ViraVida, um projeto em defesa da juventude
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Publicação mensal | Edição 82 Ano X DEZ | 2012<br />
<strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, <strong>um</strong> <strong>projeto</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>defesa</strong> <strong>da</strong> <strong>juventude</strong><br />
A história de Jair Antônio Meneguelli é conheci<strong>da</strong><br />
pelos brasileiros. Como Deputado Federal, sindicalista<br />
e metalúrgico lutou com determinação pelos<br />
direitos dos trabalhadores e pela igual<strong>da</strong>de social no<br />
Brasil. Agora, como presidente do Conselho Nacional<br />
do SESI, Meneguelli conta sobre alg<strong>um</strong>as ações<br />
que serão desenvolvi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> 2013, com destaque<br />
para o <strong>projeto</strong> <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, iniciativa que oferece oportuni<strong>da</strong>des<br />
a jovens que sofreram abuso ou exploração<br />
sexual. Página 24<br />
GABEIRA:<br />
AS CHANCES<br />
DOM PV EM<br />
2014<br />
Página 38<br />
GDF: NOVA CARA PARA<br />
TRANSPORTE COLETIVO<br />
Página 13<br />
RICARDO ROLIM: O COMBATE AO USO INDEVIDO DO ÁLCOOL. Página 5
Editorial<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 2<br />
O novo ano que começa, para os brasileiros,<br />
não traz até agora nenh<strong>um</strong>a novi<strong>da</strong>de, na<strong>da</strong> que<br />
o País ain<strong>da</strong> não conheça. Norte, Sul, Sudeste,<br />
Nordeste e Centro-Oeste entram 2013 enfrentando<br />
os mesmos probl<strong>em</strong>as que déca<strong>da</strong>s atrás<br />
também eram as mesmas preocupações. Incrível<br />
a nossa capaci<strong>da</strong>de de saber repetir, com a mesma<br />
incompetência, as providências erra<strong>da</strong>s que<br />
nunca traz<strong>em</strong> para a comuni<strong>da</strong>de as respostas<br />
espera<strong>da</strong>s. O mês de janeiro, nos últimos dez<br />
ou vinte anos, traz para as populações dos Estados<br />
do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas<br />
Gerais, Espírito Santo e vizinhos chuvas e trovoa<strong>da</strong>s<br />
e to<strong>da</strong> sorte de probl<strong>em</strong>as que se possa<br />
imaginar. Os jornais, revistas e as TVs mostram<br />
o t<strong>em</strong>po todo fotos e imagens desalentadoras<br />
de bairros inteiros tragados pelas águas, rios<br />
transbor<strong>da</strong>ndo, casas inun<strong>da</strong><strong>da</strong>s e centenas de<br />
pessoas desabriga<strong>da</strong>s e s<strong>em</strong> ter onde ficar. Cenas<br />
de muita tristeza, retratos <strong>em</strong> branco e preto de<br />
comuni<strong>da</strong>des inteiras joga<strong>da</strong>s a mercê <strong>da</strong> sorte,<br />
n<strong>um</strong> triste cenário que envergonha <strong>um</strong> País. O<br />
mesmo Brasil, que nunca encontra <strong>um</strong>a forma<br />
adequa<strong>da</strong> para estancar e parar tanta água que<br />
invade o que encontra pela frente nessas regiões,<br />
também não consegue sequer anunciar <strong>um</strong>a só<br />
medi<strong>da</strong> que amenize o drama dos nordestinos<br />
s<strong>em</strong> água <strong>em</strong> quatro ou cinco estados, os mesmos<br />
que entra ano sai ano lá vão eles, com a lata<br />
d’água na cabeça na busca do líquido que mata a<br />
sede e alimenta o corpo.<br />
Defesa civil, Ministério <strong>da</strong> Integração,<br />
Ministério <strong>da</strong> Justiça, enti<strong>da</strong>des sociais e governos<br />
estaduais anunciam todos os anos as mesmas<br />
providências para os mesmos probl<strong>em</strong>as,<br />
e eles se repet<strong>em</strong> com na mesma frequência,<br />
mesma intensi<strong>da</strong>de. Se há água <strong>em</strong> excesso no<br />
Sudeste, e as carências regionais não consegu<strong>em</strong><br />
<strong>da</strong>r <strong>um</strong> r<strong>um</strong>o certo a essas enxurra<strong>da</strong>s que<br />
surg<strong>em</strong> a ca<strong>da</strong> chuva, a escassez do Nordeste<br />
<strong>em</strong>agrece os reservatórios, e o eterno fantasma<br />
do racionamento assusta as autori<strong>da</strong>de <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s<br />
as escalas. É falta de planejamento, esbraveja<br />
<strong>um</strong> crítico ambientalista que nunca saiu de<br />
sua casa na praia. Que na<strong>da</strong>, o que há é falta de<br />
vontade política, de determinação de governo,<br />
esbraveja a oposição, encastela<strong>da</strong> <strong>em</strong> Brasília<br />
curtindo o ar condicionado. Da discussão desordena<strong>da</strong><br />
também participam técnicos e teóricos<br />
que nunca se entend<strong>em</strong> sobre o que fazer, fiscais<br />
do dinheiro público que nunca sab<strong>em</strong> explicar o<br />
que liberam e o que proib<strong>em</strong> e ain<strong>da</strong> os abnegados<br />
e voluntários que, estes sim, atolam seus pés<br />
na lama e no barro e vão socorrer vítimas que<br />
não sab<strong>em</strong> o que fazer, para onde ir e <strong>em</strong> qu<strong>em</strong><br />
acreditar. A repetição dessas cenas, que acabam<br />
ilustrando o roteiro de <strong>um</strong> repetitivo filme macabro,<br />
onde poucos mocinhos consegu<strong>em</strong> salvar<br />
pobres e desvalidos, tornam todo começo de ano<br />
o Brasil previsível e desanimador. As tragédias<br />
se repet<strong>em</strong>, as medi<strong>da</strong>s anuncia<strong>da</strong>s não sa<strong>em</strong><br />
do papel e os prejudicados são s<strong>em</strong>pre os mesmos,<br />
as vítimas t<strong>em</strong> como recompensa apenas<br />
lágrimas. Alguém, de alg<strong>um</strong>a forma, <strong>em</strong> alg<strong>um</strong><br />
lugar, alg<strong>um</strong> dia vai ter que achar <strong>um</strong>a solução<br />
para amenizar o drama dessas famílias. Acionar<br />
botões que faz<strong>em</strong> soar sirenes pode ser até <strong>um</strong>a<br />
solução provisória, <strong>um</strong> aviso para que as pessoas<br />
corram. Mas, na ver<strong>da</strong>de, elas precisam de qu<strong>em</strong><br />
as socorram. De ver<strong>da</strong>de.<br />
Expediente<br />
Diretor Responsável:<br />
José Natal<br />
Edição:<br />
Kátia Maia<br />
Projeto gráfico e diagramação:<br />
Evaldo Gomes de Abreu<br />
Impressão:<br />
Gráfica e Editora Ideal<br />
Colaboradores:<br />
Alexandre Garcia, Luís Natal,<br />
Ricardo Noblat, José Fonseca,<br />
Sheila D´Amorim, Wilson Ibiapina,<br />
Milton Seligman, MônicaWaldvolgel,<br />
Mayrluce Vilella, Paulo Pestana,<br />
Silvestre Gorgulho, Heraldo Pereira,<br />
Gilnei Rampazzo, Fernando Guedes,<br />
Christiane Samarco, Greicy Pessoa,<br />
Fernando Isoppo e Silvia Caetano.<br />
ChRIS NASCIMENTO/SÃO PAULO<br />
FABIANA FERNANDES/CURITIBA<br />
ENTRE LAGOS/RIO<br />
Editora: Cecilia Brant<br />
Colaboradores: Carlos Sampaio, Cássia<br />
Olival, Ronsangela Alvarenga, Paulo César<br />
Feital, Daisy Nascimento e Luis Augusto Gollo.<br />
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A Revista Entre Lagos possui 10 anos de tradição. É distribuí<strong>da</strong> gratuitamente <strong>em</strong> pontos comerciais e órgãos públicos.
André Gustavo<br />
Jornalista<br />
Apocalipse<br />
Vi a perspectiva de fim do mundo,<br />
na época <strong>da</strong> guerra fria, quando<br />
viajei aos Estados Unidos a convite<br />
do governo <strong>da</strong>quele país. Estive no<br />
Instituto hudson e ouvi <strong>um</strong> dos<br />
pesquisadores dizer que trabalhavam<br />
com a seguinte hipótese de guerra.<br />
Se ao final do conflito, restass<strong>em</strong> dois<br />
americanos vivos e <strong>um</strong> russo, eles<br />
teriam vencido. É bom l<strong>em</strong>brar que <strong>um</strong><br />
e outro estado beligerante alardeava<br />
ter capaci<strong>da</strong>de para destruir o planeta<br />
cinquenta ou sessenta vezes. Nunca<br />
entendi essa conta. Achei que bastava<br />
<strong>um</strong>a única e decisiva ro<strong>da</strong><strong>da</strong> de<br />
bombardeios nucleares.<br />
Depois visitei instalações estratégicas.<br />
Lá foi exibido <strong>um</strong> enorme painel que<br />
mostrava a possível localização, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po<br />
real ou perto disso, de três submarinos<br />
soviéticos na costa leste. Um ao norte,<br />
perto de Boston, outro <strong>em</strong> frente a<br />
Washington e Nova Iorque e o terceiro no<br />
sul. Na costa oeste o cenário se repetia.<br />
Outros três submarinos nucleares. Ca<strong>da</strong><br />
submarino tinha 14 tubos lançadores de<br />
mísseis e <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> <strong>um</strong> deles haveria cinco<br />
ogivas nucleares. Total: setentas bombas<br />
atômicas por <strong>em</strong>barcação. 210 de <strong>um</strong><br />
lado, 210 de outro. Seriam 420 artefatos<br />
nucleares. Para completar o cenário de<br />
horror me foi dito que se o ataque partisse<br />
de <strong>um</strong> dos submarinos levaria entre três e<br />
quatro minutos para atingir Washington.<br />
Apocalipse - Não haveria t<strong>em</strong>po para<br />
defender a população. Mas, sim, para<br />
promover <strong>um</strong> contra-ataque fulminante<br />
que arrasaria a União Soviética <strong>em</strong> questão<br />
de minutos. Os mísseis partiriam <strong>da</strong><br />
Europa e do território continental dos<br />
Estados Unidos. A segun<strong>da</strong> hipótese de<br />
guerra mostrava o ataque dos comunistas<br />
partindo <strong>da</strong> União Soviética com mísseis<br />
intercontinentais. Neste caso, levaria<br />
cerca de trinta minutos para arrasar o<br />
adversário. Mas o t<strong>em</strong>po era suficiente<br />
para organizar contra-ataque ain<strong>da</strong> mais<br />
devastador. Não haveria t<strong>em</strong>po n<strong>em</strong> para<br />
se despedir <strong>da</strong> família. Mas o assunto era<br />
tratado com naturali<strong>da</strong>de pelos militares.<br />
Depois dessa d<strong>em</strong>onstração de<br />
insani<strong>da</strong>de nunca mais me incomodei<br />
com a perspectiva de fim de mundo. Se<br />
o mundo não acabou naquele momento,<br />
quando bastava <strong>um</strong> militar ensandecido<br />
apertar o botão fatídico (l<strong>em</strong>bram-se do<br />
filme Dr. Strangelove, com Peter Sellers,<br />
direção de Stanley Kubrick?), tornou-se<br />
mais fácil exterminar a vi<strong>da</strong> h<strong>um</strong>ana por<br />
ação natural do t<strong>em</strong>po. É ver<strong>da</strong>de que<br />
a natureza é incompleta, faz correções<br />
periódicas de r<strong>um</strong>o, de t<strong>em</strong>peratura, e<br />
o hom<strong>em</strong> colabora com poluição para<br />
destruir o seu meio-ambiente. Não sou<br />
especialista na matéria e não pretendo<br />
me aventurar nesta seara. Mas, enfim, o<br />
mundo não acabou.<br />
O que preocupa neste início de 2013<br />
é o Brasil perder oportuni<strong>da</strong>des. Vai deixar<br />
a posição de sexta maior economia do<br />
mundo para os ingleses. Os resultados<br />
econômicos são frágeis e o crescimento<br />
do PIB ficará <strong>em</strong> 1% ou menos. Os norteamericanos,<br />
que estão vivendo <strong>um</strong>a<br />
recessão, vão <strong>em</strong>placar expansão de três<br />
por cento. Vizinhos como Chile, Peru e<br />
Colômbia terão resultados melhores. Eles<br />
estão submetidos aos mesmos probl<strong>em</strong>as<br />
internacionais. Recessão por todos os lados,<br />
desaquecimento no mercado europeu e<br />
sérios probl<strong>em</strong>as políticos na China. No<br />
momento <strong>em</strong> que escrevo essas mal traça<strong>da</strong>s<br />
linhas, caíram raios, n<strong>um</strong>a t<strong>em</strong>pestade<br />
forte, e a energia foi corta<strong>da</strong>.<br />
3 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
Mundo afora<br />
Saliva - Final de ano serve para<br />
essas reflexões. Os políticos brasileiros<br />
que já foram considerados de primeira<br />
linha estão, agora, se revelando de baixo<br />
extrato. S<strong>em</strong> soluções razoáveis, part<strong>em</strong><br />
para conflitos desnecessários e esquec<strong>em</strong><br />
a arte de negociar. Os desgastes de final<br />
