Capítulo V - Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição em ...
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5.1. Eventos anteriores<br />
5. O CENTENÁRIO DA PRIMEIRA MISSA<br />
Principais eventos anteriores a 1924:<br />
a) A Paróquia do Espírito Santo do Rio do Peixe<br />
Foi desm<strong>em</strong>bra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Paróquia de Caconde, a Paróquia do Divino<br />
Espírito Santo (Divinolândia) <strong>em</strong> 25 de janeiro de 1884.<br />
b) O relógio <strong>da</strong> Matriz<br />
Lê–se na ata <strong>da</strong> Câmara Municipal de 14 de maio de 1877, que o relógio<br />
<strong>da</strong> Igreja Matriz estava desconcertado e para o conserto do mesmo, a Câmara<br />
dispensou a aju<strong>da</strong> de dez mil réis à Fábrica <strong>da</strong> Igreja.<br />
c) Primeira Missa na Capela de Santo Antônio <strong>da</strong> Barra<br />
Em 2 de julho de 1893, teve lugar a Benção <strong>da</strong> Capela de Santo Antônio<br />
<strong>da</strong> Barra, pelo Reverendo Padre Elias Álvaro de Morais Navarro, vigário de<br />
Cabo Verde, que ali celebrou a Primeira Missa na Capela.<br />
d) Bênção <strong>da</strong> Capela do Rosário<br />
Em 15 de maio de 1894, foi <strong>da</strong><strong>da</strong> a Provisão de Bênção à Capela do<br />
Rosário, benta <strong>em</strong> 29 de maio do mesmo ano. Esta Capela ficava na Praça<br />
Cel. Gustavo Ribeiro.<br />
32
e) Visita Pastoral de Dom Joaquim Cavalcanti<br />
Do dia 21 ao dia 25 de maio de 1896, acontece uma visita pastoral a<br />
Caconde, de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Bispo de<br />
São Paulo.<br />
f) Provisão <strong>da</strong> Capela de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong><br />
Em 15 de outubro de 1902, é <strong>da</strong><strong>da</strong> a Provisão para ereção <strong>da</strong> Capela de<br />
<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong>, por D. Antônio Cândido de Alvarenga, a pedido do<br />
padre Manoel Bento Gonçalves.<br />
g) Iluminação elétrica <strong>da</strong> Igreja Matriz<br />
A Igreja Matriz foi ilumina<strong>da</strong> no dia 16 de nov<strong>em</strong>bro de 1907, <strong>da</strong>ta <strong>em</strong><br />
que se realizou o casamento do delegado de polícia <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, Sr. Antônio<br />
Porto de Queiroz, com a srta. Maria Eugênia Fernandes. A noiva era sobrinha<br />
do Comen<strong>da</strong>dor Umbelino.<br />
h) Anexação à Diocese de Ribeirão Preto<br />
Em 1908, a Paróquia de Caconde passa a pertencer a novel Diocese de<br />
Ribeirão Preto, desm<strong>em</strong>bra<strong>da</strong> <strong>da</strong> de São Paulo.<br />
i) O Padre Roberto Landell de Moura<br />
O famoso cientista brasileiro considerado pioneiro na invenção do<br />
transmissor de on<strong>da</strong>s sonoras, Monsenhor Roberto Landell de Moura, foi<br />
pároco de Caconde, a partir de 19 de julho a 14 de outubro de 1908. Ele era<br />
muito querido <strong>em</strong> Caconde. Em 20 de set<strong>em</strong>bro de 1908, autori<strong>da</strong>des locais<br />
pediram a D. Duarte, Bispo de Ribeirão Preto, que o Padre Roberto não fosse<br />
r<strong>em</strong>ovido para o Rio Grande do Sul. Um documento com 82 assinaturas<br />
recolhi<strong>da</strong>s, entre as quais a do prefeito, presidente <strong>da</strong> Câmara, vereadores, juiz<br />
de Direito, comerciantes e fazendeiros e povo <strong>em</strong> geral, foi entregue ao Bispo.<br />
33
j) Benção <strong>da</strong> Capela de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong><br />
Segundo o Livro do Tombo, o doador do<br />
terreno para a construção <strong>da</strong> Capela de<br />
<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong>, foi o Senhor<br />
Antônio Eusébio de Assis, e foi ele mesmo<br />
qu<strong>em</strong> a construiu com recursos pessoais <strong>em</strong><br />
cumprimento a uma promessa.<br />
Dom Duarte Leopoldo concedeu <strong>em</strong> 26<br />
de agosto de 1908, a Provisão para a Bênção<br />
<strong>da</strong> Capela de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong>, por<br />
solicitação do Padre Roberto Landell de<br />
Moura, o que foi feito, pelo mesmo padre, <strong>em</strong><br />
Monsenhor Roberto Landell de Moura 1<br />
8 de set<strong>em</strong>bro desse ano. Antonio Eusébio de Assis<br />
1 Monsenhor Landell de Moura é muito famoso pelos seus experimentos e inventos, foi ele o inventor do<br />
transmissor de on<strong>da</strong>s sonoras.<br />
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Registro <strong>da</strong> Benção e inauguração <strong>da</strong> Capela <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong><br />
feito pelo Padre Roberto Landell Moura.<br />
Capela de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong><br />
35
l) A Igreja Matriz primitiva<br />
A Igreja Matriz primitiva como se vê numa fotografia <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 1909,<br />
tinha uma porta frontal e duas portas de ca<strong>da</strong> lado, com degraus de pedra. Era<br />
