CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Um autor em busca da essência da nacionalidade<br />
brasileira, o cearense Capistrano de Abreu,<br />
aos 22 anos, já trilhando a carreira de escritor e<br />
jornalista, resolveu tentar a sorte no Rio de Janeiro.<br />
Historiador autodidata, pesquisador incansável<br />
das fontes documentais, Capistrano buscou não<br />
só incorporar, mas ir além das interpretações da<br />
historiografia brasileira anterior, representada<br />
principalmente por Francisco Adolfo de<br />
Varnhagen. Desta forma, Capistrano desloca-se<br />
de uma história pautada por fatos administrativos<br />
e datas para uma interpretação mais profunda da<br />
sociedade colonial, focada nas especificidades<br />
do povo brasileiro, seus contrastes e costumes,<br />
introduzindo novas temáticas antes preteridas<br />
pela historiografia oficial.<br />
Crítica<br />
Principais obras<br />
CAPISTRANO DE ABREU<br />
(1853 – 1927)<br />
Fragmento<br />
Capítulos de história colonial<br />
Os primeiros ocupadores do sertão passaram<br />
vida bem apertada; não eram os donos das<br />
sesmarias, mas escravos ou prepostos. Carne<br />
e leite havia em abundância, mas isto apenas.<br />
A farinha, único alimento em que o povo tem<br />
confiança, faltou-lhes a princípio por julgarem<br />
imprópria a terra à plantação da mandioca, não<br />
por defeito do solo, pela falta de chuva durante<br />
a maior parte do ano. O milho, a não ser verde,<br />
afugentava pelo penoso do preparo naqueles<br />
distritos estranhos ao uso do monjolo. As frutas<br />
mais silvestres, as qualidades de mel menos<br />
saborosas eram devoradas com avidez. Pode-se<br />
apanhar muitos fatos da vida daqueles sertanejos<br />
dizendo que atravessaram a época do couro.<br />
De couro era a porta das cabanas, o rude leito<br />
aplicado ao chão duro, e mais tarde a cama para<br />
os partos [...].<br />
Entre a história, a geografia e a etnografia<br />
"Procurando 'dizer algumas coisas novas', introduziu assuntos até então pouco ou nunca estudados, tais como as festas, a<br />
família, as bandeiras, as minas, as estradas e a criação do gado. Embora reconhecesse os méritos de Varnhagen como<br />
investigador, almejava 'quebrar os quadros de ferros' por ele construídos, criticando sua falta de interesse pela vida<br />
social e pelo 'povo durante três séculos capado e recapado, sangrado e ressangrado', como escreveu em carta ao amigo<br />
português Lúcio de Azevedo, de 16 de julho de 1920. A obra de Capistrano foi marcada pela interseção entre história<br />
e geografia, prevalecendo a convicção de que as sociedades são condicionadas pela relação entre cultura e meio."<br />
(Rebeca Gontijo, Capistrano de Abreu)<br />
Um historiador crítico<br />
"Não só verificou os monumentos e fontes onde haviam eles [seus antecessores] bebido, mas descobriu ou aproveitou<br />
novas, como daquelas mesmas tirou o que a eles escapou. E é esse trabalho de crítica, preliminar indispensável a toda<br />
construção histórica, o que desde o princípio seria principalmente o seu, que assinala proeminentemente o lugar e papel<br />
do Sr. Capistrano de Abreu na nossa cultura histórica. Ele é sobretudo um crítico histórico ou um historiador crítico, mas<br />
crítico com capacidades construtoras..."<br />
(José Veríssimo, "O Sr. Capistrano de Abreu")<br />
O descobrimento do Brasil (1883); Capítulos de história colonial (1907); A língua dos Caxinauás do rio Ibuaçu (1914);<br />
Caminhos antigos e povoamento do Brasil (1930); Ensaios e estudos, crítica e história (1931-1933); Correspondência de<br />
Capistrano de Abreu, organização e prefácio de José Honório Rodrigues (1954-1956).<br />
Clássicos brasileiros<br />
Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />
35