<strong>da</strong> legislatura poderiam ter sido evitados<br />
se houvesse mais saliva, que, como dizia<br />
Dr. Ulysses, é o combustível <strong>da</strong> política.<br />
E os interlocutores do governo não<br />
compreenderam a extensão <strong>da</strong> crise <strong>em</strong><br />
torno dos royalties. Além <strong>da</strong> potencial<br />
crise federativa, o desentendimento t<strong>em</strong> o<br />
poder de paralisar a prospecção de petróleo<br />
no país.<br />
O Partido dos Trabalhadores está<br />
vivendo seu inferno astral, <strong>em</strong>bora esteja<br />
há dez anos no poder. O julgamento<br />
do mensalão foi sinal claro de que as<br />
campanhas políticas no Brasil vão mu<strong>da</strong>r de<br />
quali<strong>da</strong>de. Será mais difícil praticar o caixa<br />
dois e ain<strong>da</strong> mais complexo usar verbas de<br />
publici<strong>da</strong>de para outros fins. Não esquecer<br />
que na crise do governo Arru<strong>da</strong>, aqui <strong>em</strong><br />
Brasília, o pessoal dessa área foi preso e<br />
passou <strong>um</strong>a t<strong>em</strong>pora<strong>da</strong> na Papu<strong>da</strong>. No<br />
nível federal, os articuladores <strong>da</strong>s agências<br />
de publici<strong>da</strong>de receberam penas pesa<strong>da</strong>s.<br />
Deverão passar <strong>um</strong> bom t<strong>em</strong>po atrás <strong>da</strong>s<br />
grades. Algo mudou e os políticos precisam<br />
abrir seus olhos.<br />
A chama<strong>da</strong> judicialização <strong>da</strong> política,<br />
aliás, decorre de alg<strong>um</strong>a preguiça<br />
parlamentar. Na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que não<br />
consegu<strong>em</strong> solucionar seus probl<strong>em</strong>as,<br />
deputados e senadores jogam o assunto para<br />
debaixo do tapete. Alguém, inconformado,<br />
recorre ao Supr<strong>em</strong>o Tribunal Federal e<br />
ocorre o que aconteceu com a decisão do<br />
ministro Fux. O regimento interno é claro<br />
<strong>em</strong> afirmar que ca<strong>da</strong> veto deve ser apreciado<br />
<strong>em</strong> separado. Ele não tinha alternativa a não<br />
ser conceder a segurança para suspender a<br />
votação. Em retaliação, os parlamentares<br />
não votaram o orçamento. O governo vai ter<br />
que liberar dinheiro por medi<strong>da</strong> provisória.<br />
Talvez seja necessário conhecer o<br />
fundo do poço para <strong>em</strong>ergir com mais<br />
vitali<strong>da</strong>de nos próximos t<strong>em</strong>pos. O expresidente<br />
Lula ameaça ser candi<strong>da</strong>to<br />
novamente. Não disse a que. Mas pode ser<br />
ao governo de São Paulo ou à presidência<br />
<strong>da</strong> República. Tudo é risco neste 2013. Há
O t<strong>em</strong>po não para<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 4<br />
L<strong>em</strong>bro-me, quando menina, que<br />
meus pais deixavam na prateleira<br />
<strong>da</strong> estante, dois livros educativos a<br />
respeito de sexuali<strong>da</strong>de indicativos<br />
para diferentes faixas etárias. A<br />
mim , era permitido ler o primeiro<br />
deles. Minha irmã, mais velha, tinha<br />
autorização para ler os dois.<br />
Pais cui<strong>da</strong>dosos usualmente<br />
selecionam os programas e as leituras<br />
que os filhos pod<strong>em</strong> ter acesso. Esse<br />
procedimento ocorre porque acreditam<br />
que alg<strong>um</strong>as informações não serão<br />
saudáveis à prole.<br />
O t<strong>em</strong>po passa e começamos a nos<br />
julgar espertos d<strong>em</strong>ais, maduros. Nesse<br />
momento, acreditamos que dev<strong>em</strong>os<br />
ter livre acesso a todos os tipos de<br />
informações. Ledo engano. Ouvimos<br />
com frequência que estamos na era <strong>da</strong><br />
informação. Isso soa como algo esplêndido.<br />
Em certo sentido, é realmente magnífico.<br />
Mas viv<strong>em</strong>os <strong>um</strong>a situação dúbia: ao<br />
mesmo t<strong>em</strong>po que dev<strong>em</strong>os adquirir<br />
conhecimento, informações; também<br />
dev<strong>em</strong>os filtrar essas informações.<br />
Basicamente por dois motivos: primeiro,<br />
porque o que importa é o que você vai<br />
fazer com os <strong>da</strong>dos armazenados no seu<br />
cérebro. Informações pod<strong>em</strong> capacitar-nos<br />
a adquirir competências, que se aplica<strong>da</strong>s<br />
com atitude adequa<strong>da</strong> gerarão habili<strong>da</strong>des,<br />
que poderão gerar hábitos - que irão<br />
mol<strong>da</strong>r-nos.<br />
De fato, escolh<strong>em</strong>os nossos hábitos<br />
depois, com o passar dos anos, eles nos<br />
escolh<strong>em</strong>. Porque eles nos rotulam.<br />
O segundo motivo é que somos o<br />
resultado <strong>da</strong> soma <strong>da</strong>s informações que<br />
ac<strong>um</strong>ulamos.<br />
Adquirimos conhecimento durante<br />
to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. Desde o ventre materno, o<br />
bebê sente o amor <strong>da</strong> mamãe, escuta e<br />
procura a voz do pai. Sente se é amado,<br />
desejado. Ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, absorv<strong>em</strong>os<br />
várias mensagens por meio de conversas,<br />
filmes, leituras, ex<strong>em</strong>plos.<br />
O fato é que passamos a replicar essas<br />
vivências. Você pode imaginar como esta<br />
história termina, não? Reproduzimos<br />
aquilo que vivenciamos, que aprend<strong>em</strong>os.<br />
Nossa percepção do mundo se baseia<br />
Escolha seus<br />
pensamentos<br />
nas nossas crenças. Advinha como essas<br />
crenças são forma<strong>da</strong>s!? Claro, por meio<br />
<strong>da</strong>s nossas experiências de vi<strong>da</strong>, e de<br />
ensinamentos que absorv<strong>em</strong>os e que muitas<br />
vezes passamos a aceitar como ver<strong>da</strong>des<br />
absolutas. Alguns valores, conseguimos<br />
negociar, porém, exist<strong>em</strong> princípios que<br />
são inegociáveis. Não admitimos negociálos.<br />
São pr<strong>em</strong>issas enraiza<strong>da</strong>s. Crenças<br />
fun<strong>da</strong>mentais. A religião trabalha muito<br />
com elas.<br />
Essas crenças governam nossas vi<strong>da</strong>s<br />
e determinam nossos resultados.<br />
Ac<strong>um</strong>ulamos, com o passar dos anos,<br />
várias crenças. Muitas delas pod<strong>em</strong> ter<br />
poder destruidor sobre nossas expectativas<br />
de <strong>um</strong>a vi<strong>da</strong> promissora. Levam-nos a<br />
pensar de <strong>um</strong> jeito que compromete <strong>um</strong>a<br />
boa performance.<br />
Carla Ribeiro<br />
Mestre <strong>em</strong> Sociologia, advoga<strong>da</strong>, tetracampeã mundial<br />
de karate, campeã mundial de kickboxing.<br />
Se você acreditar que nunca vai<br />
conseguir ser organizado, nunca será rico,<br />
nunca vai conseguir falar com desenvoltura<br />
<strong>em</strong> público, está, provavelmente, muito<br />
certo. Seu subconsciente t<strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as<br />
mensagens negativas e positivas que você<br />
ouviu ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Quanto mais<br />
repete para si pensamentos negativos, mais<br />
reforça essas crenças no seu subconsciente.<br />
Resultado: terá <strong>um</strong> inimigo dentro de si,<br />
trabalhando contra, boicotando seus sonhos,<br />
suas metas.<br />
A dica de ouro é: tenha o subconsciente<br />
como <strong>um</strong> aliado. Deixe-o ser seu melhor<br />
amigo. Afastar os pensamentos negativos<br />
deve ser <strong>um</strong> trabalho contínuo, diário, até<br />
que passe a acreditar na nova referência<br />
que deseja <strong>da</strong>r a ele. Creia: pensamentos<br />
pod<strong>em</strong> ser mu<strong>da</strong>dos, mas requer dedicação<br />
e reprogramação mental.
Ricardo Rolim<br />
5 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
Diretor de Relações Socioambientais e<br />
Comunicação <strong>da</strong> Ambev Todos somos responsáveis<br />
A importância do trabalho <strong>em</strong> rede<br />
no combate ao uso indevido de álcool<br />
Desde os anos 1970, a<br />
Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde<br />
(OMS) t<strong>em</strong> produzido doc<strong>um</strong>entos e<br />
organizado reuniões para debater as<br />
consequências do cons<strong>um</strong>o indevido de<br />
bebi<strong>da</strong>s alcoólicas. Entre os principais<br />
consensos obtidos nestes encontros<br />
está a certeza de que to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de<br />
deve se envolver na discussão e no<br />
combate a práticas como o acesso de<br />
menores de i<strong>da</strong>de a esses produtos,<br />
o uso excessivo e/ou associado à<br />
direção. Isso porque estamos tratase<br />
de <strong>um</strong>a questão multifatorial e<br />
requer <strong>um</strong> <strong>em</strong>penho conjunto para<br />
ser combati<strong>da</strong>. Em res<strong>um</strong>o: todos têm<br />
seu papel. E, nós, na Ambev estamos<br />
comprometidos com o nosso.<br />
A indústria de bebi<strong>da</strong>s é considera<strong>da</strong><br />
parte <strong>da</strong> solução, pois pode ser <strong>um</strong>a<br />
importante força na diss<strong>em</strong>inação de<br />
mensagens de cons<strong>um</strong>o responsável e na<br />
conscientização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, de nossos<br />
fornecedores e clientes. Ou seja, nós, como<br />
fabricantes de bebi<strong>da</strong>s alcoólicas pod<strong>em</strong>os<br />
(e dev<strong>em</strong>os) atuar, auxiliar na prevenção,<br />
rejeitando o lucro proveniente do cons<strong>um</strong>o<br />
inadequado de nossos produtos.<br />
Em linha com essa pr<strong>em</strong>issa,<br />
celebrar<strong>em</strong>os este ano <strong>um</strong>a déca<strong>da</strong> de<br />
atuação <strong>da</strong> Plataforma Ambev de Cons<strong>um</strong>o<br />
Responsável. Nesse período de trabalho<br />
pioneiro, houve inúmeras conquistas. E, a<br />
principal delas é o engajamento de parceiros<br />
na causa, o trabalho <strong>em</strong> rede. As pesquisas<br />
mostram que 87% <strong>da</strong> população brasileira<br />
consom<strong>em</strong> bebi<strong>da</strong> alcoólica de forma<br />
adequa<strong>da</strong>, responsável. No entanto, o<br />
<strong>em</strong>penho para evitar o uso indevido deve ser<br />
constante e contar com o envolvimento de<br />
diversos atores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Afinal, muitas<br />
vezes trata-se de mu<strong>da</strong>r comportamentos<br />
arraigados, como o de donos de bares<br />
que ain<strong>da</strong> vend<strong>em</strong> bebi<strong>da</strong> s<strong>em</strong> pedir <strong>um</strong><br />
doc<strong>um</strong>ento para atestar a maiori<strong>da</strong>de do<br />
cliente.<br />
Esse trabalho <strong>em</strong> rede, com<br />
agentes sociais como organizações não<br />
governamentais, especialistas, instituições<br />
de ensino, acadêmicos, governos, outras<br />
<strong>em</strong>presas, atletas e artistas t<strong>em</strong> garantido<br />
importantes resultados. Como os obtidos<br />
com o <strong>projeto</strong> Jovens de Responsa. Criado<br />
há quase três anos, o programa reúne 18<br />
ONGs <strong>em</strong> cinco estados do país e visa<br />
inibir o cons<strong>um</strong>o por menores de 18 anos<br />
nas comuni<strong>da</strong>des onde as organizações<br />
atuam. Assim como encontrar iniciativas<br />
de prevenção simples e eficazes para ser<strong>em</strong><br />
reaplica<strong>da</strong>s, as chama<strong>da</strong>s tecnologias<br />
sociais. A iniciativa já conseguiu impactar<br />
mais de 2.4 milhões pessoas <strong>em</strong> ações<br />
de comunicação, como programas e<br />
spots <strong>em</strong> rádio, mais de 7 mil jovens já<br />
participaram de ativi<strong>da</strong>des diretas, 960<br />
educadores e lideranças comunitárias<br />
foram capacitados, 500 bares foram<br />
sensibilizados com os <strong>projeto</strong>s e outras 44<br />
mil pessoas participaram dos eventos que<br />
integram o programa (festas, concursos,<br />
campeonatos e caminha<strong>da</strong>s solidárias).<br />
Em Heliópolis, na zona sul de São<br />
Paulo, o Jovens de Responsa atua <strong>em</strong><br />
parceria com a associação de moradores<br />
