Mirella Lopes da Rocha.pdf - Qualittas

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1 Introdução A doença conhecida por hipoadrenocorticismo ou doença de Addison tem sido referida como “the great pretender”, a grande falseadora, devido a sua característica de mimetizar outras doenças em cães além de representar um desafio diagnóstico. Ocorrendo naturalmente é uma doença pouco comum, sendo as fêmeas mais acometidas. O hipoadrenocorticismo geralmente é resultado da destruição imunomediada de todas as camadas da adrenocortical, causando deficiências de mineralocorticóides e de glicocorticóides. Um pequeno número de cães sofre apenas da deficiência de glicocorticóides. Cães acometidos pelo hipoadrenocorticismo podem apresentar uma variedade de sinais clínicos, de leves a severos (KLEIN; PETERSON, 2010a). De uma maneira mais específica, a doença de Addison refere-se à insuficiência adrenal crônica primária, associada à destruição de mais de 85% a 90% do córtex adrenal (JERICÓ, 2008). Embora seja mais diagnosticada em cães, felinos também podem ser acometidos pela doença de Addison. A suspeita da doença deve ser baseada nos sinais clínicos, histórico, exame físico e achados laboratoriais, e o diagnóstico definitivo deve ser alcançado mediante testes endócrinos. O prognóstico é excelente, uma vez que a crise adrenal seja controlada (GRECO, 2007). 2 Revisão de Literatura 2.1 Histórico Os primeiros casos humanos de hipoadrenoscorticismo foram descritos em 1855 por Thomas Addison, e, por isso, esta moléstia frequentemente é identificada como doença de “Addison”. Aproximadamente na mesma época, experimentos em animais verificaram que a remoção das glândulas adrenais levava rapidamente à morte. Somente nos anos 30 demonstrou-se que extratos aquosos brutos de glândulas adrenais evitavam a morte em gatos adrenalectomizados. Alguns anos depois, fontes de glicocorticóides e de mineralocorticóides foram comercializadas, conseguindo-se manter a sobrevivência dos indivíduos com hipofunção da glândula adrenal (HARDY, 1997). 2.2 Anatomia e Histologia Em mamíferos, as glândulas adrenais são estruturas bilaterais localizadas craniomedialmente aos rins. A adrenal é, de fato, constituída de duas glândulas de origens embrionárias diferentes. O centro da glândula, a medular, é composto por células cromafins de origem neuroectodermal que secretam catecolaminas, tais como adrenalina e noradrenalina. A periferia da adrenal, o córtex, é de origem mesodérmica e pode ser dividida histologicamente em três zonas: zona glomerulosa, zona fasciculada e zona reticular. As células da zona glomerulosa estão distribuídas em grupos ovóides inseridos no tecido conjuntivo da cápsula. A zona fasciculada constitui a maior parte da adrenal (60%) e aparece histologicamente como 1

linhas radiais. A camada mais interna, a zona reticular compreende uma rede de cordões de células que circundam capilares e vênulas (MEIJ; MOL, 2008). Quando as células estão inativas, aparecem vacuoladas e esponjosas devido à presença de lipídeos em seu interior, especialmente colesterol. Quando há atividade secretória, ocorre depleção de lipídeos, colesterol e ácido ascórbico, e as células aparecem compactas (GONZÁLEZ; SILVA, 2006). 2.3 Fisiologia A secreção do córtex da adrenal de mamíferos compreende três principais categorias de hormônios. A zona glomerulosa produz mineralocorticóides (aldosterona e deoxicorticosterona), que mantém o equilíbrio hidroeletrolítico. As células da zona fasciculada secretam glicocoticóides (cortisol e corticosterona), que são primariamente envolvidos no metabolismo dos carboidratos. A terceira categoria de hormônios adrenocorticais, os andrógenos, são produzidos na zona reticular. Esta zona, em menor grau, também secreta glicocorticóides e outros hormônios tais como progesterona e estrógenos (MEIJ; MOL, 2008). É esta a fonte de esteróides sexuais nos animais castrados. Em animais sadios, a quantidade de andrógenos adrenais é ínfima em comparação aos produzidos pelas gônadas. Os andrógenos adrenais são a deidroepiandrosterona (DHEA) e a androstenediona, os quais causam retenção de nitrogênio (efeito anabólico protéico), fósforo, potássio, sódio e cloro. Nas fêmeas, as células da zona reticular são a única fonte de andrógenos. Em neoplasias ou hiperplasias adrenocorticais, é observada virilização, com excreção de grandes quantidades de andrógenos na urina (GONZÁLEZ; SILVA, 2006). Os hormônios da região medular da adrenal são catecolaminas e têm efeito nervoso simpático e sobre o metabolismo do glicogênio e dos lipídeos (GONZÁLEZ; SILVA, 2006). Há dois tipos de receptores para corticosteróides no citoplasma das células alvo: um que é especifico para glicocorticóides e outro que é especifico para mineralocortióides. Dentre as enzimas induzidas por glicocorticóides têm-se as enzimas da gliconeogênese e enzimas do metabolismo dos aminoácidos como as transaminases. O efeito global dos glicocorticóides no metabolismo é de fornecer glicose ao organismo através da transformação de proteínas. Isto ocorre via indução das enzimas da gliconeogênese no fígado e inibição da utilização da glicose periférica e estímulo do armazenamento de glicogênio, por estimular a enzima glicogênio sintetase. Dessa forma, os glicocorticóides desviam o metabolismo de uma fase de produção e armazenamento, para um aumento da atividade física e consumo de energia, considerando que o excesso crônico leva a efeitos catabólicos como enfraquecimento muscular, atrofia da pele, e osteoporose. Os glicocorticóides diminuem a sensibilidade à insulina, causando uma tendência à hiperglicemia, e facilita a lipólise no tecido adiposo por facilitar a ação dos hormônios ativadores da lipase (glucagon, adrenalina, hormônio do crescimento). O cortisol causa aumento do nitrogênio urinário, o que revela um aumento do catabolismo protéico. O nível sérico dos aminoácidos se eleva e sua degradação aumenta, levando a maiores 2

