10.04.2013 Views

1 Topologias Básicas de Conversores CC-CC ... - D.s.c.e. - Unicamp

1 Topologias Básicas de Conversores CC-CC ... - D.s.c.e. - Unicamp

1 Topologias Básicas de Conversores CC-CC ... - D.s.c.e. - Unicamp

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

1 <strong>Topologias</strong> <strong>Básicas</strong> <strong>de</strong> <strong>Conversores</strong> <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados<br />

1.1 Princípios básicos<br />

As análises que se seguem consi<strong>de</strong>ram que os conversores não apresentam perdas <strong>de</strong><br />

potência (rendimento 100%). Os interruptores (transistores e diodos) são i<strong>de</strong>ais, o que significa<br />

que, quando em condução, apresentam queda <strong>de</strong> tensão nula e quando abertos, a corrente por eles<br />

é zero. Além disso, a transição <strong>de</strong> um estado a outro é instantânea.<br />

Serão apresentadas estruturas circuitais básicas que realizam a função <strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> uma<br />

fonte <strong>de</strong> tensão fixa na entrada, fornecer uma tensão <strong>de</strong> valor variável na saída. Neste caso existe<br />

um filtro capacitivo na saída, <strong>de</strong> modo a manter, sobre ele, uma tensão estabilizada e <strong>de</strong><br />

ondulação <strong>de</strong>sprezível.<br />

Quando uma variação topológica (surgida em função da condução dos interruptores)<br />

provocar a conexão entre a fonte <strong>de</strong> entrada e um capacitor (ou entre dois capacitores), tal<br />

caminho sempre <strong>de</strong>verá conter um elemento que limite a corrente. Este elemento, por razões <strong>de</strong><br />

rendimento, será um indutor.<br />

Os circuitos serão estudados consi<strong>de</strong>rando que os interruptores comutam a uma dada<br />

freqüência (cujo período será <strong>de</strong>signado por τ), com um tempo <strong>de</strong> condução do transistor igual a<br />

tT. A relação δ=tT/τ é chamada <strong>de</strong> largura <strong>de</strong> pulso, ciclo <strong>de</strong> trabalho, razão cíclica (duty-cycle).<br />

A obtenção das características estáticas (relação entre a tensão <strong>de</strong> saída e a tensão <strong>de</strong> entrada,<br />

por exemplo) é feita a partir da imposição <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> regime permanente. Em geral esta<br />

análise será feita impondo-se a condição <strong>de</strong> que, em cada período <strong>de</strong> comutação, a tensão média<br />

em um indutor é nula, ou ainda <strong>de</strong> que a corrente média em um capacitor é nula.<br />

1.2 Conversor abaixador <strong>de</strong> tensão (step-down ou buck): VoVo/R).<br />

Quando T <strong>de</strong>sliga, o diodo conduz, dando continuida<strong>de</strong> à corrente do indutor. A energia<br />

armazenada em L é entregue ao capacitor e à carga. Enquanto o valor instantâneo da corrente<br />

pelo indutor for maior do que a corrente da carga, a diferença carrega o capacitor. Quando a<br />

corrente for menor, o capacitor se <strong>de</strong>scarrega, suprindo a diferença a fim <strong>de</strong> manter constante a<br />

corrente da carga (já que estamos supondo constante a tensão Vo). A tensão a ser suportada, tanto<br />

pelo transistor quanto pelo diodo é igual à tensão <strong>de</strong> entrada, E.<br />

E<br />

i T<br />

T<br />

iD<br />

D<br />

L<br />

Ro<br />

Figura 1.1 Conversor abaixador <strong>de</strong> tensão<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-1<br />

i o<br />

Io<br />

+<br />

Vo


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

Se a corrente pelo indutor não vai a zero durante a condução do diodo, diz-se que o<br />

circuito opera no modo contínuo. Caso contrário tem-se o modo <strong>de</strong>scontínuo. Via <strong>de</strong> regra<br />

prefere-se operar no modo contínuo <strong>de</strong>vido a haver, neste caso, uma relação bem <strong>de</strong>terminada<br />

entre a largura <strong>de</strong> pulso e a tensão média <strong>de</strong> saída. A figura 1.2 mostra as formas <strong>de</strong> onda típicas<br />

<strong>de</strong> ambos os modos <strong>de</strong> operação.<br />

Δ I<br />

Vo<br />

E<br />

Condução contínua Condução <strong>de</strong>scontínua<br />

t T<br />

Io<br />

i<br />

o<br />

i<br />

D<br />

i<br />

T<br />

v<br />

D<br />

0 τ<br />

0 τ<br />

Figura 1.2 Formas <strong>de</strong> onda típicas nos modos <strong>de</strong> condução contínua e <strong>de</strong>scontínua<br />

1.2.1 Modo <strong>de</strong> condução contínua (M<strong>CC</strong>)<br />

A obtenção da relação entrada/saída po<strong>de</strong> ser feita a partir do comportamento do elemento<br />

que transfere energia da entrada para a saída. Sabe-se que a tensão média sobre uma indutância<br />

i<strong>de</strong>al, em regime, é nula,como mostrado na figura 1.3.<br />

A1= A2<br />

V ⋅ t = V ⋅(τ −t<br />

) (1.1)<br />

1 1 2 1<br />

V1<br />

V2<br />

v L<br />

A1<br />

Io<br />

t1 τ<br />

A2<br />

Figura 1.3 Tensão sobre uma indutância em regime.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-2<br />

t T<br />

t2<br />

tx<br />

E<br />

Vo


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

No caso do conversor abaixador, quanto T conduz, vL=E-Vo, e quando D conduz, vL=-Vo<br />