(UNAS) e começa a apresentar resultados<br />
importantes. A proporção de jovens que<br />
já compraram bebi<strong>da</strong>s caiu de 67% para<br />
46%. Outro ex<strong>em</strong>plo é que 98% dos jovens<br />
consideram importante ter <strong>projeto</strong>s que<br />
fal<strong>em</strong> sobre os efeitos do cons<strong>um</strong>o de<br />
bebi<strong>da</strong>s alcoólicas. Um ponto também<br />
interessante é que a quanti<strong>da</strong>de de doses<br />
cons<strong>um</strong>i<strong>da</strong>s pelos jovens passou de nove<br />
para sete nos bares, de sete para cinco<br />
doses <strong>em</strong> festas na comuni<strong>da</strong>de e de seis<br />
para quatro na casa de amigos. Dados que<br />
revelam <strong>um</strong> avanço positivo na percepção<br />
de que cons<strong>um</strong>ir bebi<strong>da</strong> alcoólica antes dos<br />
18 anos é proibido por lei e causa <strong>da</strong>nos<br />
à saúde do jov<strong>em</strong>. Uma vitória que pode<br />
parecer tími<strong>da</strong>, mas que para qu<strong>em</strong>, como<br />
nós, trabalha constant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> prol do<br />
cons<strong>um</strong>o responsável é motivo de grande<br />
com<strong>em</strong>oração. Mostra a importância do<br />
trabalho <strong>em</strong> rede e também que prevenção,
Comunicação<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 6 Fernando Barros*<br />
Para o b<strong>em</strong>, ou para o mal,<br />
faz<strong>em</strong>os parte de <strong>um</strong> momento<br />
novo na história <strong>da</strong> h<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de.<br />
Pela primeira vez, a transição entre<br />
gerações está sendo marca<strong>da</strong> por <strong>um</strong><br />
importante e involuntário processo<br />
de transferência de poder, dos mais<br />
velhos para os mais jovens, nas áreas<br />
social e comportamental, com fortes<br />
reflexos na política e na economia.<br />
James Carville diria: “é a tecnologia,<br />
estúpido”...<br />
A nossa admirável Marieta Severo<br />
l<strong>em</strong>brou recent<strong>em</strong>ente que, quando jov<strong>em</strong>,<br />
era <strong>um</strong>a honra poder participar, fascina<strong>da</strong>,<br />
<strong>da</strong> conversa dos adultos. Hoje, o conteúdo<br />
não perdeu o seu valor intrínseco, mas o<br />
fato é que a palavra “fascinação” agora está<br />
exclusivamente associa<strong>da</strong> a conteúdos com<br />
imagens de alta resolução, processados por<br />
meios ca<strong>da</strong> vez mais escan<strong>da</strong>losamente<br />
ágeis e encantadores.<br />
Você acha que é ca<strong>da</strong> vez mais<br />
difícil conversar com os filhos, que sua<br />
influência de pai/mãe perdeu relevância,<br />
que simplesmente vocês não coabitam no<br />
mesmo planeta/veículos de comunicação?<br />
E percebe que na sua <strong>em</strong>presa gente ca<strong>da</strong><br />
vez mais jov<strong>em</strong> ocupa espaços gerenciais<br />
mesmo não tendo experiência, apenas<br />
porque domina a tecnologia? Se a resposta<br />
for “sim”, relaxe...<br />
A boa notícia é que você continua muito<br />
importante para seus filhos e sua vivência é<br />
indispensável para o país. A má notícia é que<br />
é preciso fazer alg<strong>um</strong>a coisa, porque esse<br />
quadro só vai piorar. A regra será o caos.<br />
Não dá para parar o mundo e<br />
reorganizar, mas muito pode ser feito. Já<br />
que a comunicação ganhou tal dimensão<br />
na socie<strong>da</strong>de, precisamos trabalhar<br />
com ferramentas de gestão capazes de<br />
aproximar pessoas e conteúdos; tecnologias<br />
e experiências de vi<strong>da</strong>; máquina e gente.<br />
Um trabalho nas duas pontas do<br />
Jornalista e Diretor de Comunicação do Fór<strong>um</strong> do Futuro<br />
ffbarros@gmail.com<br />
Qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> medo <strong>da</strong> tecnologia?<br />
Se você faz parte desta grande maioria, prepare-se: a ver<strong>da</strong>deira<br />
revolução <strong>da</strong> Web, a Internet <strong>da</strong>s Coisas, ain<strong>da</strong> n<strong>em</strong> começou...<br />
probl<strong>em</strong>a...<br />
De <strong>um</strong> lado, o processo tecnológico<br />
amplifica a produtivi<strong>da</strong>de, <strong>em</strong> todos os<br />
níveis, mas não substitui o conteúdo. E este<br />
é espaço natural a ser ocupado pela nossa<br />
geração. O meu amigo, o agrônomo Mário<br />
Ramos Vilela, Secretário Executivo do<br />
Fór<strong>um</strong> do Futuro - <strong>um</strong> craque na percepção<br />
desses fenômenos -, doc<strong>em</strong>ente instalado<br />
na valiosa casa dos 70 anos, é cirúrgico,<br />
citando T S Eliot: “<strong>um</strong>a coisa é informação;<br />
outra é o conhecimento; já sabedoria é algo<br />
b<strong>em</strong> diferente”.<br />
No outro lado, nos cabe <strong>um</strong> esforço<br />
superlativo para tentar acompanhar.<br />
O pessoal de 15 anos, por ex<strong>em</strong>plo, já<br />
decretou a morte do <strong>em</strong>ail. E com razão:<br />
é limitado, não incorpora imagens, não<br />
compartilha <strong>em</strong> rede. Nessa veloci<strong>da</strong>de,<br />
acho mesmo que urge criar nas <strong>em</strong>presas<br />
a função de “Gestor de Comunicação e<br />
Tecnologias”, para casar ferramentas e<br />
propósitos. E também evitar per<strong>da</strong> de<br />
t<strong>em</strong>po e gastos com “gadjets” caros e s<strong>em</strong><br />
uso prático.<br />
Um magnífico desafio, na perspectiva<br />
do desenvolvimento <strong>da</strong> h<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de. Do<br />
ponto de vista do indivíduo que não nasceu<br />
digital, <strong>um</strong> gigantesco probl<strong>em</strong>a: corra que<br />
a Internet <strong>da</strong>s Coisas v<strong>em</strong> aí...<br />
Esse conceito foi desenvolvido no<br />
MIT, ain<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1999, pelo britânico Kevin<br />
Ashton. Parte <strong>da</strong> constatação de que os<br />
computadores até hoje são basicamente<br />
movidos a ideias e <strong>da</strong>dos fornecidos pelo<br />
hom<strong>em</strong>. Mais de 90% <strong>da</strong>s informações t<strong>em</strong><br />
orig<strong>em</strong> no input h<strong>um</strong>ano. A Internet <strong>da</strong>s<br />
Coisas é o sist<strong>em</strong>a através do qual ca<strong>da</strong><br />
“coisa” t<strong>em</strong> a sua codificação (código de<br />
barras, por ex<strong>em</strong>plo) e, dessa forma, pode<br />
ter sua aplicação na vi<strong>da</strong> real gerencia<strong>da</strong><br />
por sist<strong>em</strong>as informatizados.<br />
Pasm<strong>em</strong>: estamos apenas no começo<br />
do começo. A Internet <strong>da</strong>s Coisas vai<br />
mu<strong>da</strong>r dramaticamente o cotidiano.<br />
Os negócios vão eliminar probl<strong>em</strong>as de<br />
“Há <strong>um</strong>a excelente razão<br />
pela qual a maioria <strong>da</strong>s<br />
pessoas prefere viver<br />
na era imediatamente<br />
anterior a elas: é<br />
mais seguro. Viver na<br />
vanguar<strong>da</strong> <strong>da</strong>s coisas, na<br />
fronteira <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças,<br />
é algo apavorante.<br />
McLuhan<br />
estoque... As máquinas, os carros terão<br />
menos defeitos... Ashton diz:<br />
- Hoje, a informação tecnológica é<br />
tão dependente dos <strong>da</strong>dos originados pelas<br />
pessoas que os computadores sab<strong>em</strong> muito<br />
mais sobre ideias do que sobre as coisas.<br />
Tivéss<strong>em</strong>os computadores <strong>em</strong> condições de<br />
usar informações captura<strong>da</strong>s por eles próprios,<br />
s<strong>em</strong> a nossa aju<strong>da</strong>, teríamos condições de<br />
acompanhar e contar to<strong>da</strong>s as coisas, de<br />
reduzir dramaticamente desperdício, per<strong>da</strong>s<br />
e custos. Saberíamos quando as coisas<br />
precisariam ser substituí<strong>da</strong>s, conserta<strong>da</strong>s,<br />
ou quando estão frescas, ou já passaram do<br />
ponto ideal. Viv<strong>em</strong>os n<strong>um</strong> mundo físico. Não<br />
com<strong>em</strong>os bits, tampouco os colocamos no<br />
tanque de gasolina do carro. A Internet <strong>da</strong>s<br />
Coisas t<strong>em</strong> o potencial de mu<strong>da</strong>r o mundo,<br />
como a Internet o fez. E, talvez, de maneira<br />
ain<strong>da</strong> mais profun<strong>da</strong> e consistente.<br />
Dois comentários do Blog do Dave<br />
Evans, o Executivo Futurista <strong>da</strong> Cisco<br />
a respeito <strong>da</strong> Internet <strong>da</strong>s Coisas, são<br />
res<strong>um</strong>os definitivos:<br />
*O poder <strong>da</strong> Rede é maior do que a soma<br />
de suas partes e ain<strong>da</strong> não está corretamente<br />
avaliado...<br />
*Não existe t<strong>em</strong>po melhor para se<br />
viver do que o agora, face a capaci<strong>da</strong>de de<br />
transformação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de para melhor que a<br />
Internet <strong>da</strong>s Coisas é capaz de prover.<br />
Ou seja, Senhoras e Senhores, b<strong>em</strong>-
DA REDAçÃO<br />
A Polícia Militar recebeu do<br />
governador Agnelo Queiroz, novos<br />
instr<strong>um</strong>entos para intensificar o<br />
combate à criminali<strong>da</strong>de no Distrito<br />
Federal. A corporação conta agora com<br />
mais 383 viaturas, sete micro-ônibus,<br />
além de 3,5 mil armas de baixo poder<br />
letal. O investimento para a aquisição<br />
dos veículos, que deverão ser somados<br />
a mais 75 carros no próximo mês, foi<br />
de R$ 45 milhões. Em dois anos, foram<br />
entregues 1.200 viaturas à PM.<br />
“Isso significa dotar a nossa polícia<br />
de estrutura e equipamentos técnicos<br />
para c<strong>um</strong>prir sua missão de proteger a<br />
socie<strong>da</strong>de. Vamos ain<strong>da</strong> contratar, por<br />
meio de concurso público, mil policiais<br />
militares”, detalhou o governador.<br />
O governador fez <strong>um</strong> res<strong>um</strong>o dos<br />
investimentos na área de Segurança<br />
7 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
A ci<strong>da</strong>de agradece<br />
Reforço na Segurança Pública do DF<br />
PMDF ganha 383 viaturas,<br />
sete micro-ônibus e 3,5 mil<br />
armas. Veículos estarão<br />
nas ruas ain<strong>da</strong> este mês<br />
Pública nos dois primeiros anos de<br />
governo.Segundo ele os investimentos na<br />
Polícia Militar somam R$ 150 milhões,<br />
<strong>em</strong>pregados na aquisição de viaturas,<br />
equipamentos e armas e <strong>em</strong> melhorias nos<br />
quarteis. “Estamos preparando a nossa<br />
polícia à altura dos desafios <strong>da</strong> capital<br />
do Brasil, para a segurança dos grandes<br />
eventos e para a proteção <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de”,<br />
completou.<br />
Os veículos entregues são <strong>da</strong> marca<br />
Mitsubishi Pajero, com tração 4x4 <strong>em</strong> três<br />
estágios, freio ABS, motor turbo de 180<br />
cavalos de potência, piloto automático e<br />
airbag. Todos estão equipados com adesivos<br />
refletivos, o que facilita a identificação dos<br />
carros.<br />
Cerca de 350 policiais militares<br />
receb<strong>em</strong> noções teóricas e conhecimentos<br />
práticos sobre os carros. No início de<br />
janeiro eles começam a atuar nas ruas,<br />
afirmou o coman<strong>da</strong>nte-geral <strong>da</strong> PMDF,<br />
Suamy Santana.<br />
Reforço no patrulhamento – Para o<br />
próximo ano, o governador Agnelo Queiroz<br />
autorizou concurso para a contratação de<br />
mil policiais militares. Outras medi<strong>da</strong>s<br />
para reforçar a segurança do DF serão:<br />
r<strong>em</strong>anejar oficiais que operam <strong>em</strong> áreas<br />
administrativas <strong>da</strong> corporação para as ruas<br />
e instalar quase mil câmeras até 2014 – 40<br />
delas no Setor Comercial Sul. As imagens
Roteiro de Sampa<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 8 Chris Nascimento<br />
Jornalista<br />
Mais que <strong>um</strong> pãozinho gostoso…<br />
BISTRO+BALADA<br />
E para qu<strong>em</strong> quer experimentar <strong>um</strong> novo<br />
roteiro <strong>em</strong> São Paulo, pode conferir o Restaurante<br />
