100 anos do Dia Internacional da Mulher - Mulheres Socialistas
100 anos do Dia Internacional da Mulher - Mulheres Socialistas
100 anos do Dia Internacional da Mulher - Mulheres Socialistas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>100</strong> ANOS DO DIA<br />
INTERNACIONAL DA MULHER<br />
Uma história vermelha, lilás e rosa choque<br />
Museu <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco<br />
22 de abril a 22 de maio de 2010
Apresentação<br />
Promovi<strong>da</strong> pela Secretaria Especial <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco, a exposição<br />
“<strong>100</strong> <strong>anos</strong> <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>: uma história vermelha, lilás e rosa choque”<br />
evidencia a persistência política <strong>da</strong>s mulheres na construção de um mun<strong>do</strong> mais digno, mais<br />
igual, mais humano. É a nova mulher-arte <strong>da</strong> luta pela vi<strong>da</strong> desfrutan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu prestígio revolucionário<br />
nas salas <strong>do</strong> Museu <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco. É o testemunho de sua presença<br />
indispensável às mu<strong>da</strong>nças.<br />
As trajetórias <strong>da</strong>s transformações pelas quais passou a vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong>de nesses <strong>100</strong> <strong>anos</strong>,<br />
aqui e em to<strong>do</strong> o planeta, estão refleti<strong>da</strong>s na seleção desta exposição, que <strong>do</strong>ta<strong>da</strong> de um desafiante<br />
senso histórico amulhera<strong>do</strong>, recria os tempos, quebran<strong>do</strong> regras e desvelan<strong>do</strong> ícones<br />
de movimentos que falam de ações de mulheres em prol <strong>da</strong>s mulheres na vi<strong>da</strong> artística, científica,<br />
econômica e política. Uma mostra corajosa e encorajante! Um registro cheio de emoções<br />
no qual se reconhece como traço de nossa civilização, os processos obstina<strong>do</strong>s que transcendem<br />
e motivam novas conquistas e avanços no universo feminino.<br />
O Museu <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco soma-se a esse estonteante momento de revelação comunicativa<br />
e oferece e exerce, no estrear <strong>do</strong> século 21, tantas e tão múltiplas possibili<strong>da</strong>des, que<br />
envere<strong>da</strong>m por caminhos, onde se entrecruzam arte, história e sociologia, e se ampliam formas<br />
temporais e atemporais de apresentação. Tu<strong>do</strong> isso nos leva a dizer que a única certeza sobre<br />
a necessi<strong>da</strong>de e a beleza de mostras como esta é a de que o conteú<strong>do</strong> e a consciência coletiva<br />
inventam novas reali<strong>da</strong>des para as formas.<br />
Desta maneira, este importante Espaço Cultural, o Museu Oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, nos permite, durante<br />
esta tempora<strong>da</strong>, dialogar sobre o papel <strong>da</strong>s mulheres no contexto de nossa história e<br />
<strong>da</strong> história internacional, renden<strong>do</strong> homenagens a algumas conterrâneas, compatriotas e estrangeiras,<br />
para beneficiar o público em geral com o conhecimento e o testemunho de grandes<br />
figuras que impulsionaram novas rotas e novos registros de manifestações sociais que repercutiram<br />
e repercutem em favor de um cotidiano mais igualitário em Pernambuco.<br />
Margot Monteiro<br />
Diretora <strong>do</strong> Museu <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco
Caminhos<br />
Políticos
<strong>100</strong> ANOS DO DIA<br />
INTERNACIONAL DA MULHER<br />
Uma história vermelha, lilás e rosa choque<br />
O<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> é a consagração <strong>do</strong> direito <strong>da</strong>s mulheres à manifestação<br />
pública. É uma trajetória de cem <strong>anos</strong>, escrita em vermelho, lilás e<br />
rosa choque com letras pretas. Sua existência está liga<strong>da</strong> ao senti<strong>do</strong> mais<br />
político <strong>da</strong>s lutas de libertação <strong>da</strong>s mulheres: sua participação no poder, nas repúblicas,<br />
o direito ao voto.<br />
O nosso 8 de Março começou vermelho na vivência política <strong>da</strong>s feministas socialistas<br />
americanas, alemãs e russas. Nessas origens <strong>do</strong> despertar <strong>do</strong> século XX, ele já se oferecia a<br />
outras diversi<strong>da</strong>des e recebeu vários nomes: <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> Operária,<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>. Da mesma forma, era celebra<strong>do</strong> em dias diferentes, como 28 de<br />
fevereiro, 19 de março, 3 de maio...<br />
Anos mais tarde, no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> II Guerra Mundial e <strong>da</strong> Guerra Fria, ele, por vezes, desapareceu,<br />
por vezes, foi manipula<strong>do</strong> para enaltecer o bloco soviético, ou, ain<strong>da</strong>, teve a sua<br />
força usurpa<strong>da</strong> pelo conserva<strong>do</strong>rismo capitalista, perden<strong>do</strong> a cor, esvazian<strong>do</strong>-se de conteú<strong>do</strong><br />
e servin<strong>do</strong> de paisagem à louvação <strong>do</strong>s papéis tradicionais <strong>da</strong>s mulheres.<br />