( E −Vo) ⋅ t = Vo ⋅( τ −t<br />

Vo<br />

E<br />

t T<br />

= ≡ δ<br />

τ<br />

T T<br />

)<br />

1.2.2 Modo <strong>de</strong> condução <strong>de</strong>scontínua (MCD)<br />

A corrente do indutor será <strong>de</strong>scontínua quando seu valor médio for inferior à meta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seu valor <strong>de</strong> pico (Io Vo<br />

E<br />

E ⋅τ⋅δ =<br />

2 ⋅L⋅ Io+ E⋅τ⋅δ<br />

2<br />

2<br />

(1.10)<br />

Definindo o parâmetro K, que se relaciona com a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, como sendo:<br />

L⋅Io K =<br />

E ⋅τ (1.11)<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-3


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

A relação saída/entrada po<strong>de</strong> ser reescrita como:<br />

2<br />

Vo δ<br />

=<br />

E 2<br />

δ + 2 ⋅K<br />

(1.12)<br />

O ciclo <strong>de</strong> trabalho crítico, no qual há a passagem do modo <strong>de</strong> condução contínuo para o<br />

<strong>de</strong>scontínuo é dado por:<br />

δ crit<br />

= ± − ⋅<br />

1 1 8<br />

2<br />

K<br />

(1.13)<br />

A figura 1.4 mostra a característica estática do conversor para diferentes valores <strong>de</strong> K. Na<br />

figura 1.5 tem-se a variação da tensão <strong>de</strong> saída com a corrente <strong>de</strong> carga. Note-se que a condução<br />

<strong>de</strong>scontínua ten<strong>de</strong> a ocorrer para pequenos valores <strong>de</strong> Io, levando à exigência da garantia <strong>de</strong> um<br />

consumo mínimo. Existe um limite para Io acima do qual a condução é sempre contínua e a<br />

tensão <strong>de</strong> saída não é alterada pela corrente, ou seja, tem-se uma boa regulação, mesmo em malha<br />

aberta. Este equacionamento e as respectivas curvas consi<strong>de</strong>ram que a carga tem um<br />

funcionamento <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> corrente constante. Caso a carga tenha um comportamento diverso<br />

(impedância constante ou potência constante), <strong>de</strong>ve-se refazer este equacionamento.<br />

Vo/E<br />

1<br />

0.75<br />

0.5<br />

0.25<br />

Cond. <strong>de</strong>scontínua<br />

K=.01 K=.05<br />

K=.1<br />

Cond. contínua<br />

0<br />

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1<br />

δ<br />

Figura 1.4 Característica <strong>de</strong> controle do conversor abaixador <strong>de</strong> tensão nos modos contínuo e<br />

<strong>de</strong>scontínuo.<br />

Vo/E<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

0<br />

Cond. <strong>de</strong>scontínua<br />

Cond. contínua<br />

Io<br />

E.τ<br />

8L<br />

δ=0,8<br />

δ=0,6<br />

δ=0,4<br />

δ=0,2<br />

Figura 1.5 Característica <strong>de</strong> saída do conversor abaixador <strong>de</strong> tensão nos modos contínuo e<br />

<strong>de</strong>scontínuo.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-4


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

1.2.3 Dimensionamento <strong>de</strong> L e <strong>de</strong> C<br />

I<br />

L<br />

o min<br />

min<br />

Da condição limite entre o modo contínuo e o <strong>de</strong>scontínuo (ΔI=2.Iomin) , tem-se:<br />

( E−Vo) ⋅τ⋅δ =<br />

2 ⋅ L<br />

Se se <strong>de</strong>seja operar sempre no modo contínuo <strong>de</strong>ve-se ter:<br />

min<br />

(1.14)<br />

E ⋅( 1 −δ) ⋅δ⋅τ =<br />

(1.15)<br />

2 ⋅ Io<br />

Quanto ao capacitor <strong>de</strong> saída, ele po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido a partir da variação da tensão<br />

admitida, lembrando-se que enquanto a corrente pelo indutor for maior que Io (corrente na carga,<br />

suposta constante) o capacitor se carrega e, quando for menor, o capacitor se <strong>de</strong>scarrega, levando<br />

a uma variação <strong>de</strong> tensão ΔVo.<br />

tT tT ΔI Δ<br />

ΔQ<br />

= ⋅ + − ⎡ ⎤ ⋅<br />

⎣<br />

⎢<br />

⎦<br />

⎥<br />

⋅ = 1 τ τ I<br />

(1.16)<br />

2 2 2 2 8<br />

A variação da corrente é:<br />

( E−Vo) ⋅tTE⋅δ⋅τ⋅(<br />

1−δ )<br />

ΔIo =<br />

=<br />

(1.17)<br />

L<br />

L<br />

Observe que ΔVo não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da corrente. Substituindo (1.17) em (1.16) tem-se:<br />

2<br />

ΔQ<br />

τ ⋅E⋅δ⋅( 1−δ)<br />

ΔVo<br />

= =<br />

(1.18)<br />

Co 8⋅L⋅Co<br />

Logo,<br />

Co Vo ⋅( 1−δ)<br />

⋅τ<br />

=<br />

8⋅L⋅ΔVo<br />

2<br />

1.3 Conversor elevador <strong>de</strong> tensão (step-up ou boost): Vo>E<br />

Δ I<br />

t T<br />

(1.19)<br />

Quando T é ligado, a tensão E é aplicada ao indutor. O diodo fica reversamente polarizado<br />

(pois Vo>E). Acumula-se energia em L, a qual será enviada ao capacitor e à carga quando T<br />