coberta de telhas e possuía duas torres. Na frente dela havia um cruzeiro e<br />
junto dele um chafariz.<br />
Igreja Matriz de Caconde <strong>em</strong> 1909<br />
m) Aquisição dos terrenos do Patrimônio<br />
Os terrenos onde se ergueu a Ci<strong>da</strong>de de Caconde pertenciam à <strong>Nossa</strong><br />
<strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Conceição</strong>. Porém, como os antigos documentos <strong>da</strong> doação<br />
desapareceram, a Paróquia se valia somente <strong>da</strong> tradição para exercer seu<br />
direito sobre os terrenos.<br />
A aquisição dos terrenos se deu no auge de um confronto entre a Fábrica<br />
<strong>da</strong> Igreja Matriz e a Câmara Municipal. A Câmara se achava de posse dos<br />
terrenos há muitos anos e a Igreja, ver<strong>da</strong>deira proprietária, perdera a Escritura<br />
<strong>da</strong> doação feita por Miguel <strong>da</strong> Silva Teixeira e reclamava o seu direito sobre os<br />
terrenos apoia<strong>da</strong> na tradição.<br />
36
A aquisição definitiva dos terrenos do Patrimônio <strong>da</strong> Fábrica <strong>da</strong> Igreja<br />
Matriz pela Câmara Municipal foi feita <strong>em</strong> 15 de julho de 1912.<br />
Pela escritura, a Câmara adquiria os terrenos pela quantia de dez contos<br />
de réis, representa<strong>da</strong>s por cinco letras de câmbio vencíveis anualmente <strong>em</strong><br />
janeiro de 1913, 1914, 1915, 1916 e 1917 2 . A Câmara também se<br />
comprometeu a fornecer gratuitamente água potável para a casa paroquial e<br />
energia elétrica para a mesma casa e para a Igreja Matriz, destina<strong>da</strong>s à<br />
iluminação comum. Ficou isenta, a dita casa paroquial, do imposto predial<br />
presente e futuro e r<strong>em</strong>i<strong>da</strong> <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> anterior.<br />
As negociações para a aquisição dos terrenos foram feitas pelo Padre<br />
João Miguel de Angelis, como representante <strong>da</strong> Diocese de Ribeirão Preto, à<br />
qual pertencia a Paróquia na época, e o Comen<strong>da</strong>dor José Umbelino, como<br />
Prefeito Municipal.<br />
Eis a integra <strong>da</strong> Escritura de Aquisição:<br />
“Levindo José Alves, tabelião e escrivão do cartório do<br />
primeiro officio, desta comarca de Caconde, na forma <strong>da</strong> lei,<br />
etc. Certifico e dou fé a pedido verbal de pessoa interessa<strong>da</strong>,<br />
revendo <strong>em</strong> meu cartório o livro de notas número 38 delles a<br />
folhas 60 e 64, consta a escriptura publica do teor seguinte: -<br />
ESCRIPTURA de transaccção, transferência e transla<strong>da</strong>ção de<br />
domínio jus e acção que faz<strong>em</strong> entre si a Fabrica <strong>da</strong> Egreja<br />
Matriz de Caconde, e a Câmara Municipal <strong>da</strong> mesma ci<strong>da</strong>de,<br />
como abaixo se declara, no valor de Rs. 10:000$000. SAIBAM<br />
quantos este público instrumento de escriptura de transaçção,<br />
transferência e transla<strong>da</strong>ção de domínio, juz acção ou <strong>em</strong><br />
direito melhor nome haja, vir<strong>em</strong>, que no dia quinze de Julho de<br />
mil novecentos e doze, nesta ci<strong>da</strong>de de Caconde, districto e<br />
comarca do mesmo nome, do Estado de São Paulo, <strong>em</strong> meu<br />
cartório compareceram, partes havi<strong>da</strong>s por justas e<br />
contracta<strong>da</strong>s, como outorgantes e reciprocamente outorga<strong>da</strong>s<br />
de um lado a Fabrica <strong>da</strong> Egreja Matriz desta ci<strong>da</strong>de, na pessoa<br />
do Bispo Diocesano de Ribeirão Preto, aqui representado pelo<br />
2 Cartório de Notas e Ofício <strong>da</strong> Justiça <strong>da</strong> Comarca de Caconde, livro 38, fl. 60 v. a 63 v.<br />
37
Vigário João Miguel de Angelis, que apresentou a respectiva<br />
procuração do Bispo D. Alberto José Gonçalves, a qual vae<br />
adiante transcripta e será também registra<strong>da</strong> no livro<br />
competente e de outro lado a Câmara Municipal de Caconde,<br />
representa<strong>da</strong> pelo Prefeito Commen<strong>da</strong>dor José Umbelino<br />
Fernandes, sendo ambas as partes aqui presentes residentes<br />
nesta ci<strong>da</strong>de, e reconheci<strong>da</strong>s pelos próprios de mim tabelião<br />
do que dou fé e <strong>da</strong>s test<strong>em</strong>unhas Calimerio Bittencourt e<br />
Juvenal Nigro, proprietários, minhas conheci<strong>da</strong>s e também aqui<br />
residentes, perante as quaes pelas partes contractantes, foi<br />
dito que há longo annos acha-se pendentes entre as mesmas<br />
partes a questão sobre a legitimi<strong>da</strong>de do domínio e posse dos<br />
terrenos que constitu<strong>em</strong> o patrimônio desta ci<strong>da</strong>de, porquanto<br />
ambas essas partes se arrogam com direito de proprie<strong>da</strong>de e<br />
d<strong>em</strong>ais deccorrentes delles, pois é de tradicção corrente que<br />
