Dissertação para obtenção do grau de mestre em - Universidade ...
Dissertação para obtenção do grau de mestre em - Universidade ...
Dissertação para obtenção do grau de mestre em - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Avaliação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> provocada por ruí<strong>do</strong> e vibração<br />
<strong>de</strong> baixa frequência <strong>em</strong> edifícios <strong>de</strong> habitação<br />
Bernar<strong>do</strong> Fino <strong>de</strong> Matos Martins<br />
<strong>Dissertação</strong> <strong>para</strong> <strong>obtenção</strong> <strong>do</strong> <strong>grau</strong> <strong>de</strong> <strong>mestre</strong> <strong>em</strong><br />
Engenharia Civil<br />
Júri<br />
Presi<strong>de</strong>nte: Prof. Doutor Augusto Martins Gomes<br />
Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Doutor Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa<br />
Vogais: Profª. Doutora Maria Cristina <strong>de</strong> Oliveira Matos Silva<br />
Março 2009
Agra<strong>de</strong>cimentos<br />
Em primeiro lugar gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao Professor Albano Neves e Sousa por toda a sua<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> orientar este trabalho, nomeadamente na fase <strong>de</strong> medições. Por toda a sua a sua<br />
atenção <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> assistência nos probl<strong>em</strong>as verifica<strong>do</strong>s nos locais <strong>de</strong> medição, passan<strong>do</strong> pela<br />
criação <strong>de</strong> boas condições <strong>de</strong> trabalho até ao auxilio <strong>para</strong> encontrar locais <strong>de</strong> medição apropria<strong>do</strong>s.<br />
Gostaria também <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer toda a sua preocupação no esclarecimento <strong>de</strong> dúvidas sobre<br />
conceitos teóricos mais complexos e to<strong>do</strong> o seu trabalho <strong>de</strong> revisão da tese.<br />
Gostaria ainda <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao Professor Ondrej Jiricek, professor da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Acústica na Czech<br />
Technical University e presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Acústica da Rep. Checa, por me ter ensina<strong>do</strong> as<br />
bases <strong>de</strong> acústica que eu espero ter consegui<strong>do</strong> apreen<strong>de</strong>r.<br />
À <strong>em</strong>presa Brüel e Kjær, nomeadamente ao Eng.º Luís Soares e ao Eng.º José Gonçalves, por ter<br />
<strong>em</strong>presta<strong>do</strong> algum equipamento necessário às medições.<br />
Acredito ser ainda importante agra<strong>de</strong>cer ao Eng.º Hugo Chaves e à Eng.ª Teresa Jorge, minhas<br />
chefias na EDP Valor, por toda a compreensão e t<strong>em</strong>po disponibiliza<strong>do</strong> <strong>para</strong> que pu<strong>de</strong>sse terminar a<br />
dissertação no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> estágio.<br />
Agra<strong>de</strong>ço ainda ao Sr. Martinho Alves, que foi extr<strong>em</strong>amente prestável durante toda a campanha <strong>de</strong><br />
medições. À Sr.ª D.ª Alexandra Baixo por toda a sua ajuda administrativa, nomeadamente na criação<br />
<strong>de</strong> boas condições <strong>de</strong> trabalho e acesso ao local <strong>de</strong> trabalho no IST.<br />
À minha família por toda a motivação. Aos meus irmãos Guilherme e Margarida pela sua paciência. À<br />
minha mãe, um especial obriga<strong>do</strong> por todas as ajudas nomeadamente na realização da campanha <strong>de</strong><br />
medições e tratamento gráfico. Gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer especialmente à Cristina por to<strong>do</strong> o apoio<br />
moral, paciência e motivação que foi muito importante, s<strong>em</strong> os quais dificilmente teria acaba<strong>do</strong> a<br />
dissertação num tão curto espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.<br />
Ainda ao meu tio, Paulo Martins, por toda a sua ajuda que foi muito importante. Esta ajuda não se<br />
manifestou apenas na disponibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> efectuar medições <strong>em</strong> sua casa ou no <strong>em</strong>préstimo <strong>de</strong><br />
licenças <strong>de</strong> software, mas também na prontidão que s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>monstrou <strong>para</strong> me auxiliar a resolver<br />
probl<strong>em</strong>as como algumas avarias <strong>de</strong> equipamentos. Ao meu tio, Ângelo Sarmento, por me ter tira<strong>do</strong><br />
algumas dúvidas sobre o ruí<strong>do</strong> da re<strong>de</strong> eléctrica e por me ter forneci<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentação sobre acústica<br />
<strong>de</strong> edifícios. À m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong> meu Pai.<br />
Finalmente gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar esta tese aos meus avós. A minha avó pela constante preocupação,<br />
que to<strong>do</strong>s os dias me foi perguntan<strong>do</strong> se a tese já estaria pronta e ainda ao meu avô pelas ajudas<br />
dadas <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os campos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a construção <strong>de</strong> “geringonças” <strong>para</strong> suporte <strong>do</strong>s equipamentos <strong>de</strong><br />
medição, ao <strong>em</strong>préstimo <strong>de</strong> livros técnicos e ainda na correcção ortográfica e sugestões literárias<br />
antes da revisão final.<br />
i
Resumo<br />
A existência <strong>de</strong> novos serviços e mecanismos nos edifícios recentes, ainda que acarretan<strong>do</strong> melhorias<br />
gerais <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, po<strong>de</strong> induzir outros probl<strong>em</strong>as, tais como o aparecimento <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>s<br />
in<strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s.<br />
No caso <strong>do</strong>s equipamentos mecânicos, surg<strong>em</strong> com frequência vibrações e ruí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> baixa<br />
frequência. Os regulamentos e normas existentes, nomeadamente a norma europeia EN ISO 140,<br />
prevê<strong>em</strong> já algumas recomendações relativamente à análise <strong>de</strong> casos associa<strong>do</strong>s a ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa<br />
frequência. No entanto, uma vez que estas recomendações se <strong>de</strong>stinam primordialmente a aplicações<br />
<strong>em</strong> laboratório, a análise in situ da incomodida<strong>de</strong> por ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência continua a carecer <strong>de</strong><br />
normalização.<br />
Na presente dissertação foram analisa<strong>do</strong>s três casos reais <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> por vibração e ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
baixa frequência. A análise consistiu, numa primeira fase, na verificação experimental das<br />
características <strong>de</strong> comportamento acústico <strong>do</strong>s locais e sua envolvente, e, numa segunda fase, na<br />
caracterização, também experimental, da incomodida<strong>de</strong> com base na regulamentação vigente e <strong>em</strong><br />
parâmetros <strong>de</strong> avaliação não normaliza<strong>do</strong>s.<br />
No primeiro caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, a incomodida<strong>de</strong> era sentida num fogo <strong>do</strong> último piso <strong>de</strong> um edifício<br />
multifamiliar e <strong>de</strong>corria <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> ao funcionamento <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> instalações<br />
sanitárias e cozinhas instala<strong>do</strong>s na cobertura. No segun<strong>do</strong> caso, o qual ocorria no mesmo edifício, a<br />
incomodida<strong>de</strong> era sentida na sala <strong>do</strong> fogo adjacente ao portão automático da garag<strong>em</strong> colectiva. No<br />
terceiro caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> foi analisada a incomodida<strong>de</strong> causada, num outro edifício multifamiliar, pelo<br />
funcionamento <strong>de</strong> uma máquina <strong>de</strong> secar roupa existente numa cozinha adjacente a um quarto.<br />
As análises efectuadas tinham como objectivo fundamental a verificação da a<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong> ao ruí<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> baixa frequência <strong>do</strong>s critérios regulamentares <strong>para</strong> a caracterização da incomodida<strong>de</strong>.<br />
Palavras Chave: Incomodida<strong>de</strong>; Ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência; Vibração; Equipamentos mecânicos;<br />
Edifícios.<br />
iii
Abstract<br />
Although the evolution of mo<strong>de</strong>rn building services has brought improv<strong>em</strong>ents to our daily life, these<br />
improv<strong>em</strong>ents may also induce other probl<strong>em</strong>s, such as the appearance of unpleasant noise.<br />
Mechanical <strong>de</strong>vices are often related with probl<strong>em</strong>s such as building vibration or low frequency noise.<br />
The existing regulations and standards, namely the European standard EN ISO 140, inclu<strong>de</strong> some<br />
recommendations while analyzing situations related with low frequency noise. Nevertheless and<br />
because these recommendations are mainly focused on laboratory measur<strong>em</strong>ents, the field analysis of<br />
annoyance caused by low frequency noise is still in need of more standardization.<br />
In the present thesis, three real cases of annoyance by vibration and low frequency noise where<br />
analyzed. In the first phase the analysis consisted on experimental measur<strong>em</strong>ents to check the<br />
acoustical behavior of building el<strong>em</strong>ents and surroundings. In the second phase an experimental<br />
characterization was carried out to <strong>de</strong>scribe the annoyance situation. This characterization was ma<strong>de</strong><br />
based on existing regulations and non-normalized <strong>para</strong>meters.<br />
The first case which was studied was related with the propagation of noise, to a dwelling in the last<br />
floor, originated by the mechanical ventilation on the rooftop. In the second case, which occurred in the<br />
same building, the annoyance source was an automatic garage <strong>do</strong>or, located in the ground floor next<br />
to a living room. In the other flat the annoyance was caused by the normal functioning of a drying<br />
machine, which was located in a kitchen next to a sleeping room.<br />
The measur<strong>em</strong>ents and analysis carried out had the purpose to un<strong>de</strong>rstand if existing regulations are<br />
effective in <strong>de</strong>scribing annoyance situations caused by low frequency noise.<br />
Keywords: Annoyance; Low frequency noise; Vibration; Mechanical <strong>de</strong>vices<br />
v
Lista <strong>de</strong> símbolos<br />
A0 - Área <strong>de</strong> absorção sonora <strong>de</strong> referência (10m 2 )<br />
A2 - Área <strong>de</strong> absorção sonora <strong>do</strong> local receptor (m 2 );<br />
Aenv - Área <strong>de</strong> envidraça<strong>do</strong> (m 2 );<br />
Atot - Área total <strong>de</strong> uma fachada (m 2 );<br />
c0 - Velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> som no ar (ms -1 )<br />
D2m,nT,w - Índice <strong>de</strong> isolamento sonoro padroniza<strong>do</strong> fachadas com correcção <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />
reverberação (dB);<br />
Dn,w - Índice <strong>de</strong> isolamento sonoro padroniza<strong>do</strong> (dB) <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s interiores<br />
DnT,w - Índice <strong>de</strong> isolamento sonoro padroniza<strong>do</strong> (dB) com correcção <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação<br />
(dB)<br />
f – Frequência Herteziana (Hz)<br />
T0 - T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação <strong>de</strong> referência (0,5 s)<br />
T2 – T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação no local receptor<br />
Ia – Nível <strong>de</strong> Isolamento sonoro (dB), parâmetro utiliza<strong>do</strong> na versão <strong>do</strong> RGR (dB)<br />
correspon<strong>de</strong>nte ao DL<br />
K – Correcção <strong>de</strong> LA,eq <strong>para</strong> contabilização das características tonais <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong><br />
LA,eq – Nível sonoro contínuo equivalente pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> [A (dB)]<br />
Leq – Nível sonoro contínuo equivalente linear (dB)<br />
LAr,nT – Nível sonoro contínuo equivalente pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> A padroniza<strong>do</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular.<br />
Lp – Nível <strong>de</strong> pressão sonora (dB)<br />
L1 - Nível <strong>de</strong> pressão sonora na sala <strong>em</strong>issora (dB)<br />
L2 - Nível <strong>de</strong> pressão sonora na sala receptora (dB)<br />
L1,s- Nível <strong>de</strong> pressão sonora na superfície exterior da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fachada analisada (dB)<br />
L1,2m- Nível <strong>de</strong> pressão sonora a 2 metros da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fachada analisada (dB)<br />
R’45º,w - Índice <strong>de</strong> redução sonora medi<strong>do</strong> a 45º <strong>grau</strong>s (dB)<br />
vii
R’w – Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente (dB)<br />
S - Superfície <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento se<strong>para</strong>tivo (m 2 )<br />
ω – Frequência angular (rad/s)<br />
ω (l,m,n)- Frequências características <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos das salas <strong>em</strong> análise (rad/s)<br />
viii
Índice<br />
1. Introdução ....................................................................................................................................... 1<br />
1.1 Motivação .................................................................................................................................. 1<br />
1.2 Objectivos .................................................................................................................................. 1<br />
1.3 Estrutura da dissertação ............................................................................................................ 2<br />
2. Caracterização <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência ................................................................................... 3<br />
2.1 Introdução .................................................................................................................................. 3<br />
2.2 Características gerais <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência.................................................................... 3<br />
2.3 Um caso <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência ................................................................. 5<br />
2.4 Fontes <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência .......................................................................................... 6<br />
2.5 Efeitos <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência no ser humano .................................................................. 7<br />
2.6 Conclusão ................................................................................................................................ 11<br />
3. Caracterização <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ............................................................................................. 13<br />
3.1 Introdução ................................................................................................................................ 13<br />
3.2 Procedimentos gerais a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s nos ensaios .......................................................................... 14<br />
3.2.1 Procedimento geral <strong>para</strong> medição <strong>de</strong> isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo ......................................... 15<br />
3.2.2 Procedimento geral e normas <strong>para</strong> medição <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação ............................ 19<br />
3.2.3 I<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>do</strong>s compartimentos ..................................................... 20<br />
3.3. Exigências <strong>do</strong> Regulamento <strong>do</strong>s Requisitos Acústicos <strong>do</strong>s Edifícios ........................................ 21<br />
3.4 Edifício Santos Dumont ............................................................................................................ 21<br />
3.4.1 Descrição geral .................................................................................................................. 21<br />
3.4.2 Edifício Santos Dumont – 8º B ........................................................................................... 22<br />
3.4.3 Edifício Santos Dumont – rés-<strong>do</strong>-chão D............................................................................ 44<br />
3.5 Parque das Nações – 8º B ....................................................................................................... 49<br />
3.5.1 Introdução ......................................................................................................................... 49<br />
3.5.2 Caracterização da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a cozinha e o quarto .................................. 49<br />
3.6 Conclusões .............................................................................................................................. 53<br />
ix
4. Análise <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> ............................................................................................................... 55<br />
4.1 Introdução ................................................................................................................................ 55<br />
4.2 Edifício Santos Dumont – 8º B ................................................................................................. 56<br />
4.2.1 Introdução ......................................................................................................................... 56<br />
4.2.2 Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros <strong>em</strong> banda estreita ................................................................. 58<br />
4.2.3 Avaliação <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> LA,eq e tonalida<strong>de</strong> .......................................................................... 68<br />
4.2.4 Níveis <strong>de</strong> vibração nos ventila<strong>do</strong>res ................................................................................... 74<br />
4.3 Edifício Santos Dumont – R/C - D ............................................................................................ 77<br />
4.3.1 Introdução ......................................................................................................................... 77<br />
4.3.2 Espectros <strong>de</strong> R.B.F <strong>em</strong> banda estreita ............................................................................... 77<br />
4.3.2 Tonalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> e classificação da sala ....................................................................... 78<br />
4.3.3 Níveis <strong>de</strong> vibração na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a sala e a garag<strong>em</strong> ............................... 79<br />
4.4 Parque das Nações – 8ºB ........................................................................................................ 79<br />
4.4.1 Introdução ......................................................................................................................... 79<br />
4.4.2 Níveis LA,eq ........................................................................................................................ 80<br />
4.4.2 Níveis LAr,nT ........................................................................................................................ 80<br />
4.5 Conclusões .............................................................................................................................. 82<br />
5. Conclusões ................................................................................................................................... 85<br />
5.1 Síntese <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s e suas conclusões ................................................................ 85<br />
5.2 Trabalhos futuros ..................................................................................................................... 87<br />
6. Referências ................................................................................................................................... 89<br />
6.1 Livros, artigos e comunicações ................................................................................................ 89<br />
6.2 Normas e Regulamentos .......................................................................................................... 90<br />
6.3 Projectos.................................................................................................................................. 91<br />
ANEXO 1 ............................................................................................................................................. I<br />
Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros medi<strong>do</strong>s na cozinha ............................................................................ II<br />
Espectros <strong>de</strong> níveis sonoro medi<strong>do</strong>s no escritório ........................................................................... VI<br />
Espectros <strong>de</strong> níveis sonoro medi<strong>do</strong>s na suite .................................................................................. IX<br />
x
1. Introdução<br />
1.1 Motivação<br />
As novas exigências ao nível da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços existentes nos edifícios mo<strong>de</strong>rnos levam<br />
a que, cada vez mais, estes se torn<strong>em</strong> máquinas complexas <strong>de</strong>stinadas ao conforto humano. Além da<br />
busca primitiva <strong>de</strong> protecção, o ser humano <strong>de</strong> hoje <strong>em</strong> dia procura, com a tecnologia que t<strong>em</strong> ao seu<br />
dispor, tornar o meio que o ro<strong>de</strong>ia o mais agradável e confortável possível. No entanto, algumas<br />
<strong>de</strong>stas tecnologias po<strong>de</strong>m, por vezes, conduzir a situações inesperadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto,<br />
nomeadamente ao nível <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>. É o caso <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> por equipamentos <strong>do</strong>s edifícios<br />
associa<strong>do</strong>s a serviços <strong>de</strong> elevação mecânica, distribuição <strong>de</strong> águas, climatização ou ventilação. A<br />
incomodida<strong>de</strong> gerada por este tipo <strong>de</strong> equipamentos surge, por vezes, associada a probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />
vibração, sen<strong>do</strong>, portanto, provável a ocorrência <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>s com conteú<strong>do</strong>s importantes nas baixas<br />
frequências. Neste trabalho preten<strong>de</strong>u-se analisar alguns casos reais <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> e vibração gera<strong>do</strong>s por<br />
equipamentos <strong>do</strong>s edifícios. Este tipo <strong>de</strong> análise adquire particular importância numa altura <strong>em</strong> que se<br />
concentram esforços, a nível europeu, na construção <strong>de</strong> normas <strong>para</strong> quantificação da potência<br />
sonora injectada pelos equipamentos nas estruturas <strong>de</strong> suporte e, consequent<strong>em</strong>ente, nos edifícios. É<br />
também relevante a análise <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> causada por este tipo <strong>de</strong> equipamentos num intervalo<br />
alarga<strong>do</strong> <strong>de</strong> frequências abrangen<strong>do</strong> as baixas frequências, as quais são tradicionalmente<br />
menosprezadas pela normalização e regulamentação vigente.<br />
1.2 Objectivos<br />
A presente dissertação t<strong>em</strong> como objectivo principal a completa caracterização <strong>de</strong> situações <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sconforto <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a vibração e ruí<strong>do</strong> causa<strong>do</strong>s por equipamentos colectivos ou particulares <strong>do</strong>s<br />
edifícios. Para tal, foram selecciona<strong>do</strong>s, após inquérito, três casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, correspon<strong>de</strong>ntes à<br />
incomodida<strong>de</strong> gerada por:<br />
1- Ventilação <strong>de</strong> cobertura sobre fogo <strong>do</strong> último piso <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> habitação;<br />
2- Portão <strong>de</strong> garag<strong>em</strong> adjacente a fogo <strong>de</strong> piso térreo <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> habitação;<br />
3- Seca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> roupa <strong>em</strong> quarto adjacente à cozinha on<strong>de</strong> o mesmo está instala<strong>do</strong>.<br />
Em to<strong>do</strong>s os casos a incomodida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>scrita com base nas normas e regulamentos <strong>em</strong> vigor<br />
[N.1 a N.8] e também com base na sensibilida<strong>de</strong> humana ao ruí<strong>do</strong> e vibração <strong>de</strong> baixa frequência, a<br />
qual é <strong>de</strong>scrita <strong>em</strong> bibliografia especializada [1].<br />
Com os da<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s preten<strong>de</strong>u-se verificar a a<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s normativos e<br />
1
egulamentares à caracterização da incomodida<strong>de</strong> gerada por equipamentos mecânicos com eleva<strong>do</strong><br />
conteú<strong>do</strong> energético na gama das baixas frequências.<br />
As análises efectuadas foram totalmente experimentais, estan<strong>do</strong>, por esse motivo, sujeitas às<br />
vicissitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> trabalhos nomeadamente às dificulda<strong>de</strong>s associadas à relação sinal-ruí<strong>do</strong>.<br />
1.3 Estrutura da dissertação<br />
Apesar <strong>de</strong> a presente dissertação ter si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvida no âmbito <strong>de</strong> um Mestra<strong>do</strong> <strong>em</strong> Engenharia<br />
Civil, o t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> insere-se totalmente na área <strong>de</strong> acústica <strong>de</strong> edifícios. Assim, assume-se que o<br />
leitor conhece os termos teóricos e técnicos associa<strong>do</strong>s ao t<strong>em</strong>a, não sen<strong>do</strong> por isso apresentadas<br />
<strong>de</strong>finições no corpo da tese. Optou-se, ao invés, pela inclusão <strong>de</strong> referências bibliográficas on<strong>de</strong><br />
essas <strong>de</strong>finições po<strong>de</strong>m ser consultadas.<br />
Uma vez que a dissertação foca o t<strong>em</strong>a da incomodida<strong>de</strong>, é efectuada, no segun<strong>do</strong> capítulo, uma<br />
introdução ao t<strong>em</strong>a da propagação sonora <strong>em</strong> baixas frequências, com referências aos efeitos <strong>do</strong><br />
ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência no ser humano. Abordam-se ainda as normas e regulamentos utiliza<strong>do</strong>s e<br />
os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a caracterização da incomodida<strong>de</strong>.<br />
No terceiro capítulo são <strong>de</strong>scritos os casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e os ensaios necessários à sua caracterização<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> perceber correctamente a orig<strong>em</strong> <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as, foram efectua<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, ensaios <strong>de</strong> isolamento sonoro <strong>para</strong> caracterização da envolvente <strong>do</strong>s locais<br />
receptores. Foram ainda realiza<strong>do</strong>s ensaios <strong>para</strong> a caracterização qualida<strong>de</strong> acústica <strong>do</strong>s locais<br />
receptores.<br />
No quarto capítulo são <strong>de</strong>scritos os ensaios <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> por vibração e ruí<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> cada<br />
caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e são analisa<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />
No quinto capítulo apresentam-se as conclusões relativas <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e ainda possíveis soluções ou<br />
caminhos <strong>de</strong> investigação a seguir numa fase posterior.<br />
2
2. Caracterização <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência<br />
2.1 Introdução<br />
Neste capítulo <strong>de</strong>screve-se a génese <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as associa<strong>do</strong>s a ruí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> baixa frequência. Para<br />
tal, é inicialmente apresentada uma <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> Ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Baixa Frequência (RBF), seguida <strong>de</strong> uma<br />
análise <strong>do</strong>s efeitos que este tipo <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ter sobre as pessoas.<br />
2.2 Características gerais <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa<br />
frequência<br />
O RBF começou a ser estuda<strong>do</strong> nos anos 60 [2]. Foi nessa época que surgiram as primeiras<br />
publicações sobre este t<strong>em</strong>a. Os probl<strong>em</strong>as relaciona<strong>do</strong>s com este tipo <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> começaram a<br />
assumir um papel mais relevante com a proliferação das fontes <strong>de</strong> RBF e com a introdução na<br />