Bagatelle nos Jardins. Inaugura<strong>da</strong> há poucos meses,<br />
t<strong>em</strong> filiais <strong>em</strong> várias capitais ba<strong>da</strong>la<strong>da</strong>s do<br />
mundo, como Nova Iorque, Los Angeles, Las Vegas,<br />
Miami e St. Barth.<br />
Ponto de encontro para <strong>um</strong> almoço informal,<br />
t<strong>em</strong> ambiente interno e externo moderno e<br />
aconchegante, e a noite <strong>em</strong>barca na combinação<br />
de deliciosas comidinhas e renomados DJs. O público,<br />
de espírito jov<strong>em</strong> e descolado, aproveita a<br />
bala<strong>da</strong> entre copas e trufas, ingredientes presentes<br />
<strong>em</strong> seu menu. Vale conferir!<br />
Rua Padre João Manuel, 950 - Jardins -<br />
Tel. 11.30625870.<br />
Café ou cappuccino, servidos <strong>em</strong> charmosas taças ao estilo<br />
francês, tartelettes e saborosos doces na vitrine… pãozinho<br />
artesanal e quentinho, assados lentamente <strong>em</strong> fornos de pedra!<br />
É neste ambiente, rústico e de rico aroma, que a rede belga<br />
de pa<strong>da</strong>rias artesanais Le Pain Quotidien, reina com seus quitutes<br />
artesanais e orgânicos. São 170 lojas no mundo e agora<br />
São Paulo recebe sua quarta loja, na Rua Oscar Freire.<br />
Mel, geléias, blends de grãos, <strong>um</strong>a grande varie<strong>da</strong>de de<br />
produtos orgânicos. Ainauguração será entre março e abril.<br />
Rua Oscar Freie, 1832 - Jardins - Tel. 11.30316977.<br />
DESIGN<br />
E mais inspiração para os aficcionados por design de interiores!<br />
Com lojas <strong>em</strong> Lisboa, Maputo/Moçambique e Rio de<br />
Janeiro, a loja POEIRA <strong>da</strong> designer de interiores portuguesa<br />
Monica Penaguião, abre suas portas no bairro dos Jardins <strong>em</strong><br />
São Paulo. A loja reúne peças de artistas nacionais e internacionais,<br />
além <strong>da</strong>s produzi<strong>da</strong>s pela própriamarca.<br />
Pura inspiração.<br />
Rua Melo Alves, 276 - Jardins
Valéria Campos<br />
Mulher brasileira gosta de se bronzear:<br />
isto é fato. Aproveitar o verão para<br />
mostrar as marquinhas do biquíni pode ser<br />
bonito, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po perigoso. O<br />
câncer de pele é o tipo mais incidente no<br />
Brasil, a estimativa mais recente no país<br />
são de mais de 120 mil casos, só no ano de<br />
2008. O motivo? “O brasileiro não foi educado<br />
para se proteger <strong>da</strong> luz solar”, é o que<br />
afirma a dermatologista Valéria Campos,<br />
especialista pela Socie<strong>da</strong>de Brasileira de<br />
Dermatologia. Ela fala sobre a importância<br />
do uso do filtro solar e destaca os cui<strong>da</strong>dos<br />
que são necessários para manter a pele<br />
saudável.<br />
Em sua opinião, a que se deve <strong>um</strong><br />
número tão alto de casos <strong>em</strong> nosso<br />
país?<br />
Valéria Campos: Este <strong>da</strong>do está<br />
diretamente relacionado à exposição ao<br />
sol. Além disse, existe o agravante de que os<br />
raios solares estão sendo <strong>em</strong>itidos ca<strong>da</strong> vez<br />
com mais intensi<strong>da</strong>de, devido à destruição<br />
<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de ozônio. Na Austrália, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, o câncer de pele é o t<strong>um</strong>or que<br />
mais mata e já se transformou n<strong>um</strong> caso<br />
de calami<strong>da</strong>de pública.<br />
Outro <strong>da</strong>do importante quando o assunto<br />
é câncer de pele é que não são apenas<br />
os idosos suas vítimas - ao contrário<br />
do que muita gente pensa, já que o efeito<br />
do excesso de exposição à radiação é c<strong>um</strong>ulativo.<br />
Ca<strong>da</strong> vez mais, jovens de ambos os<br />
sexos estão sendo acometidos pela doença,<br />
devido ao excesso de exposição ao sol e a<br />
hábitos que não inclu<strong>em</strong> a proteção.<br />
O uso do filtro solar é essencial?<br />
VC: Sim, s<strong>em</strong>pre! O filtro solar deve<br />
ser usado diariamente, independente <strong>da</strong><br />
exposição ao sol. Se possível, aplique-o entre<br />
15 e 30 minutos antes de sair e reaplique<br />
o protetor solar pelo menos a ca<strong>da</strong> 2<br />
Dermatologista<br />
9 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
Saúde<br />
De olho na proteção solar!<br />
A dermatologista Valéria Campos destaca a importância do uso do filtro solar<br />
diariamente, <strong>um</strong> cui<strong>da</strong>do indispensável contra o câncer de pele<br />
horas. Atenção particular deve ser <strong>da</strong><strong>da</strong> à<br />
proteção <strong>da</strong>s mãos, ombros, orelhas, pescoço,<br />
nariz, pés, lábios e a área <strong>em</strong> volta<br />
dos olhos.<br />
Existe alg<strong>um</strong>a parte do corpo <strong>em</strong><br />
que o câncer de pele cost<strong>um</strong>a aparecer<br />
com maior incidência?<br />
VC: O câncer de pele cost<strong>um</strong>a ser mais<br />
frequente no rosto, ombros, mãos e colo.<br />
Vale l<strong>em</strong>brar que as orelhas e o couro cabeludo<br />
<strong>em</strong> calvos são áreas de alta incidência,<br />
por isso é bom também usar chapéu e boné<br />
para proteger essas áreas.<br />
Quer <strong>um</strong>a pele saudável? Siga estas dicas!<br />
• O bronzeado é <strong>um</strong>a <strong>defesa</strong>, portanto deve ser adquirido gradualmente para durar,<br />
se você se exceder vai matar a sua pele e essa vai ficar vermelha e descascará.<br />
• Coloque na balança a importância do bronzeado na sua face e colo, talvez <strong>um</strong>a<br />
decisão sábia seja evitar expor essas áreas ao sol, o que pode ser conseguido com<br />
o uso de bloqueadores e chapéu.<br />
• Mesmo <strong>em</strong> baixo do guar<strong>da</strong>-sol, há <strong>um</strong>a exposição de 50% <strong>da</strong> radiação solar,<br />
portanto não se descuide do filtro solar.<br />
• A água reflete a luz, portanto quando você está no barco ou no jet-ski l<strong>em</strong>bre-se<br />
que a radiação solar é dobra<strong>da</strong>.<br />
• O uso de autobronzeador (cr<strong>em</strong>e com substâncias corantes, geralmente dihidroxiacetona)<br />
não prejudica a saúde de sua pele, mas aplique-o <strong>da</strong> forma mais<br />
homogênea possível, pois ele pode manchar a sua pele se não for b<strong>em</strong> aplicado.<br />
Evite o uso exagerado se sua pele for muito branca, pois você pode ficar cor de<br />
laranja!<br />
• A vitamina A é muito importante para o organismo, mas seu excesso é prejudicial<br />
à saúde e não trará <strong>um</strong> bronzeado melhor, pelo contrário, você ficará<br />
amarela.<br />
• Após a exposição solar é importante hidratar a sua pele, tanto por fora (usando<br />
<strong>um</strong> bom hidratante), como por dentro (ingerindo muita água). Os banhos<br />
quentes, d<strong>em</strong>orados e com muito sabonete também dev<strong>em</strong> ser evitados, pois<br />
ressecam e agrid<strong>em</strong> mais a pele.
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 10 DA REDAçÃO<br />
A Copa está chegando<br />
Primeira etapa <strong>da</strong> cobertura do Estádio<br />
Nacional de Brasília Mané Garrincha é<br />
concluí<strong>da</strong> <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po recorde<br />
O som de sirenes anunciou a<br />
conclusão do içamento dos cabos de<br />
sustentação <strong>da</strong> cobertura do Estádio<br />
Nacional de Brasília Mané Garrincha.<br />
Operários festejaram mais essa etapa<br />
ao lado do governador do Distrito<br />
Federal, Agnelo Queiroz. Ele encaixou<br />
o último pino que une o conector<br />
do cabo à placa-base, afixa<strong>da</strong> ao<br />
anel de compressão. Acompanhado<br />
<strong>da</strong> primeira-<strong>da</strong>ma, Ilza Queiroz, o<br />
governador subiu 64 metros para<br />
finalizar essa fase, inicia<strong>da</strong> no dia 11.<br />
O processo de içamento, chamado<br />
de big lifting, é <strong>um</strong> dos principais desafios<br />
na instalação <strong>da</strong> cobertura, pois todos os<br />
48 cabos precisam ser erguidos ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po. Em Brasília, o procedimento foi<br />
feito <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po recorde: 7 dias. Em outras<br />
ci<strong>da</strong>des-sede, que também contam com a<br />
estrutura, o mesmo trabalho foi concluído<br />
<strong>em</strong> até 60 dias.<br />
Para garantir geometria circular e<br />
precisão, o içamento foi realizado com<br />
auxílio de 48 macacos hidráulicos. Ca<strong>da</strong><br />
passo foi coordenado a partir do próprio<br />
anel de compressão, por meio de <strong>um</strong>a<br />
central de controle que o governador fez<br />
questão de conhecer. “A estrutura de cabos<br />
e o procedimento adotado para erguê-la<br />
foram feitos com tecnologia de alto nível.<br />
Esse é o maior anel de compressão do<br />
mundo, o que mostra a força <strong>da</strong> engenharia<br />
brasileira e nos coloca como referência<br />
internacional”, destacou Agnelo Queiroz.<br />
Em apenas sete dias, todos os 48 cabos de sustentação foram<br />
içados e afixados ao anel de compressão. Governador foi o<br />
responsável por encaixar os pinos <strong>da</strong> última estrutura<br />
Posicionados ao longo de todo o<br />
anel, feito de concreto e com cerca de<br />
1km de diâmetro, os macacos hidráulicos<br />
ergueram os cabos de forma automatiza<strong>da</strong>.<br />
Em segui<strong>da</strong>, eles foram fixados nas 48<br />
placas-base presas à circunferência. A<br />
próxima etapa será a montag<strong>em</strong> <strong>da</strong>s<br />
treliças metálicas, que sustentarão a<br />
m<strong>em</strong>brana de 90 mil m². Após apertar o<br />
pino, o governador deixou sua assinatura<br />
no conector do cabo de sustentação.<br />
COBERTURA SUSTENTÁVEL<br />
A cobertura do Estádio Nacional<br />
de Brasília Mané Garrincha é <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s<br />
inovações tecnológicas que o <strong>projeto</strong><br />
apresenta. Funcionando como sist<strong>em</strong>a<br />
de «ro<strong>da</strong> de bicicleta inverti<strong>da</strong>», ela é<br />
composta por <strong>um</strong>a estrutura tensiona<strong>da</strong><br />
com cabos e treliças metálicas, revesti<strong>da</strong><br />
por <strong>um</strong>a m<strong>em</strong>brana de 90 mil m².<br />
A m<strong>em</strong>brana, que cobrirá os cerca<br />
de 71 mil assentos <strong>da</strong> Ecoarena, possui<br />
funções sustentáveis. Seu revestimento,<br />
composto por fibra de vidro e material de<br />
politetrafluoretileno com proprie<strong>da</strong>des<br />
fotocatalíticas, é autolimpante. Ao<br />
entrar <strong>em</strong> contato com o sol, a estrutura<br />
decompõe a sujeira do ar: por hora, a<br />
cobertura é capaz de filtrar o equivalente à<br />
poluição produzi<strong>da</strong> por 100 veículos.<br />
Além de resistente, a m<strong>em</strong>brana<br />
reflete os raios ultravioletas e retém<br />
15% <strong>da</strong> luz amarela, isolando o calor e<br />
permitindo a passag<strong>em</strong> de luz natural,<br />
s<strong>em</strong> a exposição nociva à luz solar. “Além<br />
de contribuir para melhorar a quali<strong>da</strong>de<br />
do ar e o conforto dos espectadores,<br />
essas tecnologias favorec<strong>em</strong> a estética<br />
do estádio, já que eliminarão a sujeira”,<br />
avaliou o secretário Extraordinário <strong>da</strong><br />
Copa <strong>em</strong> Brasília, Claudio Monteiro.<br />
O anel de compressão também terá<br />
importante papel na sustentabili<strong>da</strong>de.<br />
Construído <strong>em</strong> concreto, facilitará a<br />
instalação <strong>da</strong>s placas fotovoltaicas,<br />
responsáveis por captar a energia solar.<br />
Serão dispostas 9,6 mil placas, com<br />
capaci<strong>da</strong>de para gerar 2,5 megawatts<br />
de energia, o que corresponde ao<br />
abastecimento de cerca de 2 mil residências<br />
por dia. “Além de atender aos megaeventos,<br />
essa obra será <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>ento de<br />
desenvolvimento econômico e social. Será<br />
<strong>um</strong> dos grandes legados para a população<br />
de Brasília”, finalizou Agnelo Queiroz.