<strong>em</strong> mil oitocentos e vinte e quatro, Miguel Ferreira <strong>da</strong> Silva, ou<br />
<strong>da</strong> Silva Ferreira, que era vulgarmente conhecido pelo o<br />
apellido de Guerra, doara por escripto particular, que se<br />
perdera, á Padroeira <strong>da</strong> freguezia e Parochia de Caconde,<br />
<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> Conceicção, para constituir patrimônio <strong>da</strong><br />
nova Egreja que sobre essa invocação ia ser fun<strong>da</strong><strong>da</strong>, o<br />
terreno calculado <strong>em</strong> c<strong>em</strong> alqueires de setenta e cinco braças,<br />
<strong>em</strong> quadra, do antigo syst<strong>em</strong>a que então vigorava<br />
comprehendido dentro dos limites certos, conhecidos e<br />
incontestados e hoje b<strong>em</strong> assignalados por valos, córregos,<br />
cercas e outros marcos assentos e reconhecidos pelos<br />
respectivos confrontantes, sendo taes limites e divisas as<br />
seguintes: principiando na porteira do alto, na estra<strong>da</strong> que vae<br />
para o Bom Jesus, segue à esquer<strong>da</strong> pelo vallo, espigão,<br />
águas vertentes até encontrar o pasto <strong>da</strong> antiga chacrinha de<br />
S. Miguel e <strong>da</strong>hi seguindo pelo vallo até encontrar o córrego de<br />
S. Miguel do Pinhal, hoje denominado Córrego do Guerra;<br />
atravessando o córrego, segue pelo vallo, no espigão que<br />
contraverte para aquella mesma chácara até encontrar divisas<br />
<strong>da</strong> Chácara de Domiciano de Souza Dias (Sanduca) e<br />
seguindo à esquer<strong>da</strong> s<strong>em</strong>pre pelos vallos antigos até a estra<strong>da</strong><br />
que vae para o bairro do S. Miguel, <strong>da</strong>hi, atravessando a<br />
38
estra<strong>da</strong> e seguindo o vallo que serve de feicho no alto do<br />
espigão <strong>em</strong> divisas com a antiga fazen<strong>da</strong> do Angola ou S.<br />
Miguel, hoje <strong>em</strong> divisas com Antônio Euzébio de Assis, e<br />
seguindo à esquer<strong>da</strong> por vallos e tapumes até encontrar terras<br />
que foram de Bento Pinheiro <strong>da</strong> Silva, <strong>da</strong>hi segue pelo cume<br />
do espigão, descendo até o lugar onde existia segundo a<br />
tradicção, um toco de peroba e deste <strong>em</strong> rumo a encontrar o<br />
córrego que serve de divisa do Patrimônio com Garuti<br />
Constante, e <strong>da</strong>hi seguindo pelo córrego acima onde segundo<br />
a tradicção, existia ou existe um toco de pereira, na divisa de<br />
José Nogueira de Almei<strong>da</strong>; <strong>da</strong>hi <strong>em</strong> rumo a um pequeno morro<br />
atraz <strong>da</strong> casa de D. Anna I<strong>da</strong>lina de Sá, e desse morro a rumo<br />
passando por traz <strong>da</strong> caza de Samuel José de Souza, até o<br />
pequeno córrego pelo qual sobe a divisa e por vallos e<br />
banquetas de divisa de Samuel e Pedro Tortorelli, até o vallo<br />
velho e seguindo por este ao alto, até encontrar o vallo <strong>da</strong><br />
antiga chácara do P. Sanches, segue depois pelo vallo, s<strong>em</strong>pre<br />
espigão, águas vertentes até a porteira onde teve principio e<br />
fim a d<strong>em</strong>arcacção. Esses terrenos do Patrimônio confrontam<br />
hoje com Alexandre Tardelli, Severino José Vieira, Francisco<br />
Teodoro Kühl, Terreno <strong>da</strong> Santa Cruz (<strong>da</strong> Fábrica), Luís<br />
Mazzilli, Lourenço Tardeli, José de Paula Martins, Francisco<br />
Bernol, João Silvério Marques, Antônio Eusébio de Assis,<br />
Garuti Constante, José Nogueira, dona Anna I<strong>da</strong>lina de Sá,<br />
Samuel José de Souza, Pedro Tortorelli, Fernando Joaquim de<br />
Souza e Joaquim Antônio Magalhães, Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> de facto a<br />
Egreja Matriz, que actualmente existe e tornando-se a actual<br />
povoação sede <strong>da</strong> antiga Freguesia e Parochia de Caconde<br />
com o mesmo provimento de mil setecentos e setenta e cinco o<br />
referido terreno, acima mencionado, fica constituído <strong>em</strong><br />
Patrimônio e lougradoro publico, de uso e goso dos respectivos<br />
habitantes, até que creado o município, a câmara Municipal de<br />
harmonia com o regim<strong>em</strong> <strong>da</strong> União <strong>da</strong> Egreja e do Estado<br />
creou leis regulando a destribuição de <strong>da</strong>tas arren<strong>da</strong>mentos de<br />
terras, que concedia de accordo com a sua atribuição<br />
administrativa, reconhecendo, no entanto por acto e factos a<br />
proprie<strong>da</strong>de e domínio <strong>da</strong> Egreja nos ditos terrenos apezar de<br />
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continuar <strong>em</strong> posse precária até a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s instituições<br />
políticas do Paiz e estabelecimento do novo regim<strong>em</strong> que<br />
estabeleceu a separação dos Poderes, sendo que na vigência<br />
<strong>da</strong> lei <strong>da</strong> Separação ain<strong>da</strong> a Câmara Municipal, mu<strong>da</strong>ndo o<br />
