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CLÁSSICOS BRASILEIROS BRAZILIAN CLASSICS - Imprensa Oficial

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O carioca Alfredo d'Escragnolle Taunay nasceu<br />

em uma família de artistas integrantes da Missão<br />

Artística Francesa no Brasil, chegados ao país na<br />

segunda década do século XIX. Foi engenheiro<br />

do Exército, mas deixou a carreira militar para<br />

se dedicar à política, ao jornalismo e à literatura.<br />

D. Pedro II concedeu-lhe o título de visconde em<br />

1889; neste mesmo ano abandonou a política. Sua<br />

produção literária é muitas vezes considerada<br />

representativa da fase de transição entre o<br />

romantismo e o realismo, entre o idealismo<br />

romântico e uma visão realista da natureza.<br />

Sua experiência de vida teve grande influência<br />

nos seus escritos literários, com destaque para<br />

a participação na Guerra do Paraguai, após a<br />

qual escreveu o clássico A retirada da Laguna.<br />

O romance Inocência, que “valoriza os costumes<br />

típicos do mundo rural e as particularidades do<br />

meio natural”, é considerado regionalista, sendo<br />

uma de suas obras mais conhecidas e reeditadas.<br />

Foi traduzido para o inglês em 1945.<br />

Crítica<br />

Principais obras<br />

VISCONDE DE TAUNAY<br />

(1843 – 1899)<br />

Fragmento<br />

Inocência<br />

O legítimo sertanejo, explorador dos desertos,<br />

não tem, em geral, família. Enquanto moço,<br />

seu fim único é devassar terras, pisar campos<br />

onde ninguém antes pusera pé, vadear rios<br />

desconhecidos, despontar cabeceiras e furar<br />

matas, que descobridor algum até então haja<br />

varado. Cresce-lhe o orgulho na razão da extensão<br />

e importância das viagens empreendidas; e seu<br />

maior gosto cifra-se em enumerar as correntes<br />

caudais que transpôs, os ribeirões que batizou,<br />

as serras que transmontou e os pantanais que<br />

afoitamente cortou, quando não levou dias e dias<br />

a rodeá-los com rara paciência.<br />

O escritor-viajante<br />

"O conjunto da obra de Taunay não se fará apenas no campo da literatura ou das artes, mas na fronteira delas. Ou<br />

seja, há em sua obra uma conjunção de interesses nacionais em que o registro de fatos da história, no caso, o episódio da<br />

retirada da Laguna, representa a base para as variadas descrições que, elaboradas a posteriori, deram origem a outras<br />

narrativas, tanto de caráter histórico como ficcional. Em certo sentido, o escritor-viajante fecunda imagens que contribuem<br />

para repensar a formação cultural de Mato Grosso, as origens e a contemporaneidade de eventos, que compuseram o<br />

cenário latino-americano, a partir das regiões mais distantes, consolidadas, imageticamente, como periféricas."<br />

(Olga Maria Castrillon-Mendes, Taunay viajante e a construção da imagética de Mato Grosso)<br />

Romantismo e Realismo<br />

"Inocência (…) relata a tragédia de um Romeu e Julieta sertanejo. […] O livro se desenvolve com diálogos que rastreiam<br />

a fala do interior mato-grossense na metade do século XIX. E esse linguajar, unido ao talento da minúcia nas descrições e<br />

ao traço pictórico, apesar de sua inserção no romantismo, confere ao texto um realismo que não o deixa cair no excesso<br />

sentimental. Há um mundo de costumes bárbaros, com efeitos funestos."<br />

(Carlos Nejar, História da literatura brasileira)<br />

Cenas de viagem: exploração entre os rios Taquary e Aquidauana no distrito de Miranda (1868); A campanha da cordilheira<br />

(1869); Mocidade de Trajano (1871); La retraite de Laguna (1871); Inocência (1872); Lágrimas do coração (1873); A<br />

retirada de Laguna (1874); Ouro sobre azul (1875); Céus e terras do Brasil, evocações (1882); Amélia Smith (1886); No<br />

declínio (1889); O encilhamento (1894); Reminiscências (1908).<br />

Clássicos brasileiros<br />

Uma seleção de autores com obras em domínio público<br />

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