Reconstrução<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 12 Ugo Braga<br />
Dois anos adentro do man<strong>da</strong>to e<br />
noves fora a ain<strong>da</strong> grande ansie<strong>da</strong>de<br />
sobre vários outros t<strong>em</strong>as, é justo<br />
reinvidicar para o governador<br />
Agnelo Queiroz o mérito intrínseco e<br />
pessoal de haver restaurado o Estado<br />
destruído a partir <strong>da</strong> Operação Caixa<br />
de Pandora. Sim, foi o t<strong>em</strong>peramento<br />
ameno, paciente, devoto à composição,<br />
aliado à paciência e a perspicácia,<br />
que permitiram às forças políticas<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de se reacomo<strong>da</strong>r<strong>em</strong> depois<br />
do cataclisma de 2010 -- <strong>em</strong> que<br />
<strong>um</strong> governante foi levado às grades<br />
<strong>em</strong> pleno exercício do man<strong>da</strong>to,<br />
arrastando para a crise quase todo<br />
o Poder Legislativo e até mesmo a<br />
cúpula do Ministério Público.<br />
Não há analista que minimize<br />
o estrago institucional causado pela<br />
derroca<strong>da</strong> <strong>da</strong> gestão Arru<strong>da</strong> no início de<br />
2010 e ao longo <strong>da</strong>quele ano fatídico.<br />
Assim como, parodoxalmente, não há<br />
como negar o engenho extraordinário de<br />
reconstrução promovido desde 2011. Tal<br />
ver<strong>da</strong>de abrange desde a máquina estatal<br />
propriamente dita, como o relacionamento<br />
dos políticos entre sí e com os partidos e a<br />
socie<strong>da</strong>de.<br />
Hoje é com<strong>um</strong> arredon<strong>da</strong>r-se para<br />
baixo, mas não custa l<strong>em</strong>brar que, ao<br />
ass<strong>um</strong>ir o governo, Agnelo encontrou todos<br />
os serviços públicos paralizados por falta<br />
de pagamento. Mais. Encontrou todos os<br />
Jornalista<br />
Ao vencedor, as batatas<br />
órgãos do governo impedidos de contratar<br />
com a União pela ausência generaliza<strong>da</strong><br />
de prestação de contas. Mais ain<strong>da</strong>.<br />
Encontrou a companhia de energia à beira<br />
<strong>da</strong> falência. Mais, mais e mais. Encontrou<br />
194 obras interrompi<strong>da</strong>s, suspensas ou<br />
cancela<strong>da</strong>s a mando <strong>da</strong>s justiças com<strong>um</strong><br />
e de contas pelo mais diversificado<br />
cabe<strong>da</strong>l de irregulari<strong>da</strong>des jamais visto<br />
na administração pública nacional. Como<br />
desgraça pouca é bobag<strong>em</strong>, encontrou ain<strong>da</strong><br />
as contas do Tesouro Distrital a caminho<br />
<strong>da</strong> mais irrestrita ilegali<strong>da</strong>de fiscal. Isso<br />
tudo sob ataque especulativo de <strong>um</strong>a máfia<br />
sedenta de poder.<br />
Diferente <strong>da</strong> construção civil,<br />
palpável, a obra política é mais <strong>da</strong><strong>da</strong> ao<br />
conhecimento <strong>da</strong> história. De forma que<br />
é difícil descrever e mensurar, até mesmo<br />
entre os aliados e auxiliares do governador,<br />
como realmente transcorreu a engenharia<br />
que pôs novamente de pé as instituições<br />
do Distrito Federal.<br />
De imediato, contam aqueles que<br />
o acompanharam à época <strong>da</strong> posse, ele<br />
resolveu romper com duas práticas de todos<br />
os governadores até então: 1) Sancionou<br />
os acordos fimados com o funcionalismo<br />
pelos antecessores. 2) Fundou <strong>um</strong>a<br />
nova base de aliança política, <strong>em</strong> que os<br />
apoiadores ganhariam exclusivamente<br />
o compartilhamento <strong>da</strong> gestão -- no DF,<br />
e Pandora é a maior prova, isso foi e está<br />
sendo <strong>um</strong>a ver<strong>da</strong>deira revolução política.<br />
Paralelamente, concentrou o poder<br />
<strong>da</strong> gestão nas mãos <strong>da</strong> Secretaria de<br />
Governo. Recebeu muitas e inconti<strong>da</strong>s<br />
críticas, sobretudo dos aliados, por conta<br />
disso. Mas, conscient<strong>em</strong>ente ou não, abriu<br />
espaço para que todo o resto do governo<br />
se concentrasse naquilo que era óbvio:<br />
a auditoria e a revisão dos contratos, a<br />
regularização <strong>da</strong>s contas e a recuperação<br />
<strong>da</strong> máquina pública. No GDF, conta-se com<br />
espanto que o último CNPJ “limpo” pela<br />
nova gestão <strong>da</strong>ta de nov<strong>em</strong>bro de 2011,<br />
quase <strong>um</strong> ano portanto, depois <strong>da</strong> posse.<br />
Só então restabeleceu-se o relacionamento<br />
com o governo federal, com os organismos<br />
internacionais, com os bancos públicos.<br />
Da retoma<strong>da</strong> dos serviços públicos<br />
essenciais ao desmascaramento <strong>da</strong><br />
trama para derrubá-lo, o governador<br />
pôde des<strong>em</strong>baraçar 193 <strong>da</strong>s 194 obras<br />
para<strong>da</strong>s do governo Arru<strong>da</strong> -- só faltou<br />
o VLT. Lançou <strong>um</strong> plano duro de ajuste<br />
nas contas públicas, amargando diversas<br />
greves por conta disso. Mas promoveu<br />
<strong>um</strong>a série respeitável de melhorias na<br />
rede de saúde pública (entre as quais se<br />
orgulha especialmente pela criação do<br />
Hospital <strong>da</strong> Criança) e visl<strong>um</strong>bra, a partir<br />
<strong>da</strong> imensa exposição a ser consegui<strong>da</strong> com<br />
as copas <strong>da</strong>s Confederações e do Mundo,<br />
iniciar a transformação do Distrito Federal<br />
de centro administrativo <strong>em</strong> pólo global<br />
exportador de serviços n<strong>um</strong> prazo de 50<br />
anos.<br />
Talvez n<strong>em</strong> ele mesmo se dê conta de<br />
que a reconstrução institucional do DF <strong>em</strong><br />
prazo tão curto e de forma tão transparente<br />
seja <strong>um</strong>a obra tão admirável quanto aquele<br />
imenso estádio que projetará Brasília para<br />
o mundo a partir do próximo ano. Tenho cá<br />
minhas dúvi<strong>da</strong>s sobre onde estaríamos se,<br />
<strong>em</strong> vez do paciente articulador, tivéss<strong>em</strong>os<br />
* Ugo Braga é jornalista com especialização <strong>em</strong><br />
análise de conjuntura econômica. Venceu por<br />
dua vezes o Prêmio Imprensa Embratel e, <strong>em</strong><br />
2006, recebeu <strong>da</strong> Transparência Internacional<br />
e do Instituto Prensa e Socie<strong>da</strong>d o prêmio de<br />
melhor investigação jornalística de <strong>um</strong> caso de<br />
corrupção na América Latina e Caribe. Exerce<br />
atualmente a função de porta voz do Governo<br />
do Distrito Federal.
DA REDAçÃO<br />
Empresas interessa<strong>da</strong>s <strong>em</strong><br />
concorrer às bacias 3, 4 e 1 terão<br />
prazo de 30 dias para apresentar a<br />
doc<strong>um</strong>entação exigi<strong>da</strong> no edital, já<br />
disponível no site <strong>da</strong> Secretaria de<br />
Transporte<br />
O edital de licitação do Novo Sist<strong>em</strong>a<br />
de Transporte Público Coletivo (STPC)<br />
foi reaberto e está disponível no site <strong>da</strong><br />
Secretaria de Transporte desde 14h de<br />
hoje. O objetivo é garantir a concorrência<br />
pelas bacias 3, 4 e 1, já que não houve<br />
<strong>em</strong>presas habilita<strong>da</strong>s para ass<strong>um</strong>ir<br />
a operação dos lotes. A abertura <strong>da</strong>s<br />
propostas está prevista para 4 de fevereiro,<br />
às 10h, no auditório do Departamento de<br />
Estra<strong>da</strong>s de Ro<strong>da</strong>g<strong>em</strong> do DF.<br />
O edital também poderá ser retirado<br />
no 5º an<strong>da</strong>r do Anexo do Palácio do Buriti,<br />
sala 1501. Os candi<strong>da</strong>tos têm prazo de 30<br />
dias para apresentar to<strong>da</strong> a doc<strong>um</strong>entação<br />
exigi<strong>da</strong>. Em segui<strong>da</strong>, a Comissão de<br />
Licitação avaliará as propostas. “Os novos<br />
ônibus deverão atender vários critérios e<br />
exigências, principalmente no que se refere<br />
à segurança, acessibili<strong>da</strong>de e conforto. No<br />
edital está claro que a nova frota terá de ser<br />
acessível para as pessoas com deficiência<br />
ou probl<strong>em</strong>a de mobili<strong>da</strong>de”, destacou o<br />
governador Agnelo Queiroz.<br />
Os contratos <strong>da</strong>s bacias 2 e 5<br />
foram assinados na sexta-feira (30),<br />
com a Viação Pioneira e a Expresso São<br />
José, respectivamente. A partir <strong>da</strong>í, os<br />
ônibus têm até seis meses para começar<br />
a circular. As duas <strong>em</strong>presas foram as<br />
13 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
Compr<strong>em</strong> seus bilhetes<br />
GDF reabre<br />
edital para<br />
licitação do<br />
transporte<br />
únicas habilita<strong>da</strong>s na fase de apresentação<br />
de doc<strong>um</strong>entos e propostas financeiras.<br />
“Fechamos o ano de 2012 assinando os<br />
dois primeiros contratos de duas bacias,<br />
que representam 40% de todo o transporte<br />
público do DF”, afirmou o governador <strong>em</strong><br />
exercício, Tadeu Filippelli.<br />
BACIAS CONTRATADAS<br />
A Viação Pioneira foi a escolhi<strong>da</strong> para<br />
operar a Bacia 2, que atenderá, com 640<br />
ônibus, as regiões do Gama, Paranoá, Santa<br />
Maria, São Sebastião, Can<strong>da</strong>ngolândia,<br />
Lago Sul, Jardim Botânico, Itapoã e<br />
parte do Park Way. A Expresso São José<br />
também já foi habilita<strong>da</strong> pela licitação.<br />
Ela venceu a concorrência pela Bacia 5 e<br />
terá que disponibilizar <strong>um</strong>a frota de 576<br />
veículos para as regiões de Brazlândia,<br />
A abertura dos próximos envelopes seguirá a seguinte ord<strong>em</strong>:<br />
BACIA 3: Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto <strong>da</strong>s Emas, Riacho Fundo I e<br />
II – Frota: 483<br />
BACIA 4: Taguatinga (parte), Ceilândia, Guará, Águas Claras e Park Way (parte) –<br />
Frota: 464<br />
BACIA 1: Brasília, Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte,<br />
Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal – Frota: 417<br />
Os investimentos desta gestão para renovar o Sist<strong>em</strong>a de Transporte Público<br />
do Distrito Federal foi o t<strong>em</strong>a principal do programa de rádio Conversa com o<br />
Governador desta s<strong>em</strong>ana. Confira a íntegra do programa aqui.<br />
Saiba mais:<br />
Concorrência: edital de licitação do Novo Sist<strong>em</strong>a de Transporte Público<br />
Coletivo (STPC)<br />
Objetos: bacias 3, 4 e 1<br />
Disponível a partir <strong>da</strong>s 14h <strong>em</strong>: site www.st.df.gov.br e 5º an<strong>da</strong>r do Anexo do<br />
Palácio do Buriti, sala 1501.<br />
Pod<strong>em</strong> participar: <strong>em</strong>presas ou consórcios s<strong>em</strong> débitos com a Receita<br />
Federal; com certidões e doc<strong>um</strong>entos <strong>em</strong> dia; atestado técnico homologado; e <strong>em</strong><br />
conformi<strong>da</strong>de com as exigências do processo licitatório.<br />
Prazo para envio <strong>da</strong>s propostas: 30 dias.<br />
Previsão para abertura dos envelopes: 4 de fevereiro, às 10h, no auditório<br />
do Departamento de Estra<strong>da</strong>s de Ro<strong>da</strong>g<strong>em</strong> do DF.
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 14<br />
Às margens do Lago... ou na beira <strong>da</strong> Praia<br />
José Natal<br />
jnatal@uol.com.br<br />
Inframerica<br />
O AEROPORTO DE Brasília já está sendo administrado por <strong>um</strong>a<br />
<strong>em</strong>presa. Foi privatizado. Qu<strong>em</strong> está cui<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong> casa é a Inframerica,<br />
que já deu os primeiros sinais <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que pretende<br />
implantar no aeroporto. Ao que tudo indica o usuário , finalmente,<br />
vai ser b<strong>em</strong> atendido e a ci<strong>da</strong>de cria <strong>em</strong> torno do assunto <strong>um</strong>a<br />
enorme expectativa. As mu<strong>da</strong>nças até agora expostas agra<strong>da</strong>m<br />
pelo bom gosto e funcionali<strong>da</strong>de. A <strong>em</strong>presa é do ramo, sabe o que<br />
faz. Bom pra todos nós.<br />
Rio moderno<br />
AS OBRAS QUE a prefeitura do Rio já iniciou nas imediações do<br />
porto <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de pod<strong>em</strong> até incomo<strong>da</strong>r a população. O trânsito <strong>da</strong><br />
região vai ficar ain<strong>da</strong> mais difícil e vai aborrecer. Mas a população<br />
deve ter calma e paciência. Quando prontas essa obras vão <strong>em</strong>belezar<br />
o Rio, melhorar a paisag<strong>em</strong> do local e tornar aquele setor<br />
b<strong>em</strong> mais agradável e funcional. O <strong>projeto</strong> é antigo, mas foi concebido<br />
com <strong>um</strong>a mentali<strong>da</strong>de futurista e moderna.<br />
Saúde doente<br />
NO RIO UM médico que nunca foi a <strong>um</strong> plantão contribuiu com<br />
sua ausência para que a morte de <strong>um</strong>a garotinha inocente fosse<br />
antecipa<strong>da</strong>, depois de receber <strong>um</strong>a bala na cabeça. Em Brasília<br />
plantonistas <strong>da</strong> rede pública vão fazer provas de concurso e dão<br />
bananas para as escalas de trabalho. Os doentes, na fila, se queixam,<br />
choram, reclamam e lamentam. Dia seguinte v<strong>em</strong> <strong>um</strong>a autori<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> Secretaria de Saúde e bate no peito: vamos abrir <strong>um</strong><br />
inquérito e apurar as causas dessa falha. Qu<strong>em</strong> conseguir mostrar<br />
alg<strong>um</strong>a punição aplica<strong>da</strong> a esses médicos ganha <strong>um</strong> milhão.<br />
Se é líder, é alvo<br />
O FUTURO PRESIDENTE <strong>da</strong> Câmara dos Deputados, ao que<br />
tudo indica será mesmo Henrique Eduardo Alves, deputado pelo<br />
Rio Grande do Norte e atual líder do PMDB. Esse favoritismo t<strong>em</strong><br />
custado caro ao deputado, a ca<strong>da</strong> dia que passa mais atacado e<br />
criticado pelos adversários. O líder t<strong>em</strong> competência para chegar<br />
onde chegou, e esse tiroteio que enfrenta já era esperado. Vai se<br />
eleger.<br />
Gama, a torci<strong>da</strong> espera<br />
O FUTEBOL DE Brasília, que nunca foi nenh<strong>um</strong>a<br />
Brast<strong>em</strong>p, agora respira por aparelhos.<br />
Justo agora, que a ci<strong>da</strong>de se prepara para<br />
inaugurar <strong>um</strong> dos estádios mais bonitos do<br />
Brasil. Um grupo, que parece b<strong>em</strong> intencionado<br />
e cheio de energia, ass<strong>um</strong>iu a direção <strong>da</strong><br />
Socie<strong>da</strong>de Esportiva do Gama e promete levar<br />
a equipe a disputar competições que a leve a<br />
alg<strong>um</strong>a categoria oficial <strong>da</strong> CBF. Hoje, Brasília<br />
não t<strong>em</strong> equipes nas séries A, B, C e D.<br />
Dilma, Lula e o futuro<br />
O ANO DE 2012 não foi dos melhores para o governo Dilma, que<br />
apostou n<strong>um</strong> crescimento que não aconteceu e viu a economia do<br />
País capengar <strong>em</strong> todos os sentidos. É engraçado como o governo<br />
Dilma não se desliga e não se afasta do ex-presidente Lula, haja o<br />
que houver. Ao primeiro sinal de qualquer coisa que se pareça com<br />
crise o governo corre atrás dele, e pede aju<strong>da</strong>. Ha qu<strong>em</strong> diga no<br />
PT que, qualquer que seja a avaliação <strong>da</strong>s pesquisas sobre Dilma o<br />
partido vai optar pela volta de Lula ao Planalto. Faz sentido.<br />
Reguffe moderado<br />
EM ENTREVISTA à coluna Eixo Capital, assina<strong>da</strong> pelas competentes<br />
Ana Maria Campos e Lilian Tahan no Correio Braziliense o<br />
Deputado José Antonio Reguffe mais <strong>um</strong>a vez negou sua candi<strong>da</strong>tura<br />
ao Governo de Brasília. E, para a surpresa de alguns e tristeza<br />
de outro até insinuou que pode deixar a política mais cedo que<br />
imaginavana. Segundo ele, a política cansa e faz mal a saúde. Mas,<br />
afirma, receia não se canditar e depois se arrepender. E vai.<br />
Parque <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
ENTRA ANO E sai ano e o pessoal que administra o Parque <strong>da</strong><br />
Ci<strong>da</strong>de não consegue melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas<br />
que frequentam o local. Há <strong>um</strong> esforço para que isso aconteça,<br />
sejamos justos. Mas ain<strong>da</strong> há muita coisa a ser feita, e que deve ser<br />
b<strong>em</strong> feita. Já não dá mais para entender por que a insistência <strong>em</strong><br />
dividir a pista que as pessoas caminham com a pista dos ciclistas.<br />
As bicicletas têm que ter <strong>um</strong>a pista somente pra elas, longe <strong>da</strong><br />
pista por onde as pessoas corr<strong>em</strong> ou caminham. O Parque é imenso,<br />
há espaço pra todos. Por que não fazer caminhos alternativos,<br />
oferecendo segurança a adultos e crianças que passam por lá?<br />
Parque 2<br />
PORQUE NÃO INSTALAR telefones <strong>em</strong> pontos estratégicos para<br />
os usuários <strong>em</strong> caso de acidentes? Por que não estabelecer <strong>um</strong>a taxa<br />
simbólica para o uso dos banheiros, permitindo que assim eles sejam<br />
cui<strong>da</strong>dos, limpos e conservados? Hoje os banheiros são imundos, os<br />
equipamentos não funcionam e o aspecto de higiene é o pior possível.<br />
Todos esses melhoramentos poderiam ser feitos, com a participação<br />
<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. Falta vontade política, interesse, boa vontade, competência<br />
e espírito público para executar essas medi<strong>da</strong>s. Dinheiro há, s<strong>em</strong><br />
nenh<strong>um</strong>a interferência ou prejuízo <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s prioritárias<br />
como segurança, saúde e educação. Basta querer.