No final <strong>da</strong> valorosa déca<strong>da</strong> de 1960, o <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> ressurge num lilás<br />
brilhante, cheio de nuances que chegam ao roxo, retomam o vermelho e descobrem-se<br />
rosa choque, para congregar, até hoje, uma multidão de mulheres em centenas de países.<br />
Nessa transmutação de bandeiras <strong>do</strong> vermelho socialista para o lilás <strong>da</strong> autonomia feminista<br />
e o rosa choque <strong>do</strong>s laços de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de entre mulheres, politizaram-se as relações de<br />
classe, raciais, pessoais, amorosas, cotidianas e, também, com a natureza.<br />
Esta exposição reconta a história <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, homenageia Clara Zetkin<br />
e faz, ain<strong>da</strong>, referência a outras libertárias: Shelly Drake, Nair de Teffé, Nísia Floresta,<br />
Chiquinha Gonzaga, Cora Coralina, Naíde Teodósio, Cristina Tavares e Carlota Pereira de<br />
Queiroz. Homenageia, também, o Centro Informação <strong>Mulher</strong> – CIM, por ser o primeiro<br />
espaço no Brasil a guar<strong>da</strong>r a memória <strong>da</strong>s lutas <strong>da</strong>s mulheres.<br />
Cristina Buarque<br />
Secretária <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> - Governo de Pernambuco
Os primórdios <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de<br />
- É gostoso, mas não<br />
muito... Mas eu sou<br />
emancipa<strong>da</strong>.<br />
Alemanha, 1871<br />
<strong>Mulher</strong>es acelera<strong>da</strong>s. Alemanha, 1819<br />
Nísia Floresta é a primeira voz pública em favor <strong>do</strong>s direitos <strong>da</strong>s mulheres brasileiras. Autora <strong>do</strong> texto fun<strong>da</strong>nte<br />
<strong>do</strong> feminismo no nosso país, Nísia publicou em 1834, em pleno perío<strong>do</strong> imperial, o livro “Direitos <strong>da</strong>s mulheres<br />
e injustiça <strong>do</strong>s homens”. A nossa precursora acreditava que a opressão <strong>da</strong>s mulheres seria venci<strong>da</strong> através <strong>da</strong><br />
educação.<br />
Do curriculum de Nísia consta, com destaque, a sua amizade com o filósofo positivista Augusto Comte, assim<br />
como as defesas <strong>da</strong> República, <strong>da</strong> libertação <strong>do</strong>s escravos e <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong>s povos indígenas.<br />
Nísia Floresta Brasileira Augusta nasceu no Rio Grande <strong>do</strong> Norte, em 1810, cem <strong>anos</strong> antes <strong>do</strong> anúncio <strong>do</strong> <strong>Dia</strong><br />
<strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>. Publicou 15 livros, incontáveis artigos e viveu 75 <strong>anos</strong>, muitos desses na França e em<br />
Pernambuco. São suas essas palavras: “É, portanto, em favor de to<strong>da</strong>s as mulheres brasileiras que escrevemos, é<br />
a sua geral prosperi<strong>da</strong>de o alvo de nossos anelos, quan<strong>do</strong> os elementos dessa prosperi<strong>da</strong>de se acham ain<strong>da</strong> tão<br />
confusamente marulha<strong>do</strong>s no labirinto de invetera<strong>do</strong>s costumes e arrisca<strong>da</strong>s inovações”.<br />
Sufragistas. Carolina <strong>do</strong> Norte (EUA), 1907<br />
Um novo século...<br />
Teatro The Garrick (Chicago, EUA). Local <strong>da</strong> 1ª<br />
comemoração não oficial <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> Nacional <strong>da</strong><br />
<strong>Mulher</strong>, 1908<br />
Federação <strong>do</strong>s clubes <strong>da</strong>s mulheres - Carolina <strong>do</strong><br />
Norte (EUA), 1909
1910<br />
Em agosto de 1910, a tensão entre feministas sufragistas e feministas socialistas é redefini<strong>da</strong>.<br />
Uma delegação de feministas-socialistas partiu <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s para Copenhague-<br />
Dinamarca, levan<strong>do</strong> duas propostas à II Conferência <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es <strong>Socialistas</strong><br />
e ao VIII Congresso <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Socialista: a internacionalização <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, que já<br />
vinha sen<strong>do</strong> comemora<strong>do</strong> em Chicago e em Nova York, e a defesa, pelo parti<strong>do</strong>, <strong>do</strong> sufrágio<br />
feminino, até então bandeira <strong>da</strong>s burguesas. O movimento se fortalece durante a<br />
Conferência e, em segui<strong>da</strong>, ganha o pleito, e o mun<strong>do</strong> recebe o célebre anúncio de Clara<br />
Zetkin: As mulheres socialistas de to<strong>da</strong>s as nações organizarão um dia <strong>da</strong>s mulheres específico,<br />
cujo primeiro objetivo será promover o direito de voto <strong>da</strong>s mulheres. O dia e o mês<br />
<strong>da</strong>s comemorações ficaram indefini<strong>do</strong>s, caben<strong>do</strong> a ca<strong>da</strong> país determiná-los.<br />
Poucos dias após a decretação <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, feministas como Alexandra Kollontai, Clara Zetkin e<br />
Rosa Luxemburgo participam <strong>do</strong> VIII Congresso <strong>da</strong> II <strong>Internacional</strong> Socialista.