<strong>de</strong>sligar. A figura 1.6 mostra esta topologia. A corrente <strong>de</strong> saída, Io, é sempre <strong>de</strong>scontínua,<br />

enquanto Ii (corrente <strong>de</strong> entrada) po<strong>de</strong> ser contínua ou <strong>de</strong>scontínua. Tanto o diodo quanto o<br />

transistor <strong>de</strong>vem suportar uma tensão igual à tensão <strong>de</strong> saída, Vo.<br />

Também neste caso tem-se a operação no modo contínuo ou no <strong>de</strong>scontínuo,<br />

consi<strong>de</strong>rando a corrente pelo indutor. As formas <strong>de</strong> onda são mostradas na figura 1.7.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-5<br />

τ<br />

Io<br />

i o


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

E<br />

ii<br />

L<br />

T<br />

i T<br />

i o<br />

v T<br />

D<br />

Co<br />

Ro<br />

Figura 1.6 Conversor elevador <strong>de</strong> tensão<br />

1.3.1 Modo <strong>de</strong> condução contínua<br />

Quando T conduz: vL=E (durante tT)<br />

Quando D conduz: vL=-(Vo-E) (durante τ-tT)<br />

E⋅t ΔIi =<br />

L<br />

Vo<br />

T<br />

( Vo −E)( ⋅ −tT<br />

=<br />

L<br />

) τ<br />

+<br />

Vo<br />

(1.20)<br />

E<br />

= (1.21)<br />

1− δ<br />

Embora, teoricamente, quando o ciclo <strong>de</strong> trabalho ten<strong>de</strong> à unida<strong>de</strong> a tensão <strong>de</strong> saída tenda<br />

para infinito, na prática, os elementos parasitas e não i<strong>de</strong>ais do circuito (como as resistências do<br />

indutor e da fonte) impe<strong>de</strong>m o crescimento da tensão acima <strong>de</strong> um certo limite, no qual as perdas<br />

nestes elementos resistivos se tornam maiores do que a energia transferida pelo indutor para a<br />

saída.<br />

Δ I<br />

E<br />

Condução contínua Condução <strong>de</strong>scontínua<br />

t T t T<br />

Ii<br />

i i<br />

Vo Vo<br />

v<br />

T<br />

Io i D<br />

Io<br />

i<br />

T<br />

0 τ<br />

0 τ<br />

Figura 1.7 Formas <strong>de</strong> onda típicas <strong>de</strong> conversor boost com entrada <strong>CC</strong><br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-6<br />

t2<br />

tx<br />

Ii<br />

E


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

1.3.2 Modo <strong>de</strong> condução <strong>de</strong>scontínua<br />

Quando T conduz: vL = E, (durante tT)<br />

Quando D conduz: vL = -(Vo-E), durante (τ-tT-tx)<br />

1−<br />

tx<br />

Vo = E ⋅<br />

τ<br />

1−δ−tx<br />

τ<br />

Escrevendo em termos <strong>de</strong> variáveis conhecidas, tem-se:<br />

2 2<br />

(1.22)<br />

Vo E E ⋅τ⋅δ = +<br />

(1.23)<br />

2 ⋅L⋅Io Vo δ<br />

= 1+ E 2 ⋅ K<br />

A relação saída/entrada po<strong>de</strong> ser reescrita como:<br />

2<br />

(1.24)<br />

O ciclo <strong>de</strong> trabalho crítico, no qual há a passagem do modo <strong>de</strong> condução contínuo para o<br />

<strong>de</strong>scontínuo é dado por:<br />

δ crit<br />

= ± − ⋅<br />

1 1 8<br />

2<br />

K<br />

(1.25)<br />

A figura 1.8 mostra a característica estática do conversor para diferentes valores <strong>de</strong> K. Na<br />

figura 1.9 tem-se a variação da tensão <strong>de</strong> saída com a corrente <strong>de</strong> carga. Note-se que a condução<br />

<strong>de</strong>scontínua ten<strong>de</strong> a ocorrer para pequenos valores <strong>de</strong> Io, levando à exigência da garantia <strong>de</strong> um<br />

consumo mínimo. Existe um limite para Io acima do qual a condução é sempre contínua e a<br />

tensão <strong>de</strong> saída não é alterada pela corrente. Este equacionamento e as respectivas curvas<br />

consi<strong>de</strong>ram que a carga tem um funcionamento <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> corrente constante. Caso a carga<br />

tenha um comportamento diverso (impedância constante ou potência constante), <strong>de</strong>ve-se refazer<br />

este equacionamento.<br />

Vo/E<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

cond. <strong>de</strong>scontínua<br />

K=.01<br />

K=.02<br />

K=.05<br />

0<br />

0 0.2 0.4 0.6 0.8<br />

δ<br />

Figura 1.8 Característica estática do conversor elevador <strong>de</strong> tensão nos modos <strong>de</strong> condução<br />

contínua e <strong>de</strong>scontínua, para diferentes valores <strong>de</strong> K.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-7


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

Vo/E<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

cond.<br />

<strong>de</strong>scontínua<br />

0<br />

0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2<br />

Io<br />

cond. contínua<br />

E.τ<br />

8.L<br />

δ=.8<br />

δ=.6<br />

δ=.4<br />

δ=.2<br />

Figura 1.9 Característica <strong>de</strong> saída do conversor elevador <strong>de</strong> tensão,<br />

normalizada em relação a (Eτ/L)<br />

1.3.3 Dimensionamento <strong>de</strong> L e <strong>de</strong> C<br />

O limiar para a condução <strong>de</strong>scontínua é dado por:<br />

ΔIi<br />

E⋅tT Vo ⋅( 1−δ)<br />

⋅δ⋅τ Ii = = =<br />

(1.26)<br />

2 2⋅L<br />

2 ⋅ L<br />

Δ Ii ⋅( τ −tT)<br />

E ⋅ δ⋅( 1−δ)<br />

⋅τ<br />

Io =<br />

=<br />

(1.27)<br />

2 ⋅ τ 2 ⋅ L<br />

L<br />

min<br />

E ⋅δ⋅( 1−δ)<br />

⋅τ<br />

=<br />

(1.28)<br />

2 ⋅ Io(min)<br />

Para o cálculo do capacitor <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a forma <strong>de</strong> onda da corrente <strong>de</strong> saída.<br />