titulo de posse, permaneceu nesta tolerância <strong>da</strong> Egreja, Sendo<br />
<strong>da</strong> maior conviniencia evitar-se litígio que sobre ser<br />
despendioso e irritante viria perturbar profun<strong>da</strong>mente a<br />
harmonia até aqui existente entre o poder Municipal e a pessoa<br />
Jurídica que o Bispado representa, além do que a discussão<br />
judicial desse litígio viria affectar os interesses <strong>da</strong> Câmara e<br />
dos seus munícipes, já <strong>em</strong> boa fé, estabelecidos com casas e<br />
outras proprie<strong>da</strong>des no terreno <strong>em</strong> questão, as duas partes<br />
interessa<strong>da</strong>s entraram <strong>em</strong> accordo amigável para completa<br />
solução <strong>da</strong> questão, digo, desta pendência, Com esse intuito e<br />
anima<strong>da</strong> desta intenção a Câmara Municipal tomou<br />
conhecimento <strong>da</strong> representação e propostas apresenta<strong>da</strong>s<br />
pelo Bispo Diocesano votando a lei numero cento e quinze de<br />
vinte e três de Maio de mil novecentos e doze, que rege de<br />
accordo efectuado e <strong>em</strong> execução do qual e lavra<strong>da</strong> a presente<br />
escriptura, com as cláusulas que abaixo vão estipula<strong>da</strong>s – A<br />
Fabrica <strong>da</strong> Egreja Matriz de Caconde, na pessoa do Bispo <strong>da</strong><br />
Diocese, aqui representado por seu bastante procurador,<br />
considerando-se senhora legitimamente possuidora dos<br />
terrenos que constitu<strong>em</strong> o Patrimônio desta ci<strong>da</strong>de e constam<br />
dos limites acima descritos, entra <strong>em</strong> accordo, faz trazação e<br />
composição amigável e, <strong>em</strong> conseqüência, vende a outorga<strong>da</strong><br />
Câmara Municipal de Caconde todo o terreno que constitue o<br />
Patrimônio, digo, o dito Patrimônio, cede e transfere na pessoa<br />
<strong>da</strong> outorga<strong>da</strong> todo o direito e acção que sobre esse terreno t<strong>em</strong><br />
tido, por todo e qualquer titulo, de modo que a outorgante, digo,<br />
outorga<strong>da</strong> possa delle gosar, dispor ou alienar livr<strong>em</strong>ente como<br />
seu que ficam sendo de hoje para s<strong>em</strong>pre por b<strong>em</strong> deste<br />
escriptura sendo que a outorgante renuncia expressamente <strong>em</strong><br />
benefício <strong>da</strong> outorga<strong>da</strong> a to<strong>da</strong> e qualquer reclamação e direitos<br />
sobre arren<strong>da</strong>mentos, <strong>da</strong>tas foros, laudêmios, jóias, servidões,<br />
occupações anteriores a este escriptura, Fica subtendido<br />
porém que a Fabrica continuará no uso e goso do terreno<br />
40
occupado pelo actual c<strong>em</strong>itério enquanto este pertencer á<br />
mesma Fabrica. Esta transferência do terreno do Patrimônio é<br />
feita mediante a indenização do valor de dez contos de reis<br />
(10:000$000), que a outorga<strong>da</strong> se obriga a pagar <strong>em</strong> cinco<br />
prestações annuaes de dois contos de reis ca<strong>da</strong> uma veis ca<strong>da</strong><br />
uma por sua vez, <strong>em</strong> preimerio do mez de Janeiro dos annos<br />
de mil novecentos e treze, mil novecentos e quatorze, mil<br />
novecentos e quinze, mil novecentos e dezesseis e mil<br />
novecentos e dezessete, as quaes são nesta <strong>da</strong>ta <strong>em</strong>itti<strong>da</strong> e<br />
acceitas pela Câmara pelo seu representante legal; ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po que a outorga<strong>da</strong> Câmara se compromete á: fornecer<br />
gratuitamente água potável para a actual casa parochial;<br />
fornecer gratuitamente, tanto para a casa parochial como para<br />
a Egreja Matriz, lâmpa<strong>da</strong>s elétricas para a iluminação<br />
commum, isto pelo modo porque se acha atualmente<br />
estabelecido, tanto na casa como na Egreja; e isento como<br />
isenta, a dita casa parochial do imposto predial presente e<br />
futuro ficando a mesma casa r<strong>em</strong>i<strong>da</strong> <strong>da</strong> divi<strong>da</strong> antiga, digo<br />
anterior. A outorgante vendedora, de posse <strong>da</strong>s ditas letras, dá<br />
a outorga<strong>da</strong> plena e geral quitação de paga e satisfeita para<br />
todos os fins de direito. Pela outorga<strong>da</strong> Câmara Municipal na<br />
pessoa de seu representante foi dito que acceita esta<br />
escriptura como as clausulas e obrigações estipula<strong>da</strong>s e desde<br />
já entra de plena posse dos terrenos que adquiriu por b<strong>em</strong><br />
desta. E de como assim o disseram e prometeram cumprir e<br />
guar<strong>da</strong>r me pediram lavrar-se esta escriptura que li perante as<br />
partes e test<strong>em</strong>unhas; aquelas acceitara, outorgaram, e eu<br />
como pessoa publica também a acceitei <strong>em</strong> nome de absentes<br />
e de que mais deva ser, assignam com as test<strong>em</strong>unhas<br />
Calimerio Bittencourt e Juvenal Nigro, todos minhas<br />