Chiquinho Dornas<br />
Jornalista<br />
Projeto de Ni<strong>em</strong>eyer<br />
e Lúcio Costa define<br />
local para eventos<br />
na Esplana<strong>da</strong> dos<br />
Ministérios<br />
Concebi<strong>da</strong> sob o olhar sonhador<br />
do ex-presidente Juscelino Kubitschek,<br />
Brasília acaba de completar os<br />
25 anos <strong>da</strong> conquista do título de Patrimônio<br />
Cultural <strong>da</strong> H<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de,<br />
concedido pela Organização <strong>da</strong>s Nações<br />
Uni<strong>da</strong>s para a Educação, Ciência e<br />
a Cultura (Unesco), <strong>em</strong> 1987.<br />
Tenho criticado, ao longo dos anos, a<br />
destinação <strong>da</strong> Esplana<strong>da</strong> dos Ministérios<br />
para a realização de eventos. Ela é utiliza<strong>da</strong><br />
indiscrimina<strong>da</strong>mente como palco para os<br />
mais diversos tipos de festas, manifestações<br />
e exposições. Por <strong>um</strong> lado, há os que<br />
defen<strong>da</strong>m a utilização do espaço como<br />
fomento à cultura, mas, particularmente,<br />
acredito que os malefícios são inúmeras<br />
vezes maiores do que o simples fato de trazermos<br />
mais lazer à socie<strong>da</strong>de.<br />
Na última vira<strong>da</strong> do ano, não poderia<br />
ser diferente. Uma grande festa foi<br />
proporciona<strong>da</strong>, com várias atrações e os<br />
moradores do Plano Piloto e do entorno<br />
compareceram <strong>em</strong> peso. Apesar <strong>da</strong> grande<br />
alegria trazi<strong>da</strong> pela festa aos brasilienses,<br />
fiz questão de registrar, no dia seguinte, a<br />
total depre<strong>da</strong>ção, praticamente <strong>em</strong> todos<br />
passeios, meios fios, gramados e placas de<br />
sinalizações.<br />
Moradores e turistas, que ali passaram<br />
nos dias que procederam o evento,<br />
sentiam de longe o mau cheiro deixado por<br />
to<strong>da</strong> sujeira e pelos banheiros químicos.<br />
Os canteiros e arbustos completamente<br />
destruídos. Um van<strong>da</strong>lismo total.<br />
Cartão postal conhecido mundialmente,<br />
a Esplana<strong>da</strong> dos Ministérios definitivamente<br />
não foi planeja<strong>da</strong> para servir<br />
de palco para qualquer tipo de evento.<br />
O IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico<br />
e Artístico Nacional - quer <strong>da</strong>r “ord<strong>em</strong>”<br />
na Esplana<strong>da</strong>, impedir que lá se façam<br />
eventos, mas encontra <strong>um</strong>a curiosa<br />
resistência por parte do GDF e Promotores<br />
de eventos que se preocupam somente <strong>em</strong><br />
chamar atenção para a populari<strong>da</strong>de pessoal<br />
e financeira.<br />
Pretendo com esta matéria chamar<br />
atenção <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des responsáveis para<br />
que cuid<strong>em</strong> melhor de nosso patrimônio.<br />
L<strong>em</strong>brá-los de que Brasília foi e é <strong>um</strong>a ci<strong>da</strong>de<br />
planeja<strong>da</strong>, com espaço suficiente<br />
para todos os tipos de eventos, sejam eles<br />
religiosos, cívicos ou com<strong>em</strong>orativos. A Esplana<strong>da</strong><br />
é nosso cartão postal, guardiã <strong>da</strong>s<br />
sedes mais importantes do país, e não deve<br />
ser disponibiliza<strong>da</strong> tão facilmente para sua<br />
15 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
depre<strong>da</strong>ção.<br />
Para animar a festa<br />
Além de outros locais vagos e disponíveis,<br />
como o estacionamento do Estádio<br />
Mané Garrincha, existe <strong>um</strong> belíssimo<br />
<strong>projeto</strong> de Oscar Ni<strong>em</strong>eyer e Lúcio Costa<br />
para a construção de <strong>um</strong> local apropriado e<br />
destinado exclusivamente para eventos de<br />
grande vulto, ao lado do Teatro Nacional.<br />
Estamos diante de <strong>um</strong>a solução perfeita<br />
para que a Esplana<strong>da</strong> seja devi<strong>da</strong>mente<br />
preserva<strong>da</strong>, s<strong>em</strong> a necessi<strong>da</strong>de de se proibir<br />
os eventos. Mas, agora, cabe apenas<br />
ao Governo do Distrito Federal a tarefa<br />
de se concluir tal <strong>projeto</strong> e seguir com a<br />
preservação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
Copas de futebol chegando, turistas<br />
do mundo inteiro, é <strong>um</strong>a boa oportuni<strong>da</strong>de<br />
para deixar Brasília lin<strong>da</strong> e com sua Esplana<strong>da</strong><br />
exuberante!
Qu<strong>em</strong> sabe, conta<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 16 Sebastião Nery<br />
Os gigolôs <strong>da</strong> História <strong>em</strong> todos os<br />
t<strong>em</strong>pos são iguais. Hitler matou milhões<br />
porque achava que a Al<strong>em</strong>anha era ele<br />
e só ele poderia falar por ela. Mussolini<br />
prendeu Silvio Pellico, Antonio Gramsci,<br />
todo o Partido Socialista Italiano, porque<br />
queria que a Itália só falasse pela sua boca.<br />
Stalin cortou Leon Trotski <strong>da</strong> foto de 1917<br />
para ficar sozinho com Lenin.<br />
No “Estado de S. Paulo”, <strong>um</strong><br />
<strong>em</strong>busteiro, Eugenio Bucci, <strong>em</strong>pregado de<br />
Lula e do PT, vomitou <strong>em</strong> cima <strong>da</strong> História:<br />
1.-“O PT é <strong>um</strong> dos construtores, senão<br />
o principal, do Estado de Direito que hoje<br />
viv<strong>em</strong>os aqui. A começar pela derruba<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> ditadura”.<br />
2.-. “Foram as greves do Sindicato dos<br />
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo,<br />
lidera<strong>da</strong>s por Lula, que puseram contra<br />
a parede o aparato repressivo do regime<br />
militar, forçando o recuo definitivo.”<br />
3. – “A campanha pelas Diretas-Já,<br />
que levou milhões às ruas <strong>em</strong> 1984, tinha<br />
Jornalista<br />
Gigolôs <strong>da</strong> história<br />
José Dirceu na organização logística de<br />
todo o movimento”.<br />
ULYSSES<br />
O economista, professor,<br />
três vezes deputado federal pelo<br />
MDB e PMDB do Paraná e ex-dirigente<br />
nacional do partido, Hélio Duque, não<br />
resistiu à fraude. Escreveu <strong>um</strong>a resposta<br />
que teve a maior repercussão:<br />
1.-“As três afirmações são<br />
mistificadoras, onde os ver<strong>da</strong>deiros<br />
personagens <strong>da</strong> luta para red<strong>em</strong>ocratizar<br />
o Brasil são executados s<strong>em</strong> nenh<strong>um</strong>a<br />
pie<strong>da</strong>de. A ampla frente d<strong>em</strong>ocrática reuniu<br />
no MDB a sua fun<strong>da</strong>mental estrutura.<br />
Prisões, perseguições, cassações, exílios<br />
e mortes, ao longo de déca<strong>da</strong> e meia,<br />
marcaram a vi<strong>da</strong> dos seus militantes”.<br />
2. - “Líderes na Câmara como Mário<br />
Covas (1969) e Alencar Furtado (1977)<br />
foram s<strong>um</strong>ariamente cassados pelo Ato<br />
Institucional nº 5. Parlamentares como<br />
Márcio Moreira Alves, Lisâneas Maciel,<br />
Hermano Alv es, tantos outros, para<br />
sobreviver buscaram o exílio. O saudoso<br />
Ulysses, a ca<strong>da</strong> revés reagia:“O MDB<br />
é como clara,quanto mais bat<strong>em</strong> mais<br />
cresce”<br />
3. – “Em 1970, a criação, pelo valente<br />
Francisco Pinto, do grupo dos “Autênticos”,<br />
levou ao enfrentamento direto com a<br />
ditadura. Em 1974, o MDB elegeu 16<br />
senadores e mais de 180 deputados<br />
federais. O grito de liber<strong>da</strong>de, que estava<br />
preso na garganta, se manifestava pela<br />
via eleitoral. O governo Geisel, após<br />
patrocinar centenas de prisões, entendeu<br />
o recado <strong>da</strong>s urnas e anunciou a transição<br />
“lenta e segura”.<br />
No final do seu governo revogou<br />
o draconiano Ato Institucional nº 5.<br />
Chico Buarque e Gil, na música “Cálice”,<br />
proclamavam: “De tão gor<strong>da</strong> a porca já não<br />
an<strong>da</strong>/ de tão usa<strong>da</strong> a faca já não corta”. O<br />
enfraquecimento <strong>da</strong> ditadura era real”.<br />
LULA<br />
4. – “Em 1979, o Congresso Nacional<br />
aprovou a Anistia e restabeleceu as<br />
eleições diretas para os Estados. Afirmar<br />
que as greves, lidera<strong>da</strong>s por Lula, é que<br />
forçaram o recuo definitivo é ficção <strong>da</strong><br />
pior espécie. O PT só foi criado <strong>em</strong> 1980,<br />
quando a marcha para a red<strong>em</strong>ocratização<br />
já era <strong>um</strong> fato. Afirmar ser o PT o principal<br />
responsável pelo Estado de Direito chega<br />
a ser risível. Em 1982, o MDB elegeu<br />
os governadores Franco Montoro, São<br />
Paulo; Tancredo Neves, Minas; José Richa,<br />
Paraná; Gerson Camata, Espírito Santo;<br />
Iris Rezende, Goiás; Jader Barbalho, Pará;<br />
Gilberto Mestrinho; Amazonas. E o PDT<br />
Leonel Brizola”.<br />
5. – “Em 1984, quando as Diretas<br />
seriam vota<strong>da</strong>s no Congresso, teve início<br />
a extraordinária mobilização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />
brasileira. Aqueles governadores eleitos<br />
pela oposição ass<strong>um</strong>iram a linha de frente.<br />
O primeiro grande comício foi <strong>em</strong> Curitiba<br />
<strong>em</strong> janeiro de 1984. Logo depois, São Paulo<br />
e Rio de Janeiro levaram às ruas milhões<br />
de brasileir os. O PT havia eleito <strong>em</strong> todo<br />
o Brasil, seis parlamentares, liderados pelo<br />
extraordinário deputado Airton Soares,<br />
que tanta falta faz à vi<strong>da</strong> política brasileira<br />
e foi expulso do PT por votar <strong>em</strong> Tancredo<br />
Neves no colégio eleitoral”.<br />
DIRCEU<br />
6. – “Diz Bucci que “a campanha <strong>da</strong>s<br />
Diretas-Já teve José Dirceu na organização<br />
logística de todo o movimento”.<br />
Parlamentar, vice-líder e dirigente do<br />
PMDB, atesto a falsi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> afirmação.<br />
Ulysses Guimarães foi o principal<br />
condutor <strong>da</strong>quela epopeia histórica, sendo<br />
chamado pelo povo de “Senhor Diretas”,<br />
tendo <strong>em</strong> Montoro, Tancredo, Richa e<br />
Brizola, lideranças responsáveis pelo êxito
Luiz Gonzaga Bertelli<br />
17 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
Presidente Executivo do Centro de Integração<br />
Empresa-Escola (CIEE), <strong>da</strong> Acad<strong>em</strong>ia Paulista de<br />
História (APH) e diretor <strong>da</strong> Fiesp.<br />
Superando a média<br />
Tome <strong>um</strong> grupo de c<strong>em</strong> brasileiros<br />
entre 15 e 64 anos. Desses, apenas 26%<br />
dominam plenamente o uso <strong>da</strong> língua<br />
portuguesa – capazes de ler e interpretar<br />
textos mais complexos – e a realização<br />
de cálculos mat<strong>em</strong>áticos básicos. O<br />
restante do grupo se divide entre<br />
aqueles que possu<strong>em</strong> conhecimentos<br />
básicos (47%), rudimentares (21%)<br />
e analfabetos (6%). A preocupante<br />
constatação do baixo percentual de<br />
brasileiros plenamente aptos surge do<br />
Indicador de Analfabetismo Funcional<br />
(Inaf), publicado pelo Instituto<br />
Paulo Montenegro e pela ONG Ação<br />
Educativa.<br />
De acordo com os técnicos que<br />
coordenaram a pesquisa, apenas qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong><br />
o pleno domínio dessas duas habili<strong>da</strong>des<br />
atende a condição imprescindível para a<br />
inserção plena na socie<strong>da</strong>de letra<strong>da</strong>. Ou seja,<br />
<strong>da</strong> população brasileira, na<strong>da</strong> menos do que<br />
145 milhões de pessoas não têm condições<br />
de participar como ci<strong>da</strong>dãos ativos. Isso<br />
porque a falta <strong>da</strong> educação básica é o motor<br />
de <strong>um</strong> círculo vicioso de exclusão social e<br />
baixa qualificação profissional. Somente<br />
qu<strong>em</strong> está preso nele sabe o quão frustrante<br />