linhas radiais. A cama<strong>da</strong> mais interna, a zona reticular compreende uma rede de cordões de<br />

células que circun<strong>da</strong>m capilares e vênulas (MEIJ; MOL, 2008).<br />

Quando as células estão inativas, aparecem vacuola<strong>da</strong>s e esponjosas devido à presença<br />

de lipídeos em seu interior, especialmente colesterol. Quando há ativi<strong>da</strong>de secretória, ocorre<br />

depleção de lipídeos, colesterol e ácido ascórbico, e as células aparecem compactas<br />

(GONZÁLEZ; SILVA, 2006).<br />

2.3 Fisiologia<br />

A secreção do córtex <strong>da</strong> adrenal de mamíferos compreende três principais categorias de<br />

hormônios. A zona glomerulosa produz mineralocorticóides (aldosterona e<br />

deoxicorticosterona), que mantém o equilíbrio hidroeletrolítico. As células <strong>da</strong> zona fascicula<strong>da</strong><br />

secretam glicocoticóides (cortisol e corticosterona), que são primariamente envolvidos no<br />

metabolismo dos carboidratos. A terceira categoria de hormônios adrenocorticais, os<br />

andrógenos, são produzidos na zona reticular. Esta zona, em menor grau, também secreta<br />

glicocorticóides e outros hormônios tais como progesterona e estrógenos (MEIJ; MOL, 2008).<br />

É esta a fonte de esteróides sexuais nos animais castrados. Em animais sadios, a quanti<strong>da</strong>de<br />

de andrógenos adrenais é ínfima em comparação aos produzidos pelas gôna<strong>da</strong>s. Os<br />

andrógenos adrenais são a deidroepiandrosterona (DHEA) e a androstenediona, os quais<br />

causam retenção de nitrogênio (efeito anabólico protéico), fósforo, potássio, sódio e cloro. Nas<br />

fêmeas, as células <strong>da</strong> zona reticular são a única fonte de andrógenos. Em neoplasias ou<br />

hiperplasias adrenocorticais, é observa<strong>da</strong> virilização, com excreção de grandes quanti<strong>da</strong>des de<br />

andrógenos na urina (GONZÁLEZ; SILVA, 2006).<br />

Os hormônios <strong>da</strong> região medular <strong>da</strong> adrenal são catecolaminas e têm efeito nervoso<br />

simpático e sobre o metabolismo do glicogênio e dos lipídeos (GONZÁLEZ; SILVA, 2006).<br />

Há dois tipos de receptores para corticosteróides no citoplasma <strong>da</strong>s células alvo: um que é<br />

especifico para glicocorticóides e outro que é especifico para mineralocortióides. Dentre as<br />

enzimas induzi<strong>da</strong>s por glicocorticóides têm-se as enzimas <strong>da</strong> gliconeogênese e enzimas do<br />

metabolismo dos aminoácidos como as transaminases. O efeito global dos glicocorticóides no<br />

metabolismo é de fornecer glicose ao organismo através <strong>da</strong> transformação de proteínas. Isto<br />

ocorre via indução <strong>da</strong>s enzimas <strong>da</strong> gliconeogênese no fígado e inibição <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> glicose<br />

periférica e estímulo do armazenamento de glicogênio, por estimular a enzima glicogênio<br />

sintetase. Dessa forma, os glicocorticóides desviam o metabolismo de uma fase de produção e<br />

armazenamento, para um aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de física e consumo de energia, considerando<br />

que o excesso crônico leva a efeitos catabólicos como enfraquecimento muscular, atrofia <strong>da</strong><br />

pele, e osteoporose. Os glicocorticóides diminuem a sensibili<strong>da</strong>de à insulina, causando uma<br />

tendência à hiperglicemia, e facilita a lipólise no tecido adiposo por facilitar a ação dos<br />

hormônios ativadores <strong>da</strong> lipase (glucagon, adrenalina, hormônio do crescimento). O cortisol<br />

causa aumento do nitrogênio urinário, o que revela um aumento do catabolismo protéico. O<br />

nível sérico dos aminoácidos se eleva e sua degra<strong>da</strong>ção aumenta, levando a maiores<br />

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