A<br />
alemã Clara Zetkin nasceu em 1857 e despontou no cenário <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, em 1910, durante a II Conferência de <strong>Mulher</strong>es <strong>Socialistas</strong>.<br />
Em 1907, Clara Zetkin já havia toma<strong>do</strong> a iniciativa de organizar o I Congresso de <strong>Mulher</strong>es<br />
<strong>Socialistas</strong> e redigir, com Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai, uma proposição que comprometesse<br />
os vários parti<strong>do</strong>s socialistas a entrar na luta pelo sufrágio feminino. As socialistas<br />
trabalhavam para enfraquecer as resistências, dentro <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>, contra o voto feminino.<br />
Esse compromisso com as mulheres está presente desde os primórdios <strong>da</strong> atuação política de<br />
Clara. Sua participação na Fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> II <strong>Internacional</strong> Socialista, em 1889, em Paris, por exemplo,<br />
teve como destaques a apresentação de um relatório sobre o trabalho entre mulheres<br />
e a sua eleição para secretária <strong>do</strong> setor feminino <strong>da</strong> organização operária internacionalista.<br />
Em 1892, Clara Zetkin fun<strong>do</strong>u o jornal <strong>da</strong> mulher operária, Die Gleichheit (A Igual<strong>da</strong>de) e<br />
como editora-chefe noticiou, em 1911, que a primeira grande manifestação pela emancipação<br />
<strong>da</strong>s mulheres trouxe às ruas <strong>da</strong> Alemanha, Suíça, Áustria e Dinamarca mais de um milhão<br />
de ci<strong>da</strong>dãs.<br />
Em 1915 organizou, na Suíça, um congresso internacional de mulheres contra a primeira<br />
guerra mundial, sen<strong>do</strong>, por isso, presa e, em segui<strong>da</strong>, expulsa <strong>do</strong> próprio Parti<strong>do</strong> Socialista<br />
Alemão. Em 1919, filiou-se ao Parti<strong>do</strong> Comunista Alemão e o representou junto ao Parlamento<br />
Alemão, entre 1920 a 1933, quan<strong>do</strong> foi obriga<strong>da</strong> a exilar-se na União Soviética, onde<br />
morreu no mesmo ano.<br />
VIVA CLARA ZETKIN!<br />
CLARA ZETkIN
Uma mulher memorável<br />
Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo.<br />
Congresso II <strong>Internacional</strong> em Stuttgart,<br />
1907<br />
Clara Zetkin, 1925<br />
Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo,<br />
1910<br />
Clara Zetkin, 1930<br />
Clara Zetkin, 1925<br />
Cédula e selos em homenagem à Clara Zetkin<br />
Rússia, 8 de março de 1917<br />
Funeral <strong>da</strong>s vítimas <strong>da</strong> Revolução de<br />
Fevereiro, 1917<br />
<strong>Mulher</strong>es nas ruas de Petrogra<strong>do</strong>, 1917<br />
Enfim, o 8 de Março<br />
A<br />
partir de 1921, a III Interna-<br />
cional Socialista define, em<br />
Moscou, o 8 de Março como o<br />
dia para se publicizar internacionalmente<br />
as lutas pela libertação <strong>da</strong>s mulheres. Fazia-se<br />
com isso uma homenagem às tecelãs<br />
russas, que no dia 23 de fevereiro de 1917<br />
haviam deflagra<strong>do</strong> a greve que marcou o<br />
início <strong>da</strong> Revolução Russa. No calendário<br />
ocidental, o dia 23 de fevereiro corresponde<br />
ao 8 de março.<br />
No Brasil, o dia foi comemora<strong>do</strong> pela<br />
primeira vez em 1945 e a partir de 1975,<br />
após o reconhecimento <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta pela Organização<br />
<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU), torna-se<br />
uma celebração ca<strong>da</strong> vez mais presente.
Enfim, o 8 de Março<br />
Fila nas barracas de comi<strong>da</strong> na Rússia, 1917<br />
Sufragistas na Cracóvia (Polônia), 1911<br />
Greve de mulheres em Brisbane (Austrália), 1912<br />
Enfim, o 8 de Março<br />
Emmeline Pankhurst na Wall Street, 1913
Enfim, o 8 de Março<br />
Liga <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es, 1922<br />
MUITAS gREvES<br />
E UM 8 DE MARçO<br />
A<br />
existência <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> relaciona-se às lutas pelo direito ao voto<br />
e ao movimento de internacionalização <strong>da</strong> proposta de emancipação <strong>da</strong> mulher,<br />
enquanto a escolha <strong>do</strong> dia 8 de março vincula-se a homenagens a movimentos<br />
grevistas, reais ou míticos, sempre desencadea<strong>do</strong>s pelas mulheres. Desde os tempos <strong>da</strong> Guerra<br />
Fria, uma versão americana disputa a honraria <strong>da</strong> homenagem com a história soviética.<br />
A canadense Renée Cote lança, em 1984, o livro “O dia <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> - Os ver<strong>da</strong>deiros<br />
fatos e <strong>da</strong>tas <strong>da</strong>s misteriosas origens <strong>do</strong> 8 de março, até hoje confusas, maquia<strong>da</strong>s e<br />
esqueci<strong>da</strong>s”, chaman<strong>do</strong>-nos à razão. Nele, revela-se que as conheci<strong>da</strong>s homenagea<strong>da</strong>s - 129<br />
operárias que teriam morri<strong>do</strong> em uma fábrica incendia<strong>da</strong> proposita<strong>da</strong>mente pelos patrões em<br />
1857 – nunca existiram. E, ain<strong>da</strong>, que essa narrativa era resultante <strong>da</strong> mistura de duas histórias<br />
reais: uma longa greve de costureiras, aconteci<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de de Nova York, que durou de 22 de<br />
novembro de 1909 a 15 de fevereiro de 1910 e outra greve operária, também em Nova York,<br />
em 1911. Nesta, sim, registraram-se as mortes de 134 pessoas, na maioria mulheres, durante<br />
um incêndio causa<strong>do</strong> pela falta de condições de segurança na fábrica.<br />
Enfim, o <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es é uma criação <strong>da</strong>s socialistas, o 8 de Março é uma<br />
homenagem às mulheres que desencadearam a Revolução Russa, e sua comemoração até os<br />
nossos dias uma vitória de to<strong>da</strong>s as mulheres.