Admitindo-se a hipótese que o valor mínimo instantâneo atingido por esta corrente é maior que a<br />

corrente média <strong>de</strong> saída, Io, o capacitor se carrega durante a condução do diodo e fornece toda a<br />

corrente <strong>de</strong> saída durante a condução do transistor.<br />

Io(max)<br />

⋅δ⋅τ Co =<br />

ΔVo<br />

1.4 Conversor abaixador-elevador <strong>de</strong> tensão (buck-boost)<br />

(1.29)<br />

Neste conversor, a tensão <strong>de</strong> saída tem polarida<strong>de</strong> oposta à da tensão <strong>de</strong> entrada. A figura<br />

1.10 mostra o circuito.<br />

Quando T é ligado, transfere-se energia da fonte para o indutor. O diodo não conduz e o<br />

capacitor alimenta a carga. Quando T <strong>de</strong>sliga, a continuida<strong>de</strong> da corrente do indutor se faz pela<br />

condução do diodo. A energia armazenada em L é entregue ao capacitor e à carga.<br />

Tanto a corrente <strong>de</strong> entrada quanto a <strong>de</strong> saída são <strong>de</strong>scontínuas. A tensão a ser suportada<br />

pelo diodo e pelo transistor é a soma das tensões <strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong> saída, Vo+E. A figura 1.11<br />

mostra as formas <strong>de</strong> onda nos modos <strong>de</strong> condução contínua e <strong>de</strong>scontínua (no indutor).<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-8


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

i T<br />

E<br />

v T<br />

T<br />

D<br />

L Co Ro<br />

i L<br />

i D<br />

Vo<br />

Figura 1.10 Conversor abaixador-elevador <strong>de</strong> tensão<br />

1.4.1 Modo <strong>de</strong> condução contínua<br />

Quando T conduz: vL=E, (durante tT)<br />

Quando D conduz: vL=-Vo, (durante τ-tT)<br />

E⋅tT =<br />

L<br />

Vo E ⋅δ<br />

=<br />

1−<br />

δ<br />

Δ I<br />

Vo ⋅( τ −tT<br />

)<br />

(1.30)<br />

L<br />

t T t T<br />

i<br />

D<br />

T<br />

+<br />

(1.31)<br />

Condução contínua Condução <strong>de</strong>scontínua<br />

E+Vo E+Vo<br />

v T<br />

E<br />

i<br />

i<br />

0<br />

τ<br />

0 τ<br />

(a) (b)<br />

Figura 1.11 Formas <strong>de</strong> onda do conversor abaixador-elevador <strong>de</strong> tensão operando em condução<br />

contínua (a) e <strong>de</strong>scontínua (b).<br />

1.4.2 Modo <strong>de</strong> condução <strong>de</strong>scontínua<br />

Quando T conduz: vL = E, (durante tT)<br />

Quando D conduz: vL = -Vo, durante (τ-tT-tx)<br />

Io<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-9<br />

L<br />

t2<br />

tx<br />

Io<br />

E


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

E ⋅δ<br />

Vo =<br />

1−δ−tx<br />

τ<br />

(1.32)<br />

Escrevendo em termos <strong>de</strong> variáveis conhecidas, e sabendo que a corrente máxima <strong>de</strong><br />

entrada ocorre ao final do intervalo <strong>de</strong> condução do transistor:<br />

Ii<br />

max =<br />

E⋅t L<br />

T<br />

Seu valor médio é:<br />

Iimax ⋅ t T<br />

Ii =<br />

2 ⋅ τ<br />

Do balanço <strong>de</strong> potência tem-se:<br />

Ii =<br />

Io ⋅ Vo<br />

E<br />

O que permite escrever:<br />

2 2<br />

(1.33)<br />

(1.34)<br />

(1.35)<br />

Vo E ⋅τ⋅δ =<br />

(1.36)<br />

2 ⋅L⋅Io Uma interessante característica do conversor abaixador-elevador quando operando no<br />

modo <strong>de</strong>scontínuo é que ele funciona como uma fonte <strong>de</strong> potência constante.<br />

2 2<br />

Po E ⋅τ⋅δ =<br />

(1.37)<br />

2 ⋅ L<br />

Vo δ<br />

=<br />

E ⋅ K<br />

2<br />

2<br />

A relação saída/entrada po<strong>de</strong> ser reescrita como:<br />

(1.38)<br />

O ciclo <strong>de</strong> trabalho crítico, no qual há a passagem do modo <strong>de</strong> condução contínuo para o<br />

<strong>de</strong>scontínuo é dado por:<br />

δ crit<br />

= ± − ⋅<br />

1 1 8<br />

2<br />

K<br />

(1.39)<br />

A figura 1.12 mostra a característica estática do conversor para diferentes valores <strong>de</strong> K.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-10


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

Vo/E<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

cond. <strong>de</strong>scontínua<br />

0 0.2 0.4 0.6 0.8<br />

δ<br />

K=.01<br />

K=.02<br />

K=.05<br />

Figura 1.12 Característica estática do conversor abaixador-elevador <strong>de</strong> tensão nos modos <strong>de</strong><br />

condução contínua e <strong>de</strong>scontínua, para diferentes valores <strong>de</strong> K.<br />