conheci<strong>da</strong>s do que tudo eu tabelião dou fé, perante mim<br />
Levindo José Alves tabellião que a escrevi e assigno. Em<br />
segui<strong>da</strong> transcrevo vosa procuração do theor seguinte: D.<br />
Alberto José Gonçalves, por mercê de Deus e <strong>da</strong> Santa Sé<br />
Apostólica, Bispo <strong>da</strong> Diocese de Ribeirão Preto. Aos que este<br />
documento vir<strong>em</strong> Sau<strong>da</strong>ção, Paz e Benção <strong>em</strong> Nosso Senhor<br />
Jesus Christo. Em virtude <strong>da</strong> facul<strong>da</strong>de que nos foi concedi<strong>da</strong><br />
41
3 Paróquia de Caconde, Livro do Tombo, II, p. 117-118.<br />
pela Santa Sé, autorisamos o Rvmo. Padre João Miguel de<br />
Angelis a assignar a escriptura de ven<strong>da</strong> que a Câmara<br />
Municipal de Caconde faz á Diocese de Ribeirão Preto dos<br />
terrenos que constitu<strong>em</strong> o Patrimônio <strong>da</strong> Matriz <strong>da</strong> dita ci<strong>da</strong>de<br />
de Caconde, de accordo com as clausulas estipula<strong>da</strong>s. O<br />
producto <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> será recolhido á Câmara Eclesiástica, afim<br />
de ser aplica<strong>da</strong> a titulo de ren<strong>da</strong> <strong>em</strong> favor <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> Fabrica.<br />
Ribeirão Preto, primeiro de Fevereiro de mil novecentos e<br />
doze. Albert, Bispo Diocesano. Estava com a firma e letra<br />
reconheci<strong>da</strong> e feita <strong>em</strong> papel com as armas do mesmo Bispo<br />
Diocesano, com o selo do Bispado. Era o que se continha <strong>em</strong><br />
dita procuração que para aqui fielmente transcrevi, a pedido<br />
<strong>da</strong>s partes contractantes. E me apresentaram o bilhete de<br />
distribuição <strong>da</strong>tado de hoje, o selo federal no valor de onze mil<br />
reis, <strong>em</strong> duas estampilhas que vão colla<strong>da</strong>s no fim desta.<br />
Diz<strong>em</strong> as entrellinhas: Patrimônio, na pagina sessenta e uma<br />
que existe, na pagina sessenta e um verso e a <strong>em</strong>en<strong>da</strong><br />
tornando-se na mesma pagina sessenta e um verso. Eu<br />
Levindo José Alves, tabellião o escrevi e assigno. Levindo José<br />
Alves, Padre João Miguel de Angelis, José Umbelino<br />
Fernandes, Calimério Bittencourt e Juvenal Nigro”. 3<br />
42
n) O Colégio <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong><br />
No dia 23 de dez<strong>em</strong>bro de 1912, chegaram <strong>da</strong> Espanha as Irmãs <strong>da</strong><br />
Congregação <strong>da</strong>s Filhas de Jesus, sendo superiora a Irmã Heloísa Andrés.<br />
Elas vieram com a missão de dirigir o futuro Colégio <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong>. Esse<br />
Colégio foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 1913, na Casa Grande <strong>da</strong><br />
Sole<strong>da</strong>de no Largo <strong>da</strong> Matriz, prédio este, cedido pela Câmara Municipal. O<br />
Colégio foi fun<strong>da</strong>do pelo Padre João Miguel de Angelis.<br />
o) A Reforma <strong>da</strong> Matriz <strong>em</strong> 1917<br />
Colégio <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong> 1924<br />
O Padre Angelis aventou a Reforma <strong>da</strong> Matriz, iniciando as obras <strong>em</strong> 01<br />
de fevereiro de 1917, passando as missas a ser<strong>em</strong> celebra<strong>da</strong>s na antiga<br />
Capela do Rosário.<br />
Em 12 de dez<strong>em</strong>bro de 1919, o jornal “A Comarca” informava que<br />
prosseguiam as obras de reforma <strong>da</strong> Matriz, e que os serviços de reforma<br />
externa haviam sido contratados com o Sr. Jorge Otto Mathes, pela quantia de<br />
8:000$000.<br />
Em 1920, estavam terminados os trabalhos de reforma <strong>da</strong> Matriz. T<strong>em</strong><br />
inicio a reforma <strong>da</strong>s duas torres, com planta do engenheiro José Maria de<br />
Lacer<strong>da</strong>. No entanto, o projeto inicial deve ter sido modificado, pois <strong>em</strong> primeiro<br />
43
de janeiro de 1921 foi lança<strong>da</strong> a pedra fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> nova torre. As duas<br />
torres antigas foram modifica<strong>da</strong>s para ceder<strong>em</strong> lugar a uma só torre, na parte<br />
central, tendo ficado pronta provavelmente <strong>em</strong> 1924, para as com<strong>em</strong>orações<br />
do Centenário <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de.<br />
Igreja Matriz de Caconde <strong>em</strong> 1924<br />
Centenário <strong>da</strong> Primeira Missa<br />
44
p) D<strong>em</strong>olição <strong>da</strong> Capela do Rosário<br />
A lei n.º 200, de 1920, autorizou o prefeito a desapropriar a Capela do<br />
Rosário, para a amplificação do Largo do Rosário<br />
q) A Imag<strong>em</strong> de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Conceição</strong> de 1775<br />
<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Conceição</strong> de 1775<br />
