CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
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Romancista e poeta da segunda geração<br />
romântica, Bernardo Guimarães tinha uma<br />
capacidade incomum para retratar os costumes<br />
regionais, adotando uma linguagem atravessada<br />
por saborosas expressões do interior e pela<br />
oralidade provinciana contribuía para minar o<br />
excesso declamatório de sua época. Com Escrava<br />
Isaura, romance de denúncia antiescravocrata,<br />
o escritor se tornou popular até os dias de hoje.<br />
Também se aventurou pelo romance histórico,<br />
folclórico-lendário, indianista e psicológico.<br />
Além disso, seus poemas satíricos, obscenos e<br />
bestialógicos, filiando-o à corrente satânica do<br />
ultrarromantismo, consolidaram o lado boêmio<br />
do escritor. Afastando-se de um lirismo açucarado<br />
de muitos poetas de então, ele empregou todo<br />
um vocabulário de práticas sexuais explícitas que<br />
chocou a moralidade conservadora reinante.<br />
Crítica<br />
Principais obras<br />
BERNARDO GUIMARÃES<br />
(1825 – 1884)<br />
Fragmento<br />
Escrava Isaura<br />
Já bastante lhe pesava andar enganando a<br />
sociedade a respeito de sua verdadeira condição;<br />
alma sincera e escrupulosa, envergonhava-se<br />
consigo mesma de impor às poucas pessoas,<br />
que com ela tratavam de perto, um respeito e<br />
consideração a que nenhum direito podia ter.<br />
Mas, considerando que tal disfarce nenhum<br />
grande mal podia resultar à sociedade,<br />
conformava-se com sua sorte. Deveria, porém,<br />
ela, ou poderia sem inconveniente manter o<br />
seu amante na mesma ilusão? Com seu silêncio,<br />
conservando-o na ignorância de sua condição<br />
de escrava, deveria deixar alimentar-se, crescer<br />
profunda e enérgica paixão, que o moço por ela<br />
concebera?... não seria isto um vil embuste, uma<br />
indignidade, uma traição infame? Não teria ele o<br />
direito, ao saber da verdade, de acabrunhá-la de<br />
amargas exprobações, de desprezá-la, de calcá-la<br />
aos pés, de tratá-la enfim como escrava abjeta e<br />
vil, que ficaria sendo?<br />
A melhor resposta<br />
"O autor atinge extremos que lhe permitem articular a mais forte e melhor resposta dada à hipocrisia reinante, à<br />
permanência dos temas já vazios e à própria languidez de seus pares."<br />
(Leonardo Fróes, "Romantismo: uma estética de loucos")<br />
Comparável apenas a José de Alencar<br />
"A obra vária de Bernardo Guimarães é o segundo grande universo ficcional do Romantismo, o único outro cosmos<br />
romanesco de amplitude comparável ao maciço alencariano."<br />
(José Guilherme Merquior, De Anchieta a Euclides)<br />
Os contos da solidão (1852); Poesias (1865); O ermitão de Muquém (1866); A Garganta do Inferno (1871); O garimpeiro<br />
(1872); O seminarista (1872); A filha do fazendeiro (1872); O índio Afonso (1873); A escrava Isaura (1875); O elixir do<br />
pajé (1875); Novas poesias (1876); A ilha maldita (1879); Folhas de outono (1883).<br />
Clássicos brasileiros<br />
Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />
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