Na figura 1.13 tem-se a variação da tensão <strong>de</strong> saída com a corrente <strong>de</strong> carga. Note-se que<br />

a condução <strong>de</strong>scontínua ten<strong>de</strong> a ocorrer para pequenos valores <strong>de</strong> Io, levando à exigência da<br />

garantia <strong>de</strong> um consumo mínimo. Existe um limite para Io acima do qual a condução é sempre<br />

contínua e a tensão <strong>de</strong> saída não é alterada pela corrente. Este equacionamento e as respectivas<br />

curvas consi<strong>de</strong>ram que a carga tem um funcionamento <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> corrente constante. Caso a<br />

carga tenha um comportamento diverso (impedância constante ou potência constante), <strong>de</strong>ve-se<br />

refazer este equacionamento.<br />

Vo/E<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

cond.<br />

<strong>de</strong>scontínua<br />

0<br />

0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2<br />

Io<br />

E. τ<br />

8.L<br />

cond. contínua<br />

δ=.8<br />

δ=.6<br />

δ=.4<br />

δ=.2<br />

Figura 1.13 Característica <strong>de</strong> saída do conversor abaixador-elevador <strong>de</strong> tensão, normalizada em<br />

relação a (E.τ/L).<br />

1.4.3 Cálculo <strong>de</strong> L e <strong>de</strong> C<br />

O limiar entre as situações <strong>de</strong> condução contínua e <strong>de</strong>scontínua é dado por:<br />

Δ IL ⋅( τ −tT)<br />

Vo⋅( τ−tT) ⋅( 1−δ)<br />

Vo ⋅τ⋅( 1−δ)<br />

Io =<br />

=<br />

=<br />

2 ⋅ τ<br />

2 ⋅ L<br />

2 ⋅ L<br />

L<br />

min<br />

2<br />

(1.40)<br />

E ⋅τ⋅δ⋅( 1−δ)<br />

=<br />

(1.41)<br />

2 ⋅ Io(min)<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-11


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

Quanto ao capacitor, como a forma <strong>de</strong> onda da corrente <strong>de</strong> saída é a mesma do conversor<br />

elevador <strong>de</strong> tensão, o cálculo também segue a expressão:<br />

Io(max)<br />

⋅τ⋅δ Co =<br />

ΔVo<br />

1.5 Conversor Cuk<br />

(1.42)<br />

Diferentemente dos conversores anteriores, no conversor Cuk, cuja topologia é mostrada<br />

na figura 1.14, a transferência <strong>de</strong> energia da fonte para a carga é feita por meio <strong>de</strong> um capacitor,<br />

o que torna necessário o uso <strong>de</strong> um componente que suporte correntes relativamente elevadas.<br />

Como vantagem, existe o fato <strong>de</strong> que tanto a corrente <strong>de</strong> entrada quanto a <strong>de</strong> saída po<strong>de</strong>m<br />

ser contínuas, <strong>de</strong>vido à presença dos indutores. Além disso, ambos indutores estão sujeitos ao<br />

mesmo valor instantâneo <strong>de</strong> tensão, <strong>de</strong> modo que é possível construí-los num mesmo núcleo. Este<br />

eventual acoplamento magnético permite, com projeto a<strong>de</strong>quado, eliminar a ondulação <strong>de</strong><br />

corrente em um dos enrolamentos. Os interruptores <strong>de</strong>vem suportar a soma das tensões <strong>de</strong> entrada<br />

e saída.<br />

A tensão <strong>de</strong> saída apresenta-se com polarida<strong>de</strong> invertida em relação à tensão <strong>de</strong> entrada.<br />

I<br />

V<br />

L1 + C1 -<br />

I L2<br />

E<br />

L1 C1 L2<br />

S D<br />

Co<br />

Figura 1.14 Conversor Cuk<br />

Em regime, como as tensões médias sobre os indutores são nulas, tem-se: VC1=E+Vo.<br />

Esta é a tensão a ser suportada pelo diodo e pelo transistor.<br />

Com o transistor <strong>de</strong>sligado, iL1 e iL2 fluem pelo diodo. C1 se carrega, recebendo energia <strong>de</strong><br />

L1. A energia armazenada em L2 alimenta a carga.<br />

Quando o transistor é ligado, D <strong>de</strong>sliga e iL1 e iL2 fluem por T. Como VC1>Vo, C1 se<br />

<strong>de</strong>scarrega, transferindo energia para L2 e para a saída. L1 acumula energia retirada da fonte.<br />

A figura 1.15 mostra as formas <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> corrente nos modos <strong>de</strong> condução contínua e<br />

<strong>de</strong>scontínua. Note-se que no modo <strong>de</strong>scontínuo a corrente pelos indutores não se anula, mas sim<br />

ocorre uma inversão em uma das correntes, que irá se igualar à outra. Na verda<strong>de</strong>, a<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> é caracterizada pelo anulamento da corrente pelo diodo, fato que ocorre também<br />

nas outras topologias já estudadas.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-12<br />

Ro<br />

Vo<br />

+


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

I1<br />

I2<br />

V1<br />

i L1<br />

i L2<br />

v C1<br />

t T<br />

Condução contínua Condução <strong>de</strong>scontínua<br />

τ<br />

Ix<br />

-Ix<br />

i L1<br />

i L2<br />

t T<br />

τ<br />

t2 tx<br />

Figura 1.15. Formas <strong>de</strong> onda do conversor Cuk em condução contínua e <strong>de</strong>scontínua<br />

Assumindo que iL1 e iL2 são constantes, e como a corrente média por um capacitor é nula<br />