A antiga Imag<strong>em</strong> de <strong>Nossa</strong><br />
<strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Conceição</strong>, que figurava no<br />
altar <strong>da</strong> primitiva Matriz do Bom Sucesso,<br />
desapareceu <strong>em</strong> princípios do século<br />
XIX. Esteve por alguns anos no oratório<br />
particular do Pe. Carlos de Mello, até que<br />
<strong>em</strong> 1824, por ocasião <strong>da</strong> Missa do Natal,<br />
passou a ocupar seu lugar no Altar-Mor<br />
<strong>da</strong> Nova Matriz.<br />
No dia 3 de maio de 1921, o Pe.<br />
João Miguel, fazendo um exame de<br />
vários objetos já s<strong>em</strong> uso e recolhidos a<br />
granel <strong>em</strong> um armário, encontrou as duas<br />
metades <strong>da</strong> Imag<strong>em</strong>, cuja autentici<strong>da</strong>de<br />
se evidencia pela inscrição que traz numa<br />
<strong>da</strong>s faces do pedestal: 1775 D.D.<br />
A efígie t<strong>em</strong> 50 centímetros de<br />
altura. Foi restaura<strong>da</strong> para as<br />
Com<strong>em</strong>orações do Centenário <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de<br />
<strong>em</strong> 1924. (Esses <strong>da</strong>dos foram colhidos de<br />
“A Polyanthéa,” de 1924, ob. cit.).<br />
45
) O Padre João Miguel de Angelis<br />
Tomou posse como pároco de Caconde <strong>em</strong> 13 de outubro de 1910. Foi<br />
um grande pároco. Hom<strong>em</strong> ativo trabalhou muito <strong>em</strong> prol de Caconde e <strong>da</strong><br />
Paróquia.<br />
Foi ele o fun<strong>da</strong>dor do Colégio <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong>, que era dirigido por Irmãs<br />
Religiosas e funcionava na Casa Grande <strong>da</strong> Sole<strong>da</strong>de. Também fundou a<br />
Escola Profissional "Comen<strong>da</strong>dor Umbelino" e uma Ban<strong>da</strong> de Música. Foi<br />
re<strong>da</strong>tor do jornal “A Sentinela”.<br />
Ele reencontrou <strong>em</strong> maio de 1921 a antiga imag<strong>em</strong> de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Conceição</strong>, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 1775, que estava desapareci<strong>da</strong>. Foi o procurador<br />
diocesano na aquisição dos Patrimônios <strong>da</strong> Paróquia pela Câmara Municipal<br />
<strong>em</strong> 1912; reformou a Igreja Matriz <strong>em</strong> 1917.<br />
Sua ativi<strong>da</strong>de política causou-lhe desagravos perante os líderes<br />
partidários de Caconde. Em sessão de 13 de fevereiro de 1926, a Câmara<br />
resolveu "protestar contra o bárbaro atentado à Casa Paroquial e inserir <strong>em</strong><br />
ata um voto de reprovação". (Na madruga<strong>da</strong> <strong>da</strong>quele dia, sua residência, foi<br />
criva<strong>da</strong> de balas, o que causou grande pânico na vizinhança).<br />
O padre João Miguel de Angelis,<br />
agindo junto aos poderes competentes<br />
e jogando com sua influência pessoal,<br />
conseguiu a r<strong>em</strong>odelação do prédio do<br />
Fórum. Colaborou também para as<br />
obras <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> que liga Caconde a<br />
Itaiquara.<br />
Devido o perigo que corria por<br />
atentados de perseguição política,<br />
solicitou sua transferência de Caconde,<br />
sendo esta ocorri<strong>da</strong> <strong>em</strong> 29 de set<strong>em</strong>bro<br />
de 1929.<br />
Faleceu como Cônego, no dia 20<br />
de nov<strong>em</strong>bro de 1933, às 22h20min,<br />
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<strong>em</strong> São Simão - MG. Muitas pessoas de Caconde acompanharam seu enterro<br />
<strong>em</strong> São Simão. A rua <strong>em</strong> frente à Santa Casa de Misericórdia de Caconde<br />
recebeu seu nome pela lei nº 206, de 20 de junho de 1930.<br />
5.2. O centenário <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de e de sua primeira Missa<br />
O Povo Cacondense aguar<strong>da</strong>va com a maior expectativa o ano de 1924.<br />
O motivo dessa espera era a de celebrar festivamente a tão gloriosa <strong>da</strong>ta do<br />
aniversário dos 100 anos <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção de Caconde e de sua primeira Missa.<br />
A Praça Rui Barbosa, atual Praça Ranieri Mazzilli, e a Igreja Matriz<br />
haviam sido reforma<strong>da</strong>s e estavam magníficas para esse grande<br />
acontecimento.<br />
O ativo Padre João Miguel de Angelis era o re<strong>da</strong>tor do jornal "A<br />
Sentinela", que para dez<strong>em</strong>bro desse ano, estava preparando a publicação <strong>da</strong><br />
primeira Resenha Histórica de Caconde, contando para isso, com a preciosa<br />
aju<strong>da</strong> dos alunos e <strong>da</strong> oficina tipográfica <strong>da</strong> Escola Profissional fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por ele<br />
e cujo nome homenageava o ilustre Comen<strong>da</strong>dor José Umbelino Fernandes<br />
Júnior.<br />
Esta resenha histórica, já há algum t<strong>em</strong>po, estava a cargo do talento do<br />