TEMPOS CONSERvADORES<br />
No século passa<strong>do</strong>, a intimi<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> nazismo na Alemanha, <strong>do</strong> stalinismo na União<br />
Soviética, <strong>da</strong>s guerras mundiais e <strong>da</strong> guerra fria fizeram definhar o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> político<br />
como o lugar <strong>do</strong>s diferentes. O cotidiano <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de mulheres e homens sucumbiu<br />
à forma mais drástica <strong>da</strong> razão patriarcal: a governança totalitária. Àquela em que as<br />
classes sociais se transformaram em massas e o centro <strong>do</strong> poder foi transferi<strong>do</strong> para as armas.<br />
Naquela em que as populações femininas foram arremessa<strong>da</strong>s brutalmente ao espaço imanente<br />
<strong>da</strong> reprodução e as masculinas a<strong>do</strong>rmeceram na violência, na falocracia e na valorização de<br />
um guerreiro, cuja característica instituinte era negar às mulheres a condição de indivíduos,<br />
sujeitos e ci<strong>da</strong>dãs. Nela, as conquistas feministas foram aterra<strong>da</strong>s, seus fazeres desmoraliza<strong>do</strong>s<br />
e suas histórias apaga<strong>da</strong>s.<br />
Sobre aqueles tempos, levantam-se as vozes feministas na Austrália, negan<strong>do</strong>-se a influência<br />
conserva<strong>do</strong>ra que dizia: “O homem é um sol<strong>da</strong><strong>do</strong> e um agente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A <strong>Mulher</strong> é mãe e<br />
serva <strong>do</strong> homem”. Naqueles tempos, as manifestações <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> foram<br />
interdita<strong>da</strong>s, deixaram de ser política feminista, deixaram de ser <strong>da</strong>s mulheres. Nos países <strong>do</strong><br />
bloco comunista, louvava-se a aju<strong>da</strong>nte <strong>do</strong> revolucionário e mais se enaltecia a política <strong>do</strong>s<br />
governos que a luta pela libertação <strong>da</strong> mulher. No mun<strong>do</strong> capitalista, cultivava-se a consumi<strong>do</strong>ra<br />
feliz e heroína <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> bem sucedi<strong>do</strong>. No mun<strong>do</strong> inteiro ressaltava-se a mulher no espaço<br />
<strong>do</strong>méstico, como mãe, educa<strong>do</strong>ra e guardiã <strong>do</strong>s princípios morais conserva<strong>do</strong>res.<br />
Cartaz, 1960
A retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de<br />
A qUEIMA DO SUTIã<br />
NINgUéM ESqUECE<br />
Considera<strong>da</strong> ícone <strong>da</strong> grande rebeldia feminista, a queima <strong>do</strong> sutiã em praça pública é<br />
parte indissociável <strong>da</strong> memória <strong>da</strong> geração 68. Sataniza<strong>da</strong> por um obsceno pu<strong>do</strong>r patriarcal,<br />
essa forma de protesto integrou, definitivamente, as mulheres à retoma<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />
esclarecimento e à explosão <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de, emparelhan<strong>do</strong> suas lutas à on<strong>da</strong> de manifestações<br />
contra a Guerra <strong>do</strong> Vietnã e em favor <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s negros; ao Maio de Paris e os protestos<br />
estu<strong>da</strong>ntis; à presença <strong>do</strong>s hippies e beatniks, conclaman<strong>do</strong> paz e amor; à Primavera de Praga;<br />
à chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> homem à Lua; ao repúdio ao apartheid na África <strong>do</strong> Sul; à resistência aos regimes<br />
ditatoriais; e ao romantismo <strong>da</strong> “queri<strong>da</strong> presença <strong>do</strong> companheiro Che Guevara”.<br />
Contrapon<strong>do</strong>-se ao que havia de mais ridículo na construção patriarcal <strong>do</strong> feminino, as feministas<br />
americanas, para confrontar o Concurso de Beleza Miss América, encenaram a primeira<br />
queima de sutiãs. Num paralelo de gênero, jovens de ambos sexos <strong>da</strong>vam forma às suas<br />
manifestações: elas queimavam sutiãs, questionan<strong>do</strong> os padrões de beleza impostos ao corpo<br />
feminino, denuncian<strong>do</strong> a repressão à sexuali<strong>da</strong>de e descolan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s padrões de consumo,<br />
enquanto eles queimavam literalmente suas convocações demonstran<strong>do</strong> sua discordância em<br />
relação à Guerra <strong>do</strong> Vietnã.<br />
A queima <strong>do</strong>s sutiãs marca um novo perío<strong>do</strong> na trajetória <strong>da</strong>s lutas <strong>da</strong>s mulheres e, assim, dá<br />
novos rumos a história <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>.
2010<br />
Hoje, o <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong><br />
comemora a trajetória de libertação<br />
<strong>da</strong>s mulheres, denuncia as discriminações<br />
e anuncia novas e velhas lutas.<br />
É reconheci<strong>do</strong> por governos até<br />
o nível de sua institucionalização.<br />
É feria<strong>do</strong> na China, Armênia, Rússia,<br />
Azerbaidjão, Belarus, Bulgária,<br />
Cazaquistão, Macedônia, Moldávia,<br />
Mongólia, Tajiquistão, Ucrânia, Uzbequistão<br />
e Vietnã. É celebra<strong>do</strong> nos<br />
quatro cantos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> por mulheres<br />
<strong>do</strong>s mais diferentes cre<strong>do</strong>s, religiões<br />
e regimes políticos. É um lin<strong>do</strong> estan<strong>da</strong>rte<br />
<strong>da</strong> força de transformação<br />
política, social, econômica e cultural<br />
<strong>da</strong>s mulheres.<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em Sidney<br />
(Austrália), 1979<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em Toronto<br />
(Canadá), 2003<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em Sidney<br />
(Austrália), 2006<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em Korgnegane (África Ocidental), 2008<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em<br />
Dhaka (Bangladesh), 2008<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em<br />
Barcelona (Espanha), 2009<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em<br />
Campinas (SP), 2010
Pernambuco<br />
<strong>da</strong>s mulheres
A<br />
s brasileiras acabavam de conquistar<br />
o direito ao voto, quan<strong>do</strong>, em 1933,<br />
ci<strong>da</strong>dãs recifenses, que se auto-intitulavam<br />
publicamente feministas, declararam<br />
ao <strong>Dia</strong>rio de Pernambuco que o perfil de uma<br />
candi<strong>da</strong>tura feminina à Assembléia Nacional<br />
Constituinte deveria levar a marca <strong>da</strong>s lutas<br />
pelo progresso intelectual, econômico e<br />
político <strong>da</strong>s mulheres. Essa era a posição <strong>da</strong>s<br />
sufragistas pernambucanas. Das nossas conterrâneas<br />
filia<strong>da</strong>s à Federação Brasileira pelo<br />
Progresso Feminino, cuja Presidenta Nacional<br />
era Bertha Lutz, uma mulher instruí<strong>da</strong> e<br />
viaja<strong>da</strong>.<br />
Como em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, o feminismo em<br />
Pernambuco sofreu descontinui<strong>da</strong>de resultante<br />
<strong>da</strong>s ditaduras e guerras, vin<strong>do</strong> a ressurgir<br />
no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, trazen<strong>do</strong><br />
consigo as manifestações <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>.<br />
Nesta segun<strong>da</strong> on<strong>da</strong>, a primeira organização<br />
feminista de Pernambuco foi o grupo<br />
Ação <strong>Mulher</strong>, forma<strong>do</strong>, também, por profissionais<br />
liberais, acadêmicas e mulheres<br />
que voltavam <strong>do</strong> exílio. Fortemente inspira<strong>do</strong><br />
pelo movimento feminista europeu,<br />
o Ação <strong>Mulher</strong> era um grupo de reflexão,<br />
comprometi<strong>do</strong> com as ideias: “meu corpo<br />
me pertence”, “o pessoal é político”, assim<br />
como com as lutas contra o Esta<strong>do</strong> Auto-<br />
ritário. Dos seus quadros saíram as ONGs<br />
feministas, que mais tarde aproximaram-se<br />
<strong>do</strong> movimento popular de mulheres, liga<strong>do</strong><br />
às Pastorais <strong>da</strong> Igreja Católica e às Comuni<strong>da</strong>des<br />
Eclesiais de Base.<br />
Múltiplo e forte, o feminismo em Pernambuco<br />
recebe, em Garanhuns, no ano de 1987,<br />
o IX Encontro Nacional Feminista e cria, em<br />
1988, o Fórum de <strong>Mulher</strong>es de Pernambuco.<br />
Em 2007, conquista a Secretaria Especial<br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, cuja forma e conteú<strong>do</strong> provocam<br />
uma crescente valorização <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, revelan<strong>do</strong> a capaci<strong>da</strong>de<br />
de organização e pressão que o feminismo<br />
exerce sobre a socie<strong>da</strong>de e sobre o aparelho<br />
de Esta<strong>do</strong> em prol <strong>da</strong> institucionalização de<br />
políticas públicas para as mulheres.
