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CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial

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Publicado logo no princípio do século XX, o<br />

livro Os sertões se tornou um eixo em torno<br />

do qual gira a formação de toda uma cultura.<br />

Diversos autores da mesma época se aplicavam a<br />

uma exposição ou a uma tentativa de explicação<br />

do país, mas nenhum deles conseguiu forjar<br />

uma interpretação da civilização brasileira cuja<br />

relevância se equiparasse à de Euclides da Cunha.<br />

Abordando em seus livros assuntos como o drama<br />

de Canudos, o futuro brasileiro da Amazônia<br />

e o estabelecimento de uma ecologia social, ele<br />

conseguiu revelar, tanto para os estrangeiros<br />

interessados no Brasil quanto para os próprios<br />

brasileiros, um país até então desconhecido,<br />

que passará a ser visto por muito tempo como<br />

o que há em nós de maior autenticidade. Com<br />

uma escrita esplendorosa e contundente, unindo<br />

força épica, conteúdo trágico e beleza lírica, seus<br />

livros, transitando pela sociologia, antropologia<br />

e ecologia, poderiam ter sido ensaios científicos<br />

de uma época: através de uma completa<br />

transfiguração artística deste prosador exemplar,<br />

foram, entretanto, um monumento literário<br />

capaz de revelar as latências mais recônditas de<br />

todo um povo.<br />

Crítica<br />

Principais obras<br />

EUCLIDES DA CUNHA<br />

(1866 – 1909)<br />

Fragmento<br />

Os sertões<br />

Antônio Conselheiro seguira em viagem para o<br />

céu. Ao ver mortos os seus principais ajudantes<br />

e maior o número de soldados, resolvera dirigirse<br />

diretamente à Providência. O fantástico<br />

embaixador estava àquela hora junto de Deus.<br />

Deixara tudo prevenido. Assim é que os soldados,<br />

ainda quando caíssem nas maiores aperturas,<br />

não podiam sair do lugar em que se achavam.<br />

Nem mesmo para se irem embora, como das<br />

outras vezes. Estavam chumbados às trincheiras.<br />

Fazia-se mister que ali permanecessem para a<br />

expiação suprema, no próprio local dos seus<br />

crimes. Porque o profeta volveria em breve,<br />

entre milhões de arcanjos descendo — gládios<br />

flamívomos coruscando na altura — numa<br />

revoada olímpica, caindo sobre os sitiantes,<br />

fulminando-os e começando o Dia do Juízo...<br />

Um fundador da cultura brasileira<br />

"Euclides da Cunha exerceu um papel fundador na cultura brasileira, comparável ao de Cervantes na cultura espanhola.<br />

Trata-se de uma influência difícil de delimitar, mas decisiva, que se foi metamorfoseando no correr de todo o século XX."<br />

(Celso Furtado, "A atualidade de Euclides da Cunha")<br />

A presença maior<br />

"Euclides pertence ao número de autores que não se deixam buscar ou procurar pelo leitor: vêm ao seu encontro.<br />

Apresentam-se. Exibem-se. Nenhum escritor de língua portuguesa mais presente na literatura do que ele. Nenhum mais<br />

ostensivo em sua presença."<br />

(Gilberto Freyre, "Euclides da Cunha revelador da realidade brasileira")<br />

Os sertões (1902); Contrastes e confrontos (1907); Peru versus Bolívia (1907); Castro Alves e seu tempo (1907); À margem<br />

da história (1909).<br />

Clássicos brasileiros<br />

Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />

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