(em regime), tem-se:<br />

I ⋅ t = I ⋅(τ −t<br />

)<br />

L2 T L1 T<br />

I ⋅ E = I ⋅ Vo<br />

L1 L2<br />

E ⋅δ<br />

Vo =<br />

1−<br />

δ<br />

(1.43)<br />

(1.44)<br />

Uma vez que a característica estática do conversor Cuk é idêntica à do conversor<br />

abaixador-elevador <strong>de</strong> tensão, as mesmas curvas características apresentadas anteriormente são<br />

válidas também para esta topologia. A única alteração é que a indutância presente na expressão<br />

do parâmetro <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> K é dada pela associação em paralelo dos indutores L1 e L2.<br />

A relação saída/entrada po<strong>de</strong> ser reescrita como:<br />

Vo<br />

E<br />

2<br />

δ<br />

= (1.45)<br />

2 ⋅ K<br />

e<br />

Definindo o parâmetro K, que se relaciona com a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, como sendo:<br />

K<br />

Le<br />

⋅ Io<br />

=<br />

E ⋅ τ<br />

e e<br />

L<br />

e<br />

L1<br />

⋅ L 2<br />

=<br />

L + L<br />

1<br />

2<br />

O ciclo <strong>de</strong> trabalho crítico, no qual há a passagem do modo <strong>de</strong> condução contínuo para o<br />

<strong>de</strong>scontínuo é dado por:<br />

δ<br />

crit<br />

=<br />

±<br />

1−<br />

8 ⋅ K<br />

2<br />

1 e<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-13


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

1.5.1 Dimensionamento <strong>de</strong> C1<br />

C1 <strong>de</strong>ve ser tal que não se <strong>de</strong>scarregue totalmente durante a condução <strong>de</strong> T. Consi<strong>de</strong>rando<br />

iL1 e iL2 constantes, a variação da tensão é linear. A figura 1.16 mostra a tensão no capacitor numa<br />

situação crítica (ripple <strong>de</strong> 100%). Caso se <strong>de</strong>seje uma ondulação <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 10%, basta utilizar<br />

um capacitor 10 vezes maior do que o dado pela equação 1.48.<br />

2V C1<br />

v C1<br />

t T<br />

τ<br />

V C1<br />

Figura 1.16. Tensão no capacitor intermediário numa situação crítica.<br />

VC1 = E+ Vo<br />

(1.46)<br />

Na condição limite:<br />

2( ⋅ E+ Vo)<br />

Io = I L2<br />

= C1⋅<br />

(1.47)<br />

t<br />

C<br />

1min<br />

T<br />

Io(max)<br />

⋅δ⋅( 1−δ)<br />

⋅τ<br />

=<br />

(1.48)<br />

2 ⋅ E<br />

1.5.2 Dimensionamento <strong>de</strong> L1<br />

Consi<strong>de</strong>rando C1 gran<strong>de</strong> o suficiente para que sua variação <strong>de</strong> tensão seja <strong>de</strong>sprezível, L1<br />

<strong>de</strong>ve ser tal que não permita que iL1 se anule. A figura 1.17 mostra a corrente por L1 numa<br />

situação crítica.<br />

E<br />

L<br />

⋅ I<br />

1 L1max<br />

= (1.49)<br />

t<br />

T<br />

I<br />

Ii = I =<br />

L1<br />

L1max<br />

(1.50)<br />

2<br />

E<br />

L1<br />

E+Vo<br />

+<br />

i L1<br />

t<br />

t T<br />

I L1max<br />

Figura 1.17 Corrente por L1 em situação crítica.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-14<br />

τ


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

L<br />

1<br />

L1 min<br />

Quando T conduz:<br />

E ⋅ t T<br />

= (1.51)<br />

2 ⋅ Ii<br />

E ⋅ τ ⋅ δ<br />

= (1.52)<br />

2 ⋅ Io(min)<br />

1.5.3 Cálculo <strong>de</strong> L2<br />

Analogamente à análise anterior, obtém-se para L2:<br />

L 2 min<br />

E ⋅ δ ⋅ τ<br />

= (1.53)<br />

2 ⋅ Io(min)<br />

1.5.4 Cálculo <strong>de</strong> C (capacitor <strong>de</strong> saída)<br />

Para uma corrente <strong>de</strong> saída contínua, o dimensionamento <strong>de</strong> C é idêntico ao realizado para<br />

o conversor abaixador <strong>de</strong> tensão<br />

2<br />

E ⋅ δ ⋅ τ<br />

Co = (1.54)<br />

8 ⋅ L ⋅ ΔVo<br />

2<br />

1.6 Conversor SEPIC<br />

O conversor SEPIC (Single En<strong>de</strong>d Primary Inductance Converter) é mostrado na figura<br />

1.18. Possui uma característica <strong>de</strong> transferência do tipo abaixadora-elevadora <strong>de</strong> tensão.<br />

Diferentemente do conversor Cuk, a corrente <strong>de</strong> saída é pulsada. Os interruptores ficam sujeitos a<br />

uma tensão que é a soma das tensões <strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong> saída e a transferência <strong>de</strong> energia da entrada<br />

para a saída se faz via capacitor.<br />

O funcionamento no modo <strong>de</strong>scontínuo também é igual ao do conversor Cuk, ou seja, a<br />

corrente pelo diodo <strong>de</strong> saída se anula, <strong>de</strong> modo que as correntes pelas indutâncias se tornam<br />

iguais. A tensão a ser suportada pelo transistor e pelo diodo é igual a Vo+E.<br />

L1<br />

i C1 i<br />

E<br />

T<br />

+ E -<br />

L1 L2<br />

L2<br />

D<br />

Co<br />

Figura 1.18 Topologia do conversor SEPIC.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-15<br />