8 de março em Pernambuco<br />
Encenação em praça no Ibura,<br />
08/03/1987<br />
Apresentação na praça <strong>do</strong><br />
Diário, 08/03/1987<br />
Comemoração <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> no<br />
Pátio de São Pedro, 08/03/1993<br />
Encenação teatral no Pátio de<br />
São Pedro, 08/03/1989<br />
Ato público na Estação Recife <strong>do</strong><br />
metrô, 08/03/1991<br />
Encenação na Estação Recife <strong>do</strong><br />
metrô, 08/03/1991<br />
Comemoração no Cabo de Santo Agostinho,<br />
08/03/1994<br />
Passeata na Região Metropolitana <strong>do</strong> Recife, 08/03/2010<br />
Passeata no Cabo de Santo Agostinho,<br />
08/03/2008<br />
Passeata<br />
no centro<br />
<strong>do</strong> Recife,<br />
08/03/2010
8 de março em Pernambuco
A jornalista e parlamentar Cristina Tavares<br />
foi a primeira deputa<strong>da</strong> federal de Pernambuco.<br />
Dedicou-se à defesa <strong>do</strong>s direitos <strong>da</strong>s<br />
emprega<strong>da</strong>s <strong>do</strong>mésticas e trabalha<strong>do</strong>ras rurais,<br />
à assistência integral à saúde <strong>da</strong> mulher<br />
e à descriminalização <strong>do</strong> aborto. Foi dela a<br />
proposta de revogação <strong>da</strong> Lei 6791, de 1980,<br />
que instituía um <strong>Dia</strong> Nacional <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, em<br />
30 de abril: “É preciso que se restabeleça<br />
no Brasil o <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, em<br />
8 de Março, e que não seja considera<strong>do</strong> o<br />
dia 30 de abril. O 8 de Março é um dia de<br />
soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de internacional (...)”. Cristina<br />
Tavares morreu em 1992, aos 58 <strong>anos</strong>.<br />
Naíde Teodósio viveu numa época em que a medicina<br />
era reduto masculino e, como médica, dedicou-se a<br />
pesquisas no campo <strong>da</strong> nutrição. Dota<strong>da</strong> de amplo<br />
conhecimento político e cultural, sempre se manteve<br />
firme em suas convicções humanísticas, até mesmo<br />
diante <strong>da</strong> sua prisão, no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> Ditadura Militar.<br />
Para perpetuar esse exemplo de uma vi<strong>da</strong> científica<br />
volta<strong>da</strong> para a inclusão social, a Secretaria Especial<br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> criou o Prêmio Naíde Teodósio de Estu<strong>do</strong>s<br />
de Gênero. Pernambucana de Sirinhaém, morreu em<br />
1995, aos 90 <strong>anos</strong>.
Secretaria <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong><br />
A<br />
Revista 8 de Março - Anuário<br />
<strong>da</strong> Secretaria <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> é antes<br />
de tu<strong>do</strong> uma homenagem<br />
à luta <strong>da</strong>s mulheres organiza<strong>da</strong>s contra a<br />
opressão e exploração de gênero. É também<br />
um espaço de diálogo com to<strong>do</strong>s<br />
os segmentos <strong>do</strong> governo e com a socie<strong>da</strong>de<br />
em prol <strong>da</strong> integração de ações<br />
volta<strong>da</strong>s para garantir os direitos <strong>da</strong>s<br />
mulheres no Esta<strong>do</strong>.<br />
É a reafirmação <strong>do</strong> compromisso político<br />
<strong>da</strong> Secretaria <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em trabalhar sob<br />
uma perspectiva feminista de inclusão<br />
social, de humanização <strong>da</strong>s relações de<br />
poder e de empoderamento econômico<br />
<strong>da</strong>s mulheres.<br />
<strong>Mulher</strong>es rurais fazem<br />
caminha<strong>da</strong> rumo ao Palácio<br />
<strong>do</strong> Campo <strong>da</strong>s Princesas no<br />
<strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong><br />
Governa<strong>do</strong>r Eduar<strong>do</strong><br />
Campos recebe Plano de<br />
Políticas Públicas para as<br />
mulheres rurais, no <strong>Dia</strong><br />
<strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong><br />
de 2010<br />
Servi<strong>do</strong>ras são homenagea<strong>da</strong>s<br />
no <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Mulher</strong> com festa no Palácio<br />
<strong>do</strong> Campo <strong>da</strong>s Princesas
Primeira mulher brasileira a exercer um<br />
man<strong>da</strong>to de Deputa<strong>da</strong> Federal (1933 e<br />
1937) e a integrar a Academia Nacional de<br />
Medicina (1942). Foi eleita por <strong>do</strong>is <strong>anos</strong><br />
consecutivos para a Assembléia Nacional<br />
Constituinte. Carlota Pereira de Queiroz,<br />
médica e educa<strong>do</strong>ra, foi também Presi-<br />
dente <strong>da</strong> Associação Brasileira de <strong>Mulher</strong>es<br />
Médicas – ABMM. Nasci<strong>da</strong> em São Paulo,<br />
morreu em 1982, aos 90 <strong>anos</strong>
Imprensa
8 DE MARçO<br />
NO BRASIL E NO MUNDO
Musicista independente, é de Chiquinha<br />
Gonzaga o mérito de ter a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong><br />
o piano para a música popular<br />
brasileira. Ela foi autora de cerca de duas<br />
mil composições, em gêneros varia<strong>do</strong>s,<br />
entre chorinhos, marchinhas de carnaval,<br />
polcas, valsas, tangos e maxixes,<br />
ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> a primeira mulher regente<br />
de orquestra brasileira. Revolucionária<br />
para sua época, a descendente de escravos,<br />
Chiquinha Gonzaga, participou<br />
ativamente <strong>da</strong> campanha abolicionista e,<br />
também, <strong>da</strong> Proclamação <strong>da</strong> República.<br />
Nair de Teffé foi uma mulher à frente<br />
<strong>do</strong> seu tempo. Popularmente conheci<strong>da</strong><br />