é a vi<strong>da</strong> de <strong>um</strong> analfabeto. Os outros pod<strong>em</strong><br />
apenas imaginar...<br />
Nos últimos 15 anos, o CIEE fez parte<br />
<strong>da</strong> história de vi<strong>da</strong> de 52 mil brasileiros que<br />
conseguiram entrar para aquele grupo dos<br />
alfabetizados, beneficiados pelo Programa<br />
de Alfabetização e Suplência Gratuita para<br />
Adultos – iniciativa que integra a ampla<br />
série de ações de assistência social, de<br />
cunho educacional e formação integral,<br />
desenvolvi<strong>da</strong> pela instituição. Aliás, na<br />
última quarta-feira, realizou a última<br />
formatura de 2012, quando diplomou<br />
mais <strong>um</strong>a nova turma de alunos dos cursos<br />
de alfabetização e suplência dos ensinos<br />
fun<strong>da</strong>mental e médio, na capital paulista.<br />
Desse seleto grupo v<strong>em</strong> a história de<br />
Aparecido Andrade <strong>da</strong> Silva, de 38 anos,<br />
Educação é tudo<br />
que perdeu o pai cedo e a mãe não podia<br />
sustentar sozinha seus sete irmãos: teve<br />
de abrir mão <strong>da</strong> escola para garantir o<br />
sustento <strong>da</strong> casa. Migrante <strong>em</strong> São Paulo,<br />
somente notou o que estava perdendo<br />
por não saber ler e n<strong>em</strong> escrever quando<br />
certa vez, des<strong>em</strong>pregado, acertou todos os<br />
detalhes com <strong>um</strong> encarregado para ass<strong>um</strong>ir<br />
<strong>um</strong> trabalho <strong>em</strong> Barueri. Somente ao<br />
chegar lá descobriu que parte do processo<br />
de admissão consistia no preenchimento de<br />
<strong>um</strong>a ficha. Atualmente cursa o 2º e 3º ano<br />
do ensino fun<strong>da</strong>mental no programa do<br />
CIEE e diz ter força de vontade de seguir até<br />
o fim do ensino médio.<br />
Como se percebe, trata-se de pessoas<br />
que, mesmo com vontade de mu<strong>da</strong>r de vi<strong>da</strong>,<br />
não consegu<strong>em</strong> combater as desigual<strong>da</strong>des<br />
sociais por já sair <strong>em</strong> desvantag<strong>em</strong> até<br />
mesmo quando buscam <strong>um</strong>a vaga de menor<br />
qualificação no mercado de trabalho. Para<br />
elas, a experiência mostra, muitas vezes <strong>um</strong><br />
apoio adicional basta para que comec<strong>em</strong>
Navegando<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 18 João Ricardo<br />
A internet t<strong>em</strong> se tornado com<br />
frequência importante alia<strong>da</strong> dos<br />
concurseiros. Nesse início de ano, as<br />
previsões de abertura de 75 mil vagas<br />
no serviço público dão a larga<strong>da</strong> à<br />
corri<strong>da</strong> de preparação para as provas.<br />
Inúmeros são os candi<strong>da</strong>tos que<br />
se planejam, nesse período, para a<br />
maratona que exige além de estudo,<br />
dedicação e boa dose de sacrifício.<br />
O ambiente web v<strong>em</strong> justamente se<br />
tornar <strong>um</strong> aliado à essa preparação.<br />
Todo concurseiro que se preze conhece<br />
alg<strong>um</strong> site sobre o assunto. Uma busca<br />
rápi<strong>da</strong> pelo Google, descobrimos inúmeros<br />
cursinhos voltados às mais varia<strong>da</strong>s<br />
áreas e especifici<strong>da</strong>des. Porém, os blogs<br />
são ain<strong>da</strong> os maiores diss<strong>em</strong>inadores de<br />
informações. Neles, pessoas comuns com<br />
os mesmos objetivos trocam ideias e se<br />
atualizam. Por ser <strong>um</strong> ambiente informal e<br />
de fácil interação, os blogs t<strong>em</strong> se tornado<br />
importante ferramenta de estudo e<br />
avaliação, onde os usuários compartilham<br />
métodos de estudo, avaliação de conteúdo,<br />
e não raro, disponibilizam material de<br />
estudo, muitas vezes, gratuitamente.<br />
O grande erro de qu<strong>em</strong> se prepara<br />
para concursos é pensar que a internet<br />
ou as mídias sociais atrapalham ou<br />
Jornalista<br />
Concurseiros tiram<br />
proveito <strong>da</strong>s mídias sociais<br />
inviabilizam o rendimento nos estudos.<br />
O compartilhamento de informações são<br />
agregadores fun<strong>da</strong>mentais ao processo de<br />
fixação. Assim, como todo planejamento de<br />
estudo sugere <strong>um</strong> t<strong>em</strong>po determinado para<br />
ca<strong>da</strong> disciplina, não pod<strong>em</strong>os esquecer de<br />
incluir o t<strong>em</strong>po para busca de subsídios. É<br />
aí que entram as mídias sociais.<br />
Mas como o Twitter, o Facebook e o<br />
YouTube pod<strong>em</strong> auxiliar nos estudos? Voce<br />
já pensou que além de entretenimento<br />
e compartilhamento de fotos e vídeos,<br />
essas mídias digitais pod<strong>em</strong> também ser<br />
importantes instr<strong>um</strong>entos de estudo?<br />
Com o twitter, o concurseiro pode<br />
se informar através do que acontece<br />
no mundo dos concursos, s<strong>em</strong> precisar<br />
ficar vasculhando de site <strong>em</strong> site, basta<br />
seguir escolas preparatórias, professores,<br />
organizadoras. Com frequência, sua<br />
timeline será abasteci<strong>da</strong> com links para os<br />
assuntos desejados. Simples e rápido.<br />
É com<strong>um</strong> você encontrar promoção<br />
de alg<strong>um</strong> livro ou evento sobre concursos<br />
no Facebook. No caso, você poderá ain<strong>da</strong><br />
criar grupos de estudos, compartilhando<br />
informações apenas para eles. Ali você t<strong>em</strong><br />
a possibili<strong>da</strong>de de formar grupos, seja de<br />
amigos, familiares ou de estudo.<br />
Qu<strong>em</strong> acredita que o YouTube é<br />
apenas <strong>um</strong>a mídia para veiculação de<br />
vídeos musicais ou videocasseta<strong>da</strong>s, precisa<br />
urgent<strong>em</strong>ente mu<strong>da</strong>r sua visão. O YouTube<br />
t<strong>em</strong> se tornado <strong>um</strong> poderoso instr<strong>um</strong>ento<br />
de estudo para os concurseiros. Inúmeros<br />
são os vídeos com os principais analistas<br />
do mundo dos concursos, que dão dicas<br />
preciosas para qu<strong>em</strong> está no início ou na<br />
fase final <strong>da</strong> maratona, assim como com<br />
vídeo-aulas que, de certo modo, auxiliam na<br />
preparação.<br />
Claro que a utilização <strong>da</strong>s mídias<br />
sociais nesse processo t<strong>em</strong> dois pesos e<br />
duas medi<strong>da</strong>s. O estu<strong>da</strong>nte t<strong>em</strong> que avaliar<br />
a sua utilização e a autentici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />
informações. Não adianta assistir a <strong>um</strong>a<br />
video-aula defasa<strong>da</strong> e compartilhar para<br />
os colegas. Assim, volto a afirmar que os<br />
blogs são importantes ferramentas para a<br />
diss<strong>em</strong>inação do conhecimento. Ali você<br />
poderá ain<strong>da</strong> pegar <strong>um</strong> atalho para as d<strong>em</strong>ais<br />
mídias sociais.<br />
Se usado para atingir <strong>um</strong> objetivo,<br />
as mídias sociais pod<strong>em</strong> se tornar <strong>um</strong><br />
importante aliado ao processo de estudo.<br />
Aliado ao t<strong>em</strong>po destinado ao lazer, pode<br />
se tornar <strong>um</strong> poderoso instr<strong>um</strong>ento de<br />
aprendizado e de socialização. Então, se<br />
você quer mesmo <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s 75 mil vagas
Perspectivas<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 20 Marcos Morita*<br />
Depois de alguns dias de folga, é<br />
hora de retornar ao trabalho. Centenas<br />
de <strong>em</strong>presas voltam com a sensação<br />
de dever c<strong>um</strong>prido e cheias de<br />
planos para o ano que se inicia. Praticamente<br />
to<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas utilizam<br />
metas para medir o des<strong>em</strong>penho de<br />
departamentos e colaboradores, independent<strong>em</strong>ente<br />
do nível hierárquico<br />
e função. Ao topo <strong>da</strong> pirâmide t<strong>em</strong>as<br />
mais abrangentes, estratégicos e de<br />
longo prazo. Já para a base, ações táticas<br />
e de curto prazo. Operacionalizá-<br />
-las é função do corpo gerencial, localizados<br />
no meio <strong>da</strong> figura.<br />
Apesar de simples, estabelecê-las esconde<br />
alguns segredos. Objetivos inalcançáveis,<br />
prazos exíguos, escopo amplo ou<br />
impossibili<strong>da</strong>de de medi-las pod<strong>em</strong> desmotivar<br />
os colaboradores. Aprecio a técnica<br />
SMART, a qual menciona que as metas<br />
dev<strong>em</strong> ser específicas, mensuráveis, atingíveis,<br />
realistas e tangíveis, já traduzi<strong>da</strong>s<br />
para o português. Vejamos.<br />
Específicas: a<strong>um</strong>entar o market share,<br />
reduzir a inadimplência ou penetrar <strong>um</strong><br />
novo mercado são metas interessantes,<br />
Jornalsta<br />
www.marcosmorita.com.br<br />
hora de planejar 2013<br />
porém muito gerais. Para torná-las menos<br />
genéricas é necessário <strong>um</strong> maior nível de<br />
detalhamento. Conquistar dois pontos de<br />
marketshare no mercado carioca, através<br />
<strong>da</strong> penetração na classe A <strong>da</strong> zona sul, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, seria algo b<strong>em</strong> mais específico.<br />
Mensurável: ain<strong>da</strong> na mesma linha, é<br />
necessário medir os dois pontos de market<br />
share obtidos, sejam eles <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>des físicas,<br />
monetárias ou margens de contribuição.<br />
Caso contrário, <strong>um</strong> vendedor poderia<br />
conquistá-lo oferecendo grandes descontos,<br />
comprometendo a lucrativi<strong>da</strong>de.<br />
Atingível: imagine <strong>um</strong> novo entrante<br />
no setor de bebi<strong>da</strong>s, cuja meta seja obter<br />
metade do mercado <strong>da</strong> Coca-Cola. Apesar<br />
de desafiadora é na prática inatingível,<br />
mesmo que pertença a <strong>um</strong> grupo com<br />
grande poderio financeiro. O feitiço neste<br />
caso virará contra o feiticeiro, arrefecendo<br />
os ânimos dos envolvidos n<strong>um</strong> curto período<br />
de t<strong>em</strong>po.<br />
Realista: com os mercados maduros<br />
<strong>em</strong> que<strong>da</strong>, executivos globais recorr<strong>em</strong> aos<br />
<strong>em</strong>ergentes para cobri-los. É com<strong>um</strong> aplicar<br />
taxas de crescimento chinesas a filiais<br />
brasileiras, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se<br />
solicitam margens de lucro ca<strong>da</strong> vez mais<br />
eleva<strong>da</strong>s. São as conheci<strong>da</strong>s metas para inglês<br />
ver.<br />
Tangíveis: aqui entra o critério t<strong>em</strong>po,<br />
<strong>em</strong> meu ponto de vista o corolário de todos<br />
os anteriores. Um prazo muito curto pode<br />
desmotivar os envolvidos pela impossibili<strong>da</strong>de<br />
de c<strong>um</strong>primento, enquanto sua falta<br />
pode levar a acomo<strong>da</strong>ção. O governo brasileiro<br />
é mestre neste quesito, aplicando-os<br />
<strong>em</strong> suas duas vertentes.<br />
Em minha experiência pude verificar<br />
que alguns gestores têm dificul<strong>da</strong>de <strong>em</strong><br />
utilizar o critério SMART, criando metas<br />
muito amplas, fracas ou inatingíveis, as<br />
quais não contribu<strong>em</strong> para o resultado <strong>da</strong><br />
<strong>em</strong>presa. Está aí <strong>um</strong>a boa lição para aprender<br />
neste início de ano.<br />
*Marcos Morita é mestre <strong>em</strong> Administração<br />
de Empresas, professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
Mackenzie e professor tutor <strong>da</strong> FGV-RJ.<br />
Especialista <strong>em</strong> estratégias <strong>em</strong>presariais,<br />
é colunista, palestrante e consultor de<br />
negócios. Há mais de quinze anos atua como<br />
executivo <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas multinacionais.