construção corrente <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos construtivos leves, tais como tectos falsos, soalhos flutuantes ou<br />
pare<strong>de</strong>s interiores <strong>de</strong> gesso cartona<strong>do</strong> (tabique). Mathys [3] afirma que, quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> ressonância,<br />
estes el<strong>em</strong>entos construtivos po<strong>de</strong>m apresentar uma significativa amplificação da vibração estrutural.<br />
O RBF, o qual se caracteriza por ser muito invasivo, é geralmente acompanha<strong>do</strong> por vibração.<br />
Segun<strong>do</strong> Neves e Sousa [2], os principais probl<strong>em</strong>as relaciona<strong>do</strong>s com a propagação <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />
ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong>corr<strong>em</strong>:<br />
• da baixa resistência oferecida pelas construções actuais à sua passag<strong>em</strong>;<br />
• da sua capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> “mascarar” frequências mais altas, não sen<strong>do</strong> “mascara<strong>do</strong>” [1] por<br />
estas;<br />
• da sua capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> induzir vibrações nas estruturas e no corpo humano.<br />
Como se ilustra na Figura 2.1, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência aquele <strong>em</strong> que o<br />
espectro sonoro t<strong>em</strong> pre<strong>do</strong>minância nas frequências entre 20 e 200 Hz. Para pessoas jovens e<br />
saudáveis, as frequências audíveis encontram-se entre os 20 e os 20 000 Hz [4]. Acima <strong>do</strong>s<br />
20 000 Hz situam-se os chama<strong>do</strong>s ultra-sons, enquanto na gama entre os 2 e os 20 Hz se encontram<br />
os chama<strong>do</strong>s infra-sons. Estes limites não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s absolutos. De facto, os infra-sons<br />
são perceptíveis <strong>para</strong> alguns indivíduos quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> intensida<strong>de</strong>s elevadas. O limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
RBF e infra-sons é forneci<strong>do</strong> por Berglund [4] com base numa recolha <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diversos autores<br />
(Figura 2.2). À primeira vista parece difícil que o ser humano seja capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar o RBF. Berglund<br />
3
efere uma explicação <strong>de</strong> Von Gierke e Nixon [4] <strong>para</strong> este fenómeno, segun<strong>do</strong> a qual, a audição se<br />
fará por <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> distorções harmónicas <strong>em</strong> bandas <strong>de</strong> frequências mais elevadas causadas por<br />
não linearida<strong>de</strong>s da condução sonora no ouvi<strong>do</strong> médio e interno.<br />
Infra-Sons (com<br />
Infra-Sons<br />
ressonância corporal)<br />
Ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Baixa<br />
Frequência<br />
Frequência (Hz)<br />
Figura 2.1 - Diferentes tipos <strong>de</strong> som consoante a frequência.<br />
Figura 2.2 - Compilação da variação <strong>do</strong>s limites <strong>de</strong> audição humana [4].<br />
4<br />
Ruí<strong>do</strong> audível<br />
1 10 20 200 20.000<br />
dB<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
1 10 100 1000<br />
f (Hz)<br />
Ultra - Sons
Estu<strong>do</strong>s laboratoriais realiza<strong>do</strong>s por Person e Rylan<strong>de</strong>r [5] indicam que ruí<strong>do</strong>s com conteú<strong>do</strong>s<br />
energéticos importantes nas frequências entre 30 e 40 Hz são, <strong>em</strong> geral, os mais perturba<strong>do</strong>res <strong>para</strong><br />
o ser humano. Esta perturbação aumenta quan<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> oscila. Mathys [3] confirma que o<br />
<strong>de</strong>sconforto é induzi<strong>do</strong> pela intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> e também pela sua oscilação ao longo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po.<br />
Muitas <strong>de</strong>stas situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto têm lugar durante a noite <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à redução <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> fun<strong>do</strong> [4]. Alguns casos <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> por ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência foram relata<strong>do</strong>s por<br />
Asselineu [6] e Broner [7], sen<strong>do</strong> um <strong>de</strong>stes casos reproduzi<strong>do</strong> na secção seguinte.<br />
2.3 Um caso <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa<br />
frequência<br />
Broner N. [7] relata a incomodida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ocupante <strong>de</strong> um apartamento que afirmava não conseguir<br />
<strong>do</strong>rmir à noite <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência, provavelmente origina<strong>do</strong> por uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
aquecimento central <strong>do</strong> edifício. Porém, o cônjuge da ocupante (que possuía uma audição normal)<br />
não apresentava qualquer tipo <strong>de</strong> queixa. Após a realização <strong>de</strong> medições no local, verificou-se que o<br />
valor global <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> pressão sonora no quarto era <strong>de</strong> 63 dB, ao que correspondiam apenas<br />
32 dB(A), valor este que se situava <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites regulamentares. Ao efectuar uma análise mais<br />
cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> espectro verificou-se que o ruí<strong>do</strong> possuía uma forte componente próximo <strong>do</strong>s 50 Hz<br />
(Figura 2.3).<br />
Figura 2.3 - Gráfico com a situação relatada por Broner [7].<br />
Este ex<strong>em</strong>plo simples <strong>de</strong>monstra que a utilização da pon<strong>de</strong>ração A [1], tal como previsto na<br />
regulamentação, é <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quada na medição <strong>de</strong> baixas frequências, corren<strong>do</strong>-se o risco <strong>de</strong><br />
subvalorizar o probl<strong>em</strong>a. Uma outra questão levantada nestes casos <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> por ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
baixa frequência é o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> medição previsto nas normas [N.1], o qual consi<strong>de</strong>ra médias espaciais<br />
<strong>do</strong>s níveis sonoros. Este méto<strong>do</strong> justifica-se quan<strong>do</strong> o campo sonoro instala<strong>do</strong> é aproximadamente<br />
5
difuso. Infelizmente, nas baixas frequências, o campo sonoro instala<strong>do</strong> nos compartimentos correntes<br />
<strong>de</strong> habitação t<strong>em</strong> características francamente modais, daí <strong>de</strong>corren<strong>do</strong> uma significativa variação<br />
espacial <strong>do</strong>s níveis sonoros [2]. Por ex<strong>em</strong>plo, junto às pare<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> é mais provável localizar<strong>em</strong>-se<br />
as cabeceiras das camas <strong>do</strong>s quartos, o nível sonoro <strong>de</strong> baixa frequência é mais eleva<strong>do</strong>. [3]. Sen<strong>do</strong><br />
assim, os valores globais medi<strong>do</strong>s nos compartimentos, seguin<strong>do</strong> as exigências <strong>do</strong>s regulamentos,<br />
não conduz<strong>em</strong> a uma avaliação real <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a associa<strong>do</strong> às baixas frequências.<br />
Convém notar que o número <strong>de</strong> queixas relativas a incomodida<strong>de</strong> por ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência, como<br />
referi<strong>do</strong> anteriormente, t<strong>em</strong> vin<strong>do</strong> a aumentar. Este aspecto é preocupante e justifica a intensificação<br />
<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre o t<strong>em</strong>a. De acor<strong>do</strong> com um estu<strong>do</strong> efectua<strong>do</strong> pela Agência <strong>de</strong> Protecção Ambiental<br />
<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, o qual é cita<strong>do</strong> por Person e Rylan<strong>de</strong>r [5], foi <strong>de</strong>senvolvida uma<br />
formulação mat<strong>em</strong>ática <strong>para</strong> o probl<strong>em</strong>a <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> tráfego aéreo, que indica que se 5 % da<br />
população se queixa é porque, <strong>de</strong> facto, cerca <strong>de</strong> 30 % está realmente muito incomodada. Este valor<br />
varia ainda <strong>de</strong> país <strong>para</strong> país, sen<strong>do</strong> muito influencia<strong>do</strong> pela cultura, tal como referi<strong>do</strong> por Sato [8].<br />
Neste estu<strong>do</strong>, a população al<strong>em</strong>ã é i<strong>de</strong>ntificada como a mais activa nas medidas a<strong>do</strong>ptadas contra as<br />
fontes <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> o povo japonês o mais passivo. Concluin<strong>do</strong>, o simples facto <strong>de</strong><br />
existir<strong>em</strong> queixas relativas a ruí<strong>do</strong> não permite perceber correctamente a dimensão <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a mas<br />
apenas tomar consciência da sua existência.<br />
2.4 Fontes <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência<br />
As fontes <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência existentes po<strong>de</strong>m ser classificadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s<br />
grupos: artificiais ou naturais. Uma vez que a incomodida<strong>de</strong> está intrinsecamente relacionada com a<br />
atitu<strong>de</strong> perante a fonte <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> [4], o ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> natural, como o produzi<strong>do</strong> pelos relâmpagos ou<br />
as ondas marítimas não é tão susceptível <strong>de</strong> gerar incomodida<strong>de</strong> como o ruí<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> por fontes<br />
artificiais. Dentro das fontes artificiais po<strong>de</strong> ainda a<strong>do</strong>ptar-se a classificação seguida por Neves e<br />
Sousa [2], que consi<strong>de</strong>ra três tipos <strong>de</strong> fontes sonoras: fontes sonoras exteriores (tráfego aéreo,<br />
ro<strong>do</strong>viário ou ferroviário), equipamentos mecânicos colectivos <strong>em</strong> edifícios e equipamentos<br />
<strong>do</strong>mésticos.<br />
Sen<strong>do</strong> o objectivo <strong>de</strong>ste trabalho a avaliação <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> proveniente <strong>de</strong> dispositivos mecânicos<br />
colectivos ou <strong>do</strong>mésticos, listam-se apenas as fontes sonoras <strong>de</strong>ste tipo: bombas, compressores,<br />
cal<strong>de</strong>iras, equipamentos <strong>de</strong> ventilação mecânica, unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ar condiciona<strong>do</strong>, frigoríficos, circulação<br />
<strong>de</strong> águas, circulação <strong>de</strong> veículos <strong>em</strong> parques <strong>de</strong> estacionamento resi<strong>de</strong>nciais, eleva<strong>do</strong>res,<br />
mecanismos <strong>de</strong> portões <strong>de</strong> garag<strong>em</strong> e portas da rua, máquinas <strong>de</strong> lavar ou secar roupa.<br />
De acor<strong>do</strong> com Yamada et al. [9], o RBF po<strong>de</strong> ser produzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma directa ou indirecta. Num caso,<br />
o ruí<strong>do</strong> é gera<strong>do</strong> directamente pela fonte sonora. No outro o ruí<strong>do</strong> é proveniente das vibrações<br />
introduzidas nos el<strong>em</strong>entos construtivos pelos equipamentos.<br />
6
2.5 Efeitos <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência no ser<br />
humano<br />
O ruí<strong>do</strong>, <strong>em</strong> geral, t<strong>em</strong> uma conotação negativa. A reacção ao ruí<strong>do</strong> varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com inúmeros<br />
factores, internos ou externos ao sujeito, tais como: esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito <strong>do</strong> receptor, activida<strong>de</strong> que o<br />
receptor está a <strong>de</strong>senvolver no momento, o tipo <strong>de</strong> som e a fonte <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>. Grimwood [10] apresenta<br />
<strong>do</strong>is bons ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> diferentes reacções a sons idênticos. Num <strong>do</strong>s ex<strong>em</strong>plos é referi<strong>do</strong> que uma<br />
sinfonia <strong>de</strong> Beethoven po<strong>de</strong> ser muito agradável, mas quan<strong>do</strong> se tenta <strong>do</strong>rmir, se o volume <strong>de</strong><br />
reprodução for exagera<strong>do</strong> torna-se incómo<strong>do</strong>. O segun<strong>do</strong> ex<strong>em</strong>plo é o <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma mota <strong>em</strong><br />
circulação o qual é certamente agradável ou indiferente <strong>para</strong> o seu condutor, mas <strong>de</strong>sagradável <strong>para</strong><br />
os transeuntes.<br />
No <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> dia-a-dia o ruí<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ter inúmeras formas <strong>de</strong> influência sobre o ser humano. A<br />
Figura 2.4 caracteriza, <strong>de</strong> uma forma simples mas eficaz, a reacção <strong>de</strong> um indivíduo a uma fonte<br />
sonora perturba<strong>do</strong>ra. Grimwood [10] <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que um isolamento sonoro <strong>de</strong>ficiente po<strong>de</strong> levar à<br />
alteração <strong>do</strong>s hábitos sociais. Isto acontece <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à óbvia falta <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sta<br />
situação.<br />
O ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência manifesta as características acima enunciadas e ainda outras, as quais se<br />
<strong>de</strong>screv<strong>em</strong> <strong>em</strong> seguida. De acor<strong>do</strong> com Berglund [4] e Broner [7], po<strong>de</strong>m existir efeitos <strong>do</strong> RBF sobre<br />
o corpo humano tais como: <strong>do</strong>r auditiva, falta <strong>de</strong> equilíbrio, danos permanentes, efeitos sobre o<br />
sist<strong>em</strong>a respiratório ou endócrino [11]. No entanto, estes efeitos só assum<strong>em</strong> relevância <strong>para</strong><br />
intensida<strong>de</strong>s muito elevadas, o que não se verifica nas situações correntes. Berglund [4] sugere que<br />
po<strong>de</strong>m ainda ocorrer efeitos sobre o sist<strong>em</strong>a cardiovascular, tais como aumento da pressão arterial<br />
<strong>em</strong> pessoas expostas durante longos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po a RBF. Outro efeito possível é a alteração<br />
t<strong>em</strong>porária ou permanente da acuida<strong>de</strong> auditiva. A qual po<strong>de</strong> servir como aviso prévio à ocorrência <strong>de</strong><br />
danos permanentes <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> exposição continuada.<br />
Como consequência <strong>do</strong> incómo<strong>do</strong> provoca<strong>do</strong> pelo RBF, po<strong>de</strong> ainda observar-se redução da<br />
produtivida<strong>de</strong>, ocorrência <strong>de</strong> distúrbios <strong>do</strong> sono ou até mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão [4]. Estes efeitos, que se<br />
relacionam entre si, estão ainda <strong>em</strong> investigação.<br />
7
Figura 2.4 - Reacção tipo ao ruí<strong>do</strong> imag<strong>em</strong> adaptada <strong>de</strong> [10].<br />
Para frequências muito baixas o limiar <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> situa-se ligeiramente acima <strong>do</strong> limiar <strong>de</strong><br />
audição [7]. À medida que a frequência diminui, é necessário um menor aumento <strong>de</strong> nível sonoro <strong>para</strong><br />
causar o mesmo nível <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> (Figura 2.5). Nas baixas frequências, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que<br />
intensida<strong>de</strong> e incomodida<strong>de</strong> são conceitos equivalentes <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>ira [2].<br />
Uma vez que a utilização <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rações sobre o espectro sonoro, tais como a escala dB (A),<br />
escon<strong>de</strong>m o conteú<strong>do</strong> <strong>em</strong> frequência, foram introduzidas curvas <strong>de</strong> classificação <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
compartimentos. Estas curvas <strong>de</strong> classificação permit<strong>em</strong> analisar e classificar o ruí<strong>do</strong> consoante os<br />
espectros sonoros regista<strong>do</strong>s. Na Europa as curvas <strong>de</strong> classificação mais utilizadas são as curvas NR<br />
(Noise Rating) [12].<br />
Esta classificação é dada pela curva mais alta que é intersectada pelo espectro sonoro regista<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
bandas <strong>de</strong> 1/3 <strong>de</strong> oitava. A classificação a<strong>do</strong>ptada correspon<strong>de</strong> à seguinte escala<br />
NR = 25 a 30 Compartimento muito silencioso;<br />
NR = 40 Compartimento silencioso<br />
NR = 50 Compartimento mo<strong>de</strong>radamente rui<strong>do</strong>so;<br />
NR = 60 Compartimento rui<strong>do</strong>so;<br />
NR = 70 Compartimento muito rui<strong>do</strong>so.<br />
8
Lp (dB)<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
20 40 60 77 80 83 93 97 100 103 110 117 120 125<br />
Figura 2.5 - Relação entre o nível <strong>de</strong> pressão sonora e o <strong>grau</strong> <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> <strong>para</strong> cinco bandas <strong>de</strong><br />
frequências [13].<br />
O valor <strong>de</strong> NR é comparável com o nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> com a pon<strong>de</strong>ração A, através da seguinte<br />
regra aproximada: dB(A) = NR + 5 dB.<br />
Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América são utilizadas as curvas NC (Noise Criteria), introduzidas por<br />
Beranek <strong>em</strong> 1957 [12]. Posteriormente e após uma série <strong>de</strong> melhorias nas curvas NC, foram<br />
introduzidas <strong>em</strong> 1994, por Broner [14], as curvas RSQ (Room Sound Quality), que são apresentadas<br />
na Figura 2.6 sob a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> LFRC (Low Frequency Room Classification).<br />
A classificação da incomodida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ainda ser efectuada com<strong>para</strong>n<strong>do</strong> os espectros sonoros<br />
regista<strong>do</strong>s com o limiar <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> por RBF proposto por Inukai [15] (Figura 2.7). Este limiar<br />
está próximo da isofónica normalizada <strong>do</strong>s 30 fones [1]. Conforme ilustra<strong>do</strong> na Figura 2.6 e Figura 2.7,<br />
o limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> as frequências mais baixas é bastante próximo <strong>do</strong> limite <strong>de</strong><br />
incomodida<strong>de</strong>, o que leva alguns autores a consi<strong>de</strong>rar, <strong>de</strong> forma conserva<strong>do</strong>ra, qualquer ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
baixa frequência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que audível, como incómo<strong>do</strong>.<br />
O RBF surge normalmente associa<strong>do</strong> a vibração estrutural. A este respeito, refere-se, a título <strong>de</strong><br />
curiosida<strong>de</strong>, que estu<strong>do</strong>s conduzi<strong>do</strong>s por Yamada et al.[9] indicam que o RBF po<strong>de</strong> ser senti<strong>do</strong> sob a<br />
forma <strong>de</strong> vibração por pessoas surdas (Figura 2.8).<br />
9<br />
1000<br />
31,5<br />
16<br />
8<br />
4<br />
f (Hz)<br />
Hz<br />
Hz<br />
Hz<br />
Hz<br />
Hz
Lp (dB) 100<br />
Lp (dB)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
16 20 25 31,5 40 50 63 80 100 125 160 200 250<br />
Figura 2.6 - Curvas <strong>de</strong> classificação RSQ (LFRC) [14].<br />
16 20 25 31,5 40 50 63 80 100 125 160 200 250<br />
Figura 2.7 - Critérios <strong>para</strong> avaliação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>.<br />
10<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)<br />
limiar <strong>de</strong><br />
audição<br />
30 fones<br />
LFRC-20<br />
LFRC-25<br />
LFRC-30<br />
LFRC-35<br />
LFRC-40<br />
LFRC-45<br />
LFRC-50<br />
limiar <strong>de</strong><br />
audição<br />
30 fones<br />
LFRC-20<br />
LFRC-35<br />
LFRC-50<br />
Inukai<br />
[15]<br />
.
SPL (dB)<br />
130<br />
125<br />
120<br />
115<br />
110<br />
105<br />
100<br />
95<br />
90<br />
85<br />
10 100 1000<br />
Figura 2.8 - Limiar <strong>de</strong> sensação <strong>do</strong> RBF por pessoas surdas [9].<br />
Ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Yamada et al.[16], o limiar <strong>de</strong> percepção <strong>de</strong> vibração pelo corpo humano<br />
<strong>de</strong>cresce na presença <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>.<br />
2.6 Conclusão<br />
f (Hz)<br />
Muito <strong>em</strong>bora as situações <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> originadas por ruí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> baixa frequência não constituam<br />
um probl<strong>em</strong>a que afecte a generalida<strong>de</strong> das populações, po<strong>de</strong>-se afirmar que, quan<strong>do</strong> ocorre um<br />
probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong>ste tipo, as suas consequências <strong>para</strong> as pessoas afectadas são, <strong>em</strong> geral, graves e<br />
difíceis <strong>de</strong> medir ou atenuar. Desta forma, é importante aprofundar o estu<strong>do</strong> nesta área,<br />
nomeadamente na caracterização <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> por alguns equipamentos mecânicos <strong>de</strong><br />
utilização corrente <strong>em</strong> edifícios, como é o caso, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> portões <strong>de</strong><br />
garag<strong>em</strong>. Po<strong>de</strong> referir-se que não foi encontrada qualquer referência sobre o assunto na pesquisa<br />
bibliográfica efectuada no âmbito <strong>de</strong>sta dissertação. Nos capítulos seguintes é efectuada uma<br />
tentativa <strong>de</strong> caracterização da incomodida<strong>de</strong> gerada por alguns equipamentos nomeadamente um<br />
mecanismo <strong>de</strong> portão <strong>de</strong> garag<strong>em</strong>, ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura e uma máquina <strong>de</strong> secar roupa.<br />
11
3. Caracterização <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />
3.1 Introdução<br />
Neste capítulo faz-se uma caracterização <strong>do</strong>s locais on<strong>de</strong> foram realizadas as medições <strong>de</strong> avaliação<br />
<strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>. Numa primeira fase, são indicadas a localização e as características principais <strong>do</strong>s<br />
edifícios escolhi<strong>do</strong>s. Em seguida, são <strong>de</strong>scritos os procedimentos gerais e as normas a<strong>do</strong>ptadas na<br />
realização <strong>do</strong>s diversos ensaios. Finalmente, é apresentada a caracterização acústica <strong>do</strong>s locais, a<br />
qual foi efectuada através <strong>de</strong> medições realizadas in situ. São ainda <strong>de</strong>scritos os procedimentos<br />
a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s e as dificulda<strong>de</strong>s encontradas no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s ensaios.<br />
Foram realiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> análise aos da<strong>do</strong>s resultantes das medições <strong>de</strong> caracterização<br />
acústica, com<strong>para</strong>n<strong>do</strong>-se, numa primeira fase, os valores <strong>de</strong> isolamento sonoro obti<strong>do</strong>s<br />
experimentalmente com os previstos <strong>em</strong> projecto. Numa segunda fase, é apresentada uma explicação<br />
<strong>para</strong> a diferença <strong>de</strong> comportamento entre el<strong>em</strong>entos construtivos s<strong>em</strong>elhantes localiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> zonas<br />
distintas das habitações.<br />
Para seleccionar os casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> foi efectuada uma pesquisa, junto <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40 pessoas.<br />
Foram escolhi<strong>do</strong>s três locais <strong>de</strong> medição, ten<strong>do</strong> existi<strong>do</strong>, <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os casos a preocupação <strong>de</strong><br />
verificar <strong>de</strong> forma subjectiva se os probl<strong>em</strong>as relata<strong>do</strong>s pelos mora<strong>do</strong>res seriam <strong>de</strong> facto mensuráveis<br />
ou se, pelo contrário, correspon<strong>de</strong>riam a casos <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> ao ruí<strong>do</strong>. Os locais <strong>de</strong> medição<br />
foram escolhi<strong>do</strong>s, na medida <strong>do</strong> possível, consoante a disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res, e s<strong>em</strong>pre com<br />
o objectivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar diferentes situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto. Com o objectivo <strong>de</strong> obter resulta<strong>do</strong>s<br />
mais consistentes e correlacionáveis entre si, assumiu-se, à partida, que as medições <strong>de</strong>veriam ser<br />
efectuadas <strong>em</strong> edifícios <strong>de</strong> construção corrente, com estrutura betão arma<strong>do</strong> e pare<strong>de</strong>s <strong>em</strong> alvenaria<br />
<strong>de</strong> tijolo cerâmico fura<strong>do</strong>. Os <strong>do</strong>is prédios on<strong>de</strong> foram efectuadas medições situam-se <strong>em</strong> Lisboa. Das<br />
três fracções <strong>de</strong> habitação analisadas, duas <strong>de</strong>las situam-se no mesmo edifício, o qual se localiza no<br />
cruzamento da Rua D. Luís <strong>de</strong> Noronha com a Av. Santos Dumont, na zona da Praça <strong>de</strong> Espanha <strong>em</strong><br />
Lisboa, <strong>do</strong>ravante <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> como edifício Santos Dumont. O outro edifício on<strong>de</strong> foram efectuadas<br />
medições correspon<strong>de</strong> ao Lote C da Rua Conselheiro Lopo Vaz, na zona <strong>do</strong> Parque das Nações,<br />
<strong>do</strong>ravante <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> como edifício <strong>do</strong> Parque das Nações.<br />
No edifício Santos Dumont, a situação mais grave <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência (RBF) ocorria ao nível<br />
<strong>do</strong> oitavo piso (último piso) <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao funcionamento, durante a noite, <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura,<br />
os quais impediam o sono da única mora<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> apartamento. A outra situação, também grave, mas<br />
menos intensa <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista das consequências <strong>para</strong> os mora<strong>do</strong>res, ocorria ao nível <strong>do</strong> rés-<strong>do</strong>-<br />
chão <strong>do</strong> mesmo edifício, sen<strong>do</strong> provocada pelo mecanismo <strong>do</strong> portão da garag<strong>em</strong>, o qual se localiza<br />
junto a uma das pare<strong>de</strong>s exteriores da sala <strong>de</strong> estar. Finalmente, no edifício <strong>do</strong> Parque das Nações, o<br />
13
uí<strong>do</strong> e vibração eram provoca<strong>do</strong>s por uma máquina <strong>de</strong> secar roupa instalada na cozinha, junto a uma<br />
pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> um quarto. Haven<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar o funcionamento da fonte<br />
sonora, este caso é, obviamente, o menos gravoso. Na Tabela 3.1 são ilustra<strong>do</strong>s os ensaios<br />
realiza<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a caracterização acústica <strong>do</strong>s três casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
Local<br />
8ºB Santos<br />
Dumont<br />
R/C - D Santos<br />
Dumont<br />
8ºB Parque das<br />
Nações<br />
T<strong>em</strong>po<br />
Reverberação<br />
Tabela 3.1 - Ensaios realiza<strong>do</strong>s nos diversos fogos.<br />
Pare<strong>de</strong>s<br />
Interiores<br />
Isolamento Sonoro I<strong>de</strong>ntificação<br />
14<br />
Fachada Cobertura<br />
<strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
acústicos<br />
X X X X X<br />
X X<br />
X X<br />
Após algum t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à aquisição e pre<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> equipamentos, no qual se inclui o t<strong>em</strong>po<br />
necessário <strong>para</strong> familiarização com os mesmos, foram iniciadas as medições <strong>de</strong> campo, indicadas na<br />
Tabela 3.1, apenas <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2008.<br />
Na secção seguinte é efectuada uma <strong>de</strong>scrição geral <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> ensaios realiza<strong>do</strong>s b<strong>em</strong> como das<br />
normas e procedimentos a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a caracterização da incomodida<strong>de</strong> por RBF <strong>em</strong> cada caso<br />
<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
3.2 Procedimentos gerais a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s nos ensaios<br />
Em primeiro lugar foi <strong>de</strong>cidida a localização <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> medição, a qual foi registada <strong>em</strong> planta. Os<br />
pontos <strong>de</strong> medição foram escolhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma a respeitar, <strong>de</strong> uma forma geral, as recomendações das<br />
normas aplicáveis. Os pontos escolhi<strong>do</strong>s nesta primeira fase <strong>de</strong> caracterização acústica <strong>do</strong>s locais<br />
foram a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> todas as fases <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> forma a simplificar o processo.
