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CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial

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Através de seus poemas fundamentados na<br />

escravidão negra, Castro Alves levará a segunda<br />

fase do romantismo brasileiro, abarcador dos<br />

elementos não europeus constitutivos do povo<br />

brasileiro, a uma dimensão jamais atingida.<br />

Se no indianismo houve uma exaltação mítica<br />

da origem do país, em Castro Alves, a tensão<br />

entre negros e escravagistas, entre oprimidos e<br />

opressores, além de demarcar o contínuo conflito<br />

inerente a todo e qualquer processo histórico,<br />

está a serviço do futuro. Este poeta, que sempre<br />

lutou pela abolição da escravatura, defendeu<br />

igualmente as liberdades e justiças sociais. Sua<br />

eloquência retumbante, o virtuosismo rítmico, a<br />

forte carga dramática e a imaginação plástica de<br />

seus poemas inflamavam as massas liberais, para<br />

quem muitas vezes ele recitou seus poemas.<br />

Crítica<br />

Principais obras<br />

CASTRO ALVES<br />

Fragmento<br />

Navio negreiro<br />

Era um sonho dantesco... o tombadilho,<br />

Que das luzernas avermelha o brilho,<br />

Em sangue a se banhar.<br />

Tinir de ferros... estalar de açoite...<br />

Legiões de homens negros como a noite<br />

Horrendos a dançar...<br />

Negras mulheres, suspendendo às tetas<br />

Magras crianças, cujas bocas pretas<br />

Rega o sangue das mães:<br />

Outras, moças, mas nuas e espantadas,<br />

No turbilhão de espectros arrastadas,<br />

Em ânsia e mágoa vãs!<br />

E ri-se a orquestra irônica, estridente...<br />

E da ronda fantástica a serpente<br />

Faz doidas espirais...<br />

Se o velho arqueja, se no chão resvala,<br />

Ouvem-se gritos... o chicote estala...<br />

E voam mais e mais...<br />

(1847 – 1871)<br />

Um poeta quase inconcebível<br />

"Nesse poema, que vai da mais doce emoção ao falar do mar e dos marinheiros aos mais terríveis gritos de dor ao<br />

contar do sinistro bailado dos escravos [ ... ], nesse poema ele sobrepujou a si mesmo. É quase inconcebível o reunir de<br />

tanta beleza e tanta emoção. A língua portuguesa se enriquece com ele e a humanidade também. É um canto de dor e<br />

de revolta como poucos se hão escrito."<br />

(Jorge Amado, ABC de Castro Alves)<br />

A maior força verbal<br />

"E há que reconhecer nele a maior força verbal e a inspiração mais generosa de toda a poesia brasileira."<br />

(Manuel Bandeira, Notícia sobre o poeta)<br />

Espumas flutuantes (1870); Gonzaga ou a Revolução de Minas (1875); A cachoeira de Paulo Afonso (1876); Vozes d'África.<br />

Navio negreiro (1880); Os escravos (1883); Obra completa (1921).<br />

Clássicos brasileiros<br />

Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />

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