como Rian, é considera<strong>da</strong> a primeira<br />
mulher caricaturista <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Ela<br />
organizou o recital de lançamento<br />
<strong>do</strong> maxixe Corta Jaca, de sua amiga<br />
Chiquinha Gonzaga, no Palácio Presidencial,<br />
quan<strong>do</strong> casa<strong>da</strong> com o então<br />
Presidente Marechal Hermes <strong>da</strong> Fonseca.<br />
Na época, o evento gerou críticas <strong>da</strong><br />
elite conserva<strong>do</strong>ra. Ao final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
de 1970, Nair de Teffé participou <strong>da</strong>s<br />
comemorações <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Mulher</strong>. Morreu em 1981, aos 95 <strong>anos</strong>.
Poesia<br />
Cora Coralina, pseudônimo de Ana<br />
Lins <strong>do</strong>s Guimarães Peixoto Bretas, foi<br />
uma mulher de poderosas palavras,<br />
embora não tivesse o conhecimento<br />
formal <strong>da</strong> literatura. Com apenas 14<br />
<strong>anos</strong>, ela criou o jornal de poemas<br />
femininos “A Rosa”, mas só na fase<br />
adulta teve seu trabalho reconheci<strong>do</strong>.<br />
Foi Cora a primeira mulher a<br />
receber o Prêmio Juca Pato, como<br />
intelectual <strong>do</strong> ano de 1983 e é dela a<br />
autoria <strong>do</strong> poema “<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>”,<br />
em homenagem ao <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>. Cora Coralina morreu em<br />
1985, aos 96 <strong>anos</strong>.<br />
<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
Cora Coralina<br />
<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>, minha irmã.<br />
De to<strong>do</strong>s os tempos.<br />
De to<strong>do</strong>s os povos.<br />
De to<strong>da</strong>s as latitudes.<br />
Ela vem <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> imemorial <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des<br />
e carrega a carga pesa<strong>da</strong> <strong>do</strong>s mais<br />
torpes sinônimos,<br />
apeli<strong>do</strong>s e apo<strong>do</strong>s:<br />
<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> zona,<br />
<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> rua,<br />
<strong>Mulher</strong> perdi<strong>da</strong>,<br />
<strong>Mulher</strong> à toa.<br />
<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>, minha irmã.<br />
Pisa<strong>da</strong>s, espezinha<strong>da</strong>s, ameaça<strong>da</strong>s.<br />
Desprotegi<strong>da</strong>s e explora<strong>da</strong>s.<br />
Ignora<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Lei, <strong>da</strong> Justiça e <strong>do</strong> Direito.<br />
Necessárias fisiologicamente.<br />
Indestrutíveis.<br />
Sobreviventes.<br />
Possuí<strong>da</strong>s e infama<strong>da</strong>s sempre por<br />
aqueles que um dia as lançaram na vi<strong>da</strong>.<br />
Marca<strong>da</strong>s. Contamina<strong>da</strong>s,<br />
Escorcha<strong>da</strong>s. Discrimina<strong>da</strong>s.<br />
Nenhum direito lhes assiste.<br />
Nenhum estatuto ou norma as protege.<br />
Sobrevivem como erva cativa <strong>do</strong>s caminhos,<br />
pisa<strong>da</strong>s, maltrata<strong>da</strong>s e renasci<strong>da</strong>s.<br />
Flor sombria, sementeira espinhal<br />
gera<strong>da</strong> nos viveiros <strong>da</strong> miséria, <strong>da</strong><br />
pobreza e <strong>do</strong> aban<strong>do</strong>no,<br />
enraiza<strong>da</strong> em to<strong>do</strong>s os quadrantes <strong>da</strong> Terra.<br />
Um dia, numa ci<strong>da</strong>de longínqua, essa<br />
mulher corria persegui<strong>da</strong> pelos homens que<br />
a tinham macula<strong>do</strong>. Aflita, ouvin<strong>do</strong> o<br />
tropel <strong>do</strong>s persegui<strong>do</strong>res e o sibilo <strong>da</strong>s pedras,<br />
ela encontrou-se com a Justiça.<br />
A Justiça estendeu sua destra poderosa e<br />
lançou o repto milenar:<br />
“Aquele que estiver sem peca<strong>do</strong><br />
atire a primeira pedra”.<br />
As pedras caíram<br />
e os cobra<strong>do</strong>res deram as costas.<br />
O Justo falou então a palavra de equi<strong>da</strong>de:<br />
“Ninguém te condenou, mulher...<br />
nem eu te condeno”.<br />
A Justiça pesou a falta pelo peso<br />
<strong>do</strong> sacrifício e este excedeu àquela.<br />
Vilipendia<strong>da</strong>, esmaga<strong>da</strong>.<br />
Possuí<strong>da</strong> e enxovalha<strong>da</strong>,<br />
ela é a muralha que há milênios detém<br />
as urgências brutais <strong>do</strong> homem para que<br />
na socie<strong>da</strong>de possam coexistir a inocência,<br />
a casti<strong>da</strong>de e a virtude.<br />
Na fragili<strong>da</strong>de de sua carne macula<strong>da</strong><br />
esbarra a exigência impie<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> macho.<br />
Sem cobertura de leis<br />
e sem proteção legal,<br />
ela atravessa a vi<strong>da</strong> ultraja<strong>da</strong><br />
e imprescindível, pisotea<strong>da</strong>, explora<strong>da</strong>,<br />
nem a socie<strong>da</strong>de a dispensa<br />
nem lhe reconhece direitos<br />
nem lhe dá proteção.<br />
E quem já alcançou o ideal dessa mulher,<br />
que um homem a tome pela mão,<br />
a levante, e diga: minha companheira.<br />
<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>, minha irmã.<br />
No fim <strong>do</strong>s tempos.<br />
No dia <strong>da</strong> Grande Justiça<br />
<strong>do</strong> Grande Juiz.<br />
Serás remi<strong>da</strong> e lava<strong>da</strong><br />
de to<strong>da</strong> condenação.<br />
E o juiz <strong>da</strong> Grande Justiça<br />
a vestirá de branco em<br />
novo batismo de purificação.<br />
Limpará as máculas de sua vi<strong>da</strong><br />