As normas e regulamentos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s neste trabalho foram os seguintes:<br />
Avaliação <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> isolamento sonoro - EN ISO140 Parte 3,4,5 [N.1, N.2, N.3];<br />
Medição <strong>do</strong>s t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> reverberação - Norma EN ISO 354 - [N.4];<br />
Regulamento Geral <strong>do</strong> Ruí<strong>do</strong> – RGR [N.5];<br />
Regulamento <strong>do</strong>s Requisitos Acústicos <strong>do</strong>s Edifícios - RRAE [N.6].<br />
Em seguida são apresenta<strong>do</strong>s os procedimentos gerais <strong>para</strong> cada tipo <strong>de</strong> ensaio, sen<strong>do</strong><br />
posteriormente <strong>de</strong>scritas as especificida<strong>de</strong>s associadas a cada caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
3.2.1 Procedimento geral <strong>para</strong> medição <strong>de</strong> isolamento a<br />
ruí<strong>do</strong> aéreo<br />
O ensaio <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> redução sonora (ou índice <strong>de</strong> isolamento sonoro), consiste na<br />
injecção <strong>de</strong> uma dada potência sonora num compartimento (utilizan<strong>do</strong> uma fonte sonora) e uma<br />
posterior medição <strong>do</strong>s níveis sonoros na sala <strong>em</strong>issora e receptora, através da qual se estima índice<br />
<strong>de</strong> redução sonora aparente (ou índice <strong>de</strong> isolamento sonoro). Tanto os ensaios <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong><br />
índice <strong>de</strong> isolamento sonoro <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s exteriores como <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s interiores foram efectua<strong>do</strong>s com<br />
base nas recomendações da norma EN ISO 140. Para as pare<strong>de</strong>s interiores foi utilizada a parte 4<br />
[N.2] e <strong>para</strong> o ensaio <strong>de</strong> fachadas a parte 5 [N.3] da norma. O procedimento é relativamente<br />
s<strong>em</strong>elhante <strong>em</strong> ambos os casos e segue as mesmas recomendações relativas a distâncias e número<br />
<strong>de</strong> posições da fonte e microfone. A principal diferença entre os <strong>do</strong>is ensaios <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> facto <strong>de</strong>, na<br />
análise <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s interiores, se instalar nos espaços <strong>em</strong>issores fecha<strong>do</strong>s um campo sonoro que a<br />
norma consi<strong>de</strong>ra difuso ou praticamente difuso, enquanto que no ensaio <strong>de</strong> caracterização <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho acústico <strong>de</strong> fachadas, a fonte sonora é colocada no exterior, não dan<strong>do</strong>, portanto lugar a<br />
um campo sonoro difuso. Em ambos os ensaios, os níveis <strong>de</strong> pressão sonora no compartimento<br />
receptor são obti<strong>do</strong>s da mesma forma. Os ensaios realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> coberturas foram trata<strong>do</strong>s como se<br />
<strong>de</strong> ensaios <strong>em</strong> fachadas se tratass<strong>em</strong>. Em seguida, são apresentadas as meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong>finidas pela<br />
norma EN ISO 140, relacionan<strong>do</strong>-se os diferentes índices utiliza<strong>do</strong>s. Finalmente, são apresenta<strong>do</strong>s os<br />
requisitos mínimos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pelo Regulamento <strong>do</strong>s Requisitos Acústicos <strong>do</strong>s Edifícios [N.6].<br />
3.2.1.1 Regras gerais<br />
Distâncias mínimas relativas aos pontos <strong>de</strong> medição<br />
As diversas partes da norma EN ISO 140, <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> três distâncias mínimas a consi<strong>de</strong>rar nos ensaios:<br />
entre a posição <strong>do</strong>s microfones e os limites da sala ou móveis, entre as posições <strong>do</strong>s microfones,<br />
entre a posição <strong>do</strong>s microfones e a fonte sonora. As distâncias a a<strong>do</strong>ptar são, respectivamente: 0,5 m;<br />
15
0,7 m e 1,0 m. É, no entanto, aconselhável que se a<strong>do</strong>pt<strong>em</strong> distâncias superiores s<strong>em</strong>pre que tal for<br />
possível. No caso <strong>de</strong> medições <strong>de</strong> isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo <strong>em</strong> baixas frequências, o anexo D da<br />
parte três da norma EN ISO 140 [N.1] refere que, <strong>para</strong> medições na banda <strong>do</strong>s 50 Hz, estas distâncias<br />
<strong>de</strong>verão ser o <strong>do</strong>bro das apresentadas anteriormente, exceptuan<strong>do</strong> a distância entre posição <strong>do</strong>s<br />
microfones e limites da sala ou móveis, a qual <strong>de</strong>verá ser superior a 1,2 m ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> maior<br />
comprimento <strong>de</strong> onda associa<strong>do</strong> ao ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência. Note-se que estas regras são mais<br />
facilmente cumpridas <strong>em</strong> laboratório, o que constitui o âmbito da aplicação da norma, mas muito<br />
dificilmente observáveis in situ, on<strong>de</strong> as dimensões <strong>do</strong>s compartimentos correntes são relativamente<br />
pequenas.<br />
Distâncias mínimas entre posições da fonte sonora e número mínimo <strong>de</strong> posições da fonte<br />
As diferentes posições da fonte sonora <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar afastadas pelo menos 1,4 metros entre si <strong>para</strong><br />
duas das posições e 0,7 m relativamente à terceira ou quarta localização. É ainda <strong>de</strong> vital importância<br />
que as três posições consi<strong>de</strong>radas não se encontr<strong>em</strong> num plano <strong>para</strong>lelo a qualquer das superfícies<br />
envolventes da sala.<br />
Número <strong>de</strong> posições <strong>de</strong> medição<br />
O número <strong>de</strong> posições <strong>de</strong> medição <strong>para</strong> microfones fixos nunca inferior a <strong>de</strong>z, <strong>de</strong>ve ser escolhi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
forma a cobrir homogeneamente o volume da sala. Estas <strong>de</strong>z posições <strong>de</strong> medição correspon<strong>de</strong>m a<br />
cinco posições <strong>de</strong> medição <strong>para</strong> cada duas posições da fonte sonora. No caso <strong>de</strong> se preten<strong>de</strong>r um<br />
estu<strong>do</strong> relativo às baixas frequências, <strong>de</strong>ve-se assumir um maior número <strong>de</strong> posições <strong>de</strong> medição e<br />
da fonte sonora. Isto permite excitar diferentes campos sonoros e diferentes mo<strong>do</strong>s acústicos da sala,<br />
conseguin<strong>do</strong>-se uma melhor <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> campo sonoro instala<strong>do</strong>. Ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com anexo D da<br />
parte três da norma EN ISO 140 [N.1], o número mínimo <strong>de</strong> posições a a<strong>do</strong>ptar <strong>para</strong> a fonte sonora<br />
<strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> três.<br />
3.2.1.2 Isolamento sonoro <strong>em</strong> pare<strong>de</strong>s interiores<br />
A acústica clássica <strong>de</strong> salas assume a instalação <strong>de</strong> campos sonoros difusos nos compartimentos.<br />
Um campo sonoro difuso é aquele <strong>em</strong> que, após um perío<strong>do</strong> inicial <strong>de</strong> estabilização, as pressões<br />
sonoras são sensivelmente constantes <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os pontos. Isto acontece <strong>em</strong> resulta<strong>do</strong> das inúmeras<br />
reflexões <strong>do</strong> som, as quais se combinam com o campo sonoro directo. Se for consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> que a<br />
pressão sonora é aproximadamente constante <strong>de</strong> ponto <strong>para</strong> ponto, a média espacial <strong>do</strong>s níveis<br />
sonoros medi<strong>do</strong>s num compartimento será um bom indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> nível sonoro instala<strong>do</strong> no campo<br />
difuso. Assim, é possível estimar o índice <strong>de</strong> redução sonora através <strong>de</strong><br />
⎛ ⎞<br />
= 1 - 2 + 10log ⎜ ⎟<br />
⎝ 2 ⎠<br />
S<br />
R L L<br />
(dB), (3.1)<br />
A<br />
16
<strong>em</strong> que L1 e L2 (dB) são, respectivamente, os níveis sonoros médios nos compartimentos <strong>em</strong>issor e<br />
receptor; S (m 2 ) é a área <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção <strong>em</strong> análise e A2 (m 2 ) é a área <strong>de</strong> absorção sonora<br />
<strong>do</strong> local receptor. A expressão anterior per<strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>para</strong> frequências cujo comprimento <strong>de</strong> onda<br />
seja superior às dimensões <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção ou <strong>do</strong>s compartimentos, daí que, <strong>para</strong> baixas<br />
frequências, o isolamento sonoro indica<strong>do</strong> por esta expressão possa apresentar uma variabilida<strong>de</strong><br />
muito significativa.<br />
A regulamentação actual, nomeadamente o RRAE [N.6], <strong>de</strong>fine os valores mínimos <strong>de</strong> isolamento a<br />
ruí<strong>do</strong> aéreo com base no índice <strong>de</strong> isolamento sonoro normaliza<strong>do</strong> (DnT,w). O índice <strong>de</strong> isolamento<br />
sonoro normaliza<strong>do</strong> é da<strong>do</strong> por<br />
D L L<br />
2<br />
nT = 1 − 2 + 10log⎜<br />
⎟<br />
T0<br />
17<br />
⎛T ⎞<br />
(dB), (3.2)<br />
⎝ ⎠<br />
<strong>em</strong> que T0 (s) é o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação <strong>de</strong> referência, igual a 0,5 s. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>, com base na<br />
expressão <strong>de</strong> Sabine [17], que T2 = 0,16V2/A2, o índice <strong>de</strong> isolamento sonoro po<strong>de</strong> ser relaciona<strong>do</strong><br />
com o índice <strong>de</strong> redução sonora aparente R’ <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a expressão<br />
D R<br />
' 2<br />
nT = + 10log ⎜ ⎟<br />
⎛ 0,32V<br />
⎞<br />
(dB). (3.3)<br />
⎝ S ⎠<br />
O valor único <strong>do</strong> índice a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>, seja ele o DnT,w ou R’w, <strong>de</strong>ve ser obti<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />
meto<strong>do</strong>logia estipulada pela norma EN ISO 717-1 [N.7]. Este parâmetro é calcula<strong>do</strong> através da<br />
utilização <strong>de</strong> uma curva <strong>de</strong> referência, a qual <strong>de</strong>ve ser ajustada <strong>de</strong> forma a obter o valor único R’w ou<br />
DnT,w, que correspon<strong>de</strong>ntes ao valor da or<strong>de</strong>nada da curva, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ajustada, na posição <strong>do</strong>s<br />
500 Hz.<br />
Para efectuar a medição <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo <strong>em</strong> pare<strong>de</strong>s interiores utilizou-se a<br />
fonte omnidireccional (mo<strong>de</strong>lo 4296 da Brüel & Kjær), com um ganho no amplifica<strong>do</strong>r (mo<strong>de</strong>lo 2716 da<br />
Brüel & Kjær), suficiente <strong>para</strong> que o nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> no compartimento receptor fosse, <strong>em</strong> todas as<br />
frequências, superior <strong>em</strong> 10 dB ao nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> no compartimento. Depois disto equalizou-<br />
se o sinal com o objectivo <strong>de</strong> conseguir um ruí<strong>do</strong> o mais uniforme possível <strong>em</strong> todas as bandas <strong>de</strong><br />
frequência (ruí<strong>do</strong> rosa). Depois <strong>de</strong>sta pre<strong>para</strong>ção recolheram-se os valores <strong>de</strong> pressão sonora nos<br />
compartimentos <strong>em</strong>issor e receptor, com recurso a um sonómetro 2260 da Brüel & Kjær utilizan<strong>do</strong> um<br />
microfone <strong>do</strong> tipo 4189, também da Brüel & Kjær.<br />
3.2.1.3 Isolamento sonoro <strong>em</strong> fachadas<br />
Nas fachadas, o procedimento a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> foi s<strong>em</strong>elhante referi<strong>do</strong> anteriormente. A única diferença está<br />
relacionada com o registo <strong>do</strong>s níveis sonoros no exterior. Os méto<strong>do</strong>s básicos que o permit<strong>em</strong> fazer<br />
são apresenta<strong>do</strong>s na parte 5 da norma EN ISO 140 [N.3]. O índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong><br />
uma fachada po<strong>de</strong> ser medi<strong>do</strong> com base num altifalante coloca<strong>do</strong> no exterior ou com base <strong>em</strong> ruí<strong>do</strong>
ambiental existente, por ex<strong>em</strong>plo, ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> tráfego. No entanto, se o nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> ambiental não for<br />
suficient<strong>em</strong>ente eleva<strong>do</strong> ou se o isolamento sonoro <strong>de</strong> fachada for eleva<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> não ser possível<br />
medir níveis sonoros no compartimento receptor suficient<strong>em</strong>ente afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> nível sonoro <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
[18], sen<strong>do</strong> assim necessário recorrer ao altifalante. Para toda a fachada, não é, no entanto, prático<br />
medir médias espaciais <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> pressão sonora sobre to<strong>do</strong>s os el<strong>em</strong>entos que a constitu<strong>em</strong><br />
(méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> altifalante el<strong>em</strong>entar). Adicionalmente, a média espacial per<strong>de</strong> significa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> ocorr<strong>em</strong><br />
gran<strong>de</strong>s variações <strong>de</strong> nível sonoro ao longo da fachada, <strong>em</strong> particular quan<strong>do</strong> as fachadas contêm<br />
el<strong>em</strong>entos com níveis <strong>de</strong> isolamento sonoro significativamente diferentes (por ex<strong>em</strong>plo, uma pare<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> alvenaria espessa e um pano envidraça<strong>do</strong>) [18]. Neste trabalho, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta as dificulda<strong>de</strong>s<br />
associadas ao cumprimento, <strong>em</strong> edifícios altos, das exigências da norma na localização <strong>do</strong> altifalante<br />
e microfone no méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> altifalante global, optou-se por utilizar o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> altifalante el<strong>em</strong>entar, o<br />
qual não foi, no entanto, aplica<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s el<strong>em</strong>ento da fachada, reduzin<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong>ssa forma, o número<br />
<strong>de</strong> medições e evitan<strong>do</strong>-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efectuar um levantamento dimensional <strong>para</strong> aplicação<br />
da expressão,<br />
' 10log<br />
10 10 i R<br />
⎛ ⎞<br />
⎜ ∑Si<br />
⎟<br />
i<br />
R = ⎜ ⎟ (dB), (3.4)<br />
⎜ S ⎟<br />
⎜ ∑ i ⎟<br />
⎝ i ⎠<br />
<strong>em</strong> que Si (m 2 ) é a área <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento <strong>em</strong> análise e R’i (dB) o índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>do</strong><br />
el<strong>em</strong>ento <strong>em</strong> questão.<br />
A norma recomenda que se façam medições <strong>em</strong> três pontos, distribuí<strong>do</strong>s o mais assimetricamente<br />
possível na fachada <strong>em</strong> análise. Assumiu-se como procedimento geral que estes três pontos estariam<br />
situa<strong>do</strong>s na diagonal <strong>de</strong> fachada, sen<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong>s a 1/3, 1/2 e 2/3 <strong>do</strong> comprimento da diagonal<br />
a<strong>do</strong>ptada. A norma recomenda ainda que, caso a diferença entre o nível sonoro <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pontos, <strong>em</strong><br />
qualquer banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava, seja superior ao número <strong>de</strong> posições <strong>de</strong> medição até ai<br />
a<strong>do</strong>ptadas, se aumente o número <strong>de</strong> posições <strong>de</strong> medição. Em cada local <strong>de</strong> medição foi efectuada<br />
esta análise e s<strong>em</strong>pre que tal se verificou foram adiciona<strong>do</strong>s mais pontos <strong>de</strong> medição. O microfone foi<br />
coloca<strong>do</strong> numa posição perpendicular à pare<strong>de</strong> a uma distância <strong>de</strong>sta <strong>de</strong> aproximadamente 3 mm,<br />
ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> utilizada protecção contra o vento, tal como recomenda<strong>do</strong> pela norma EN ISO 140-4 [N.2].<br />
O índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>para</strong> uma incidência a 45º po<strong>de</strong> ser obti<strong>do</strong> por<br />
'<br />
⎛ S ⎞<br />
R45º = L1, s − L2<br />
+ 10log ⎜ ⎟ − 1,5 (dB), (3.5)<br />
A<br />
18<br />
⎝ 2 ⎠<br />
<strong>em</strong> que L1,s (dB) é o nível médio <strong>de</strong> pressão sonora na superfície da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fachada. É possível<br />
relacionar este índice <strong>de</strong> redução sonora com R’ <strong>em</strong> campos difusos por<br />
R = R + 1 (dB). (3.6)<br />
' '<br />
45º
O índice <strong>de</strong> isolamento sonoro medi<strong>do</strong> a <strong>do</strong>is metros da fachada é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como<br />
⎛ ⎞ 2<br />
2m,nT = 1,2m − 2 + 10 log ⎜ ⎟<br />
⎝ 0 ⎠<br />
T<br />
D L L<br />
(dB), (3.7)<br />
T<br />
on<strong>de</strong> L1,2m (dB) é o nível sonoro médio medi<strong>do</strong> a 2 m da fachada a uma altura não inferior a 1,5 m <strong>do</strong><br />
pavimento. Este índice po<strong>de</strong> ser estima<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> R’45º com base na expressão<br />
' ⎛ 0,32V<br />
2 ⎞<br />
D2 m, nT = R + ∆ Lfs<br />
+ 10log⎜<br />
S<br />
⎟ (dB), (3.8)<br />
⎝ ⎠<br />
<strong>em</strong> que L1,s é o nível <strong>de</strong> pressão sonora na superfície da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fachada, e ∆Lfs= L1,2m – L1,s + 3 dB<br />
é um parâmetro que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da tipologia da fachada (ex<strong>em</strong>plo: forma das varandas), o qual po<strong>de</strong> ser<br />
obti<strong>do</strong> no anexo C da parte três da norma EN ISO 12354 [N.9]. Com excepção da fonte sonora, o<br />
equipamento utiliza<strong>do</strong> foi o mesmo que no ensaio <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> isolamento sonoro <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s<br />
interiores. Neste caso, a fonte sonora utilizada foi o mo<strong>de</strong>lo 4224 da Brüel & Kjær. Esta fonte sonora,<br />
ao contrário da utilizada <strong>para</strong> espaços interiores, é unidireccional, <strong>em</strong>itin<strong>do</strong> energia principalmente<br />
numa direcção.<br />
3.2.2 Procedimento geral e normas <strong>para</strong> medição <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po<br />
<strong>de</strong> reverberação<br />
Para uma avaliação correcta <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação, <strong>de</strong>ve ser seguida a meto<strong>do</strong>logia apresentada<br />
no capítulo seis da parte três norma EN ISO 140 [N.1], a qual se baseia na norma EN ISO 354 [N.8].<br />
O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação correspon<strong>de</strong> ao t<strong>em</strong>po necessário, após o instante <strong>em</strong> que a fonte sonora é<br />
<strong>de</strong>sligada, <strong>para</strong> que possa ocorrer uma queda no nível <strong>de</strong> sonoro <strong>de</strong> 60 dB. Porém, uma vez que seria<br />
necessário utilizar uma elevada potência sonora <strong>para</strong> conseguir quedas na or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 60 dB, me<strong>de</strong>-se<br />
o t<strong>em</strong>po necessário <strong>para</strong> uma queda <strong>de</strong> apenas 20 ou 30 dB e admite-se que este equivale,<br />
respectivamente, a um terço ou meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po necessário <strong>para</strong> registar uma queda <strong>de</strong> 60 dB. Para<br />
que os valores <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação sejam fiáveis, as características da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>caimento <strong>do</strong><br />
nível <strong>de</strong> pressão sonora <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tais que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta queda <strong>de</strong> 20 ou 30 dB, o nível <strong>de</strong> pressão<br />
sonora seja ainda superior, <strong>em</strong> 10 dB, ao nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. Isto significa que a fonte sonora<br />
<strong>de</strong>verá produzir um nível sonoro no compartimento, no mínimo, superior <strong>em</strong> 30 dB ao nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. O nível sonoro i<strong>de</strong>al que se procurou instalar foi <strong>de</strong> 40 dB acima <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>.<br />
A medição <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação <strong>de</strong>ve ser iniciada 0,1 s <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a fonte sonora ser <strong>de</strong>sligada.<br />
Em seguida, <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>-se, <strong>de</strong> forma breve, os pressupostos segui<strong>do</strong>s na fase <strong>de</strong> medições.<br />
19
Número <strong>de</strong> posições <strong>de</strong> medição<br />
Seguin<strong>do</strong> as recomendações da norma EN ISO 354 [N.8], foram efectuadas pelo menos seis<br />
medições <strong>em</strong> cada banda <strong>de</strong> frequência. A norma recomenda que se a<strong>do</strong>pte pelo menos uma posição<br />
da fonte sonora e três posições <strong>do</strong>s microfones, com duas leituras <strong>em</strong> cada posição. Neste trabalho<br />
foram consi<strong>de</strong>radas duas posições <strong>para</strong> a fonte sonora e, <strong>para</strong> cada uma <strong>de</strong>ssas posições, quatro<br />
pontos <strong>de</strong> medição <strong>do</strong> nível sonoro. Em cada uma <strong>de</strong>stas posições <strong>de</strong> medição foram registadas duas<br />
leituras, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> cada uma <strong>de</strong>las a uma média <strong>de</strong> três curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>caimento a partir das<br />
quais se obtêm os valores <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação. Os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> reverberação são utiliza<strong>do</strong>s <strong>para</strong><br />
corrigir os valores <strong>de</strong> isolamento sonoro L2 nas medições <strong>de</strong> DnT e <strong>de</strong> R’45º.<br />
3.2.3 I<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>do</strong>s<br />
compartimentos<br />
Uma vez que o objectivo <strong>de</strong>sta dissertação é a caracterização <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> por ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
baixa frequência gera<strong>do</strong> por equipamentos mecânicos, além <strong>de</strong> ser necessário caracterizar a<br />
envolvente <strong>do</strong>s compartimentos receptores, é importante caracterizar também o próprio campo sonoro<br />
instala<strong>do</strong> nesses compartimentos, não só <strong>em</strong> termos da sua reverberação, mas também <strong>em</strong> termos da<br />
sua resposta modal. Esta análise adquire especial importância pois permite avaliar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ocorrência <strong>de</strong> acoplamento modal entre os mo<strong>do</strong>s estruturais excita<strong>do</strong>s pelo equipamento e os mo<strong>do</strong>s<br />
acústicos <strong>do</strong> compartimento receptor. Esta análise é efectuada por simples leitura <strong>do</strong> espectro <strong>de</strong><br />
pressão sonora <strong>em</strong> banda estreita gera<strong>do</strong> pela <strong>em</strong>issão <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> rosa por um altifalante (<strong>do</strong> tipo<br />
omnidireccional mo<strong>de</strong>lo 4296 da Brüel & Kjær) localiza<strong>do</strong> num canto <strong>do</strong> compartimento. A leitura é<br />
efectuada com recurso a microfones, coloca<strong>do</strong>s junto ao canto diametralmente oposto da sala, <strong>do</strong> tipo<br />
Brüel & Kjær BZ4165 liga<strong>do</strong>s a pré amplifica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tipo BZ2639, por sua vez liga<strong>do</strong>s a um<br />
analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> frequências <strong>de</strong> <strong>do</strong>is canais da Brüel & Kjær <strong>do</strong> tipo 2144.<br />
A i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos correspon<strong>de</strong>ntes aos picos nos espectros <strong>de</strong> pressão sonora<br />
po<strong>de</strong> ser efectuada com base na utilização da expressão<br />
2 2 2<br />
l, m, n<br />
Hz<br />
f<br />
c0 ⎛ l ⎞ ⎛ m ⎞ ⎛ n ⎞<br />
= ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ +<br />
2<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ a ⎠ ⎝ b ⎠ ⎝ c ⎠<br />
20<br />
( )<br />
, (3.9)<br />
on<strong>de</strong> a, b, c são as dimensões <strong>do</strong>s compartimentos (<strong>em</strong> metros) e (l, m, n) são os parâmetros<br />
<strong>de</strong>scritores <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos.