próprio Comen<strong>da</strong>dor. Segundo Campanhole, o Comen<strong>da</strong>dor não costumava<br />
citar as fontes de suas citações, tendo feito recortes <strong>em</strong> vários documentos<br />
para os clichês de sua Resenha. Fiou-se também <strong>em</strong> "uns restos de tradição<br />
oral" para compô-la.<br />
O seu relato sobre a Missa do Natal de 1824, como a primeira missa de<br />
Caconde, foi mais tarde testificado por Campanhole como sendo somente a<br />
Missa de inauguração do Altar-mor <strong>da</strong> Igreja Matriz, visto que existe uma<br />
provisão de funcionamento <strong>da</strong> Igreja é <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> do mês de maio de 1824 e que,<br />
pela provisão de vigário do Padre Carlos de Mello, ele estava autorizado a<br />
celebrar missas <strong>em</strong> uma casa particular até a construção e provisão de Bênção<br />
<strong>da</strong> nova Igreja. Por isso, o Centenário <strong>da</strong> primeira Missa e restauração <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de fora uma com<strong>em</strong>oração errônea.<br />
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Em 1924, o Colégio <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong>, que era dirigido anteriormente pelas<br />
religiosas Filhas de Jesus, estava sob a direção <strong>da</strong>s religiosas <strong>da</strong> Pia União de<br />
Jesus, Maria e José, sendo diretora a Madre Superiora Maria <strong>Conceição</strong> Pinto.<br />
Na grande com<strong>em</strong>oração do Centenário, no dia 24 de dez<strong>em</strong>bro, às<br />
9h00min, foi inaugurado, na Praça Coronel Joaquim José, o Obelisco<br />
com<strong>em</strong>orativo do Primeiro Centenário de Caconde e de sua Primeira Missa:<br />
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Eis o programa religioso <strong>da</strong>s com<strong>em</strong>orações do Centenário <strong>da</strong> Primeira<br />
Missa e Fun<strong>da</strong>ção de Caconde:<br />
CENTENÁRIO 4<br />
DA<br />
FUNDAÇÃO DE CACONDE E DA PRIMEIRA MISSA<br />
Aqui celebra<strong>da</strong> no dia 24 de dez<strong>em</strong>bro<br />
Os festejos organizados para a comm<strong>em</strong>oração de tão gloriosa <strong>da</strong>ta<br />
obedecerão ao seguinte:<br />
-- PROGRAMA --<br />
DIA 22 – O Reverendo vigário <strong>da</strong> Parochia Padre João Miguel de Angelis, acolytado<br />
pelos Reverendíssimos Padres Feliciano Jagüe e João de Eschibaria, <strong>da</strong>rá início a um<br />
sol<strong>em</strong>ne tríduo na vetusta Matriz desta ci<strong>da</strong>de, às 6 horas e meia <strong>da</strong> tarde.<br />
DIA 23 – As 8 horas <strong>da</strong> manhã o Vigário e os outros Padres celebrarão o Santo<br />
Sacrifício <strong>da</strong> Missa <strong>em</strong> suffrágio dos fun<strong>da</strong>dores desta ci<strong>da</strong>de. As 8 horas e meia <strong>da</strong><br />
noite um grupo de gentis senhoritas levará ao palco no Theatro Varie<strong>da</strong>des um<br />
pequeno drama e algumas cançonetas.<br />
DIA 24 – O amanhecer desse dia será sau<strong>da</strong>do com uma salva de 21 tiros e a ban<strong>da</strong><br />
musical Santa Cecília, sob a eximia batuta do maestro Mozart Cândido de Araújo<br />
percorrerá as ruas desta ci<strong>da</strong>de. As 7 horas e meia os Reverendíssimos Padres<br />
celebrarão uma missa <strong>em</strong> suffragio <strong>da</strong>s almas dos vigários que foram desta parochia.<br />
As 8 horas a histórica imag<strong>em</strong> de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Conceição</strong>, que figurou como<br />
Padroeira <strong>da</strong> extincta egreja do Bom Sucesso, <strong>em</strong> 1775, <strong>em</strong> bellissimo andor, <strong>da</strong><br />
Capella do Collegio Immacula<strong>da</strong> será transporta<strong>da</strong>, procissionalmente, para a praça<br />
Dr. Sampaio Vi<strong>da</strong>l, onde será colloca<strong>da</strong> <strong>em</strong> artístico altar, exposta à veneração dos<br />
fiéis.<br />
Neste acto soará o velho sino que existiu naquella mesma igreja<br />
Às 9 horas se fará a inauguração do obelisco comm<strong>em</strong>orativo do Centenário,<br />
que será entregue aos poderes municipaes. Logo <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>, no mesmo altar, será<br />
celebra<strong>da</strong> a missa campal, pregando ao Evangelho o Padre Feliciano Jagüe.<br />
4 Extraído de “Polyanthea”, A Sentinela, Caconde, dez<strong>em</strong>bro de 1924.<br />
Caconde, dez<strong>em</strong>bro de 1924.<br />
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5. 3. Eventos Posteriores<br />
Principais eventos posteriores a 1924:<br />
a) Atentado contra a Casa Paroquial (1926)<br />
Em sessão de 13 de fevereiro de 1926, a Câmara resolveu "protestar<br />
contra o bárbaro atentado à Casa Paroquial e inserir <strong>em</strong> ata um voto de<br />
reprovação" (Na madruga<strong>da</strong> desse dia crivaram de balas a residência de<br />
respeitável ci<strong>da</strong>dão, causando pânico na vizinhança).<br />
Casa Paroquial de Caconde 1924<br />