humilha<strong>da</strong> e sacrifica<strong>da</strong><br />
para que a Família Humana<br />
possa subsistir sempre,<br />
estrutura sóli<strong>da</strong> e indestrutível<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de,<br />
de to<strong>do</strong>s os povos,<br />
de to<strong>do</strong>s os tempos.<br />
<strong>Mulher</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>, minha irmã.<br />
Poesia dedica<strong>da</strong> ao Ano <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> em 1975
Artes<br />
gráficas
CIM<br />
O Centro Informação <strong>Mulher</strong> (CIM) acumula,<br />
guar<strong>da</strong>, registra, recupera e divulga a história<br />
<strong>da</strong>s mulheres nos movimentos sociais, no cotidiano,<br />
no trabalho, nas artes, e em outros<br />
espaços. Seu objetivo é desfazer as referências<br />
e representações deforma<strong>da</strong>s, empobreci<strong>da</strong>s<br />
e desqualifica<strong>da</strong>s <strong>do</strong> feminino, que povoam o<br />
imaginário social e, por isso, referen<strong>da</strong>m a <strong>do</strong>minação<br />
e a exploração <strong>da</strong>s mulheres.<br />
Seu acervo é forma<strong>do</strong> a partir de <strong>do</strong>ações de<br />
movimentos de mulheres, grupos feministas, de<br />
editoras e etc., sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores<br />
sobre a história <strong>da</strong>s mulheres na América Latina.<br />
O espaço é uma referência para pesquisa<strong>do</strong>ras<br />
e pesquisa<strong>do</strong>res nacionais e estrangeiros.<br />
É uma restauração <strong>da</strong> memória e reintrodução<br />
<strong>da</strong>s mulheres na história oficial <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.<br />
É um instrumento na desconstrução <strong>da</strong> lógica<br />
patriarcal.<br />
O CIM funciona desde 1979, em São Paulo.<br />
www.cimsp.com.br
1848 - Levante de mulheres proletárias na<br />
Prússia (hoje Alemanha), motiva<strong>do</strong> pelo fato<br />
<strong>do</strong> rei não cumprir a promessa de instituir o<br />
direito feminino ao voto. Esse movimento foi<br />
homenagea<strong>do</strong> no primeiro <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Mulher</strong> na Alemanha, em 1911.<br />
1857 - Greve acompanha<strong>da</strong> de violenta repressão<br />
policial às trabalha<strong>do</strong>ras têxteis de Nova<br />
Iorque. Não há registro escrito sobre o evento,<br />
mas desde 1955 a luta dessas trabalha<strong>do</strong>ras é<br />
homenagea<strong>da</strong> no dia 8 de Março.<br />
1907 - 1ª. Conferência <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es<br />
<strong>Socialistas</strong> na Alemanha, quan<strong>do</strong> 58 delega<strong>da</strong>s, de<br />
14 países, aprovaram a proposição - redigi<strong>da</strong> por<br />
Clara Zetkin, Alexandra Kollontai e Rosa Luxemburgo<br />
- a favor <strong>da</strong> luta pelo voto feminino, considera<strong>da</strong><br />
até então uma reivindicação burguesa<br />
pela <strong>Internacional</strong> e pelos anarquistas.<br />
1º. Congresso <strong>Internacional</strong> Socialista resolve<br />
que “to<strong>do</strong>s os parti<strong>do</strong>s socialistas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> devem<br />
lutar pelo sufrágio feminino”.<br />
1908 - A Federação Autônoma de <strong>Mulher</strong>es<br />
celebra o Woman´s Day (<strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>) em Chicago,<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
1909 - O Parti<strong>do</strong> Socialista Americano lidera a<br />
comemoração <strong>do</strong> Woman´s Day em Chicago e<br />
Nova Iorque, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
1910 - 20 mil mulheres participam de greve nas<br />
fábricas de teci<strong>do</strong> em Nova Iorque para que seu<br />
sindicato fosse reconheci<strong>do</strong>. A greve durou 3<br />
meses, foi reprimi<strong>da</strong> pela polícia com mais de<br />
Datas Inesquecíveis<br />
600 prisões e terminou na véspera <strong>do</strong> Woman’s<br />
Day. As trabalha<strong>do</strong>ras comparecem em massa<br />
ao <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> organiza<strong>do</strong> pelo Parti<strong>do</strong> Socialista<br />
Americano.<br />
O Congresso <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Socialista Americano<br />
delibera que as delega<strong>da</strong>s ao Congresso <strong>Internacional</strong><br />
em Copenhague, Dinamarca, defen<strong>da</strong>m<br />
que a <strong>Internacional</strong> Socialista assuma o <strong>Dia</strong><br />
<strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, a ser comemora<strong>do</strong> no<br />
mun<strong>do</strong> inteiro.<br />
A 2ª. Conferência <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> Socialista<br />
realiza<strong>da</strong> na Dinamarca, <strong>da</strong> qual participaram<br />
mais de <strong>100</strong> mulheres de 17 países, decide<br />
que as delega<strong>da</strong>s, nos seus países, devem<br />
comemorar o <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>.<br />
O Congresso <strong>Internacional</strong> Socialista confirma a<br />
proposta <strong>da</strong>s mulheres sobre o <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>.<br />
1911 - Nova greve de tecelãs e tecelões em<br />
Nova Iorque. Morrem 146 grevistas devi<strong>do</strong> a um<br />
incêndio causa<strong>do</strong> pelas péssimas instalações e<br />
portas tranca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> fábrica.<br />
Na Alemanha, Clara Zetkin lidera as comemorações<br />
<strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>, que é também comemora<strong>do</strong><br />
nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, na Suécia, na Áustria,<br />
