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CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial

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Ao lado de Machado de Assis e Lima Barreto,<br />

Paulo Barreto, mulato, aliás, como os outros<br />

dois, completa a trinca da prosa urbana de<br />

melhor qualidade do início do século XX. Esse<br />

romancista, que também foi contista, jornalista,<br />

dramaturgo, cronista, conferencista e ensaísta,<br />

levou a fusão entre reportagem e crônica<br />

literária às últimas consequências, inovando a<br />

escrita existente até então. Pode-se dizer que o<br />

Rio de Janeiro da belle époque foi praticamente<br />

uma invenção desse que é o maior exemplo da<br />

literatura art nouveau brasileira. Sua vida e sua<br />

obra se confundem com a cidade, que ele soube<br />

retratar tão bem em seus múltiplos aspectos.<br />

Frequentando desde importantes recepções<br />

presidenciais a centros espíritas dos subúrbios<br />

e rodas de samba nas favelas cariocas, ele se<br />

misturou à multidão para descrever a rotina<br />

da marginalidade da época. Além da cor de<br />

sua pele, que já era motivo de preconceitos,<br />

sua homossexualidade desafiava os padrões<br />

estabelecidos. Mas não foi como Paulo Barreto<br />

que esse escritor ficou conhecido e sim com um<br />

de seus inúmeros pseudônimos: João do Rio.<br />

Crítica<br />

Principais obras<br />

JOÃO DO RIO<br />

(1881 – 1921)<br />

Fragmento<br />

A alma encantadora das ruas<br />

Estávamos na rua do Núncio. O meu excelente<br />

amigo fez-me entrar num botequim na esquina<br />

da rua de S. Pedro e os meus olhos logo se<br />

pregaram na parede da casa, alheio ao ruído,<br />

ao vozear, ao estrépito da gente que entrava e<br />

saía. Eu estava diante de uma grande pintura<br />

mural comemorativa. O pintor, naturalmente<br />

agitado pelo orgulho que apossou de todos nós<br />

ao vermos a avenida Central, resolveu pintála,<br />

torná-la imorredoura, da rua do Ouvidor à<br />

Prainha. A concepção era grandiosa, o assunto<br />

era vasto — o advento do nosso progresso<br />

estatelava-se ali para todo o sempre, enquanto<br />

não se demolir a rua do Núncio. Reparei que a<br />

Casa Colombo e o Primeiro Barateiro eram de<br />

uma nitidez de primeiro plano e que aos poucos,<br />

em tal arejamento, os prédios iam fugindo numa<br />

confusão precipitada.<br />

Mestre da desordem lírica<br />

"Foi um mestre da crônica, dominando como ninguém um gênero confuso e ilusório, híbrido e borboleteante, mosaico<br />

bizantino por ele convertido em pura obra de arte, seja pela insolência da sátira, seja pela bela desordem lírica de<br />

certos trechos descritivos."<br />

(Agrippino Grieco, Evolução da prosa brasileira)<br />

Um destaque completo<br />

"Uma das figuras mais originais, independentes, brilhantes, fecundas e pioneiras que a nossa literatura já produziu."<br />

(João Carlos Rodrigues, João do Rio: uma biografia)<br />

As religiões no Rio (1904); A alma encantadora das ruas (1908); Cinematographo (1909); Dentro da noite (1910); A<br />

profissão de Jacques Pedreira (1911); Psicologia urbana (1911); Vida vertiginosa (1911); Memórias de um rato de hotel<br />

(1912); Pall Mall (1917); A mulher e os espelhos (1919); Rosário da ilusão (1921); Celebridades, desejo (1932).<br />

Clássicos brasileiros<br />

Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />

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