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APEGADOS

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APEgAdos<br />

nossos genes. Foi um momento de genialidade de John Bowlby<br />

que o levou à conclusão de que fomos programados, pela evolução,<br />

para destacar alguns poucos indivíduos específicos em nossa<br />

vida e torná-los valiosos para nós. Fomos criados para sermos<br />

dependentes de um outro ser significativo. A necessidade começa<br />

no útero e termina quando morremos. Bowlby propôs que, ao<br />

longo da evolução, a seleção genética favoreceu as pessoas que<br />

se apegavam, porque isso proporcionava uma vantagem para a<br />

sobrevivência. Na pré-história, as pessoas que contavam só consigo<br />

mesmas e não tinham ninguém para proteger apresentavam<br />

maior probabilidade de acabar sendo presas de caça. Na maior<br />

parte das vezes, aqueles que estavam com alguém que se importava<br />

profundamente com eles sobreviviam para passar para sua<br />

descendência a preferência por estabelecer ligações íntimas. De<br />

fato, a necessidade de estar perto de alguém especial é tão importante<br />

que o cérebro tem um mecanismo biológico especificamente<br />

responsável por criar e regular a nossa conexão com as figuras<br />

com as quais estabelecemos apego (pais, filhos e parceiros românticos).<br />

Esse mecanismo, chamado “sistema de apego”, consiste de<br />

emoções e comportamentos que garantem que permaneceremos<br />

seguros e protegidos se ficarmos próximos daqueles que amamos.<br />

O mecanismo explica por que uma criança separada de sua mãe<br />

fica agitada, procura-a desesperadamente ou chora incontrolavelmente<br />

até restabelecer o contato com ela. Essas reações são<br />

intituladas “comportamento de protesto”, e todos nós ainda as<br />

manifestamos quando adultos. Na época pré-histórica, estar próximo<br />

de um parceiro era uma questão de vida ou morte, e o nosso<br />

sistema de apego se desenvolveu para tratar essa proximidade<br />

como uma necessidade absoluta.<br />

Imagine ficar sabendo da queda de um avião no oceano Atlântico<br />

na noite em que seu parceiro está voando de Nova York<br />

para Londres. Aquela sensação de angústia na boca do estômago<br />

e a histeria que a acompanha seriam o seu sistema de apego em<br />

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