Itália e Dinamarca.<br />
1912 - O <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> é comemora<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s e Alemanha.<br />
1913 - Pela primeira vez o <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> é<br />
comemora<strong>do</strong> na Rússia, ain<strong>da</strong> sob a opressão<br />
<strong>do</strong> czar.<br />
1914 - Repressão à comemoração <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Mulher</strong> na Rússia com prisão de to<strong>da</strong>s as organiza<strong>do</strong>ras.<br />
Milhares de mulheres protestam contra a<br />
guerra na Alemanha e contra a prisão de Rosa<br />
Luxemburg.<br />
O 8 de Março é comemora<strong>do</strong> na Alemanha,<br />
Suécia, Dinamarca e Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
1917 - As operárias têxteis de São Petersburgo<br />
se insubordinam ao parti<strong>do</strong> bolchevique e protestam<br />
contra as más condições de trabalho, a<br />
guerra e a fome. Outras trabalha<strong>do</strong>ras se juntam<br />
a elas. Para Trotsky “em 23 de fevereiro (8<br />
de março no calendário gregoriano) (...) to<strong>da</strong>s<br />
saíram às ruas e a greve foi de massas. Mas não<br />
imaginávamos que este ‘dia <strong>da</strong>s mulheres’ viria<br />
a inaugurar a revolução”.<br />
1918 - Alexandra Kollontai homenageia a greve<br />
<strong>da</strong>s tecelãs russas nas comemorações <strong>do</strong> <strong>Dia</strong><br />
<strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>.<br />
1920 - Lênin discursa no <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong><br />
Operária, afirman<strong>do</strong> que “fazer a mulher participar<br />
<strong>do</strong> trabalho social produtivo, arrancá-la<br />
<strong>da</strong> escravidão <strong>do</strong>méstica, libertá-la <strong>do</strong> jugo degra<strong>da</strong>nte<br />
e humilhante, eterno e exclusivo <strong>do</strong><br />
ambiente <strong>da</strong> cozinha e <strong>do</strong> quarto <strong>do</strong>s filhos: eis<br />
a tarefa”.<br />
1921 - A Conferência <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es Comunistas<br />
realiza<strong>da</strong> em Moscou a<strong>do</strong>ta o 8 de Março<br />
como <strong>da</strong>ta unifica<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong>s<br />
Operárias. A partir dessa Conferência, a 3ª. <strong>Internacional</strong><br />
a<strong>do</strong>ta essa <strong>da</strong>ta para comemorar<br />
as lutas <strong>da</strong>s mulheres.<br />
1943 - As italianas fazem passeatas e participam<br />
<strong>da</strong>s greves insurrecionais que levaram à<br />
que<strong>da</strong> de Mussulini.<br />
1947 - O 8 de Março é comemora<strong>do</strong> pela<br />
primeira vez no Brasil.<br />
1948 - A passeata <strong>do</strong> dia 8 de Março no Rio,<br />
lidera<strong>da</strong> pelo Parti<strong>do</strong> Comunista <strong>do</strong> Brasil (PCB)<br />
coloca<strong>do</strong> na clandestini<strong>da</strong>de no ano anterior,<br />
é proibi<strong>da</strong>.<br />
1950 - A Federação <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es <strong>do</strong> Brasil retoma<br />
a comemoração <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Mulher</strong>.<br />
1955 - O jornal L’Humanité, <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista<br />
Francês, fala <strong>da</strong> greve de 1857 no <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>.<br />
1966 - A Federação <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es Comunistas<br />
<strong>da</strong> Alemanha Oriental retoma o <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es.<br />
1968 - Em Chicago, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, retoma-se,<br />
através de boletins e jornais feministas, a idéia<br />
<strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong>.<br />
1969 - É retoma<strong>da</strong> em Berkeley, nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, a comemoração <strong>do</strong> <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Mulher</strong>.<br />
1975 - A Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU)<br />
proclama o dia 8 de Março como <strong>Dia</strong> <strong>Internacional</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> e é segui<strong>da</strong> por muitos governos.
Governa<strong>do</strong>r de Pernambuco<br />
Eduar<strong>do</strong> Campos<br />
Vice-Governa<strong>do</strong>r de Pernambuco<br />
João Lyra Neto<br />
Secretária Especial <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong><br />
Cristina Buarque<br />
Cura<strong>do</strong>ria<br />
Carmen Andrade Lima<br />
Identi<strong>da</strong>de Visual e Design Gráfico<br />
Ana Farache e Jorge Borges<br />
Pesquisa Histórica e Cultural<br />
Natalia Nascimento<br />
Patrícia Pífano<br />
Produção de Texto<br />
Fernan<strong>da</strong> Cruz<br />
Sonia Wright<br />
Assessoria de Imprensa<br />
Fernan<strong>da</strong> Cruz e Juliana Lins<br />
Parcerias<br />
Gestos Soropositivi<strong>da</strong>de Comunicação e Gênero<br />
Museu <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco<br />
Apoio<br />
Copergás<br />
Agradecimentos<br />
Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano<br />
Associação <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es de Nazaré <strong>da</strong> Mata – AMUNAN<br />
Centro <strong>da</strong>s <strong>Mulher</strong>es <strong>do</strong> Cabo<br />
Centro Informação <strong>Mulher</strong> – CIM<br />
Fun<strong>da</strong>ção Joaquim Nabuco<br />
Movimento <strong>da</strong> <strong>Mulher</strong> Trabalha<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Nordeste – MMTR-NE<br />
SOS Corpo – Instituto Feminista para Democracia