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CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial

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A obra de Domingos Olympio, ainda que<br />

variada, é amplamente dominada por seu mais<br />

aclamado romance: Luzia-Homem, de 1903. A<br />

história da mulher nordestina, arredia e forte ao<br />

ponto de trabalhar como os homens, é marcada<br />

pela fala característica dos personagens e pelos<br />

traços da narrativa naturalista, efetivando a<br />

transição do regionalismo romântico para o<br />

realista. Abolicionista e republicano, o cearense<br />

Domingos Olympio pouco publicou em livros,<br />

mas teve contos e romances editados em jornais<br />

e revistas, além de ter produzido diversas peças<br />

para teatro.<br />

Crítica<br />

Principais obras<br />

DOMINGOS OLYMPIO<br />

Fragmento<br />

Luzia-Homem<br />

Em plena florescência de mocidade e saúde, a<br />

extraordinária mulher, que tanto impressionara<br />

o francês Paul, encobria os músculos de aço sob<br />

as formas esbeltas e graciosas das morenas moças<br />

do sertão. Trazia a cabeça sempre velada por um<br />

manto de algodãozinho, cujas curelas prendia<br />

aos alvos dentes, como se, por um requinte de<br />

casquilhice, cuidasse com meticuloso interesse<br />

de preservar o rosto dos raios do sol e da poeira<br />

corrosiva, a evolar em nuvens espessas do<br />

solo adusto, donde ao tênue borrifo de chuvas<br />

fecundantes, surgiam, por encanto, alfombras de<br />

relva virente e flores odorosas. Pouco expansiva,<br />

sempre em tímido recato, vivia só, afastada dos<br />

grupos de consortes de infortúnio, e quase não<br />

conversava com as companheiras de trabalho,<br />

cumprindo, com inalterável calma, a sua tarefa<br />

diária, que excedia à vulgar, para fazer jus a<br />

dobrada ração.<br />

A perdição (1874); Os maçons e o bispo (1877); Luzia-Homem (1903); O almirante (1906); O uirapuru (1906).<br />

(1851 – 1906)<br />

"O romance é despojado, crispante, duro, e a tragédia com a morte de Luzia faz com que o leitor seja personagem<br />

oculto. O sistema, unido à morte, são os protagonistas mais visíveis."<br />

(Carlos Nejar, História da literatura brasileira)<br />

"Em síntese: entre o determinismo naturalista e o regionalismo nordestino, o romance de Domingos Olympio fica como a<br />

denúncia pioneira e a abertura social para a ficção que surgiria na década de 1930."<br />

(Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, Enciclopédia de literatura brasileira).<br />

Clássicos brasileiros<br />

Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />

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