CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial
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Afonso Arinos de Melo Franco, formado em<br />
direito em São Paulo, mudou-se para Ouro<br />
Preto, onde lecionou história do Brasil. Foi um<br />
dos fundadores da Faculdade de Direito e do<br />
Arquivo Púbico de Minas Gerais. Na década<br />
de 1890, Afonso Arinos colaborou em vários<br />
periódicos como Revista Brasileira e Revista<br />
do Brasil. Dirigiu o Jornal do Comércio de<br />
São Paulo durante a Campanha de Canudos,<br />
quando defendeu a restauração da monarquia.<br />
Os contos publicados em jornais, baseados em<br />
seu conhecimento da vida sertaneja, resultaram<br />
na publicação do livro Pelo sertão (1898). Na<br />
literatura brasileira é um dos expoentes da<br />
temática regionalista. Foi membro da Academia<br />
Brasileira de Letras, empossado em 1903.<br />
Crítica<br />
Principais obras<br />
AFONSO ARINOS<br />
(1868 – 1916)<br />
Fragmento<br />
Assombramento<br />
À beira do caminho das tropas, num tabuleiro<br />
grande, onde cresciam a canela-d'ema e o pau<br />
santo, havia uma tapera. A velha casa assombrada,<br />
com grande escadaria de pedra levando ao<br />
alpendre, não parecia desamparada. O viandante<br />
a avistava de longe, com a capela ao lado e a cruz<br />
de pedra lavrada, enegrecida, de braços abertos,<br />
em prece contrita para o céu. Naquele escampado<br />
onde não ria ao sol o verde escuro das matas, a<br />
cor embaçada da casa suavizava ainda mais o<br />
verde esmaiado dos campos.<br />
E quem não fosse vaqueano naqueles sítios iria,<br />
sem dúvida, estacar diante da grande porteira<br />
escancarada, inquirindo qual o motivo por que<br />
a gente da fazenda era tão esquiva que nem ao<br />
menos aparecia à janela quando a cabeçada da<br />
madrinha da tropa, carrilhonando à frente dos<br />
lotes, guiava os cargueiros pelo caminho a fora.<br />
Entestando com a estrada, o largo rancho de<br />
telha, com grandes esteios de aroeira e mourões<br />
cheios de argolas de ferro, abria-se ainda distante<br />
da casa, convidando o viandante a abrigarse<br />
nele. No chão havia ainda uma trempe de<br />
pedra com vestígios de fogo e, daqui e dacolá,<br />
no terreno acamado e liso, esponjadouros de<br />
animais vagabundos.<br />
O escritor regionalista<br />
"Na busca da temática brasileira, ao lado dos ciclos do indianismo, do sertanismo, do caboclismo, do cangaço, da seca,<br />
do garimpo, Afonso Arinos introduziu na ficção o ambiente inóspito e selvático do planalto central. Sua técnica foi a<br />
do realismo, caracterizando-se pela fidelidade e pela verossimilhança, sem qualquer tendência a estilizar e fantasiar.<br />
Homens, costumes, paisagens do sertão são fotografados com muita segurança e num estilo próprio, destacando-se,<br />
ainda, a reprodução da fala coloquial típica."<br />
(Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, Enciclopédia de literatura brasileira)<br />
Marca nacionalista<br />
"Em tudo o que Afonso Arinos escreveu deixou a marca profunda de seu sadio e consciente nacionalismo. Ele mesmo dizia:<br />
‘Eu sou o cincerro que sobe à torre para chamar-vos ao culto da Pátria’."<br />
(Paulo Dantas, Os sertões de Euclides e outros sertões)<br />
Os jagunços (1898); Pelo sertão (1898); Notas do dia (1900); A unidade da pátria (1917); O contratador de diamantes<br />
(1917); Lendas e tradições brasileiras (1917); O mestre de campo (1918); Histórias e paisagens (1921).<br />
Clássicos brasileiros<br />
Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />
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