CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Em suas peças teatrais, poesias, contos, operetas<br />
e matérias jornalísticas, com a singularidade<br />
e facilidade de comunicação que lhe eram<br />
costumeiras, Artur Azevedo soube retratar<br />
exemplarmente o período de transição por que<br />
passava o Rio de Janeiro na segunda metade do<br />
século XIX, narrando com humor histórias e<br />
casos que se passavam tanto nas ruas quanto nas<br />
residências. Se Artur Azevedo foi o único, à época,<br />
comparável a Machado de Assis, seus contos<br />
introdutores das classes médias na literatura<br />
nacional eram ainda mais populares que os do<br />
Bruxo do Cosme Velho. Ele misturou diversos<br />
gêneros literários criando novas possibilidades,<br />
como contos e crônicas dramáticas, teatro em<br />
verso e prosa, contos em versos, nos quais sempre<br />
defendia valores como a abolição da escravatura.<br />
Crítica<br />
Principais obras<br />
ARTUR AZEVEDO<br />
(1855 – 1908)<br />
Fragmento<br />
Histórias brejeiras<br />
Uma bela tarde em que se achavam ambos<br />
sentados no canapé, e o Simplício Gomes,<br />
afastado, num canto da sala, folheava um álbum<br />
de retratos, o Bandeira levantou-se dizendo:<br />
— Vou-me embora; tenho ainda que dar umas<br />
voltas antes da noite.<br />
— Ora, ainda é cedo; fique mais um instantinho,<br />
replicou Dudu, sem se levantar do canapé.<br />
— Já lhe disse que tenho que fazer! Peço-lhe que<br />
vá desde já se habituando a não contrariar as<br />
minhas vontades! Olhe que depois de casado, hei<br />
de sair quantas vezes quiser sem dar satisfações<br />
a ninguém!<br />
— Bom; não precisa zangar-se...<br />
— Não me zango, mas contrario-me! Não me<br />
escravizei; quero casar-me com a senhora, mas<br />
não perder a liberdade!<br />
— Faz bem. Adeus. Até quando?<br />
— Até amanhã ou depois.<br />
O Bandeira apertou a mão de Dudu, despediuse<br />
com um gesto do Simplício Gomes, e saiu<br />
batendo passos enérgicos, de dono de casa.<br />
Um autor de primeira grandeza<br />
"Variam os gêneros, sim, varia a maior ou menor importância ligada ao assunto em momento de escrever; mas, apesar<br />
disso, apesar das diferentes épocas a que são atribuídos, os contos, o processo comum da frase, a preferência dos<br />
assuntos, o capricho da surpresa final, o pensamento humorístico encerrado como moralidade da fábula, adotadas<br />
as atenções convenientes ao assunto, ora grave, ora alegre, ora rasgadamente burlesco, constituem, do princípio ao<br />
fim do livro, uma demonstração indiscutível de unidade genésica. [ ... ] O que fica fora de dúvida é que os Contos<br />
possíveis fazem um livro de primeira ordem, a mais interessante das leituras e um dos mais belos títulos de orgulho da<br />
atualidade literária."<br />
(Raul Pompeia, O farol)<br />
Carapuças (1872); Sonetos (1876); Uma véspera de Reis (1876); Joia (1879); O escravocrata (1884); Almanjarra (1888);<br />
Contos possíveis (1889); Contos fora de moda (1893); A capital federal (1897); Contos efêmeros (1897); Rimas (1909);<br />
Contos cariocas (1929); Teatro (1983).<br />
Clássicos brasileiros<br />
Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />
27