong> Setembro o Conselho Europeu aprovou uma Resolução que irá pôr fim à cooperação<br />

entre os armadores e/ou operadores<br />

(pools).<br />

ACIDENTES NO<br />

BÁLTICO<br />

O número <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes marítimos<br />

no Mar Báltico aumentou<br />

100% <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong><br />

2000: — 151 em 2005; 145 em<br />

2004; comparado com a média<br />

<strong>de</strong> 60 aci<strong>de</strong>ntes por ano, entre<br />

2000/2003.<br />

Em 2005, dos cerca <strong>de</strong><br />

50 000 navios que cruzaram o<br />

Báltico, as causas dos aci<strong>de</strong>ntes<br />

situaram-se em: — 38% <strong>de</strong><br />

colisões; 36 % <strong>de</strong> encalhes; 8%<br />

<strong>de</strong> falhas técnicas e 5% <strong>de</strong><br />

incêndios e/ou explosões.<br />

Em que 33% eram tanques;<br />

15% ferrys; 12% graneleiros e<br />

9% porta-contentores.<br />

Sendo 42% dos aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vidos<br />

a erro humano e 23% a<br />

falhas técnicas.<br />

NAVEIRO VAI<br />

REFORÇAR FROTA<br />

EM 2007<br />

A NAVEIRO – Transportes<br />

Marítimos, vai investir 45 milhões<br />

<strong>de</strong> euros em cinco novos<br />

navios, aumentando a dimensão<br />

<strong>da</strong> sua frota para 13 embarcações.<br />

Com uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 4 200 tonela<strong>da</strong>s estão a ser<br />

construídos no estaleiro espanhol<br />

<strong>de</strong> MARIN, <strong>de</strong>vendo ser<br />

entregues ao longo <strong>de</strong> 2007.<br />

Estando envolvi<strong>da</strong> no projecto<br />

Scapemed, com um incentivo<br />

<strong>de</strong> 2.1 milhões <strong>de</strong> euros.<br />

NOTÍCIAS DO MAR<br />

BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006 14


ENCONTRO REGIONAL DO SUL<br />

PASSEIO NO GUADIANA<br />

Nos passados dias 4 e 5 <strong>de</strong> Novembro realizou-se o nosso último encontro <strong>de</strong> sócios <strong>de</strong>ste ano com um cruzeiro<br />

no rio Guadiana.<br />

Este passeio foi um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro sucesso com a participação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 veraneantes, sócios do <strong>COMM</strong>,<br />

familiares e amigos, embarcados no navio-hotel “Algarve Cruiser”, nova uni<strong>da</strong><strong>de</strong> do empresa turística “ Douro<br />

Azul”, construí<strong>da</strong> nos ENVC, entregue em 2005, com elegantes e funcionais salões, dispondo <strong>de</strong> 65 cabinas, com<br />

camas duplas, casa banho individual, televisão, varan<strong>da</strong>s para o exterior, etc.<br />

O embarque foi feito com o navio atracado ao cais <strong>de</strong> Vila Real <strong>de</strong> Stº António.<br />

Depois <strong>de</strong> uma primeira confraternização e <strong>de</strong> um óptimo almoço a bordo começou-se a subir o Guadiana,<br />

observando V.R.Stº António e Ayamonte, logo o castelo <strong>de</strong> Castro Marim e a passagem sob a ponte internacional,<br />

<strong>de</strong>sfrutando lin<strong>da</strong>s paisagens em ambas as margens, e ain<strong>da</strong> a foz <strong>da</strong> ribeira <strong>de</strong> O<strong>de</strong>leite, a povoação <strong>de</strong> Guerreiros<br />

do Rio e finalmente a vila <strong>de</strong> Alcoutim on<strong>de</strong> atracámos ao fim <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>, aproveitando ain<strong>da</strong> um pequeno passeio<br />

local.<br />

Com prévio cocktail e aperitivos servidos no bar, proce<strong>de</strong>u-se ao jantar a bordo, seguindo-se, juntamente com<br />

os digestivos, um magnífico show <strong>de</strong> flamenco executado por graciosas praticantes <strong>de</strong> uma escola <strong>de</strong> <strong>da</strong>nça <strong>da</strong><br />

An<strong>da</strong>luzia.<br />

No dia seguinte, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pequeno-almoço buffet iniciámos a <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> do rio, permitindo uma observação mais<br />

cui<strong>da</strong>dosa e selectiva <strong>da</strong>s paisagens observa<strong>da</strong>s no dia anterior.<br />

Após chega<strong>da</strong> a V. R. Stº António, <strong>de</strong>pois do check-out e do <strong>de</strong>sembarque do “Algarve Cruiser”, seguiu-se um<br />

almoço livre, espalhando-se o pessoal pelos restaurantes <strong>de</strong> Ayamonte, Castro Marim, Vila Real, antes do regresso<br />

a Lisboa, no autocarro do <strong>Clube</strong> ou em viaturas próprias.<br />

Nos computadores do <strong>Clube</strong> encontrava-se disponível a todos os nossos associados, um álbum fotográfico<br />

digital com uma colecção <strong>de</strong> fotografias <strong>de</strong>ste nosso evento que po<strong>de</strong>rá ser partilhado por todos os interessados.<br />

15 BORDO LIVRE | Novembro/Dezembro 2006

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