3.3. Exigências <strong>do</strong> Regulamento <strong>do</strong>s Requisitos<br />
Acústicos <strong>do</strong>s Edifícios<br />
O Regulamento <strong>do</strong>s Requisitos Acústicos <strong>do</strong>s Edifícios (RRAE) [N.6] especifica os valores mínimos <strong>de</strong><br />
isolamento sonoro e t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser observa<strong>do</strong>s nas várias partes <strong>do</strong>s<br />
edifícios. Segun<strong>do</strong> este regulamento, o índice <strong>de</strong> isolamento sonoro entre zonas exteriores e interiores<br />
<strong>de</strong> um edifício (D2m,nT,w) <strong>de</strong>verá ser superior a 33 dB <strong>em</strong> edifícios <strong>de</strong> habitação localiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> zonas<br />
mistas. No caso <strong>de</strong> medições in situ, o RRAE consi<strong>de</strong>ra um coeficiente <strong>de</strong> incerteza <strong>de</strong> 3 dB,<br />
aceitan<strong>do</strong>-se valores medi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> D2m,nT,w superiores a 30 dB. Para pare<strong>de</strong>s interiores <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
consi<strong>de</strong>rar-se os seguintes limites:<br />
• DnT,w > 50 dB entre quartos ou zona <strong>de</strong> estar <strong>de</strong> <strong>do</strong>is fogos;<br />
• DnT,w > 48 dB entre quartos ou zonas <strong>de</strong> estar <strong>de</strong> um fogo e zonas <strong>de</strong> circulação<br />
comum <strong>do</strong> edifício;<br />
• DnT,w > 40 dB quartos ou zonas <strong>de</strong> estar <strong>de</strong> um fogo e eleva<strong>do</strong>res;<br />
• DnT,w > 50 dB quartos ou zonas <strong>de</strong> estar <strong>de</strong> um fogo e garagens parqueamentos.<br />
3.4 Edifício Santos Dumont<br />
3.4.1 Descrição geral<br />
O edifício Santos Dumont t<strong>em</strong> três pisos enterra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a parque <strong>de</strong> estacionamento e nove<br />
pisos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a habitação. As pare<strong>de</strong>s interiores <strong>do</strong>s fogos são constituídas por um pano simples<br />
<strong>de</strong> alvenaria <strong>de</strong> tijolo cerâmico fura<strong>do</strong> com 11 cm <strong>de</strong> espessura reboca<strong>do</strong> <strong>em</strong> ambas as faces. A<br />
se<strong>para</strong>ção entre fogos é assegurada por pare<strong>de</strong>s simples <strong>de</strong> alvenaria <strong>de</strong> tijolo fura<strong>do</strong> <strong>de</strong> 20 cm, com<br />
ambas as faces rebocadas. A fachada foi <strong>de</strong>finida <strong>em</strong> projecto como sen<strong>do</strong> constituída por <strong>do</strong>is panos<br />
<strong>de</strong> tijolo cerâmico fura<strong>do</strong> com 11 cm <strong>de</strong> espessura, com caixa-<strong>de</strong>-ar preenchida com isolamento<br />
térmico (placas <strong>de</strong> poliestireno extrudi<strong>do</strong>) com 3 cm <strong>de</strong> espessura, incluin<strong>do</strong> acabamento final <strong>em</strong><br />
reboco <strong>em</strong> ambas as faces. Observou-se no local que, numa área significativa da fachada, além <strong>do</strong><br />
reboco exterior, existe ainda, <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os pisos exceptuan<strong>do</strong> o último, um revestimento exterior <strong>em</strong><br />
tijoleira <strong>de</strong> forro <strong>de</strong> barro vermelho com 4 cm <strong>de</strong> espessura. Os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção horizontal<br />
são garanti<strong>do</strong>s por lajes <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong>, com 22 cm <strong>de</strong> espessura, betão leve <strong>de</strong> enchimento com 8<br />
cm <strong>de</strong> espessura e acabamento final constituí<strong>do</strong> por parquet <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira flutuante sobre betonilha <strong>de</strong><br />
regularização com 2 cm <strong>de</strong> espessura. O pé-direito é maior no primeiro piso, on<strong>de</strong> se apresenta com<br />
2,88 m, <strong>do</strong> que nos restantes, on<strong>de</strong> se limita a 2,60 m. Estas informações foram retiradas <strong>do</strong>s<br />
projectos <strong>de</strong> acústica [P.1] e <strong>de</strong> arquitectura [P.2] <strong>do</strong> edifício e observações efectuadas no local.<br />
21
3.4.2 Edifício Santos Dumont – 8º B<br />
No último andar <strong>do</strong> edifício exist<strong>em</strong> duas fracções autónomas, as quais serão <strong>de</strong>signadas pelas letras<br />
A e B. A fracção B é ocupada apenas por uma mora<strong>do</strong>ra que se queixa <strong>de</strong> não conseguir <strong>do</strong>rmir<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um ruí<strong>do</strong>, <strong>de</strong>scrito como oscilante, o qual é supostamente, causa<strong>do</strong> pela ventilação mecânica<br />
existente no telha<strong>do</strong>. Os ventila<strong>do</strong>res da cobertura, num total <strong>de</strong> sete ao nível da cobertura <strong>do</strong> 8º piso,<br />
estão <strong>em</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento automático, num regime <strong>de</strong> ventilação por perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma hora<br />
intercala<strong>do</strong>s com perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> interrupção <strong>de</strong> uma hora, das sete horas da manhã até à meia-noite. O<br />
único ventila<strong>do</strong>r (<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> EA2) que fica liga<strong>do</strong> durante a noite é o que se encontra por cima da<br />
cozinha da fracção A. Ainda que este segun<strong>do</strong> apartamento seja utiliza<strong>do</strong> com menor frequência, não<br />
existe qualquer registo <strong>de</strong> queixas por parte <strong>do</strong>s seus habitantes. Caso o ruí<strong>do</strong> fosse provoca<strong>do</strong> por<br />
este ventila<strong>do</strong>r (EA2) seria <strong>de</strong> esperar que existiss<strong>em</strong> queixas também por parte <strong>do</strong>s utentes da<br />
fracção A. Apesar <strong>de</strong> os ventila<strong>do</strong>res se encontrar<strong>em</strong> <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s durante a noite, efectuou-se um<br />
estu<strong>do</strong> mais aprofunda<strong>do</strong> <strong>para</strong> tentar perceber as eventuais causas <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a já <strong>de</strong>scrito. As<br />
queixas da mora<strong>do</strong>ra não se refer<strong>em</strong> apenas ao ruí<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> durante a noite, mas também ao ruí<strong>do</strong><br />
regista<strong>do</strong> durante o dia. Além da suite, a outra divisão <strong>para</strong> a qual são apresentadas queixas <strong>de</strong>vidas<br />
ao mesmo tipo <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> é o escritório.<br />
Figura 3.1 - Planta <strong>do</strong> 8º B <strong>do</strong> edifício Santos Dumont.<br />
22
De forma a caracterizar acusticamente as soluções construtivas, foram, numa primeira fase,<br />
efectuadas medições <strong>de</strong> isolamento sonoro das pare<strong>de</strong>s interiores, exteriores e na cobertura,<br />
conforme os procedimentos <strong>de</strong>scritos <strong>em</strong> 3.2. Foram ainda efectuadas medições <strong>em</strong> todas as divisões<br />
<strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos das mesmas. Nas Tabela 3.2, Tabela 3.3 e Tabela 3.4 são<br />
apresentadas as características dimensionais das pare<strong>de</strong>s analisadas.<br />
Tabela 3.2 - Comprimento e área das pare<strong>de</strong>s interiores <strong>do</strong> 8ºB.<br />
Partição Comprimento (m) Pé-direito (m) Superfície (m 2 )<br />
Sala - Cozinha 4,85 2,60 12,62<br />
Cozinha - Escritório 5,48 2,60 14,25<br />
Escritório - suite 4,11 2,60 10,69<br />
Tabela 3.3 - Comprimento e área das pare<strong>de</strong>s exteriores <strong>do</strong> 8ºB.<br />
Divisão Comprimento (m) Pé-direito (m) Superfície (m 2 )<br />
Sala 6,57 2,60 17,10<br />
Cozinha 3,50 2,60 9,12<br />
Escritório 9,53 2,60 24,80<br />
suite 5,04 2,60 13,11<br />
Tabela 3.4 - Área <strong>de</strong> envidraça<strong>do</strong>s e sua percentag<strong>em</strong> na fachada <strong>do</strong> 8ºB.<br />
Divisão Comprimento da<br />
janela<br />
(m)<br />
Altura da<br />
janela<br />
(m)<br />
23<br />
Superfície da<br />
janela<br />
(m 2 )<br />
Superfície<br />
total da pare<strong>de</strong><br />
(m 2 )<br />
Percentag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> superfície<br />
envidraçada<br />
(%)<br />
Sala 3,55 2,10 7,46 15,60 49<br />
Cozinha 1,25 2,10 2,63 8,32 32<br />
Escritório 1,25 2,10 2,63 22,62 12<br />
suite 2,50 2,10 5,25 11,96 45
Os valores <strong>de</strong> superfície a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a cobertura foram os mesmos que <strong>para</strong> a área útil <strong>de</strong> cada<br />
divisão. Na Tabela 3.5 são apresenta<strong>do</strong>s o volume <strong>de</strong> cada divisão e a sua área útil.<br />
Tabela 3.5 – Área útil e volume <strong>de</strong> cada divisão <strong>do</strong> 8ºB.<br />
Divisão Área (m 2 ) Volume (m 3 )<br />
Sala 26,00 72,22<br />
Cozinha 13,90 38,76<br />
Escritório 17,30 47,63<br />
suite 14,70 39,95<br />
3.4.2.1 Isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo <strong>em</strong> pare<strong>de</strong>s interiores<br />
Conforme <strong>de</strong>scrito <strong>em</strong> 3.2.1 a medição <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> isolamento sonoro <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s interiores baseia-<br />
se na medição <strong>do</strong>s níveis sonoros médios nos compartimentos <strong>em</strong>issor e receptor. Nas Figura 3.2 e<br />
Figura 3.3 são ilustradas essas medições na sala e escritório <strong>do</strong> 8º B, respectivamente. De acor<strong>do</strong><br />
com o projecto <strong>de</strong> acústica <strong>do</strong> edifício, <strong>para</strong> a pare<strong>de</strong> simples <strong>de</strong> alvenaria <strong>de</strong> tijolo cerâmico fura<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
11 cm <strong>de</strong> espessura rebocada <strong>em</strong> ambas as faces, ao que correspon<strong>de</strong> uma massa <strong>de</strong> 161 kg/m 2 ,<br />
seria espera<strong>do</strong> um valor <strong>de</strong> R’w = 47 dB [P.1]. Os valores <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> redução sonora medi<strong>do</strong>s <strong>para</strong><br />
as três pare<strong>de</strong>s foram, <strong>em</strong> geral, inferiores ao previsto <strong>em</strong> projecto, exceptuan<strong>do</strong>-se o caso da pare<strong>de</strong><br />
entre o escritório e cozinha (Tabela 3.6). O melhor comportamento <strong>de</strong>sta pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se à existência,<br />
não só <strong>de</strong> armários <strong>de</strong> cozinha na quase totalida<strong>de</strong> da área da pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da cozinha, mas<br />
também <strong>de</strong> uma courette <strong>de</strong> ventilação e <strong>de</strong> um armário <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> ocupan<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da<br />
área da pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> escritório.<br />
Tabela 3.6 - Resulta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> redução sonora aparente (R’w) e isolamento sonoro (DnT,w)<br />
das pare<strong>de</strong>s interiores <strong>do</strong> 8ºB.<br />
Pare<strong>de</strong> interior R’w (dB) DnT,w (dB)<br />
Sala – Cozinha 41 41<br />
Cozinha – Escritório 47 46<br />
Escritório – suite 41 42<br />
24
Os valores <strong>de</strong> R’w e DnT,w acabam por ser bastantes s<strong>em</strong>elhantes porque as pare<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> foi avalia<strong>do</strong><br />
o nível <strong>de</strong> isolamento sonoro têm todas uma relação <strong>de</strong> V2/S próxima <strong>de</strong> 3.<br />
Apresentam-se nas Figura 3.4 a Figura 3.6 os espectros <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> isolamento sonoro das pare<strong>de</strong>s<br />
interiores <strong>para</strong> sons <strong>de</strong> condução aérea, DnT (dB). Apresentam-se também as curvas <strong>de</strong> referência<br />
preconizadas pela norma EN ISO 717-1 [N.4] <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> valor único DnT,w na sua posição<br />
original (a azul) e na posição ajustada (a vermelho).<br />
Tal como espera<strong>do</strong>, a forma <strong>do</strong>s espectros é praticamente igual <strong>para</strong> as pare<strong>de</strong>s entre a sala e a<br />
cozinha e entre o escritório e a suite, as quais apresentam a mesma morfologia. O espectro <strong>de</strong> DnT<br />
respeitante à pare<strong>de</strong> entre o escritório e a cozinha, ainda que s<strong>em</strong>elhante aos outros <strong>do</strong>is, apresenta<br />
um melhor comportamento global, o que po<strong>de</strong> indicar que esta pare<strong>de</strong> é, na realida<strong>de</strong>, um pouco mais<br />
espessa <strong>para</strong> acomodar as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> águas e esgotos que serv<strong>em</strong> a cozinha.<br />
Figura 3.2 - Medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> pressão sonora<br />
L1 na sala.<br />
25<br />
Figura 3.3 - Medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> pressão<br />
sonora L2 no escritório.
Figura 3.4 – Índice <strong>de</strong> isolamento sonoro da pare<strong>de</strong> entre a sala e a cozinha.<br />
Figura 3.5 - Índice <strong>de</strong> isolamento sonoro da pare<strong>de</strong> entre a cozinha e o escritório.<br />
26
Figura 3.6 - Índice <strong>de</strong> isolamento sonoro da pare<strong>de</strong> entre o escritório e a suite.<br />
3.4.2.2 Isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo <strong>em</strong> fachadas<br />
Seguin<strong>do</strong> os mesmos princípios a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s anteriormente, mas utilizan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta vez, a fonte<br />
unidireccional (colocada no exterior) <strong>em</strong> vez da fonte omnidireccional, efectuaram-se as medições <strong>de</strong><br />
níveis <strong>de</strong> pressão sonora no exterior (L1,s) e interior da divisão (L2). Isto foi possível porque, <strong>em</strong> re<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o apartamento existe uma varanda com, aproximadamente, 1,80 m <strong>de</strong> largura. Devi<strong>do</strong> à<br />
dimensão da varanda (Figura 3.9), não foi possível respeitar a distância mínima <strong>de</strong> 3,5 m entre a fonte<br />
sonora e a pare<strong>de</strong>. Respeitou-se, no entanto, a inclinação <strong>de</strong> 45 º relativamente à linha média da<br />
pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fachada <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>. Os níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> na sala receptora foram regista<strong>do</strong>s <strong>para</strong><br />
corrigir os valores <strong>de</strong> L2 quan<strong>do</strong> necessário. Nas Figura 3.7 e Figura 3.8 são ilustradas as medições<br />
<strong>de</strong> L2 e L1,s <strong>para</strong> a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> índice R’45º,w da pare<strong>de</strong> da fachada da cozinha. Nas Figura 3.10 e<br />
Figura 3.11 são apresenta<strong>do</strong>s, a título ilustrativo, os pontos <strong>de</strong> medição L1,s na parte opaca da fachada<br />
da sala e na parte envidraçada da fachada da cozinha, respectivamente.<br />
A solução construtiva consi<strong>de</strong>rada <strong>em</strong> projecto <strong>para</strong> a fachada correspon<strong>de</strong> a uma parte opaca com<br />
uma área total <strong>de</strong> 1358 m 2 , constituída por pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> alvenaria dupla <strong>de</strong> tijolo cerâmico fura<strong>do</strong> com<br />
11 cm <strong>de</strong> espessura com caixa-<strong>de</strong>-ar e isolamento térmico, com uma massa por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área <strong>de</strong><br />
380 kg/m 2 , e uma parte envidraçada, com uma área total <strong>de</strong> 464 m 2 , constituída por caixilharia <strong>de</strong><br />
alumínio termolacada <strong>de</strong> vidro duplo. Foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> no projecto que o índice R’45º,w da parte opaca<br />
27
da fachada é <strong>de</strong> 50 dB e que, <strong>para</strong> a parte envidraçada, esse índice vale 30 dB. Para uma diferença<br />
<strong>de</strong> isolamentos <strong>de</strong> 20 dB entre a zona opaca e a zona envidraçada, com uma relação entre as áreas<br />
<strong>de</strong> ambas as partes <strong>de</strong> 0,34, a perda <strong>de</strong> isolamento sonoro calcula<strong>do</strong> <strong>em</strong> projecto foi <strong>de</strong> 13 dB. Desta<br />
forma o valor previsto <strong>para</strong> o índice R’45º,w da fachada é <strong>de</strong> 37 dB [P.1].<br />
Figura 3.7 - Medição níveis <strong>de</strong> pressão sonora<br />
(L2) no interior da cozinha.<br />
Os valores obti<strong>do</strong>s experimentalmente <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> redução sonora aparente da fachada (R’45º,w),<br />
foram ligeiramente inferiores a 37 dB na sala e significativamente inferiores a esse valor na cozinha,<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à maior percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> área ocupada pelo envidraça<strong>do</strong> e, principalmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à existência<br />
<strong>de</strong> uma abertura <strong>de</strong> ventilação com cerca <strong>de</strong> 200 cm 2 <strong>de</strong> área. Neste último caso, o índice D2m,nT,w<br />
obti<strong>do</strong> não respeita o limite regulamentar <strong>para</strong> zonas mistas ou mesmo <strong>para</strong> zonas sensíveis.<br />
Na fachada <strong>do</strong> escritório e quarto, on<strong>de</strong> a proprietária da fracção autónoma instalou portas<br />
envidraçadas duplas, o índice <strong>de</strong> redução sonora é francamente superior aos valores regista<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
projecto [P.1]. A melhoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da fachada <strong>do</strong> escritório relativamente à <strong>do</strong> quarto po<strong>de</strong> ser<br />
explicada pela menor percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ocupação pela porta envidraçada e também pela posição<br />
escolhida <strong>para</strong> a fonte sonora, não directamente apontada <strong>para</strong> a porta. O melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />
28<br />
Figura 3.8 - Medição <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> pressão<br />
sonora (L1,s) na pare<strong>de</strong> exterior da<br />
cozinha.
acústico das fachadas <strong>do</strong> quarto e <strong>do</strong> escritório, ao promover menores níveis sonoros no interior<br />
<strong>de</strong>sses compartimentos, po<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> uma mais fácil percepção <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> pelos<br />
equipamentos <strong>de</strong> ventilação existentes na cobertura. Na Tabela 3.7 são com<strong>para</strong><strong>do</strong>s os índices R’45º,w<br />
e D2m,nT,w obti<strong>do</strong>s por medição com o objectivo <strong>de</strong> verificar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho acústico da fachada face à<br />
regulamentação actual. Verifica-se que valores <strong>de</strong> R’45º,w e D2m,nT,w, <strong>em</strong> geral, são s<strong>em</strong>elhantes. Esta<br />
situação <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> facto <strong>de</strong> a relação V2/S das pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fachada se aproximar <strong>de</strong> 3 e também <strong>do</strong><br />
facto <strong>de</strong> o parâmetro ∆Lfs apresentar valores não superiores a 1 dB.<br />
Tabela 3.7 - Resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s experimentalmente <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> redução sonora e isolamento<br />
sonoro das pare<strong>de</strong>s exteriores <strong>do</strong> 8ºB.<br />
Divisão R’45º,w (dB) D2m,nT,w (dB)<br />
Sala 36 38<br />
Cozinha 25 27<br />
Escritório 58 57<br />
suite 49 50<br />
Figura 3.9 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> nas medições <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> isolamento sonoro<br />
<strong>de</strong> fachada, com posições <strong>de</strong> medição e posições da fonte sonora no exterior.<br />
29
A área <strong>de</strong> envidraça<strong>do</strong> é, <strong>em</strong> todas as divisões, inferior a 60% da área total. Assim, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />
RRAE [N.6] basta consi<strong>de</strong>rar <strong>para</strong> verificação <strong>do</strong>s limites regulamentares o índice D2m,nT,w não haven<strong>do</strong><br />
lugar à apresentação <strong>do</strong>s termos <strong>de</strong> adaptação C e Ctr. Na Figura 3.10 e 3.11 são apresenta<strong>do</strong>s os<br />
pontos utiliza<strong>do</strong>s na medição <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> isolamento no exterior da sala e cozinha.<br />
Nas Figura 3.14 a Figura 3.17 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> R’45º obti<strong>do</strong>s in situ. Nas mesmas<br />
figuras são apresentadas as posições <strong>de</strong> referência (a azul) e ajustada (a vermelho) da curva <strong>de</strong><br />
referência preconizada na norma EN 717-1 [N.7] <strong>para</strong> a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> valor único (R’45º,w).<br />
Na sala e cozinha, a redução sonora com a frequência não é tão assinalável como nas restantes<br />
divisões. No caso da cozinha, este crescimento é praticamente nulo, reflectin<strong>do</strong> a existência <strong>de</strong> uma<br />
abertura <strong>para</strong> ventilação da cozinha. Nas outras duas divisões, suite e escritório, as curvas <strong>de</strong><br />
isolamento sonoro têm uma forma s<strong>em</strong>elhante, apresentan<strong>do</strong> a fachada <strong>do</strong> escritório valores <strong>de</strong><br />
redução sonora um pouco mais eleva<strong>do</strong>s <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da menor percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> área envidraçada.<br />
e<br />
Figura 3.10 - Marcação <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> medição no exterior da fachada.<br />
30
Figura 3.11 Medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> pressão sonora (L1,s) no exterior da cozinha.<br />
Figura 3.12 – Medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> pressão<br />
sonora (L2) no interior <strong>do</strong> escritório.<br />
31<br />
Figura 3.13 – Medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> pressão<br />
sonora (L1,s) na pare<strong>de</strong> exterior <strong>do</strong><br />
escritório.