50
) A imag<strong>em</strong> de São Roque atingi<strong>da</strong> (1932)<br />
A Imag<strong>em</strong> de São Roque que ficava no interior <strong>da</strong> Igreja Matriz foi<br />
atingi<strong>da</strong> por projeteis <strong>da</strong>s forças opositoras de São Paulo durante a Revolução<br />
Constitucionalista de 1932. Este fato tornou o santo querido pelo povo<br />
cacondense, sendo este, aclamado popularmente como "Santo Protetor <strong>da</strong><br />
Ci<strong>da</strong>de". Este acontecimento está narrado na íntegra, no livro “Caconde e a<br />
Revolução Paulista”, publicado <strong>em</strong> 1933, pelo Prof. Antônio Fernandes<br />
Gonçalves, p. 99-102.<br />
51
c) Fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de São Vicente de Paulo<br />
Foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>em</strong> 1934, no interior <strong>da</strong> Igreja Matriz a Socie<strong>da</strong>de de São<br />
Vicente de Paulo. Presidiu os trabalhos o padre Gregório Argoitia, pregador.<br />
Era vigário de Caconde o padre Sebastião Lessa.<br />
d) Criação do Distrito de Paz de Santo Antônio <strong>da</strong> Barra<br />
A lei nº 2.694 de 03 de nov<strong>em</strong>bro de 1936, criou o Distrito de Paz de<br />
Santo Antônio <strong>da</strong> Barra, no município e comarca de Caconde, com o território<br />
que, pelo convênio de 28 de set<strong>em</strong>bro do mesmo ano, passou de Minas Gerais<br />
para São Paulo, porque era um pequeno acréscimo tomado do território de<br />
Caconde. Ficaram também cria<strong>da</strong>s duas escolas de primeiro estágio, uma<br />
f<strong>em</strong>inina e outra masculina na povoação de Santo Antônio <strong>da</strong> Barra.<br />
O Distrito de Santo Antônio de Barrânia<br />
52
e) Desm<strong>em</strong>bramento <strong>da</strong> Paróquia de Tapiratiba (1937)<br />
Em 1937, foi cria<strong>da</strong> e desm<strong>em</strong>bra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Paróquia de Caconde, a<br />
Paróquia de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> Apareci<strong>da</strong> <strong>em</strong> Tapiratiba.<br />
f) Reforma <strong>da</strong> Matriz – inauguração de duas torres (1939)<br />
Há no Livro do Tombo III, informações de uma reforma <strong>da</strong> Matriz por<br />
volta de 1935 a 1939.<br />
No dia 08 de dez<strong>em</strong>bro de 1939, <strong>da</strong>ta festiva de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Conceição</strong>, a Igreja Matriz aparecia novamente com duas torres, segundo<br />
Campanhole as mesmas foram inaugura<strong>da</strong>s nesse dia.<br />
Igreja Matriz de Caconde 1939<br />
53
g) Fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> “Casa Imacula<strong>da</strong> <strong>Conceição</strong>” do IBVM (1943)<br />
Foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> agosto de 1943, a Casa “Imacula<strong>da</strong> <strong>Conceição</strong>” <strong>da</strong><br />
Congregação <strong>da</strong>s Religiosas do Instituto Beatíssima Virg<strong>em</strong> Maria (IBVM) 5 , <strong>em</strong><br />
h) Edição do livro “Caconde” (1947)<br />
principio conheci<strong>da</strong>s como “Damas<br />
Inglesas”, hoje atual “Congregação<br />
de Jesus”.<br />
Começaram com três Irmãs<br />
atendendo no hospital <strong>da</strong> Santa<br />
Casa de Misericórdia a partir de 15<br />
de agosto de 1943, e dedicando-se<br />
também a outras necessi<strong>da</strong>des<br />
paroquiais.<br />
Em 1947, foi editado o primeiro livro do historiador Adriano Campanhole,<br />
intitulado “Caconde”. Campanhole doou todos os ex<strong>em</strong>plares do livro para a<br />
Igreja Matriz de Caconde.<br />
“Oferecendo este livro à Caconde, como<br />
test<strong>em</strong>unho de nossa admiração pela velha ci<strong>da</strong>de<br />
de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Conceição</strong>, estamos certos de<br />
que ele realiza inteiramente o nosso desejo de<br />
contribuir para o conhecimento de sua história, tão<br />
estritamente liga<strong>da</strong> a um dos capítulos mais<br />
movimentados e brilhantes <strong>da</strong> história de São Paulo<br />
– o <strong>da</strong> conquista <strong>da</strong> terra”. Adriano Campanhole.<br />
5 Em 2005-2006, o Instituto passou oficialmente a se chamar “Congregação de Jesus” para atender o<br />
desejo de sua fun<strong>da</strong>dora Madre Mary Ward.<br />
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i) Falecimento de Madre Emília (1948)<br />
Faleceu a Madre Maria Emília Herberich, IBVM, <strong>em</strong> 20 de dez<strong>em</strong>bro de<br />
1948. Foi sepulta<strong>da</strong> no túmulo do Instituto, no C<strong>em</strong>itério Municipal.<br />
j) Visita de Dom Luiz do Amaral Mousinho (1952)<br />
Em 1952, visitou a edili<strong>da</strong>de (Câmara) D. Luis Amaral Mousinho, bispo<br />
diocesano, sendo sau<strong>da</strong>do pelo senhor Wald<strong>em</strong>ar Carlos de Souza, primeiro<br />
secretário.<br />
Igreja Matriz de Caconde 1956<br />
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