+<br />

Vo<br />

Ro


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

1.7 Conversor Zeta<br />

O conversor Zeta, cuja topologia está mostrada na figura 1.19, também possui uma<br />

característica abaixadora-elevadora <strong>de</strong> tensão. Na verda<strong>de</strong>, a diferença entre este conversor, o<br />

Cuk e o SEPIC é apenas a posição relativa dos componentes.<br />

Aqui a corrente <strong>de</strong> entrada é <strong>de</strong>scontínua e a <strong>de</strong> saída é continua. A transferência <strong>de</strong><br />

energia se faz via capacitor. A operação no modo <strong>de</strong>scontínuo também se caracteriza pela<br />

inversão do sentido da corrente por uma das indutâncias. A posição do interruptor permite uma<br />

natural proteção contra sobre-correntes. A tensão a ser suportada pelo transistor e pelo diodo é<br />

igual a Vo+E.<br />

E<br />

T<br />

L1<br />

i L1<br />

- Vo + i L2<br />

C1<br />

D<br />

L2<br />

Co<br />

+<br />

Vo<br />

Ro<br />

Figura 1.19 Topologia do conversor Zeta.<br />

1.8 Consi<strong>de</strong>ração sobre a máxima tensão <strong>de</strong> saída no conversor elevador <strong>de</strong> tensão<br />

Pelas funções indicadas anteriormente, tanto para o conversor elevador <strong>de</strong> tensão quanto<br />

para o abaixador-elevador (e para o Cuk, SEPIC e Zeta), quando o ciclo <strong>de</strong> trabalho ten<strong>de</strong> à<br />

unida<strong>de</strong>, a tensão <strong>de</strong> saída ten<strong>de</strong> a infinito. Nos circuitos reais, no entanto, isto não ocorre, uma<br />

vez que as componentes resistivas presentes nos componentes, especialmente nas chaves, na<br />

fonte <strong>de</strong> entrada e nos indutores, produzem perdas. Tais perdas, à medida que aumenta a tensão<br />

<strong>de</strong> saída e, conseqüentemente, a corrente, tornam-se mais elevadas, reduzindo a eficiência do<br />

conversor. As curvas <strong>de</strong> Vo x δ se alteram e passam a apresentar um ponto <strong>de</strong> máximo, o qual<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das perdas do circuito.<br />

A figura 1.20 mostra a curva da tensão <strong>de</strong> saída normalizada em função da largura do<br />

pulso para o conversor elevador <strong>de</strong> tensão.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos as perdas relativas ao indutor e à fonte <strong>de</strong> entrada, po<strong>de</strong>mos re<strong>de</strong>senhar<br />

o circuito como mostrado na figura 1.21.<br />

Para tal circuito, a tensão disponível para alimentação do conversor se torna (E-Vr),<br />

po<strong>de</strong>ndo-se prosseguir a análise a partir <strong>de</strong>sta nova tensão <strong>de</strong> entrada. A hipótese é que a<br />

ondulação da corrente pelo indutor é <strong>de</strong>sprezível, <strong>de</strong> modo a se po<strong>de</strong>r supor Vr constante.<br />

O objetivo é obter uma nova expressão para Vo, em função apenas do ciclo <strong>de</strong> trabalho e<br />

das resistências <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong> entrada. O resultado está mostrado na figura 1.22.<br />

E−Vr Vo =<br />

1− δ (1.55)<br />

Vr = R L ⋅Ii<br />

Vo = Ro ⋅Io<br />

(1.56)<br />

Io = Ii ⋅(1−δ) (1.57)<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-16


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

R L ⋅ Io R L ⋅ Vo<br />

Vr = =<br />

1−δ ( 1−δ)<br />

⋅Ro<br />

R L ⋅ Vo<br />

E −<br />

( 1−δ)<br />

⋅Ro<br />

E RL⋅Vo Vo =<br />

= −<br />

1−δ 1−δ Ro ⋅( 1−δ)<br />

Vo<br />

E<br />

1−<br />

δ<br />

=<br />

2<br />

( 1−<br />

δ)<br />

+<br />

R L<br />

Ro<br />

Vo( d)<br />

40<br />

20<br />

2<br />

0 0.2 0.4 0.6 0.8<br />

(1.58)<br />

(1.59)<br />

(1.60)<br />

d<br />

Figura 1.20 Característica estática <strong>de</strong> conversor elevador <strong>de</strong> tensão no modo contínuo.<br />

Vr<br />

R L<br />

E E-Vr<br />

L<br />

Ii<br />

Figura 1.21 Conversor elevador <strong>de</strong> tensão consi<strong>de</strong>rando a resistência do indutor.<br />

4<br />

Vo( d)<br />

2<br />

0<br />

Co<br />

Ro<br />

Io<br />

+<br />

Vo<br />

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1<br />

d<br />

Figura 1.22. Característica estática <strong>de</strong> conversor elevador <strong>de</strong> tensão, no modo contínuo,<br />

consi<strong>de</strong>rando as perdas <strong>de</strong>vido ao indutor.<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-17


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

1.9 Exercícios<br />

1. Para o conversor abaixador-elevador <strong>de</strong> tensão, em condução contínua, obtenha uma<br />

expressão para a relação Vo/E consi<strong>de</strong>rando as perdas <strong>de</strong>vido à resistência do indutor.<br />