R’45º + 1,5 (dB)<br />
Figura 3.14 – Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º, <strong>para</strong> a<br />
pare<strong>de</strong> da sala.<br />
R’45º + 1,5 (dB)<br />
Figura 3.15 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º, <strong>para</strong> a<br />
pare<strong>de</strong> da cozinha.<br />
32<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
R’45º +1,5 (dB)<br />
R’45º + 1,5 (dB)<br />
Figura 3.16 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º,<br />
<strong>para</strong> a pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> escritório.<br />
Figura 3.17 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente, medi<strong>do</strong> a 45º, <strong>para</strong> a pare<strong>de</strong><br />
da suite.<br />
33<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
3.4.2.3 Isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo da cobertura<br />
Na execução <strong>do</strong>s ensaios <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo da cobertura foram a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s<br />
princípios e meto<strong>do</strong>logias <strong>em</strong> quase tu<strong>do</strong> idêntico aos a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s na medição <strong>do</strong> isolamento sonoro<br />
das fachadas. A principal diferença é o posicionamento da fonte sonora, a qual foi colocada <strong>em</strong> cima<br />
<strong>de</strong> uma chaminé com o auxílio <strong>de</strong> extensores elásticos, <strong>de</strong> forma a formar um ângulo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 45º<br />
com a superfície da cobertura (Figura 3.18). Mais uma vez, não foi possível respeitar a distância<br />
mínima da fonte à envolvente construtiva pois as chaminés têm apenas cerca <strong>de</strong> 1,6 m <strong>de</strong> altura. Para<br />
a avaliação <strong>do</strong> isolamento sonoro da sala e da cozinha foi utilizada a chaminé da courette da sala.<br />
Para a suite e escritório, foi utilizada a chaminé <strong>de</strong> uma das courettes das casas <strong>de</strong> banho.<br />
Figura 3.18 - Esqu<strong>em</strong>a a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> <strong>para</strong> a medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> pressão sonora<br />
(L1,s) na cobertura junto da courette EA3.<br />
Na Tabela 3.8 são apresenta<strong>do</strong>s os valores obti<strong>do</strong>s experimentalmente <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> redução<br />
sonora, R’45º,w e <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> isolamento sonoro D2m,nT,w. Uma vez que a cobertura possui uma<br />
camada <strong>de</strong> forma <strong>para</strong> condução <strong>de</strong> águas pluviais com uma espessura significativa, superior à<br />
espessura <strong>do</strong> enchimento <strong>em</strong> betão leve consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> nos pisos intermédios, obtêm-se, <strong>em</strong> geral,<br />
valores <strong>de</strong> R’45º,w superiores aos estima<strong>do</strong>s <strong>em</strong> projecto, os quais são da or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 50 dB [P.1].<br />
Apenas na cobertura da cozinha, on<strong>de</strong> a transmissão marginal pela abertura <strong>de</strong> ventilação assume<br />
gran<strong>de</strong> relevância, se obtém um valor <strong>de</strong> R’45,ºw inferior a 50 dB.<br />
34
Tabela 3.8 - Resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s experimentalmente <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> redução sonora aparente e índice<br />
<strong>de</strong> isolamento sonoro da cobertura <strong>do</strong> 8ºB.<br />
Divisão R’45º,w (dB) D2m,nT,w (dB)<br />
Sala 56 58<br />
Cozinha 42 44<br />
Escritório 51 53<br />
suite 52 56<br />
Assumin<strong>do</strong> que a solução <strong>de</strong> cobertura é idêntica <strong>em</strong> toda a área, esperava-se que, na suite e no<br />
escritório on<strong>de</strong> o isolamento da fachada é superior ao da sala, existin<strong>do</strong>, portanto, menor transmissão<br />
marginal, que o isolamento da cobertura fosse superior ao da sala. Ao contrário <strong>do</strong> espera<strong>do</strong>, a<br />
redução sonora aparente da cobertura da sala é superior à <strong>do</strong> escritório e da suite. Tal po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se<br />
a uma menor espessura da camada <strong>de</strong> forma sobre a suite e escritório. A forma como foi efectua<strong>do</strong> o<br />
ensaio também po<strong>de</strong> influenciar os valores obti<strong>do</strong>s uma vez que a distância da fonte aos pontos <strong>de</strong><br />
medição varia <strong>de</strong> divisão <strong>para</strong> divisão. No caso da cobertura da sala os níveis <strong>de</strong> pressão sonora (L1,s)<br />
foram medi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> pontos próximos da fonte. Os valores <strong>de</strong> L1,s <strong>para</strong> a cobertura cozinha foram<br />
obti<strong>do</strong>s s<strong>em</strong> alterar a posição da fonte, mas apenas a posição <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> medição. De forma a<br />
minimizar este tipo <strong>de</strong> erro, foi seleccionada a maior amplificação possível na fonte unidireccional.<br />
Para o escritório e a suite foi a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> um procedimento idêntico. Neste último caso, a diferença <strong>de</strong><br />
isolamento registada entre a cobertura da suite e <strong>do</strong> escritório é significativa.<br />
Nas Figura 3.19 a Figura 3.22 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> R’45º medi<strong>do</strong>s in situ. São também<br />
apresentadas as posições <strong>de</strong> referência (curva azul) e ajustada (curva vermelha) da curva <strong>de</strong><br />
referência da norma EN ISO 717 [N.7] <strong>para</strong> a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> valor único R’45º,w. A forma <strong>do</strong>s<br />
espectros é bastante s<strong>em</strong>elhante, com picos <strong>de</strong> redução sonora acima <strong>do</strong>s 60 dB <strong>para</strong> a banda <strong>de</strong><br />
terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 3150 Hz. É interessante notar que <strong>em</strong>bora a cobertura da suite apresente um<br />
comportamento global melhor <strong>do</strong> que a cobertura <strong>do</strong> escritório, tal <strong>de</strong>ve-se sobretu<strong>do</strong> a uma melhoria<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>para</strong> frequências inferiores a 500 Hz, uma vez que, <strong>para</strong> as frequências mais altas, a<br />
cobertura <strong>do</strong> escritório é significativamente mais eficiente.<br />
35
R45º +1,5 (dB)<br />
R45º + 1,5 (dB)<br />
Figura 3.19 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º, <strong>para</strong> a<br />
zona <strong>de</strong> cobertura sobre a sala.<br />
Figura 3.20 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medid0 a 45º, <strong>para</strong> a<br />
zona <strong>de</strong> cobertura sobre a cozinha.<br />
36<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
R45º + 1,5 (dB)<br />
Figura 3.21 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º, <strong>para</strong> a<br />
R45º + 1,5 (dB)<br />
zona <strong>de</strong> cobertura sobre o escritório.<br />
Figura 3.22 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º, <strong>para</strong> a<br />
zona <strong>de</strong> cobertura sobre a suite.<br />
37<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
3.4.2.4 I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>do</strong>s compartimentos<br />
Na Figura 3.23 é ilustra<strong>do</strong> o procedimento experimental a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> <strong>para</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
acústicos <strong>do</strong>s compartimentos, com a fonte sonora colocada junto ao canto superior <strong>do</strong> compartimento<br />
e os microfones canto inferior diametralmente oposto.<br />
Figura 3.23 - Procedimento experimental <strong>para</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>do</strong> quarto.<br />
Na Tabela 3.9 são apresentadas as dimensões <strong>do</strong>s compartimentos analisa<strong>do</strong>s. Nos compartimentos<br />
cuja forma não é exactamente rectangular, foram consi<strong>de</strong>radas dimensões médias aproximadas.<br />
Consi<strong>de</strong>ra-se que c correspon<strong>de</strong> ao pé-direito <strong>de</strong> cada compartimento, b correspon<strong>de</strong> à profundida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> compartimento na direcção da entrada e, finalmente, a correspon<strong>de</strong> à largura da sala na direcção<br />
perpendicular à <strong>de</strong> b.<br />
Tabela 3.9 - Dimensões aproximadas <strong>do</strong>s compartimentos (m).<br />
Dimensão Sala Cozinha Escritório suite<br />
a 5,75 3,10 5,45 4,45<br />
b 4,45 4,45 3,15 3,15<br />
c 2,60 2,60 2,60 2,60<br />
38
Nas Figuras 3.24 a 3.27 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros obti<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> banda estreita, <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />
modal <strong>do</strong>s compartimentos. Consi<strong>de</strong>ram-se apenas os mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>para</strong> frequências inferiores a<br />
250 Hz. A i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s com base nos <strong>de</strong>scritores (l,m,n) é também apresentada, ten<strong>do</strong> as<br />
frequências próprias correspon<strong>de</strong>ntes si<strong>do</strong> calculadas através da expressão (3.9).<br />
Lp (dB)<br />
Figura 3.24 – I<strong>de</strong>ntificação modal da sala.<br />
Figura 3.25– I<strong>de</strong>ntificação modal da cozinha.<br />
39
Lp (dB)<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.26- I<strong>de</strong>ntificação modal <strong>do</strong> escritório.<br />
Figura 3.27 - I<strong>de</strong>ntificação modal da suite.<br />
40
Os espectros <strong>do</strong> nível sonoro apresenta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o escritório e <strong>para</strong> a suite difer<strong>em</strong> <strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s<br />
<strong>para</strong> a sala e cozinha porque a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> medição a<strong>do</strong>ptada foi diferente. No escritório e quarto<br />
o ensaio foi efectua<strong>do</strong> colocan<strong>do</strong> um microfone junto ao pavimento e outro microfone junto ao tecto,<br />
enquanto que na sala e na cozinha ambos os microfones foram coloca<strong>do</strong>s junto ao pavimento. O<br />
microfone coloca<strong>do</strong> junto ao tecto na suite e no escritório foi o microfone B. Enquanto que os<br />
microfones coloca<strong>do</strong>s junto ao tecto não estavam <strong>em</strong> contacto com a superfície <strong>de</strong>ste, os microfones<br />
coloca<strong>do</strong>s junto ao pavimento ficaram, por dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suporte, encosta<strong>do</strong>s à superfície, daí<br />
resultan<strong>do</strong> uma menor exposição ao campo sonoro, com a consequente diminuição <strong>do</strong>s níveis<br />
sonoros e mais difícil i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos.<br />
3.4.2.5 T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação <strong>do</strong>s compartimentos<br />
Os valores obti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> reverberação nos quatro compartimentos analisa<strong>do</strong>s são<br />
apresenta<strong>do</strong>s nas Figuras 3.28 a 3.31. Os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> reverberação mais altos foram obti<strong>do</strong>s na<br />
cozinha, segui<strong>do</strong>s pela sala. A divisão que apresentou menor t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação foi a suite. Estes<br />
resulta<strong>do</strong>s estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a análise qualitativa efectuada previamente com base nos volumes<br />
<strong>do</strong>s compartimentos, nas soluções <strong>de</strong> revestimentos superfícies e no mobiliário existente.<br />
3,0<br />
2,5<br />
2,0<br />
1,5<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
t (s)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.28 – Espectro <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po reverberação na sala.<br />
41
3,0<br />
2,5<br />
2,0<br />
1,5<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
2,0<br />
1,5<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
2,0<br />
1,5<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
t (s)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.29 - Espectro <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po reverberação na cozinha.<br />
t (s)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.30 – Espectro <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po reverberação no escritório.<br />
t (s)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.31 – Espectro <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação na suite.<br />
42
3.4.2.6 Ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> nos compartimentos<br />
Nas medições <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> (envolventes representadas na Figura 3.32 a Figura 3.35) é possível<br />
observar níveis sonoros significativos <strong>para</strong> as bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 80, 100 e 200 Hz. Uma<br />
vez que estas medições foram efectuadas na ausência <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular, ou seja, na ausência <strong>do</strong>s<br />
ventila<strong>do</strong>res da cobertura <strong>em</strong> funcionamento, consi<strong>de</strong>ra-se que o ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> é essencialmente<br />
motiva<strong>do</strong> pelo tráfego ro<strong>do</strong>viário nas vias confluentes com a Praça <strong>de</strong> Espanha, <strong>em</strong> particular, a<br />
Avenida <strong>do</strong>s Combatentes. A forma <strong>do</strong>s espectros medi<strong>do</strong>s confirma esta hipótese.<br />
L p (dB)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Figura 3.32 - Espectro <strong>de</strong> envolvente <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> na sala.<br />
L p (dB)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.33 - Espectro <strong>de</strong> envolvente <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> na cozinha.<br />
43
Figura 3.34- Espectro <strong>de</strong> envolvente <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> no escritório.<br />
Figura 3.35- Espectro <strong>de</strong> envolvente <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> na suite.<br />
3.4.3 Edifício Santos Dumont – rés-<strong>do</strong>-chão D<br />
3.4.3.1 Introdução<br />
Neste apartamento a situação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> a caracterizar <strong>de</strong>corria da propagação <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> e<br />
vibração gera<strong>do</strong>s pelo funcionamento <strong>de</strong> um portão <strong>de</strong> uma garag<strong>em</strong> colectiva adjacente à pare<strong>de</strong><br />
exterior da sala (Figura 3.36). Por se tratar <strong>de</strong> uma fonte sonora conhecida e claramente perceptível,<br />
<strong>de</strong> carácter não permanente que funciona <strong>em</strong> perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sensivelmente 15 segun<strong>do</strong>s <strong>para</strong> cada um<br />
<strong>do</strong>s ciclos <strong>de</strong> abertura e fecho, concentra<strong>do</strong>s nas horas <strong>de</strong> ponta, as queixas <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res não são<br />
muito intensas.<br />
L p (dB)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
50 500 5000<br />
L p (dB)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
f (Hz)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
44
Ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta a posição da fonte sonora causa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>, optou-se por avaliar apenas o<br />
isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a sala <strong>do</strong> R/C - D e o acesso à garag<strong>em</strong> <strong>do</strong><br />
edifício. Conforme se observa na Figura 3.36, o acesso à garag<strong>em</strong> é efectua<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> uma zona<br />
coberta exterior (Figura 3.37) que dá acesso ao portão e, a partir <strong>de</strong>sse ponto, através <strong>de</strong> uma rampa<br />
interior. A pare<strong>de</strong> da sala <strong>em</strong> contacto com a zona <strong>de</strong> acesso exterior à garag<strong>em</strong> e com a zona da<br />
rampa t<strong>em</strong> uma superfície total <strong>de</strong> 23 m 2 .<br />
Figura 3.36 – Planta <strong>do</strong> R/C - D <strong>do</strong> edifício Santos Dumont.<br />
3.4.3.2 Isolamento ruí<strong>do</strong> aéreo <strong>em</strong> fachadas<br />
O procedimento a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> neste ensaio foi s<strong>em</strong>elhante ao utiliza<strong>do</strong> no 8ºB <strong>do</strong> mesmo edifício, sen<strong>do</strong>,<br />
neste caso, a fonte unidireccional, mo<strong>de</strong>lo 4224 da Brüel & Kjær, colocada na zona <strong>de</strong> acesso à<br />
garag<strong>em</strong> a uma distância <strong>de</strong> 4,40 m da pare<strong>de</strong> da sala. Os níveis <strong>de</strong> pressão sonora na pare<strong>de</strong><br />
exterior (L1,s) e os valores <strong>de</strong> pressão sonora no interior da sala (L2) foram regista<strong>do</strong>s com o<br />
sonómetro Brüel & Kjær 2260, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> necessário aplicar uma correcção <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> fun<strong>do</strong> na sala receptora. Para recolha <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> L1,s foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s três pontos na<br />
diagonal da pare<strong>de</strong> conforme as recomendações da parte cinco da norma EN ISO 140 [N.3].<br />
45
A<strong>do</strong>ptaram-se duas diagonais distintas obten<strong>do</strong>-se um total <strong>de</strong> seis pontos <strong>de</strong> medição.<br />
Na zona da rampa da garag<strong>em</strong> foi consi<strong>de</strong>rada uma diagonal entre o limite da sala, junto ao tecto, e a<br />
entrada da rampa, junto ao pavimento. Na zona <strong>do</strong> acesso exterior foi consi<strong>de</strong>rada uma diagonal entre<br />
o portão, junto ao tecto, e o limite exterior da sala (fachada) voltada <strong>para</strong> o passeio (Figura 3.37). Na<br />
zona <strong>de</strong> rampa, a escolha <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> L1,s foi condicionada pela altura <strong>do</strong><br />
tripé <strong>do</strong> sonómetro. No entanto, também nessa zona se optou por fixar os pontos <strong>de</strong> medição a 1/3,<br />
1/2 e 2/3 <strong>do</strong> comprimento da diagonal, ten<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> começar a diagonal à mesma cota que a<br />
cota <strong>do</strong> pavimento interior. Note-se que estas medições foram efectuadas com o portão aberto. De<br />
outra forma, o índice a medir seria o DnT e não o D2m,nT. Os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> medição utiliza<strong>do</strong>s foram <strong>de</strong><br />
seis segun<strong>do</strong>s, tal como recomenda<strong>do</strong> pela norma <strong>para</strong> medições na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong><br />
400 Hz.<br />
Figura 3.37- Entrada da garag<strong>em</strong>, pare<strong>de</strong> adjacente à sala.<br />
No projecto <strong>de</strong> acústica foi consi<strong>de</strong>rada uma constituição <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> idêntica à consi<strong>de</strong>rada na fachada<br />
<strong>do</strong> 8º B, com uma superfície exterior rebocada. De facto, o revestimento na zona exterior (tijolo <strong>de</strong><br />
forro <strong>de</strong> barro vermelho) é diferente ao preconiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> projecto <strong>de</strong> acústica <strong>para</strong> a fachada <strong>do</strong><br />
edifício. A parte da pare<strong>de</strong> da sala <strong>em</strong> contacto com a zona da rampa, conforme se observa na Figura<br />
3.36, é constituída por uma pare<strong>de</strong> dupla com um caixa-<strong>de</strong>-ar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> espessura, o que permite<br />
aumentar a sua eficiência no isolamento acústico.<br />
Na zona exterior o valor <strong>de</strong> R’45º,w obti<strong>do</strong> experimentalmente <strong>para</strong> a parte exterior foi <strong>de</strong> 50 dB e valor<br />
<strong>de</strong> D2m,nT,w <strong>de</strong> 52 dB. Para a parte interior os valores <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> isolamento sonoro obti<strong>do</strong>s são<br />
46
superiores, uma vez que a pare<strong>de</strong> possui maior espessura. Nesta zona os valores <strong>de</strong> índice <strong>de</strong><br />
redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada medida a 45º e <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> isolamento sonoro <strong>de</strong> fachada<br />
medi<strong>do</strong> a <strong>do</strong>is metros, foram respectivamente: 53 dB e 55 dB. Apresentam-se <strong>de</strong> seguida os espectros<br />
com os índices <strong>de</strong> redução sonora aparente medida a 45º. Para a parte interior, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que<br />
R’w = R’45º,w - 1 = 52 dB é possível estimar o índice DnT,w com base na expressão (3.3). Conclui-se que<br />
o RRAE é satisfeito pois obtém-se um valor <strong>de</strong> DnT,w <strong>de</strong> 53 dB, logo superior ao mínimo requeri<strong>do</strong>.<br />
R’45º + 1,5 (dB)<br />
.<br />
Figura 3.38 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º, parte<br />
R’45º + 1,5 (dB)<br />
interior da garag<strong>em</strong> (rampa).<br />
Figura 3.39 - Índice <strong>de</strong> redução sonora aparente <strong>de</strong> fachada, medi<strong>do</strong> a 45º, parte<br />
exterior da garag<strong>em</strong>.<br />
47<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
3.4.3.3 T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação da sala<br />
Na Figura 3.40 é apresenta<strong>do</strong> o espectro <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação da sala. Tal como se observou<br />
nos compartimentos <strong>do</strong> 8º B, também na sala <strong>do</strong> R/C D, com um volume <strong>de</strong> 107,2, o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />
reverberação situa-se, <strong>em</strong> geral, próximo <strong>do</strong>s 0,8 s, excepto <strong>para</strong> frequências abaixo da banda <strong>de</strong><br />
terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 100 Hz, <strong>em</strong> que o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação aumenta significativamente até cerca <strong>de</strong><br />
3 s <strong>para</strong> a banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 63 Hz.<br />
3,5<br />
3,0<br />
2,5<br />
2,0<br />
1,5<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
t (s)<br />
Figura 3.40 - T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação na sala.<br />
3.4.3.4 Níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> da sala<br />
Na Figura 3.41 são apresentadas as envolventes <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> medi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 10 pontos<br />
no interior da sala. Constata-se que, tal como nos compartimentos <strong>do</strong> 8º B <strong>do</strong> mesmo edifício, há<br />
maior conteú<strong>do</strong> energético <strong>para</strong> as baixas frequências, com um pico evi<strong>de</strong>nte na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong><br />
oitava <strong>do</strong>s 200 Hz. Mais uma vez, as medições foram efectuadas na presença <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> tráfego.<br />
L p (dB)<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.41 -Envolvente <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> na sala.<br />
48
3.5 Parque das Nações – 8º B<br />
3.5.1 Introdução<br />
Neste caso, a situação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> numa máquina <strong>de</strong> secar roupa, a qual funciona,<br />
<strong>em</strong> geral, apenas durante o dia, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> o funcionamento nocturno perturbar o sono da criança<br />
que ocupa o quarto adjacente à cozinha<br />
3.5.2 Caracterização da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a<br />
cozinha e o quarto<br />
Neste edifício, as pare<strong>de</strong>s entre os diversos fogos e entre fogos e zonas comuns <strong>de</strong> circulação, são<br />
constituídas, na sua maioria, por alvenaria <strong>de</strong> tijolo cerâmico fura<strong>do</strong> <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> espessura, com<br />
ambas as faces rebocadas. Nalgumas zonas, esta se<strong>para</strong>ção é garantida por pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> betão<br />
arma<strong>do</strong> <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> espessura. As pare<strong>de</strong>s interiores são <strong>em</strong> alvenaria <strong>de</strong> tijolo cerâmico fura<strong>do</strong> com<br />
11 cm <strong>de</strong> espessura rebocadas <strong>em</strong> ambas as faces. A fachada é constituída por <strong>do</strong>is panos <strong>de</strong> tijolo<br />
cerâmico fura<strong>do</strong> com 7 e 11 cm <strong>de</strong> espessura com caixa <strong>de</strong> ar <strong>de</strong> 3 cm <strong>de</strong> espessura. Os el<strong>em</strong>entos<br />
<strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção horizontal entre fogos são constituí<strong>do</strong>s por lajes <strong>de</strong> betão arma<strong>do</strong> revestidas com tacos<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira assentes sobre betonilha <strong>de</strong> regularização. A partir <strong>de</strong> informação retirada <strong>do</strong> projecto <strong>de</strong><br />
acústica [P.3] e <strong>de</strong> pormenores construtivo [P.4], assume-se que as lajes tenham aproximadamente 20<br />
cm e que a betonilha <strong>de</strong> regularização tenha cerca <strong>de</strong> 3 cm.<br />
Para a caracterização da situação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rou-se ser relevante apenas a pare<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
se<strong>para</strong>ção entre a cozinha, on<strong>de</strong> se localiza a máquina <strong>de</strong> secar roupa, e o quarto. A cozinha t<strong>em</strong> uma<br />
área útil <strong>de</strong> 12,40 m 2 e o quarto <strong>de</strong> 13,75 m 2 , ten<strong>do</strong>, ambos os compartimentos, um pé direito <strong>de</strong><br />
2,70 m. A pare<strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre os compartimentos t<strong>em</strong> um comprimento <strong>de</strong> 5,10 m, perfazen<strong>do</strong><br />
uma área total <strong>de</strong> 13,77 m 2 . Na Figura 3.42 é apresentada a planta <strong>do</strong> apartamento.<br />
Nas Figuras 3.43 e 3.44 apresentam-se as fotografias <strong>do</strong>s locais on<strong>de</strong> foram efectuadas as medições<br />
relativas não só aos índices <strong>de</strong> isolamento sonoro da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção mas também <strong>para</strong> análise<br />
da incomodida<strong>de</strong> provocada pelo seca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> roupa.<br />
49
Figura 3.42 – Planta <strong>do</strong> 8º B <strong>do</strong> edifício <strong>do</strong> Parque das Nações.<br />
Figura 3.43 - Seca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> roupa encosta<strong>do</strong> à<br />
pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da cozinha.<br />
50<br />
Figura 3.44 - Quarto <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmir adjacente à<br />
cozinha.
3.5.2.1 Isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo<br />
O valor preconiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> projecto <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> redução sonora (R’w) da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre<br />
a cozinha e o quarto foi <strong>de</strong> 44 dB [P.3]. Os valores obti<strong>do</strong>s experimentalmente foram R'w = 43 dB e<br />
DnT,w = 43 dB. O valor obti<strong>do</strong> <strong>para</strong> R'w satisfaz os pressupostos <strong>do</strong> projecto, <strong>em</strong> que se consi<strong>de</strong>ra um<br />
limite <strong>de</strong> 40 dB <strong>para</strong> o índice <strong>de</strong> redução sonora das pare<strong>de</strong>s interiores <strong>do</strong>s fogos. Na Figura 3.45 são<br />
apresenta<strong>do</strong>s o espectro <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> isolamento a ruí<strong>do</strong> aéreo padroniza<strong>do</strong> (DnT) e as posições da<br />
curva <strong>de</strong> referência (a azul) e ajustada (a vermelho) da curva <strong>de</strong> referência <strong>de</strong>finida pela norma<br />
EN ISO 717 [N.7]<br />
Figura 3.45 - Índice <strong>de</strong> isolamento sonoro da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a cozinha<br />
e o quarto <strong>do</strong> 8º B <strong>do</strong> edifício <strong>do</strong> Parque das Nações.<br />
3.5.2.2 T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação no quarto<br />
No compartimento receptor, neste caso quarto, os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> reverberação obti<strong>do</strong>s nas diversas<br />
bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava situaram-se, <strong>em</strong> geral, abaixo <strong>do</strong>s 0,4 s, exceptuan<strong>do</strong>-se apenas as<br />
bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava inferiores a 100 Hz, on<strong>de</strong> o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação aumentou até aos<br />
0,8 s. Isto <strong>de</strong>ve-se ao facto <strong>de</strong> o quarto ter uma gran<strong>de</strong> ocupação por móveis, tapetes e, ainda um<br />
número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> bonecos <strong>de</strong> peluche, os quais contribu<strong>em</strong> também <strong>para</strong> melhor absorção<br />
sonora <strong>do</strong> compartimento.<br />
51
1,0<br />
0,8<br />
0,6<br />
0,4<br />
0,2<br />
0,0<br />
t (s)<br />
50 500 5000<br />
Figura 3.46 - T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Reverberação no quarto.<br />
3.5.2.3 Níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> quarto<br />
Na Figura 3.47 são apresentadas as envolventes <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> medi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 15 pontos<br />
no interior da sala. Constata-se que há maior conteú<strong>do</strong> energético <strong>para</strong> as baixas frequências, com<br />
um pico evi<strong>de</strong>nte na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>do</strong>s 250 Hz. Estas medições <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
fun<strong>do</strong> foram efectuadas na presença <strong>de</strong> tráfego automóvel e também, ocasionalmente, ferroviário.<br />
L p (dB)<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
f (Hz)<br />
50 500 5000<br />
f (Hz)<br />
Figura 3.47 – Envolvente <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> no quarto.<br />
52
3.6 Conclusões<br />
Foram caracteriza<strong>do</strong>s três locais on<strong>de</strong> existiam indícios <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> e vibração <strong>de</strong> baixa<br />
frequência. Foram caracteriza<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhos acústicos das pare<strong>de</strong>s e pavimentos envolventes<br />
e também os campos sonoros instala<strong>do</strong>s nos compartimentos. Para caracterização <strong>do</strong>s campos<br />
sonoros foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>do</strong>s compartimentos e foram medi<strong>do</strong>s os seus t<strong>em</strong>pos<br />
<strong>de</strong> reverberação e os espectros <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. Apesar <strong>de</strong> ser dada particular atenção ao<br />
comportamento acústico <strong>em</strong> baixas frequências, uma vez que as recomendações da norma EN<br />
ISO 140 [N.1] relativas a medições nesta gama <strong>de</strong> frequências se <strong>de</strong>stinam a aplicações <strong>em</strong><br />
laboratório, não foram ti<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s especiais nas medições <strong>de</strong> campo efectuadas.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s das medições indicaram que, no edifício Santos Dumont, os espectros <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, tanto no R/C – D como no 8º B, apresentam crescimentos significativos nas bandas <strong>de</strong><br />
terços <strong>de</strong> oitava 160 a 200 Hz. Foi possível verificar também que, nessas bandas <strong>de</strong> frequências, as<br />
pare<strong>de</strong>s apresentam quebras <strong>de</strong> isolamento sonoro importantes, nomeadamente as pare<strong>de</strong>s simples<br />
<strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre compartimentos, cuja frequência <strong>de</strong> coincidência se estima <strong>em</strong> 160 Hz. No edifício<br />
<strong>do</strong> Parque das Nações, com pare<strong>de</strong>s interiores s<strong>em</strong>elhantes, foi regista<strong>do</strong> um pico <strong>de</strong> nível sonoro na<br />
banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 250 Hz e uma quebra significativa <strong>de</strong> isolamento sonoro entre as bandas<br />
<strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 250 e 500 Hz, com um mínimo nos 315 Hz. Uma vez que a frequência <strong>de</strong><br />
coincidência só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características <strong>do</strong>s materiais e da espessura da pare<strong>de</strong>, não exist<strong>em</strong><br />
razões <strong>para</strong> que seja diferente nos <strong>do</strong>is edifícios. Conclui-se assim que as diferenças <strong>de</strong>tectadas<br />
<strong>de</strong>corr<strong>em</strong> <strong>do</strong> comportamento modal das pare<strong>de</strong>s e compartimentos <strong>em</strong> cada um <strong>do</strong>s edifícios, o qual<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das dimensões das pare<strong>de</strong>s e compartimentos. Nos casos <strong>em</strong> que existir<strong>em</strong> condições <strong>para</strong><br />
a ocorrência <strong>de</strong> acoplamento modal entre a pare<strong>de</strong> e o compartimento, o isolamento sonoro diminui<br />
significativamente [2]<br />
53
4. Análise <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong><br />
4.1 Introdução<br />
Neste capítulo são apresenta<strong>do</strong>s, <strong>para</strong> os três casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, os níveis <strong>de</strong> pressão sonora e<br />
vibração regista<strong>do</strong>s na presença <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular. Foram realiza<strong>do</strong>s três tipos <strong>de</strong> ensaios:<br />
a) medição <strong>de</strong> espectros <strong>de</strong> níveis sonoros instantâneos <strong>em</strong> banda estreita; b) medição <strong>do</strong>s espectros<br />
<strong>em</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> níveis sonoros contínuos equivalentes pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s A, LA,eq;<br />
c) medição <strong>do</strong>s espectros <strong>em</strong> banda estreita <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> vibração. As medições <strong>de</strong> espectros <strong>de</strong><br />
níveis sonoros <strong>em</strong> banda estreita tiveram como objectivo <strong>de</strong>tectar ruí<strong>do</strong>s cujas características tonais<br />
pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> não ser evi<strong>de</strong>ntes na análise <strong>em</strong> bandas <strong>de</strong> terço <strong>de</strong> oitava. Foram também analisa<strong>do</strong>s os<br />
espectros <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>em</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>para</strong> caracterizar o ruí<strong>do</strong> particular <strong>em</strong><br />
termos <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as meto<strong>do</strong>logias regulamentares segun<strong>do</strong> as quais, <strong>em</strong><br />
edifícios <strong>de</strong> habitação, o ruí<strong>do</strong> particular <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> utilização colectiva <strong>de</strong> edifícios não <strong>de</strong>ve<br />
exce<strong>de</strong>r os seguintes limites:<br />
LAR,nT ≤ 27 dB(A) – Equipamentos <strong>de</strong> funcionamento contínuo<br />
LAR,nT ≤ 32 dB(A) – Equipamentos <strong>de</strong> funcionamento intermitente<br />
O parâmetro LAR,nT é calcula<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o RRAE [N.6] através <strong>de</strong><br />
L L K<br />
2<br />
Ar , nT = A, eq + − 10log ⎜ ⎟<br />
⎝T0 ⎠<br />
55<br />
⎛T ⎞<br />
on<strong>de</strong> LA,eq é o nível sonoro contínuo equivalente pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> A, da<strong>do</strong> por<br />
L<br />
A, eq<br />
LA<br />
⎛ ⎞<br />
10<br />
⎜ ∑t<br />
i10<br />
⎟<br />
i<br />
= 10log ⎜ ⎟<br />
⎜ ∑ t ⎟ i<br />
⎜ i ⎟<br />
⎝ ⎠<br />
[dB (A)], (4.1)<br />
[dB (A)]. (4.2)<br />
A constante K preten<strong>de</strong> traduzir as características tonais <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> e, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o RGR [N.7],<br />
assume o valor <strong>de</strong> 3 dB quan<strong>do</strong> nível sonoro regista<strong>do</strong>, <strong>em</strong> dB(A), numa dada banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong><br />
oitava, exce<strong>de</strong>r os níveis regista<strong>do</strong>s nas bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava adjacente <strong>em</strong>, pelo menos,<br />
5 dB(A), valen<strong>do</strong> 0 dB nas restantes situações. Os parâmetros T0 e T2 assum<strong>em</strong> os significa<strong>do</strong>s<br />
atribuí<strong>do</strong>s no Capítulo 3 e correspon<strong>de</strong>m, respectivamente, ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação <strong>de</strong> referência e<br />
ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> reverberação <strong>do</strong> local <strong>de</strong> avaliação da incomodida<strong>de</strong>.<br />
Os espectros <strong>de</strong> níveis sonoros <strong>em</strong> banda estreita foram regista<strong>do</strong>s com microfones Brüel e Kjær <strong>do</strong><br />
tipo BZ4165 liga<strong>do</strong>s a um analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> frequências Brüel e Kjær <strong>do</strong> tipo 2144. A análise <strong>em</strong> bandas
<strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava, com cálculo <strong>do</strong>s níveis sonoros equivalentes, foi efectuada com o sonómetro da<br />
Brüel e Kjær <strong>do</strong> tipo 2260 equipa<strong>do</strong> com microfone da mesma marca <strong>do</strong> tipo 4189. Os espectros <strong>de</strong><br />
níveis <strong>de</strong> vibração foram obti<strong>do</strong>s com acelerómetros Brüel e Kjær <strong>do</strong> tipo 4381 liga<strong>do</strong>s ao analisa<strong>do</strong>r<br />
2144 s<strong>em</strong> recurso a qualquer amplificação <strong>de</strong> sinal, o que obrigou à medição <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> vibração<br />
apenas <strong>em</strong> locais muito perto da fonte. Os espectros <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> vibração serviram apenas <strong>para</strong><br />
comprovar as frequências <strong>em</strong> que a <strong>em</strong>issão sonora se efectuava com maior conteú<strong>do</strong> energético.<br />
Nas secções seguintes, são <strong>de</strong>scritos, <strong>para</strong> cada caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, os ensaios realiza<strong>do</strong>s e são<br />
analisa<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a caracterização da incomodida<strong>de</strong>.<br />
4.2 Edifício Santos Dumont – 8º B<br />
4.2.1 Introdução<br />
Neste fogo, o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa frequência (RBF) <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong>s<br />
ventila<strong>do</strong>res existentes na cobertura. Na Figura 4.1 é apresentada uma planta com a i<strong>de</strong>ntificação e<br />
distribuição <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura. Na Figura 4.2 é apresentada a planta <strong>do</strong>s fogos <strong>do</strong> 8º piso<br />
com a posição relativa <strong>de</strong> cada ventila<strong>do</strong>r relativamente aos compartimentos <strong>do</strong> fogo.<br />
Figura 4.1 - Planta com distribuição e i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura.<br />
56
IS6<br />
IS7<br />
EA2<br />
EA4<br />
IS4<br />
Figura 4.2 - Planta das fracções autónomas correspon<strong>de</strong>ntes ao 8º A e 8º B <strong>do</strong> edifício<br />
Santos Dumont.<br />
57<br />
IS5<br />
EA3
4.2.2 Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros <strong>em</strong> banda estreita<br />
Neste tipo <strong>de</strong> medição proce<strong>de</strong>u-se à aquisição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> pressão sonora <strong>para</strong> frequências<br />
inferiores a 250 Hz através <strong>de</strong> microfones coloca<strong>do</strong>s junto a um canto <strong>do</strong>s compartimentos, próximo<br />
<strong>do</strong> tecto, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ntificar to<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>s acústicos excita<strong>do</strong>s pelo ruí<strong>do</strong> particular (Figuras 4.3 e<br />
4.4). Na Figura 4.5 são apresentadas, <strong>em</strong> planta, as posições <strong>de</strong> medição <strong>do</strong>s microfones <strong>para</strong> os<br />
diferentes compartimentos analisa<strong>do</strong>s.<br />
Figura 4.3 - Medição <strong>de</strong> espectros <strong>de</strong> níveis<br />
sonoros na cozinha utilizan<strong>do</strong> o<br />
analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>do</strong>is canais B&K 2144.<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> validar as medições efectuadas com o analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> frequências B&K 2144,<br />
optou-se por utilizar, <strong>em</strong> simultâneo, o sonómetro B&K 2260. Estas medições apresentaram alguma<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> posicionamento <strong>do</strong>s microfones e sonómetro perto <strong>do</strong> tecto e,<br />
principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciar o funcionamento <strong>de</strong> ambos os equipamentos <strong>em</strong><br />
simultâneo, causan<strong>do</strong> o menor nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> possível. Verificou-se que, o sonómetro não regista<br />
médias aritméticas ou exponenciais <strong>de</strong> níveis instantâneos <strong>de</strong> pressão sonora, mas apenas níveis<br />
58<br />
Figura 4.4 - Medição espectros <strong>de</strong> níveis sonoros<br />
na cozinha utilizan<strong>do</strong> o sonómetro<br />
B&K 2260
sonoros contínuos equivalentes, Leq (dB), os quais correspon<strong>de</strong>m a médias energéticas, os espectros<br />
obti<strong>do</strong>s com os <strong>do</strong>is equipamentos foram um pouco diferentes <strong>para</strong> medições <strong>de</strong> Leq efectuadas <strong>em</strong><br />
perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 15 segun<strong>do</strong>s. Para medições <strong>de</strong> Leq com <strong>do</strong>is minutos <strong>de</strong> duração, os espectros obti<strong>do</strong>s<br />
com o analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> banda estreita e o sonómetro foram muito s<strong>em</strong>elhantes. Nos três compartimentos<br />
analisa<strong>do</strong>s foram medi<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> R.B.F <strong>para</strong> nove situações distintas: to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s; to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res liga<strong>do</strong>s; e finalmente, cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento individual<br />
(sete ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura).<br />
Figura 4.5 – Planta com posicionamento <strong>do</strong>s microfones <strong>para</strong> registo <strong>do</strong>s níveis sonoros na ausência<br />
e na presença <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> particular.<br />
59
4.2.2.1 Cozinha<br />
Na Figura 4.6 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s, <strong>para</strong> a cozinha, nos <strong>do</strong>is<br />
canais <strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>r B&K 2144, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s. Na Figura 4.7 apresentam-se<br />
os espectros obti<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res liga<strong>do</strong>s.<br />
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
Figura 4.6 - Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros medi<strong>do</strong>s na cozinha com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s.<br />
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res -<br />
Envolvente superior<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
Figura 4.7 - Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros medi<strong>do</strong>s na cozinha com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong><br />
funcionamento simultâneo.<br />
60<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
Como se observa na Figura 4.7 e 4.8 quan<strong>do</strong> se colocam to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento<br />
simultâneo, surg<strong>em</strong> picos <strong>do</strong> nível sonoro nos 100, 200 e 300 Hz que não surgiam no espectro <strong>do</strong><br />
ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. Em geral, a partir <strong>do</strong>s 50 Hz, ocorre um aumento <strong>do</strong>s níveis sonoros quan<strong>do</strong> se ligam<br />
os ventila<strong>do</strong>res. De forma a aferir os efeitos <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res no aumento <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong><br />
pressão sonora, efectuou-se ainda a medição <strong>do</strong>s níveis sonoros com cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong><br />
funcionamento isola<strong>do</strong>. Estes espectros po<strong>de</strong>m ser consulta<strong>do</strong>s no Anexo 1. Nas Figuras 4.9 a 4.11<br />
são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>do</strong>s níveis sonoros obti<strong>do</strong>s com os ventila<strong>do</strong>res EA2, EA3 e EA4 <strong>em</strong><br />
funcionamento isola<strong>do</strong>. Os ventila<strong>do</strong>res EA3 e EA4 são os que mais contribu<strong>em</strong> <strong>para</strong> os níveis<br />
sonoros instala<strong>do</strong>s na cozinha, o que <strong>de</strong>corre, naturalmente, da sua localização junto à courette <strong>de</strong><br />
ventilação da cozinha. O ventila<strong>do</strong>r EA2 é o único que, actualmente, fica <strong>em</strong> funcionamento contínuo<br />
durante a noite, sen<strong>do</strong> por isso, fundamental efectuar a análise <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> que gera.<br />
É interessante notar que o espectro <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s com o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong><br />
funcionamento isola<strong>do</strong> é muito próximo <strong>do</strong> espectro <strong>de</strong> níveis sonoros <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, obti<strong>do</strong> com to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s. Na Figura 4.8 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s com<br />
cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>, b<strong>em</strong> como, as envolventes máximas e mínimas <strong>de</strong>stes<br />
valores.<br />
Lp (dB)<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Funcionamento individual <strong>de</strong> cada ventila<strong>do</strong>r<br />
Envolvente superior <strong>para</strong> ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong><br />
Envolvente inferior <strong>para</strong> ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong><br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res- Envolvente<br />
superior<br />
Envolvente inferior <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400 f (Hz)<br />
Figura 4.8 – Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s, na cozinha, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s,<br />
com cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo.<br />
61
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400 f (Hz)<br />
Figura 4.9 – Com<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s, na cozinha, com to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo e com o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res - Envolvente<br />
superior<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal A<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal B<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res - Envolvente superior<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal A<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal B<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Figura 4.10 – Espectro <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>, na cozinha, com ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong><br />
funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
62<br />
f (Hz)
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
Figura 4.11 - Espectro <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>, na cozinha, com ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong><br />
4.2.2.2 Escritório<br />
funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
No escritório, as medições efectuadas <strong>de</strong> espectros <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>em</strong> banda estreita<br />
apresentaram um erro que só foi <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> após a sua realização. Assim, <strong>para</strong> efectuar a análise <strong>de</strong><br />
incomodida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>raram-se os níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>s numa medição realizada<br />
previamente, com o mesmo equipamento, na fase <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>do</strong>s<br />
compartimentos.<br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res -<br />
Envolvente superior<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal A<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal B<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Na Figura 4.12 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> níveis sonoros medi<strong>do</strong>s, no escritório, com to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo e com cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>. É ainda<br />
apresenta<strong>do</strong> o espectro <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. Ao contrário <strong>do</strong> que se observou na cozinha, a<br />
amplitu<strong>de</strong> da variação <strong>de</strong> níveis sonoros obtida com os diversos ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento<br />
isola<strong>do</strong> é <strong>de</strong> apenas cerca <strong>de</strong> 10 dB, <strong>em</strong> média, sen<strong>do</strong> mais evi<strong>de</strong>ntes os picos <strong>do</strong> nível sonoro nas<br />
frequências <strong>do</strong>s 50, 100 e 200 Hz, os quais parec<strong>em</strong> correspon<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>senvolvimentos harmónicos <strong>de</strong><br />
uma excitação nos 50 Hz. Exceptuan<strong>do</strong> o pico <strong>do</strong>s 200 Hz, o qual só t<strong>em</strong> expressão <strong>em</strong> algumas<br />
medições, nomeadamente com o ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong> (Figura 4.13), os picos<br />
<strong>do</strong>s 50 e 100 Hz são regista<strong>do</strong>s com qualquer <strong>do</strong>s restantes ventila<strong>do</strong>res. É também com o ventila<strong>do</strong>r<br />
EA3 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong> que se regista a maioria <strong>do</strong>s máximos <strong>de</strong> níveis sonoros. Isto acontece<br />
porque este ventila<strong>do</strong>r assegura a evacuação <strong>de</strong> fumos das cozinhas através <strong>de</strong> tubagens inseridas<br />
numa courette localizada no interior da pare<strong>de</strong> entre o escritório e a cozinha.<br />
Na Figura 4.14 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> níveis sonoros medi<strong>do</strong>s no escritório com o<br />
ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>. Constata-se que praticamente não há variação<br />
63<br />
f (Hz)
elativamente ao ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, o que era espera<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a<br />
cozinha, cuja fachada apresenta um índice <strong>de</strong> isolamento sonoro significativamente inferior ao da<br />
fachada <strong>do</strong> escritório. No entanto, os picos <strong>de</strong> nível sonoro nos 50, 100 e 200 Hz continuam a ser<br />
i<strong>de</strong>ntificáveis facilmente.<br />
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Figura 4.12 - Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s, no escritório, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s,<br />
com cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo.<br />
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Funcionamento individual <strong>de</strong> cada ventila<strong>do</strong>r<br />
Envolvente superior <strong>para</strong> ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento<br />
isola<strong>do</strong><br />
Envolvente inferior <strong>para</strong> ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento<br />
isola<strong>do</strong><br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res - Envolvente<br />
superior<br />
Funcionamento simultaneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res - Envolvente superior<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal A<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal B<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
Figura 4.13 - Espectro <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>, no escritório, com ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong><br />
funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
64<br />
f (Hz)<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400 f (Hz)
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Figura 4.14 - Com<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s, no escritório, com to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo e com o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento<br />
isola<strong>do</strong>.<br />
4.2.2.3 Quarto<br />
Na Figura 4.15 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>do</strong>s níveis sonoros medi<strong>do</strong>s, no quarto, com to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo. Neste caso, não se apresenta o espectro <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> fun<strong>do</strong> por se ter constata<strong>do</strong>, após a realização das medições, já numa fase <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />
resulta<strong>do</strong>s, que o arquivo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes terá si<strong>do</strong>, <strong>de</strong> alguma forma, corrompi<strong>do</strong>.<br />
Assim, optou-se, neste caso, por consi<strong>de</strong>rar a envolvente inferior <strong>do</strong>s espectros <strong>do</strong>s níveis sonoros<br />
(Figura 4.16) obti<strong>do</strong>s com cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong> como uma boa aproximação <strong>do</strong><br />
espectro <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>.<br />
Funcionamento simultaneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res - Envolvente Superior superior<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal A<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal B<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
0 50 100 150 200 250 300 350<br />
f (Hz)<br />
400<br />
As Figura 4.15 e 4.16 revelam, mais uma vez, a presença <strong>de</strong> picos <strong>do</strong> nível sonoro nas frequências <strong>de</strong><br />
100, 200 e 300 Hz. Neste caso, observa-se também um forte conteú<strong>do</strong> energético <strong>em</strong> torno <strong>do</strong>s<br />
50 Hz, mas não é i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> um pico <strong>do</strong> nível sonoro exactamente sobre os 50 Hz, o que permite<br />
concluir, <strong>em</strong> concordância com os espectros obti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> na cozinha, que os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>verão apresentar uma frequência fundamental <strong>de</strong> vibração <strong>de</strong> 100 Hz com<br />
<strong>de</strong>senvolvimentos harmónicos importantes nos 200 e 300 Hz. Além <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>verá existir<br />
ainda outra fonte <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> exterior com conteú<strong>do</strong>s energéticos importantes nos 40 Hz, a qual não foi<br />
possível i<strong>de</strong>ntificar. A única fonte sonora permanente i<strong>de</strong>ntificada foi o tráfego automóvel ro<strong>do</strong>viário, na<br />
Avenida <strong>do</strong>s Combatentes, a qual é normalmente caracterizada por apresentar picos sonoros entre os<br />
80 e 125 Hz, e não nos 40 Hz. Também não é ruí<strong>do</strong> eléctrico, cuja frequência fundamental são os<br />
50 Hz, com harmónicas <strong>de</strong> maior importância nos 150 e 250 Hz.<br />
65
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400 f (Hz)<br />
Figura 4.15 - Espectro <strong>do</strong>s níveis sonoros obti<strong>do</strong>, na suite, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res<br />
<strong>em</strong> funcionamento.<br />
Figura 4.16 - Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s, na suite, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s,<br />
com cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong><br />
funcionamento simultâneo.<br />
66<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
fun<strong>do</strong><br />
Funcionamento individual <strong>de</strong> cada ventila<strong>do</strong>r<br />
Envolvente Superior superior<br />
Envolvente Inferior inferior<br />
Funcionamento simultâneo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400 f (Hz)
A Figura 4.17 mostra que, apesar <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> isolamento sonoro obti<strong>do</strong> <strong>para</strong> a envolvente<br />
da suite (Tabela 3.7 e 3.8), o ventila<strong>do</strong>r EA2, que é o único <strong>em</strong> funcionamento nocturno e que se situa<br />
no extr<strong>em</strong>o oposto <strong>do</strong> edifício, sobre a fracção autónoma correspon<strong>de</strong>nte ao 8º A, conduz a níveis<br />
sonoros nos 200 Hz próximos <strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo. O<br />
mesmo aconteceu no escritório mas não na cozinha, on<strong>de</strong> se esperaria que os efeitos <strong>do</strong> ventila<strong>do</strong>r<br />
EA2 foss<strong>em</strong> mais significativos. A gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> nível sonoro registada, com um acréscimo <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 25 dB sobre os níveis sonoros nas frequências mais próximas <strong>do</strong>s 200 Hz, indica uma<br />
tonalida<strong>de</strong> muito acentuada que aumenta a sensação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>.<br />