2. Para um conversor Cuk, consi<strong>de</strong>re os seguintes valores: E=48V, Vo=36V, Ro=9Ω,<br />

fchav=64kHz, L1=10mH, L2=1mH, Co=100uF; rendimento <strong>de</strong> 100%.<br />

a) Determine se o conversor está operando no M<strong>CC</strong> ou no MCD.<br />

b) Calcule o ciclo <strong>de</strong> trabalho no ponto <strong>de</strong> operação.<br />

c) Determine o valor do capacitor intermediário (C1), <strong>de</strong> modo que a ondulação <strong>de</strong> tensão sobre<br />

ele seja <strong>de</strong> 0,5V (pico a pico).<br />

d) Determine o valor da corrente média <strong>de</strong> entrada e a sua ondulação (pico-a-pico).<br />

3. Consi<strong>de</strong>re o circuito mostrado ao lado, supondo que<br />

a tensão <strong>de</strong> entrada (E) está aplicada entre os pontos<br />

A (positivo) e B. A tensão <strong>de</strong> saída, Vo, está entre os<br />

pontos C (positivo) e B. Consi<strong>de</strong>re os seguintes<br />

dados: E=300V, δ=0,5, Ro=100Ω.<br />

a) Determine a característica estática entre a tensão <strong>de</strong><br />

saída e a tensão <strong>de</strong> entrada, supondo funcionamento<br />

no M<strong>CC</strong>, em função do ciclo <strong>de</strong> trabalho. Indique as<br />

suposições necessárias.<br />

C1<br />

A B<br />

L1 L2<br />

I1 I2<br />

b) Determine as seguintes gran<strong>de</strong>zas: Tensão <strong>de</strong> saída; potência <strong>de</strong> entrada; correntes médias nos<br />

indutores L1 e L2. Suponha o capacitor <strong>de</strong> saída gran<strong>de</strong> o suficiente para que Vo seja<br />

praticamente constante.<br />

4. Para o conversor cc-cc mostrado no circuito ao lado,<br />

a) i<strong>de</strong>ntifique, por inspeção, a polarida<strong>de</strong> da tensão <strong>de</strong> saída e a<br />

tensão média que há sobre o capacitor C1.<br />

b) Determine a característica estática entre a tensão <strong>de</strong> saída e a<br />

tensão <strong>de</strong> entrada, supondo funcionamento no M<strong>CC</strong>, em<br />

função do ciclo <strong>de</strong> trabalho. Indique as suposições necessárias.<br />

Comente sobre as eventuais restrições sobre o ciclo <strong>de</strong><br />

trabalho para que seja possível o funcionamento <strong>de</strong>sta<br />

topologia.<br />

c) Consi<strong>de</strong>re os seguintes dados: E=10V, δ=0,75, Ro=10Ω.<br />

Determine as seguintes gran<strong>de</strong>zas: Tensão <strong>de</strong> saída; potência<br />

<strong>de</strong> entrada; correntes médias <strong>de</strong> entrada (na fonte), <strong>de</strong> saída (no<br />

diodo), em L1 e em L2. Suponha o capacitor <strong>de</strong> saída gran<strong>de</strong> o<br />

suficiente para que Vo seja praticamente constante.<br />

5. Para um conversor elevador <strong>de</strong> tensão (boost), consi<strong>de</strong>re os seguintes valores: E=100V,<br />

Ro=200Ω, fchav=10 kHz, L=1 mH, Co=47 uF; δ=0,5; eficiência <strong>de</strong> 100%.<br />

e) Determine se o conversor está operando no M<strong>CC</strong> ou no MCD.<br />

f) Calcule a tensão média <strong>de</strong> saída;<br />

g) Determine o valor da ondulação da corrente pelo indutor (pico-a-pico);<br />

h) Determine o intervalo em que não há corrente no circuito (tx).<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-18<br />

E<br />

Io<br />

S<br />

C<br />

L1<br />

Vo<br />

C1<br />

Ro<br />

D<br />

L2


Fontes Chaveadas – Cap. 1 <strong>Topologias</strong> básicas <strong>de</strong> conversores <strong>CC</strong>-<strong>CC</strong> não-isolados J. A. Pomilio<br />

6. O circuito abaixo representa uma fonte chaveada do tipo abaixadora <strong>de</strong> tensão. O transistor é<br />

comandado por um pulso quadrado com largura 50%, em 25 kHz. Deseja-se obter 10 V na saída,<br />

com um ripple <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 1%. A corrente nominal <strong>de</strong> saída é <strong>de</strong> 5 A. Os pulsos <strong>de</strong> comando do<br />

transistor <strong>de</strong>vem variar entre 0 e 10V, com tempos <strong>de</strong> subida e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> 100ns.<br />

a) Calcule a mínima indutância para operar no M<strong>CC</strong> com uma corrente <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> 1 A.<br />

b) Calcule o capacitor <strong>de</strong> filtro para o ripple <strong>de</strong> tensão indicado.<br />

c) Simule o circuito, pelo menos por 5ms, partindo <strong>de</strong> condições iniciais nulas tanto no<br />

indutor quanto no capacitor, e verifique se os valores teóricos correspon<strong>de</strong>m aos simulados.<br />

Explique eventuais discrepâncias.<br />

d) Calcule o valor da tensão <strong>de</strong> saída, caso se opere no MCD com corrente média <strong>de</strong> saída <strong>de</strong><br />

0,5 A.<br />

e) Simule o circuito no MCD, partindo <strong>de</strong> condições iniciais nulas tanto no indutor quanto no<br />

capacitor, e verifique se os valores teóricos correspon<strong>de</strong>m aos simulados. Explique<br />

eventuais discrepâncias.<br />

7. Demonstre que o valor da capacitância <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> um conversor buck-boost, operando no<br />

Io<br />

⋅ τ ⎛ K ⎞<br />

MCD, é dado por: Co<br />

= ⋅ ⎜1−<br />

⎟ .<br />

ΔV<br />

⎝ δ ⎠<br />

o<br />

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 1-19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!