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Figura 4.17 - Com<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s, na suite, com to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo e com o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento<br />
isola<strong>do</strong>.<br />
Na figura 4.18 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s com o ventila<strong>do</strong>r EA4, o qual<br />
está significativamente mais próximo <strong>do</strong> suite <strong>do</strong> que o ventila<strong>do</strong>r EA2. Conclui-se que os níveis<br />
sonoros aumentam significativamente nos 100 Hz, existin<strong>do</strong> também uma maior excitação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
acústicos associa<strong>do</strong>s às frequências <strong>de</strong> 84 e 115 Hz (ver Figura 3.27). Nos 200 Hz, o pico <strong>do</strong> nível<br />
sonoro obti<strong>do</strong> é significativamente inferior ao obti<strong>do</strong> com o ventila<strong>do</strong>r EA2. Estas observações<br />
introduz<strong>em</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os ventila<strong>do</strong>res não ser<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s iguais.<br />
Esta possibilida<strong>de</strong> é reduzida, uma vez que, o número <strong>de</strong> pisos servi<strong>do</strong>s por cada ventila<strong>do</strong>r é idêntico<br />
e também porque to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s serv<strong>em</strong> apenas <strong>para</strong> a exaustão <strong>de</strong> gases<br />
resultantes <strong>de</strong> combustão <strong>de</strong> esquenta<strong>do</strong>res e cal<strong>de</strong>iras. Não foi possível, no local, recolher<br />
informações sobre as características <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res, nomeadamente a sua potência e velocida<strong>de</strong><br />
máxima <strong>de</strong> rotação.<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento individual: Canal A<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento individual: Canal B<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res - Envolvente Superior superior<br />
67<br />
f (Hz)
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
L p (dB)<br />
Figura 4.18 - Espectro <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>, na suite, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong><br />
funcionamento simultâneo e com o ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
4.2.3 Avaliação <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> LA,eq e tonalida<strong>de</strong><br />
4.2.3.1 Níveis <strong>de</strong> LA,eq<br />
As medições <strong>do</strong> nível sonoro contínuo equivalente foram efectuadas apenas nas duas divisões <strong>do</strong><br />
8º B i<strong>de</strong>ntificadas pela proprietária como zonas <strong>de</strong> maior incomodida<strong>de</strong>. As medições foram<br />
efectuadas <strong>em</strong> pontos <strong>do</strong>s compartimentos correspon<strong>de</strong>ntes a posições frequentes <strong>do</strong>s ocupantes,<br />
nomeadamente à secretária, no escritório, e na cama, na suite. Em ambos os casos, o sonómetro foi<br />
coloca<strong>do</strong> perto daquela que seria a posição <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s. Além <strong>de</strong>stes pontos, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />
outros <strong>do</strong>is na diagonal da sala. Os níveis LA,eq foram medi<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s,<br />
com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo e com o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento<br />
isola<strong>do</strong>. Houve a preocupação <strong>de</strong> efectuar a campanha <strong>de</strong> ensaios a uma hora <strong>em</strong> que os níveis <strong>de</strong><br />
ruí<strong>do</strong> foss<strong>em</strong> baixos. As medições foram efectuadas num Domingo, entre as 07:23 h e as 08:15 h, <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> a garantir baixos níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>.<br />
Funcionamento simultâneo <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res - Envolvente Superior superior<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal A<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>: Canal B<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Uma vez que as medições <strong>de</strong> LA,eq são efectuadas durante perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po largos, a probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ser<strong>em</strong> afectadas por ocorrências particulares <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>s exteriores é elevada. Assim, é fundamental<br />
neste tipo <strong>de</strong> medições, registar to<strong>do</strong>s os eventos, tais como sobrevoos <strong>de</strong> aviões ou passagens <strong>de</strong><br />
composições ferroviárias. Assim, s<strong>em</strong>pre que ocorre algum ruí<strong>do</strong> inespera<strong>do</strong>, a medição foi reiniciada<br />
68<br />
f (Hz)
ou recorre-se à ferramenta <strong>de</strong> back erase <strong>do</strong> sonómetro, a qual faz a <strong>de</strong>vida correcção <strong>do</strong> sinal<br />
apagan<strong>do</strong> a parte <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> in<strong>de</strong>sejada.<br />
Na Tabela 4.1 apresentam-se os níveis sonoros contínuos equivalentes pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s A obti<strong>do</strong>s no<br />
escritório e na suite. Observa-se um pequeno aumento <strong>do</strong> nível sonoro quan<strong>do</strong>, estan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res inicialmente <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s, o ventila<strong>do</strong>r EA2 é liga<strong>do</strong>. Existe ainda um aumento <strong>de</strong> apenas<br />
cerca <strong>de</strong> 2 dB entre a situação <strong>em</strong> que to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res estão <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s e a situação <strong>em</strong> que<br />
to<strong>do</strong>s estão liga<strong>do</strong>s. Os aumentos são mais acentua<strong>do</strong>s se observarmos o nível sonoro equivalente<br />
linear, Leq (não pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>). Uma vez que gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> energético se situa <strong>em</strong><br />
frequências até aos 400 Hz, a utilização <strong>do</strong> filtro A subavalia o conteú<strong>do</strong> energético total.<br />
No caso da suite, ao contrário <strong>do</strong> espera<strong>do</strong> obteve-se um maior nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> Leq com to<strong>do</strong>s os<br />
ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que com o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>. Tal <strong>de</strong>ve-se<br />
provavelmente a um nível eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> nas bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava mais baixas da<br />
terceira posição <strong>de</strong> medição, como se comprova pelo facto <strong>de</strong> esta diferença não ser perceptível com<br />
a aplicação da pon<strong>de</strong>ração A.<br />
Tabela 4.1 - Valores <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> LA,eq e Leq das medições efectuadas no escritório e suite<br />
Posição <strong>de</strong> medição 1 2 3 Média<br />
Divisão Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
ventila<strong>do</strong>res<br />
Escritório<br />
Suite<br />
To<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s<br />
To<strong>do</strong>s<br />
liga<strong>do</strong>s<br />
LA[dB(A)] LL(dB) LA[dB(A)] LL(dB) LA[dB(A)] LL(dB) LA,eq<br />
[dB(A)]<br />
69<br />
Leq<br />
[dB]<br />
21,1 48,7 21,0 48,8 22,3 48,6 21,51 48,7<br />
24,0 53,5 24,4 53,8 23,9 53,9 24,11 53,7<br />
EA2 liga<strong>do</strong> 22,3 52,3 23,2 51,1 21,3 51,0 22,34 51,5<br />
To<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s<br />
To<strong>do</strong>s<br />
liga<strong>do</strong>s<br />
22,8 52,6 21,1 52,3 22,6 56,6 22,23 54,3<br />
24,3 59,4 25,0 59,4 24,5 58,7 24,61 59,2<br />
EA2 liga<strong>do</strong> 21,4 53,0 23,0 52,8 23,1 51,2 22,57 52,4
4.2.3.2 Tonalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong><br />
Quan<strong>do</strong> estão <strong>em</strong> funcionamento simultâneo to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s permit<strong>em</strong><br />
afirmar que o ruí<strong>do</strong> medi<strong>do</strong>, <strong>em</strong> ambas as divisões, apresenta características claramente tonais,<br />
nomeadamente na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava centrada nos 200 Hz. Observou-se ainda que, com<br />
to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s, o espectro não apresentava características tonais. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />
apenas o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>, o ruí<strong>do</strong> não apresenta, à luz <strong>do</strong> RGR [N.7],<br />
características tonais, ainda que ocorram aumentos com algum significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> nível sonoro <strong>em</strong><br />
algumas bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava. No escritório, por vezes, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s<br />
ou estan<strong>do</strong> apenas o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>, <strong>em</strong> algumas posições <strong>de</strong> medição<br />
obteve-se um espectro com tonalida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>do</strong>s 50 Hz. Tal po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ver-se, como foi referi<strong>do</strong> anteriormente, a ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> com outra orig<strong>em</strong>, <strong>de</strong> cariz permanente,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong> eléctrica.<br />
É importante notar que ainda que nas medições <strong>em</strong> banda estreita se observ<strong>em</strong> características<br />
claramente tonais nas frequências <strong>de</strong> 100, 200 e 300 Hz, <strong>em</strong> geral, ao fazer a medição <strong>em</strong> terços <strong>de</strong><br />
oitava, ou a simples conversão <strong>do</strong>s espectros <strong>em</strong> banda estreita <strong>para</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava,<br />
estas características po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>saparecer. Na Tabela 4.2, são apresentadas as frequências <strong>para</strong> as<br />
quais se verificou a existência <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s espectros obti<strong>do</strong>s após conversão <strong>do</strong>s espectros<br />
obti<strong>do</strong>s com o analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>do</strong>is canais <strong>em</strong> banda estreia <strong>para</strong> bandas terços <strong>de</strong> oitava com<br />
aplicação <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração A.<br />
Tabela 4.2 – Tonalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> verificada <strong>para</strong> medições efectuadas com o analisa<strong>do</strong>r B&K 2144.<br />
Ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento Escritório (Hz) Suite (Hz)<br />
IS4 30;50 100<br />
IS5 50 N/A<br />
IS6 50 N/A<br />
IS7 100 100;200<br />
EA2 50 N/A<br />
EA3 50;100;200 N/A<br />
EA4 50;100 100<br />
70
4.2.3.3 Níveis <strong>de</strong> LAr,nT<br />
Na Tabela 4.3 apresentam-se os níveis <strong>de</strong> LAr,nT estima<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> índice LA,eq previamente<br />
recolhi<strong>do</strong> com o sonómetro B&K 2260. Foi ainda ti<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta o parâmetro I, o qual, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />
RRAE [N.6] t<strong>em</strong> <strong>em</strong> conta a incerteza das medições efectuadas in situ.<br />
Divisão Esta<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s<br />
ventila<strong>do</strong>r<br />
es<br />
Escritório<br />
Suite<br />
To<strong>do</strong>s<br />
liga<strong>do</strong>s<br />
Tabela 4.3 - Níveis <strong>de</strong> LAr,nT obti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a suite e escritório.<br />
LA,eq<br />
[db(A)]<br />
K<br />
(tonalida<strong>de</strong>)<br />
[dB(A)]<br />
71<br />
T - 10 log (T/T0)<br />
(T0=0,5s)<br />
I LAr,nT<br />
[(dB (A)]<br />
24,1 +3 ≈0,6 -0,8 -3 23,3<br />
EA2 liga<strong>do</strong> 22,3 +3 ≈0,6 -0,8 -3 21,5<br />
To<strong>do</strong>s<br />
liga<strong>do</strong>s<br />
24,6 +3 ≈0,4 +1,0 -3 25,6<br />
EA2 liga<strong>do</strong> 22,6 0 ≈0,4 +1,0 -3 20,5<br />
Note-se que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o RGR [N.7], um aumento, relativamente ao ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, contínuo<br />
equivalente pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> A provoca<strong>do</strong> por fontes <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> exterior, durante a noite, não po<strong>de</strong> exce<strong>de</strong>r<br />
2 dB(A). Note-se ainda que no escritório, quan<strong>do</strong> o ventila<strong>do</strong>r EA2 funciona isoladamente, o aumento<br />
<strong>do</strong> nível sonoro contínuo equivalente pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> A é absolutamente marginal, valen<strong>do</strong> apenas<br />
0,8 dB(A). Finalmente, mesmo extrapolan<strong>do</strong> aos edifícios a regras <strong>de</strong> avaliação da incomodida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
RGR [N.7], observe-se que no quarto, manten<strong>do</strong> apenas o ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento, os<br />
níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> instala<strong>do</strong>s não seriam passíveis <strong>de</strong> configurar uma situação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>.<br />
O nível mais elevan<strong>do</strong> <strong>de</strong> LAr,nT foi obti<strong>do</strong> na suite (25,6 dB), este nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> está ainda <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />
limite regulamentar, <strong>de</strong> 27 dB, mas representa um aumento <strong>de</strong> 5,4 dB(A) relativamente ao ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
fun<strong>do</strong>.<br />
4.2.3.4 Classificação <strong>do</strong>s compartimentos quanto ao ruí<strong>do</strong><br />
A classificação <strong>do</strong>s compartimentos quanto ao nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> existente foi efectuada, com base nas<br />
meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong>scritas no final <strong>do</strong> Capítulo 2, por com<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> Leq (dB) com as<br />
curvas <strong>de</strong> classificação LFRC. Nas Figuras 4.19 e 4.20 são apresentadas as classificações obtidas<br />
<strong>para</strong> o escritório e <strong>para</strong> a suite. uma <strong>de</strong>stas classificações. A classificação LFRC foi atribuída <strong>em</strong><br />
intervalos conserva<strong>do</strong>res <strong>de</strong> 5 dB <strong>para</strong> os espectros <strong>de</strong> Leq obti<strong>do</strong>s com o sonómetro B&K 2260<br />
(Tabela 4.4). Para os espectros instantâneos obti<strong>do</strong>s com o analisa<strong>do</strong>r B&K 2144 (Tabela 4.5) a
classificação LFRC foi atribuída por interpolação, com andamento à unida<strong>de</strong>. Na Tabela 4.4 são ainda<br />
apresentadas as classificações LFRC obtidas <strong>para</strong> o escritório e a suite com base nos espectros <strong>do</strong>s<br />
níveis máximos obti<strong>do</strong>s <strong>em</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> integração rápida (Lmax).<br />
Tabela 4.4 – Classificações LFRC <strong>do</strong> escritório e suite.<br />
Divisão Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res Leq (dB) Lmax (dB)<br />
Escritório<br />
Suite<br />
To<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s LFRC-25 LFRC-30<br />
To<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s LFRC-25 LFRC-30<br />
EA2 liga<strong>do</strong> LFRC-25 LFRC-30<br />
To<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s LFRC-25 LFRC-35<br />
To<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s LFRC-30 LFRC-40<br />
EA2 liga<strong>do</strong> LFRC-30 LFRC-35<br />
No caso <strong>do</strong> escritório a classificação <strong>do</strong> compartimento não sofre qualquer variação <strong>em</strong> função <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res. No caso da suite, ocorre um pequeno aumento <strong>do</strong> um nível <strong>de</strong> classificação<br />
quan<strong>do</strong> se valoram to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento simultâneo. No caso <strong>do</strong> ventila<strong>do</strong>r EA2<br />
<strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>, só se verifica este aumento <strong>de</strong> classificação <strong>para</strong> o parâmetro Leq.<br />
Na tabela 4.5 são apresentadas as classificações LFRC obtidas, <strong>para</strong> o escritório e suite, com cada<br />
ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
Tabela 4.5 – Classificações LFRC <strong>do</strong> escritório e suite <strong>para</strong> cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
Compartimento IS4 IS5 IS6 IS7 EA2 EA3 EA4<br />
Escritório LFRC-30 LFRC-27 LFRC-25 LFRC-27 LFRC-24 LFRC-31 LFRC-25<br />
Suite LFRC-23 LFRC-22 LFRC-23 LFRC-25 LFRC-26 LFRC-35 LFRC-25<br />
As classificações LFRC com os ventila<strong>do</strong>res EA3 e são, nos <strong>do</strong>is compartimentos, as mais elevadas.<br />
Em geral, o escritório é mais rui<strong>do</strong>so <strong>do</strong> que a suite. No entanto, a classificação mais elevada (LFRC-<br />
35) é obtida na suite <strong>em</strong> consequência <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> ventila<strong>do</strong>r EA3 (sobre a cozinha e<br />
escritório). O ventila<strong>do</strong>r IS4, o qual está muito afasta<strong>do</strong> da habitação, assume alguma importância nos<br />
níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>do</strong> escritório, obten<strong>do</strong> uma classificação LFRC-30. Em ambos os compartimentos, a<br />
72
classificação LFRC obtida com o ventila<strong>do</strong>r EA2 é das mais baixas.<br />
As Figuras 4.19 e 4.20 mostram que o critério proposto por Inukai [15], <strong>para</strong> o limiar <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>scrito no Capítulo 2, não é atingi<strong>do</strong> <strong>em</strong> nenhuma das medições efectuadas. Verifica-se que o limiar<br />
<strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong> é excedi<strong>do</strong> <strong>em</strong> menos <strong>de</strong> 10 dB <strong>para</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava inferiores a 125 Hz.<br />
Lp (dB)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Lp (dB)<br />
100<br />
Figura 4.19 - Classificação LFRC obtida, no escritório, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong><br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
16 20 25 31,5 40 50 63 80 100 125 160 200 250<br />
funcionamento simultâneo.<br />
16 20 25 31,5 40 50 63 80 100 125 160 200 250<br />
Figura 4.20 - Classificação LFRC obtida, na suite, com to<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong><br />
funcionamento simultâneo<br />
73<br />
limiar <strong>de</strong><br />
audibilida<strong>de</strong><br />
30 fones<br />
LFRC-20<br />
LFRC-25<br />
Inukai<br />
Leq<br />
Lmax<br />
f (Hz)<br />
limiar <strong>de</strong><br />
audibilida<strong>de</strong><br />
30 fones<br />
LFRC-20<br />
LFRC-25<br />
LFRC-35<br />
LFRC-40<br />
Inukai [15]<br />
Leq<br />
f (Hz)
4.2.4 Níveis <strong>de</strong> vibração nos ventila<strong>do</strong>res<br />
O espectro <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> vibração nos ventila<strong>do</strong>res presentes na cobertura foi obti<strong>do</strong> conforme se<br />
ilustra na Figura 4.21, colocan<strong>do</strong> o acelerómetro sobre a canópia <strong>do</strong> ventila<strong>do</strong>r utilizan<strong>do</strong> cera <strong>de</strong><br />
abelha <strong>para</strong> garantir a a<strong>de</strong>rência. Os espectros <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> vibração (aceleração) foram regista<strong>do</strong>s<br />
<strong>para</strong> cada ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento isola<strong>do</strong>, <strong>em</strong> medições com duração total <strong>de</strong> 15 segun<strong>do</strong>s.<br />
Foram efectuadas três a quatro leituras por ventila<strong>do</strong>r, as quais se <strong>de</strong>stinaram avaliar a variabilida<strong>de</strong><br />
espacial e t<strong>em</strong>poral <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Em geral, os níveis <strong>de</strong> vibração obti<strong>do</strong>s foram aproximadamente<br />
idênticos <strong>de</strong> leitura <strong>para</strong> leitura, o que indica que espectro <strong>de</strong> vibração obti<strong>do</strong> é representativo.<br />
Figura 4.21 – Procedimento <strong>de</strong> medição <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> vibração nos ventila<strong>do</strong>res<br />
existentes na cobertura.<br />
Nas Figuras 4.22 a 4.25 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>de</strong> vibração obti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> os ventila<strong>do</strong>res EA3,<br />
EA4, IS6 e IS7, respectivamente. O ventila<strong>do</strong>r EA3 introduz um pico <strong>de</strong> vibração nos 100 Hz (115dB),<br />
com <strong>de</strong>senvolvimentos harmónicos nos 200 Hz (110dB), 300 Hz (96 dB) e 400 Hz (88 dB).um pico<br />
bastante eleva<strong>do</strong> nos 200 Hz (110 dB).<br />
Uma vez que os picos <strong>de</strong> nível sonoro <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s nos compartimentos analisa<strong>do</strong>s ocorr<strong>em</strong> nas<br />
frequências <strong>de</strong> 100, 200 e 300 Hz, prova-se que são provoca<strong>do</strong>s por excitação estrutural, <strong>do</strong>s<br />
74
ventila<strong>do</strong>res sobre os pavimentos e pare<strong>de</strong>s. Na generalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res analisa<strong>do</strong>s foram<br />
i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s picos <strong>de</strong> vibração nas frequências <strong>de</strong> 84 e 116 Hz, os quais têm maior expressão nos<br />
ventila<strong>do</strong>res EA3 e EA4, os quais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar associa<strong>do</strong>s a ressonâncias <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> apoio e<br />
enclausuramento <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res. Esta “assinatura” específica também foi i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> algumas<br />
medições <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> (visível por ex<strong>em</strong>plo na Figura 4.15 ou 4.18).<br />
L a (dB)<br />
110<br />
90<br />
70<br />
50<br />
30<br />
10<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
La (dB)<br />
120<br />
110<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
Figura 4.22 – Espectro <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> vibração medi<strong>do</strong>s no ventila<strong>do</strong>r EA3.<br />
84 Hz<br />
115 Hz 216 Hz<br />
115 Hz<br />
Figura 4.23 – Espectro <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> vibração medi<strong>do</strong>s no ventila<strong>do</strong>r EA4.<br />
75<br />
Medições 1 a 4<br />
Vibração <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
Medição 1 a 4<br />
Vibração <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong><br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
La (dB)<br />
120<br />
110<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
La (dB)<br />
130<br />
110<br />
90<br />
70<br />
50<br />
30<br />
10<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Figura 4.24 - Espectro <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> vibração medi<strong>do</strong>s no ventila<strong>do</strong>r IS6.<br />
116 Hz<br />
Figura 4.25 - Espectro <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> vibração medi<strong>do</strong>s no ventila<strong>do</strong>r IS7.<br />
76<br />
Medições 1 a 3<br />
Vibração <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
Medições 1 a 3<br />
Vibração <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
f (Hz)<br />
f (Hz)
4.3 Edifício Santos Dumont – R/C - D<br />
4.3.1 Introdução<br />
Neste caso, a medição <strong>de</strong> LA,eq era mais complicada porque a fonte <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> causa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong><br />
incomodida<strong>de</strong> (portão <strong>de</strong> garag<strong>em</strong>) t<strong>em</strong> funcionamento não regular. Por outro la<strong>do</strong>, durante a noite, a<br />
utilização <strong>do</strong> portão é muito reduzida e, como tal, ainda que o nível sonoro obti<strong>do</strong> seja eleva<strong>do</strong>, a<br />
contribuição <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> no restante perío<strong>do</strong> é prepon<strong>de</strong>rante.<br />
Durante o dia, a utilização <strong>do</strong> portão <strong>de</strong> garag<strong>em</strong> é mais frequente. No entanto, o eleva<strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />
ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> não permite distinguir a utilização <strong>do</strong> portão <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> LA,eq. Assim, optou-se, na<br />
sala <strong>do</strong> R/C – D <strong>do</strong> Edifício Santos Dumont, por medir apenas espectros <strong>em</strong> banda estreita <strong>de</strong> níveis<br />
sonoros na sala na presença e na ausência <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> particular.<br />
Foram ainda medi<strong>do</strong>s os espectros <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> vibração no tecto da sala e na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção<br />
entre a zona <strong>de</strong> acesso à garag<strong>em</strong> e a sala.<br />
4.3.2 Espectros <strong>de</strong> R.B.F <strong>em</strong> banda estreita<br />
Na Figura 4.26 é apresentada a envolvente <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> níveis sonoros medi<strong>do</strong>s junto a um canto<br />
superior da sala com recurso ao analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> frequências B&K 2144. Foram efectuadas 8 leituras,<br />
<strong>para</strong> as quais se obteve, nas frequências mais baixas uma boa repetibilida<strong>de</strong>.<br />
Lp (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
f (Hz)<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Figura 4.26 – Envolventes <strong>de</strong> níveis sonoros num canto superior da sala.<br />
77<br />
Envolvente superior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong><br />
particular<br />
Envolvente inferior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong><br />
particular
O espectro <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> não difere significativamente <strong>do</strong>s espectros obti<strong>do</strong>s com o<br />
portão <strong>em</strong> funcionamento. Observaram-se picos importantes <strong>de</strong> nível sonoro nos 21 Hz e <strong>em</strong> torno<br />
<strong>do</strong>s 65 Hz. Curiosamente, é possível, também aqui, i<strong>de</strong>ntificar picos nas frequências <strong>de</strong> 100 Hz e<br />
200 Hz, os quais não surg<strong>em</strong> no ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>.<br />
4.3.2 Tonalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> e classificação da sala<br />
Na Figura 4.27 é apresentada uma com<strong>para</strong>ção entre os limites <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scritos no<br />
Capítulo 2 e a envolvente superior <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> níveis sonoros obti<strong>do</strong>s com o portão da garag<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> funcionamento. Constata-se que a sala obtém uma classificação LFRC-40, condicionada pelo<br />
nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava centrada nos 250 Hz. Esta classificação e o nível sonoro<br />
nessa banda <strong>de</strong> frequências revelam a incomodida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ocupantes. Apesar <strong>do</strong> nível sonoro na<br />
banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 63 Hz não condicionar a classificação da sala <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>, é ai<br />
que se observam características tonais mais evi<strong>de</strong>ntes, as quais, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o RGR [N.7]<br />
conduz<strong>em</strong> a uma penalização <strong>do</strong> nível sonoro contínuo equivalente pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> A <strong>de</strong> 3 dB(A).<br />
Lp (dB)<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
.<br />
25 31,5 40 50 63 80 100 125 160 200 250<br />
Figura 4.27 – Com<strong>para</strong>ção da envolvente superior <strong>do</strong>s espectros <strong>do</strong>s níveis sonoros obti<strong>do</strong>s com o<br />
portão <strong>de</strong> garag<strong>em</strong> <strong>em</strong> funcionamento com os limites <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>.<br />
78<br />
limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong><br />
30 fones<br />
LFRC-35<br />
LFRC-40<br />
Inukai [15]<br />
Envolvente superior <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular<br />
f (Hz)
4.3.3 Níveis <strong>de</strong> vibração na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a<br />
sala e a garag<strong>em</strong><br />
Na Figura 4.28 são apresenta<strong>do</strong>s os espectros <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> aceleração medi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>do</strong>is pontos da<br />
face interior da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a sala e a garag<strong>em</strong>. Observa-se que os picos <strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />
vibração ocorr<strong>em</strong>, na sua generalida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> frequências idênticas às frequências <strong>em</strong> que se<br />
registaram os picos <strong>de</strong> nível sonoro (Figura 4.26).<br />
La (dB)<br />
60<br />
55<br />
50<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
0 50 100 f (Hz)<br />
150 200 250<br />
Figura 4.28 - Espectro <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> vibração na <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção entre a sala e a garag<strong>em</strong>.<br />
Parece assim existir uma boa correlação entre os campos <strong>de</strong> vibração da pare<strong>de</strong> e o campo sonoro<br />
da sala. Desta forma, apesar <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, conclui-se que o campo sonoro<br />
na sala é totalmente condiciona<strong>do</strong> pela vibração induzida pelo mecanismo <strong>do</strong> portão <strong>de</strong> garag<strong>em</strong> na<br />
pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção.<br />
4.4 Parque das Nações – 8ºB<br />
4.4.1 Introdução<br />
No edifício <strong>do</strong> Parque das Nações foram medi<strong>do</strong>s apenas os espectros <strong>do</strong> nível sonoro contínuo<br />
equivalente Leq e LA,eq no quarto, na ausência e na presença <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular gera<strong>do</strong> pela máquina<br />
<strong>de</strong> secar roupa. Com base no nível LA,eq obti<strong>do</strong> na presença <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> particular e ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta as<br />
características <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> espectro, foi calcula<strong>do</strong> o nível LAr,nT..<br />
79
4.4.2 Níveis LA,eq<br />
As medições <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> LA,eq foram efectuadas durante um fim <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana, com o objectivo <strong>de</strong><br />
registar níveis mais baixos <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. No entanto, como se observa na Tabela 4.6 os níveis <strong>de</strong><br />
LA,eq com a máquina <strong>de</strong> secar ligada ou <strong>de</strong>sligada difer<strong>em</strong> apenas 1,5 dB. Se a análise for efectuada<br />
<strong>em</strong> termos <strong>de</strong> Leq, o aumento <strong>do</strong> nível sonoro resultante <strong>do</strong> funcionamento da máquina <strong>de</strong> secar é <strong>de</strong><br />
apenas 0,4 dB, no entanto, se for<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>radas apenas as posições <strong>de</strong> medição 1 e 2, obtém-se<br />
um aumento <strong>de</strong> 2,8 dB, <strong>de</strong> 54,7 <strong>para</strong> 57,5 dB. Este crescimento é compatível com os 2,3 dB(A)<br />
obti<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> apenas as posições <strong>de</strong> medição 1 e 2.<br />
Tabela 4.6 – Níveis <strong>de</strong> LA,eq e Leq obti<strong>do</strong>s na presença e na ausência <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular da<br />
máquina <strong>de</strong> secar roupa.<br />
Posição <strong>de</strong> medição 1 2 3 Média<br />
Divisão<br />
Quarto<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
seca<strong>do</strong>r<br />
Desliga<strong>do</strong><br />
Liga<strong>do</strong><br />
LA,eq<br />
[dB(A)]<br />
4.4.2 Níveis LAr,nT<br />
Leq<br />
(dB)<br />
LA,eq<br />
[dB(A)]<br />
80<br />
Leq<br />
(dB)<br />
LA,eq<br />
[dB(A)]<br />
Leq<br />
(dB)<br />
27,7 53 28,9 51,5 28,3 61,9<br />
29,3 56 27,9 58,3 28 59,8<br />
28,5 59,2 32,7 56,3 31,6 55,7<br />
29,3 56,9 28,5 57,5 28,5 57,5<br />
LA,eq<br />
[dB(A)]<br />
Leq<br />
(dB)<br />
28,4 56,8<br />
29,9 57,2<br />
Na Tabela 4.7 é apresenta<strong>do</strong> o cálculo <strong>do</strong>s níveis LAr,nT obti<strong>do</strong>s com a máquina <strong>de</strong> secar <strong>em</strong><br />
funcionamento. Como se observa na Figura 4.29, na qual se apresentam os espectros <strong>em</strong> bandas <strong>de</strong><br />
terços <strong>de</strong> oitava <strong>do</strong>s níveis sonoros contínuos equivalente LA,eq, não há lugar a qualquer correcção<br />
<strong>de</strong>vida às características tonais <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong>. Quer se consi<strong>de</strong>r<strong>em</strong> os níveis médios <strong>de</strong> LA,eq ou os valores<br />
máximos <strong>de</strong>sse nível obti<strong>do</strong>s nas diferentes medições, os níveis LAr,nT correspon<strong>de</strong>ntes não exce<strong>de</strong>m<br />
o valor máximo admissível <strong>para</strong> equipamentos colectivos <strong>em</strong> funcionamento intermitente. De qualquer<br />
mo<strong>do</strong>, o equipamento <strong>em</strong> causa é <strong>de</strong> utilização individual e causa incómo<strong>do</strong> apenas na fracção<br />
autónoma on<strong>de</strong> está instala<strong>do</strong>, pelo que não se aplica o limite regulamentar. A análise <strong>de</strong>
incomodida<strong>de</strong> ficaria mais completa e permitiria obter conclusões mais objectivas relativamente ao<br />
campo sonoro <strong>de</strong> baixa frequência instala<strong>do</strong> no quarto se tivesse si<strong>do</strong> possível medir os espectros <strong>em</strong><br />
banda estreita <strong>do</strong>s níveis sonoros na ausência e na presença <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular. Infelizmente, na data<br />
possível <strong>para</strong> a realização das medições neste apartamento o analisa<strong>do</strong>r B&K 2144 não estava<br />
disponível <strong>para</strong> utilização.<br />
Tabela 4.6 – Níveis <strong>de</strong> LA,eq e Leq obti<strong>do</strong>s na presença e na ausência <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular da<br />
LA,eq<br />
[dB(A)]<br />
K<br />
(tonalida<strong>de</strong>)<br />
máquina <strong>de</strong> secar roupa.<br />
T<br />
(s)<br />
81<br />
- 10 log (T/T0)<br />
(T0 = 0,5 s)<br />
I LAr,nT<br />
[dB (A)]<br />
Média 29,9 0 ≈0,3 +2,2 -3 29,1<br />
Máximo 32,7 0 ≈0,3 +2,2 -3 31,9<br />
LA,eq [dB(A)]<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
25 31,5 40 50 63 80 100 125 160 200 250<br />
Figura 4. 29 – Espectro <strong>do</strong>s níveis sonoros contínuos equivalente obti<strong>do</strong>s <strong>em</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong><br />
oitava, <strong>para</strong> uma das posições <strong>de</strong> medição no quarto.<br />
Níveis LAeq<br />
f (HZ)
4.5 Conclusões<br />
Uma vez caracteriza<strong>do</strong> o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho acústico da envolvente <strong>do</strong>s locais analisa<strong>do</strong>s, foi efectuada<br />
uma análise <strong>do</strong>s campos sonoros instala<strong>do</strong>s com o objectivo <strong>de</strong> avaliar a ocorrência <strong>de</strong> uma efectiva<br />
incomodida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ocupantes. Para tal, foram segui<strong>do</strong>s os critérios regulamentares <strong>de</strong> avaliação da<br />
incomodida<strong>de</strong>, basea<strong>do</strong>s <strong>em</strong> níveis sonoros contínuos equivalentes pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s A, e outros critérios<br />
basea<strong>do</strong>s <strong>em</strong> níveis sonoros contínuos equivalentes não pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s ou na análise <strong>de</strong> espectros<br />
instantâneos, <strong>em</strong> banda estreita, <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> pressão sonora e <strong>de</strong> aceleração.<br />
As medições efectuadas no edifício Santos Dumont revelaram, <strong>para</strong> as frequências <strong>de</strong> 100, 200 e<br />
300 Hz, conteú<strong>do</strong>s energéticos importantes associa<strong>do</strong>s à vibração <strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura. Foi<br />
possível observar que os espectros <strong>de</strong> nível sonoro medi<strong>do</strong>s nos compartimentos da fracção<br />
autónoma correspon<strong>de</strong>nte ao 8ºB apresentavam picos nas mesmas frequências, os quais não<br />
ocorriam nos espectros <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. Estes picos <strong>de</strong> nível sonoro, <strong>em</strong> geral inferiores a<br />
50 dB, apresentam características tonais muito acentuadas, com diferenças relativamente às<br />
frequências mais próximas <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10 a 20 dB. Estas características tonais são ainda observadas<br />
nas análises efectuadas <strong>em</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava com níveis LA,eq. No entanto, mesmo com a<br />
correcção <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong>, os níveis LAr,nT obti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a suite e escritório respeitam o limite<br />
regulamentar. Concluiu-se que, tal como <strong>de</strong>scrito nos casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>s no Capítulo 2 [6, 7], a<br />
pon<strong>de</strong>ração A não <strong>de</strong>ve ser aplicada <strong>em</strong> baixas frequências. Pelo contrário, nesta gama <strong>de</strong><br />
frequências <strong>de</strong>ve recorrer-se a espectros <strong>de</strong> níveis sonoros não pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, os quais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />
com<strong>para</strong><strong>do</strong>s com critérios <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> tais como o limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong>, a isofónica <strong>de</strong> 30 fones,<br />
o limiar <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> proposto por Inukai [15] ou as curvas <strong>de</strong> classificação <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> no interior<br />
<strong>do</strong>s compartimentos (LFRC). Neste caso, <strong>em</strong> que exist<strong>em</strong> queixas sérias relativas a incomodida<strong>de</strong> por<br />
ruí<strong>do</strong> e vibração <strong>de</strong> baixa frequência, a máxima classificação LFRC obtida foi LFRC-35 <strong>para</strong> o<br />
ventila<strong>do</strong>r EA3, o qual, actualmente, não funciona no perío<strong>do</strong> nocturno. Durante a noite, o único<br />
ventila<strong>do</strong>r <strong>em</strong> funcionamento é, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a actual programação, o ventila<strong>do</strong>r EA2, com o qual se<br />
obteve LFRC-26. Para esta classificação, o espectro <strong>do</strong> nível sonoro só começa a diferir<br />
significativamente <strong>do</strong> limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> frequências superiores a 100 Hz. Os espectros <strong>de</strong><br />
nível sonoro obti<strong>do</strong>s situaram-se, <strong>em</strong> geral, pouco acima <strong>do</strong> limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong>, exceptuan<strong>do</strong>-se o<br />
pico <strong>do</strong> nível sonoro observa<strong>do</strong> na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 200 Hz, o qual condicionou a<br />
classificação <strong>do</strong>s compartimentos. Convém salientar que, mesmo <strong>para</strong> esta banda <strong>de</strong> frequências, o<br />
nível sonoro não atingiu o limiar <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> proposto por Inukai [15]. Como conclusão final, o<br />
caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> por ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura parece sugerir que a correcção da<br />
tonalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser mais severa e baseada numa análise <strong>do</strong> espectro <strong>de</strong> níveis sonoros <strong>em</strong> banda<br />
estreita.<br />
No caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> pelo mecanismo <strong>do</strong> portão <strong>de</strong> garag<strong>em</strong>, a análise <strong>de</strong><br />
82
incomodida<strong>de</strong> efectuada com base na envolvente superior <strong>do</strong>s espectros <strong>do</strong>s níveis sonoros obti<strong>do</strong>s<br />
na presença <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular mostrou que estes exce<strong>de</strong>m, nas bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 200 e<br />
250 Hz, o limiar <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> proposto por Inukai [15], situan<strong>do</strong>-se, <strong>para</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong><br />
oitava superiores a 50 Hz entre 10 a 20 dB acima <strong>do</strong> limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong>. Curiosamente, neste caso,<br />
pelas razões anteriormente expostas relativas à duração <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular e ao compartimento on<strong>de</strong><br />
este se faz sentir, o <strong>de</strong>sconforto <strong>do</strong>s ocupantes é tolera<strong>do</strong>, não geran<strong>do</strong> situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />
psicológico. Pelo contrário, o caso <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> pelos ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cobertura, cuja<br />
incomodida<strong>de</strong> parece ser menos grave, o <strong>de</strong>sgaste causa<strong>do</strong> à proprietária da fracção autónoma t<strong>em</strong><br />
si<strong>do</strong> muito acentua<strong>do</strong>, porventura <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às características <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> referidas<br />
associadas à sua duração <strong>de</strong> carácter permanente.<br />
No caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> no interior <strong>de</strong> uma fracção autónoma por uma máquina <strong>de</strong> secar<br />
roupa, on<strong>de</strong> apenas foi possível efectuar medições <strong>de</strong> Leq e LA,eq, concluiu-se que, extrapolan<strong>do</strong> os<br />
limites regulamentares coloca<strong>do</strong>s aos equipamentos colectivos, não haveria razões <strong>para</strong> a ocorrência<br />
<strong>de</strong> uma situação da incomodida<strong>de</strong>.<br />
Em resumo, concluiu-se que, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista regulamentar, não foi i<strong>de</strong>ntificada incomodida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
nenhum <strong>do</strong>s casos analisa<strong>do</strong>s. No entanto, não é essa a opinião <strong>do</strong>s ocupantes, pelo que é<br />
necessário mais trabalho <strong>de</strong> investigação na caracterização <strong>do</strong>s parâmetros causa<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
incomodida<strong>de</strong> por ruí<strong>do</strong> e vibração <strong>de</strong> baixa frequência.<br />
83
5. Conclusões<br />
5.1 Síntese <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s e suas<br />
conclusões<br />
Uma vez que o objectivo primordial <strong>de</strong>ste trabalho era a discussão da a<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s<br />
regulamentares existentes <strong>para</strong> a avaliação da incomodida<strong>de</strong> por vibração e ruí<strong>do</strong> gera<strong>do</strong>s por<br />
equipamentos mecânicos, <strong>em</strong> particular na gama das baixas frequências, foi, numa primeira fase,<br />
efectuada uma resenha <strong>do</strong> conhecimento actual relativo a esta t<strong>em</strong>ática. A conclusão mais importante<br />
<strong>de</strong>ssa recolha <strong>de</strong> informação po<strong>de</strong> ser traduzida pela Figura 2.5 [13], na qual é claro o pequeno<br />
aumento <strong>do</strong> nível sonoro necessário, nas baixas frequências, <strong>para</strong> gerar incomodida<strong>de</strong>.<br />
Daí resultaram curvas <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>em</strong> compartimentos (LFRC [14]), as quais penalizam<br />
as frequências mais baixas, e critérios <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong>, como o proposto por Inukai [15], que se<br />
aproximam <strong>do</strong> limiar <strong>de</strong> audibilida<strong>de</strong> à medida que a frequência diminui (Figura 2.6). Foi com base<br />
nestes critérios <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> que foram efectuadas, numa fase posterior da dissertação, as<br />
com<strong>para</strong>ções com os méto<strong>do</strong>s regulamentares.<br />
Numa segunda fase, com o objectivo <strong>de</strong> garantir que os casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s não<br />
correspondiam a situações <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> insuficiência <strong>de</strong> isolamento sonoro da<br />
envolvente <strong>do</strong>s locais, foram efectua<strong>do</strong>s ensaios <strong>de</strong> verificação <strong>do</strong>s isolamentos sonoros <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s<br />
interiores e <strong>de</strong> fachadas.<br />
Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> edifícios com estrutura <strong>em</strong> betão arma<strong>do</strong>, o isolamento sonoro <strong>do</strong>s pavimentos, além<br />
<strong>de</strong>, <strong>em</strong> geral, não constituir o caminho da transmissão directa <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong>, não condiciona a transmissão<br />
sonora por via marginal <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à massa significativa <strong>do</strong>s pavimentos.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ensaios revelaram que, <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, o índice <strong>de</strong> isolamento<br />
sonoro padroniza<strong>do</strong> das pare<strong>de</strong>s interiores é superior a 40 dB e que, <strong>em</strong> geral, as fachadas<br />
apresentam valores eleva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> isolamento sonoro padroniza<strong>do</strong>, D2m,nT, exceptuan<strong>do</strong>-se<br />
apenas a cozinha <strong>do</strong> fogo <strong>do</strong> último piso <strong>do</strong> Edifício Santos Dumont, on<strong>de</strong> o limite regulamentar <strong>de</strong><br />
33 dB <strong>para</strong> zonas mistas não é satisfeito <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à abertura <strong>para</strong> admissão directa <strong>de</strong> ar na fachada<br />
Nesta fase <strong>do</strong> trabalho foram ainda efectuadas medições <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s acústicos <strong>do</strong>s<br />
compartimentos receptores no 8ºB <strong>do</strong> edifício Santos Dummont. Estas medições mostraram que os<br />
mo<strong>do</strong>s (0,1,1) e (1,2,0) no escritório e na suite ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> frequências próximas <strong>do</strong>s 85 e 115 Hz.<br />
Esta informação permitiu constatar, numa fase posterior, que os picos <strong>de</strong> nível sonoro regista<strong>do</strong>s<br />
nessas frequências com os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento não <strong>de</strong>corriam das frequências <strong>de</strong><br />
85
excitação, mas sim da amplificação da resposta modal <strong>do</strong>s compartimentos <strong>em</strong> frequências próximas<br />
da frequência <strong>de</strong> excitação, a qual parece situar-se nos 100 Hz, com <strong>de</strong>senvolvimentos harmónicos<br />
importantes nos 200 e 300 Hz.<br />
Foram também efectuadas medições <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> nos compartimentos com vista à eliminação,<br />
na fase <strong>de</strong> análise <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> particular, <strong>do</strong>s efeitos causa<strong>do</strong>s por outras fontes <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> externas.<br />
Concluiu-se que, no caso <strong>do</strong> edifício Santos Dumont, ocorriam, <strong>em</strong> ambas as fracções autónomas<br />
analisadas, picos <strong>de</strong> nível sonoro nas bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 200 a 250 Hz. Não foi possível<br />
i<strong>de</strong>ntificar nenhuma fonte externa <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> com conteú<strong>do</strong>s energéticos significativos nestas bandas <strong>de</strong><br />
frequências, além <strong>do</strong> tráfego ro<strong>do</strong>viário, o qual apresenta, <strong>em</strong> geral, maior conteú<strong>do</strong> energético nas<br />
bandas <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 63 a 250 Hz. Assim, o pico <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>correr<br />
<strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> tráfego ro<strong>do</strong>viário nessa zona, associa<strong>do</strong>s à ocorrência da frequência<br />
<strong>de</strong> coincidência das fachadas <strong>em</strong> bandas <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava entre os 160 e os 200 Hz.<br />
No caso <strong>do</strong> edifício <strong>do</strong> Parque das Nações, não foi possível recolher da<strong>do</strong>s sobre o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />
acústico da fachada, não ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>, por isso, possível i<strong>de</strong>ntificar a fonte responsável pelo pico <strong>do</strong><br />
nível <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> na banda <strong>de</strong> terços <strong>de</strong> oitava <strong>de</strong> 80 Hz. No entanto, é possível que<br />
essa fonte continue a ser o tráfego ro<strong>do</strong>viário.<br />
Na terceira fase da dissertação, foi efectuada uma análise da incomodida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ocupantes, sen<strong>do</strong><br />
dada particular atenção à verificação da a<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> regulamentar <strong>de</strong> avaliação da<br />
incomodida<strong>de</strong>, basea<strong>do</strong> no nível sonoro contínuo equivalente padroniza<strong>do</strong> <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong><br />
particular LAr,nT.<br />
Em to<strong>do</strong>s os casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, a aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> regulamentar conduziu a níveis <strong>de</strong> avaliação<br />
LAr,nT inferiores aos níveis admissíveis, os quais seriam aplicáveis, no entanto, apenas no edifício<br />
Santos Dumont. No edifício <strong>do</strong> Parque das Nações, on<strong>de</strong> a fonte sonora causa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong><br />
se situava no interior da fracção autónoma, o RRAE [N.6] não seria aplicável. Confirma-se assim, com<br />
base nas queixas existentes nos três casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> que, <strong>de</strong> facto, o méto<strong>do</strong> regulamentar <strong>de</strong><br />
avaliação <strong>de</strong> incomodida<strong>de</strong> não é a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> as fontes sonoras apresentam eleva<strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s energéticos <strong>de</strong> baixa frequência.<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> confirmar a incomodida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ocupantes foram efectuadas, no edifício Santos<br />
Dumont, medições <strong>de</strong> espectros <strong>em</strong> banda estreita <strong>de</strong> níveis sonoros e <strong>de</strong> aceleração, os quais<br />
mostraram uma boa correlação entre si, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> picos <strong>de</strong> nível sonoro que confer<strong>em</strong> ao ruí<strong>do</strong><br />
particular características tonais extr<strong>em</strong>amente acentuadas nos 100 e 200 Hz. Assim, é pertinente<br />
questionar se a correcção <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> regulamentar será suficiente?<br />
86
5.2 Trabalhos futuros<br />
A presente dissertação parece confirmar que o actual méto<strong>do</strong> <strong>para</strong> avaliação da incomodida<strong>de</strong><br />
provocada por equipamentos mecânicos <strong>do</strong>s edifícios, os quais têm, <strong>em</strong> geral, conteú<strong>do</strong>s energéticos<br />
significativos <strong>de</strong> baixa frequência, não é a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.<br />
A completa confirmação <strong>de</strong>sta conclusão preliminar obriga à realização, nestes locais <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e<br />
noutros, <strong>de</strong> todas as medições aqui <strong>de</strong>scritas, as quais, no presente trabalho, não pu<strong>de</strong>ram ser<br />
efectuadas na sua totalida<strong>de</strong>, quer <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às condicionantes <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamento, quer<br />
ao t<strong>em</strong>po disponível <strong>para</strong> ocupação <strong>do</strong>s locais.<br />
Além da extensão da campanha <strong>de</strong> medições, é agora fundamental fazer acompanhar os resulta<strong>do</strong>s<br />
experimentais <strong>de</strong> previsões numéricas ou analíticas <strong>do</strong>s campos sonoros instala<strong>do</strong>s nos<br />
compartimentos, com o objectivo <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma mais aprofundada os fenómenos físicos<br />
envolvi<strong>do</strong>s.<br />
87
6. Referências<br />
6.1 Livros, artigos e comunicações<br />
[1] - B J Smith; R J Peters; S Owen; Acoustics and noise control ; 2 nd edition, Longman, 1996;<br />
[2] - Neves e Sousa, A.; “Low frequency Impact Sound Transmission in Dwellings”; Tese <strong>de</strong><br />
Doutoramento, The University of Liverpool, 2005;<br />
[3] - Mathys, J; “Low frequency noise and acoustical standards”; Applied acoustics, volume 40 (3),<br />
páginas 185 – 199, 1993;<br />
[4] - Berglund, B., Hassmen, P., Job, R. F. S., “Sources and effects of low-frequencyNoise.”; Journal of<br />
the Acoustical Society of America, volume 99, nº 5, páginas 2985 – 3002, 1996;<br />
[5] - K. Person & R. Rylan<strong>de</strong>r; “Disturbance from low frequency noise in the environment: A survey<br />
among the local environmental health authorities in Swe<strong>de</strong>n”; Journal of Sound and Vibration,<br />
volume 121(2), páginas 339 – 345, 1988;<br />
[6] - Asselineu M. (1999); “Low Frequency Noise in dwellings: Case studies”, Proceedings of the 6 th<br />
International Congress on Sound and Vibration, páginas 249 – 256; Copenhaga, Dinamarca;<br />
[7] - Broner, N.; “The effects of low frequency noise on people: A review.” Journal of Sound Vibration<br />
volume 58, páginas 483 – 500, 1978a;<br />
[8] - Sato, T. “Study on the neighborhood noise control of apartment houses in Sapporo”; Journal of<br />
Sound and Vibration, páginas 529 – 534, 1991;<br />
[9] - Yamada, S; Ikuji, M ; Fujikata, S.: “Sensation of low frequency noise of <strong>de</strong>af persons”,<br />
Comunicações <strong>do</strong> Inter-Noise 83, páginas 823-826, (1983); Edinburgo, Escócia;<br />
[10] - Grimwood, C.; “Complaints about poor sound insulation between dwellings in England and<br />
Wales.” Applied Acoustics, vol. 52, nº3/4, páginas 211 – 223, 1997;<br />
[11] - Netter, F. ; Colacino S. “Atlas of human body” ; ICON Learning Syst<strong>em</strong>s, 1990;<br />
[12] - Beranek, L. et. al; “ Prefered Noise Criteria (PNC) curves and their application to rooms”, The<br />
Journal of the Acoustical Society of America, Volume 50, Número 5, paginas 1223 a 1228, 1971;<br />
[13] - Andresen, J.; Moller, H.; “Annoyance of infrasound”, Comunicações <strong>do</strong> Inter-Noise 83, páginas<br />
819 a 822, Escócia, Edimburgo, 1983:<br />
[14] - Broner N.; “Low frequency sound quality and HVAC syst<strong>em</strong>s”, Comunicações <strong>do</strong> Inter- Noise 94,<br />
páginas 1101 a 1104, Yokohama, Japão,1994;<br />
89
[15] - Inukai, Y., Taua, H., Utsugi, A., and Nagamur, N.; “A new evaluation method for low frequency<br />
noise”. Comunicações <strong>do</strong> Inter-noise 90, 1441, 1990;<br />
[16] – Yamada, S; et. al “Combined effects on man by low frequency noise and vibration”,<br />
Comunicações <strong>do</strong> Inter-noise 90, páginas 1311 a 1314, Got<strong>em</strong>burgo, Suécia, 1990;<br />
[17] – Lawrence Kinsler; Austin Frey, Alan Coppens, James San<strong>de</strong>rs; “Fundamentals of Acoustics”,<br />
4 th edition, John Wiley and sons Inc, 2000;<br />
[18] – Hopkins, C. “Sound Insulation”, Elsevier, 2007.<br />
6.2 Normas e Regulamentos<br />
[N.1] – EN ISO 140 – 3: Acoustics: Measur<strong>em</strong>ent of sound insulation in buildings and of building<br />
el<strong>em</strong>ents – Part 3: Laboratory measur<strong>em</strong>ents of airborne sound insulation of building<br />
el<strong>em</strong>ents, Comité Europeu <strong>de</strong> Normalização, Bruxelas, Bélgica, 1995;<br />
[N.2] – EN ISO 140 – 4: Acoustics: Measur<strong>em</strong>ent of sound insulation in buildings and of building<br />
el<strong>em</strong>ents. – Part 4: Field measur<strong>em</strong>ents of airborne sound insulation between rooms, Comité<br />
Europeu <strong>de</strong> Normalizacão, Bruxelas, Bélgica, 1998;<br />
[N.3] – EN ISO 140 – 5: Acoustics: Measur<strong>em</strong>ent of sound insulation in buildings and of buildings<br />
el<strong>em</strong>ents – Part 5: Field measur<strong>em</strong>ents of airborne sound insulation of faça<strong>de</strong> el<strong>em</strong>ents and<br />
faça<strong>de</strong>s, Comité Europeu <strong>de</strong> Normalização, Bruxelas, Bélgica, 1998;<br />
[N.4] – EN ISO 354: Acoustics Measurment of sound absorption in a reverberation room, Comité<br />
Europeu <strong>de</strong> Normalização, Bruxelas, Bélgica, 2003;<br />
[N.5] – Regulamento Geral <strong>do</strong> Ruí<strong>do</strong> (RGR) – Decreto Lei Nº 292/2000, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro ;<br />
[N.6] – Regulamento <strong>do</strong>s Requisitos Acústicos <strong>do</strong>s Edifícios (RRAE) – Decreto Lei nº 96/2008, <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong><br />
Junho;<br />
[N.8] – EN ISO 717 – 1: Acoustics: Rating of sound insulation in buildings and of building el<strong>em</strong>ents –<br />
Part 1: Airborne sound insulation; Comité Europeu <strong>de</strong> Normalização, Bruxelas, Bélgica, 1997;<br />
[N.9] – EN 12354 – 3 (Annex C) Building Acoustics: Estimation of acoustic performance in building<br />
from the performance of el<strong>em</strong>ents. – Part 3: Airborne sound insulation against out<strong>do</strong>or sound,<br />
Comité Europeu <strong>de</strong> Normalização, Bruxelas, Bélgica, 2003.<br />
90
6.3 Projectos<br />
[P.1] - Projecto <strong>de</strong> Acústica <strong>do</strong> edifício Santos Dumont;<br />
[P.2] - Plantas e cortes <strong>do</strong> 8ºB e R/C - D <strong>do</strong> edifício Santos Dumont;<br />
[P.3] - Projecto <strong>de</strong> acústica <strong>do</strong> edifício <strong>do</strong> Parque das Nações;<br />
[P.4] – Projecto <strong>de</strong> arquitectura <strong>do</strong> piso <strong>do</strong> 8ºB <strong>do</strong> edifício <strong>do</strong> Parque das Nações <strong>em</strong> Lisboa.<br />
91
ANEXO 1<br />
Espectros <strong>em</strong> banda estreita <strong>do</strong>s níveis sonoros medi<strong>do</strong>s com cada<br />
ventila<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cobertura <strong>do</strong> edifício Santos Dumont <strong>em</strong><br />
funcionamento isola<strong>do</strong>.<br />
I
Espectros <strong>de</strong> níveis sonoros medi<strong>do</strong>s na cozinha<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
To<strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s<br />
To<strong>do</strong>s os ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
II<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS5 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS6 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
III<br />
Canal B<br />
Canal A<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS4 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
IV<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
V<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
Espectros <strong>de</strong> níveis sonoro medi<strong>do</strong>s no escritório<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
-10<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS4 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
f (Hz)<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS5 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
VI<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS6 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS7 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
VII<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA 3 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
VIII<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
Espectros <strong>de</strong> níveis sonoro medi<strong>do</strong>s na suite<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA4 <strong>em</strong> funcionamento<br />
To<strong>do</strong>s ventila<strong>do</strong>res <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
IX<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
-10<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
-10<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS4 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS5 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
X<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
-10<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS6 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r IS7 <strong>em</strong>n funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
XI<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
-10<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA2 <strong>em</strong> funcionamento<br />
Ventila<strong>do</strong>r EA3 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
XII<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)
L p (dB)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
-10<br />
Ventilaodr EA4 <strong>em</strong> funcionamento<br />
0 50 100 150 200 250 300 350 400<br />
XIII<br />
Canal A<br />
Canal B<br />
f (Hz)