Fabiana Fernandes<br />
E o mundo não acabou. A vi<strong>da</strong><br />
seguiu. Muitos <strong>em</strong> festa pelo Natal e<br />
Ano Novo. Tantos cheios de esperança.<br />
Outros serenos e <strong>em</strong> silêncio. Alguns<br />
<strong>em</strong> profun<strong>da</strong> tristeza. A vi<strong>da</strong> não para<br />
só porque é Natal. Chegar ao final<br />
de mais <strong>um</strong> ano é o primeiro passo<br />
para começar tudo de novo. Com o<br />
ano <strong>em</strong> branco, vêm as chuvas, raios,<br />
acidentes nas estra<strong>da</strong>s, violência nas<br />
ruas. Se o mundo acabasse, na<strong>da</strong> disso<br />
seria notícia. N<strong>em</strong> haveria notícia.<br />
O fim de <strong>um</strong> ano velho se parece com<br />
<strong>um</strong>a corri<strong>da</strong> de rua, <strong>da</strong>quelas que não<br />
é necessário ser o primeiro colocado. O<br />
objetivo do corredor é não interromper a<br />
corri<strong>da</strong> no meio do caminho, mas apenas<br />
chegar ao final <strong>da</strong> competição.<br />
E como o mundo não acabou e nós<br />
seguimos aqui, é t<strong>em</strong>po de tomar decisões.<br />
Alguns chamam resoluções, sonhos para<br />
o ano novo. Uma vez fiz <strong>um</strong>a lista, n<strong>um</strong>a<br />
lanchonete, ao lado de alguém especial.<br />
Devo tê-la guar<strong>da</strong>do. (Que medo de<br />
encontrá-la!) Faço listas o ano todo, mas,<br />
não cost<strong>um</strong>o fazer listas de resoluções para<br />
<strong>um</strong> ano inteiro. Imagine o tamanho que ela<br />
teria! Minhas listas de ano novo cost<strong>um</strong>am<br />
ser mentais. Assim, posso apagar o que<br />
quiser se perceber que não vou realizar.<br />
Jornalista<br />
21 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
Matutando<br />
Quanto t<strong>em</strong>po o t<strong>em</strong>po t<strong>em</strong>?<br />
Minha filha faz listas há alguns anos.<br />
Com ela aprendi que, para en<strong>um</strong>erarmos<br />
essas metas, t<strong>em</strong>os que observar alg<strong>um</strong>as<br />
coisas importantes, que divido aqui<br />
com você, leitor. Na<strong>da</strong> de listas longas,<br />
intermináveis. Faz sentido. E isso me<br />
l<strong>em</strong>bra <strong>um</strong>a entrevista que fiz <strong>em</strong> 2012<br />
com <strong>um</strong>a organizadora profissional. “Se<br />
vai arr<strong>um</strong>ar <strong>um</strong> armário inteiro, não dá<br />
pra tirar tudo do lugar. É provável que<br />
você vá parar no meio. Eleja <strong>um</strong>a parte<br />
e faça aquele pe<strong>da</strong>ço que você escolheu.<br />
Depois, faça outro. Possivelmente, isso<br />
não acontecerá no mesmo dia”, ensinou a<br />
especialista aos ouvintes.<br />
Reformular a vi<strong>da</strong> inteira e alcançar<br />
todos os nossos objetivos n<strong>um</strong> único<br />
ano parece improvável. Por isso, a dica é<br />
fazer listas curtas, que são mais fáceis de<br />
realizar. E não precisa ser algo complicado<br />
– pod<strong>em</strong>os incluir coisas simples, que até<br />
já poderíamos ter feito, mas que ain<strong>da</strong><br />
não fiz<strong>em</strong>os, não conseguimos fazer,<br />
não alcançamos. Uma amiga colocou <strong>em</strong><br />
sua lista <strong>um</strong>a posição de ioga, difícil de<br />
executar. Tomara que ela realize.<br />
A lista é pessoal, só serve para qu<strong>em</strong><br />
a fez. E é fun<strong>da</strong>mental guardá-la. Isso<br />
significa não esconder a lista de você<br />
mesmo. É necessário consultá-la de vez<br />
<strong>em</strong> quando para l<strong>em</strong>brarmos o que <strong>um</strong> dia<br />
desejamos conquistar, o que colocamos na<br />
lista. Acredito que muitas coisas pod<strong>em</strong><br />
ser a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a <strong>um</strong>a nova reali<strong>da</strong>de, a<br />
<strong>um</strong> novo momento, no meio do ano. Um<br />
probl<strong>em</strong>a de saúde, por ex<strong>em</strong>plo, pode nos<br />
impedir de alcançar algo que quer<strong>em</strong>os.<br />
Uma mu<strong>da</strong>nça de ci<strong>da</strong>de ou de trabalho<br />
pode nos obrigar a mu<strong>da</strong>r alg<strong>um</strong> objetivo.<br />
Por que não a<strong>da</strong>ptar a lista a esta nova<br />
condição?<br />
De uns t<strong>em</strong>pos pra cá parece que os<br />
anos passam mais rápido do que antes.<br />
Acabamos de viver o Natal e <strong>da</strong>qui a pouco<br />
ele vai chegar de novo. Parece que foi ont<strong>em</strong><br />
o Carnaval e a Páscoa do ano passado, mas<br />
eles já estão à nossa porta outra vez. Tudo<br />
gira rápido d<strong>em</strong>ais. Conheço alguém que<br />
diz que isso é sinal de que o mundo está<br />
acabando. Mas eu não acredito no fim do<br />
mundo.<br />
Se vai fazer a sua lista para 2013, é hora<br />
de colocar <strong>em</strong> prática. Pequena, possível de<br />
realizar, sincera. Enquanto tenta fazer a<br />
sua lista acontecer, que tal viver ca<strong>da</strong> <strong>um</strong><br />
dos dias que anteced<strong>em</strong> o 31 de dez<strong>em</strong>bro<br />
de 2013 como se fosse a sua primeira vez,<br />
o primeiro dia, o primeiro encontro, a<br />
primeira palavra, a primeira gargalha<strong>da</strong>, a<br />
primeira respiração. A primeira ou a última,
Turismo e algo mais<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 22 Isabel Raupp<br />
Entre tapas,<br />
A Espanha t<strong>em</strong> frequentado as<br />
manchetes dos jornais por motivos<br />
b<strong>em</strong> distintos. Fala-se muito <strong>da</strong>s conquistas<br />
esportivas, com o des<strong>em</strong>penho<br />
dos times de futebol no campeonato<br />
nacional conhecido como La Liga e,<br />
é claro, o futebol encantador <strong>da</strong> seleção<br />
nacional. Por outro lado, também<br />
é destaque por conta <strong>da</strong> crise que v<strong>em</strong><br />
assolando o país não é de hoje e que<br />
<strong>em</strong>purra to<strong>da</strong> a Europa <strong>em</strong> direção a<br />
negociações econômicas mirabolantes.<br />
É quase inevitável observar que<br />
enquanto o Brasil engatou <strong>um</strong>a primeira<br />
na economia e deu marcha a ré<br />
no futebol, a Espanha fez o contrário.<br />
Está de mal a pior na economia, mas<br />
não pára de encantar no futebol.<br />
Para a Espanha, é urgente explorar o<br />
que t<strong>em</strong> de melhor para sair <strong>da</strong> crise. E o<br />
turismo é <strong>um</strong> dos maiores trunfos que o<br />
país t<strong>em</strong> para voltar a crescer e criar <strong>em</strong>pregos.<br />
A infraestrutura é soberba. A Espanha<br />
encanta por sua história, pelas belas<br />
paisagens e museus famosos, como o<br />
Prado, tudo pronto para receber visitantes<br />
de todo o mundo. Agora, os espanhóis se<br />
<strong>em</strong>penham para atrair mais brasileiros.<br />
E parece que está <strong>da</strong>ndo certo. De janeiro<br />
a agosto de 2012, houve <strong>um</strong> crescimento<br />
do número de turistas brasileiros<br />
na Espanha <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> de oito por cento:<br />
283 mil brasileiros ao todo. A oferta de<br />
vôos do Brasil para a Espanha cresceu 11,6<br />
por cento com relação a 2011: hoje há 34<br />
vôos s<strong>em</strong>anais, com opções ofereci<strong>da</strong>s pe-<br />
las <strong>em</strong>presas aéreas TAM, Ibéria,<br />
Singapore Airlines, Air Europa e<br />
Air China.<br />
É ver<strong>da</strong>de que quando se<br />
coloca turismo e Espanha na<br />
mesma frase, a tendência é você<br />
logo l<strong>em</strong>brar de probl<strong>em</strong>as nos<br />
aeroportos e dificul<strong>da</strong>des na imigraçao.<br />
Milhares de brasileiros<br />
foram barrados nos últimos anos<br />
, principalmente no aeroporto<br />
de Barajas. O governo brasileiro<br />
reagiu e aplicou o princípio<br />
<strong>da</strong> reciproci<strong>da</strong>de, a<strong>um</strong>entando<br />
as restrições à entra<strong>da</strong> de espanhois<br />
no Brasil. As negociações<br />
entre os dois países se estenderam durante<br />
anos. O escritório de turismo <strong>da</strong> Espanha<br />
no Brasil afirma que os diálogos apresentaram<br />
resultados e a situação v<strong>em</strong> melhorando<br />
a ca<strong>da</strong> dia, o que é confirmado pelas<br />
autori<strong>da</strong>des brasileiras que acompanham<br />
e auxiliam os brasileiros no exterior.<br />
Além disso o governo espanhol trabalha<br />
<strong>um</strong> novo conceito para conquistar<br />
o brasileiro, que é internacionalmente co-<br />
Jornalista<br />
futebol e<br />
nhecido, entre outras coisas, pela paixão<br />
por esportes, pela boa mesa e... pelas<br />
compras.A idéia é oferecer a Espanha <strong>em</strong><br />
três versões:<br />
TURISMO ESPORTIVO<br />
Há na Espanha 18 grandes portos,<br />
sendo o de Barcelona o primeiro porto de<br />
cruzeiros <strong>da</strong> Europa. Há dois circuitos de<br />
compras….
Fórmula 1: Montmelló <strong>em</strong> Barcelona e o<br />
circuito urbano de Valencia, 592 campos<br />
de golfe, a maioria deles na região de An<strong>da</strong>luzia<br />
e o futebol reserva os encantos <strong>da</strong>s<br />
apresentações de Barcelona e Real Madri,<br />
recheados de craques internacionais,entre<br />
eles o argentino Leonel Messi, qatro vezes<br />
eleito o melhor do mundo.<br />
TURISMO GASTRONôMICO<br />
A autêntica paella, o gazpacho e o jamon<br />
serrano já seriam motivo suficiente<br />
para viajar à Espanha. Mas há muitas outras<br />
varie<strong>da</strong>des apresenta<strong>da</strong>s pelos Chefs<br />
como Ferrán Adriá (considerado o melhor<br />
do mundo), Martin Berasategui, o queridinho<br />
do jet set mundial e Carm<strong>em</strong> Ruscadella<br />
, a única mulher a colecionar cinco<br />
estrelas no Guia Michelin.<br />
Quanto a tradição , l<strong>em</strong>bre que a<br />
An<strong>da</strong>luzia é a terra do gazpacho, do jerez<br />
e do flamenco, mas é também <strong>um</strong> ótimo<br />
lugar para provar o jamon (presunto) ibérico,<br />
as azeitonas e o pescaíto (peixinho)<br />
frito. Nessa região você deverá incluir no<br />
roteiro <strong>um</strong>a passa<strong>da</strong> por Sevilha, Huelva,<br />
Cádiz, Málaga, Grana<strong>da</strong>, Jaén, Córdoba e<br />
Almería. Não deixe de passar <strong>em</strong> Jerez de<br />
- As lojas na Espanha não abr<strong>em</strong> aos domingos<br />
- A maioria funciona de segun<strong>da</strong> a sábado, <strong>da</strong>s 10h às 20h30. O pequeno<br />
comércio geralmente fica fechado <strong>da</strong>s 14 às 16H30.<br />
- As liqui<strong>da</strong>ções de inverno começam na segun<strong>da</strong> s<strong>em</strong>ana de janeiro e terminam<br />
<strong>em</strong> fevereiro. Os saldos de verão começam no dia primeiro de<br />
julho e vão até o final de agosto.<br />
- Tenha s<strong>em</strong>pre seu passaporte ou doc<strong>um</strong>ento de identi<strong>da</strong>de quando for pagar<br />
com cartão de crédito.<br />
- Para compras com valores acima dos c<strong>em</strong> euros, os turistas pod<strong>em</strong> solicitar<br />
a restituição do IVA.<br />
Doc<strong>um</strong>entos de viagens exigidos pelas autori<strong>da</strong>des de imigração espanhola<br />
para você entrar na Espanha :<br />
- Passaporte comvali<strong>da</strong>de de pelo menos seis meses<br />
- Tenha comprovante de reserva já paga <strong>em</strong> <strong>um</strong> hotel espanhol.<br />
la Frontera, maior ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> província de<br />
Cádiz e, é claro, famosa pelo jerez (ou sherry,<br />
para os ingleses, <strong>um</strong> dos grandes cons<strong>um</strong>idores<br />
desse tipo de vinho). Só a maneira<br />
como o jerez é servido já é <strong>um</strong> espetáculo<br />
a parte.<br />
A Espanha conta com mais de 60 denominações<br />
de orig<strong>em</strong> de vinhos. É a maior<br />
area cultiva<strong>da</strong> <strong>em</strong> vinhedos do mundo<br />
o que coloca o país entre os maiores<br />
produtores do planeta. Qu<strong>em</strong> visitar os<br />
vinhedos espanhóis poderá ver de perto as<br />
bodegas tradicionais, participar <strong>da</strong> colheita<br />
<strong>da</strong> uva e de degustações.<br />
Se quiser mergulhar ain<strong>da</strong> mais na<br />
experiência enóloga, pode fazer reserva<br />
nos vinhedos-hotéis, lugares luxuosos que<br />
usam o vinho como a atração principal,<br />
conjuga<strong>da</strong> a <strong>projeto</strong>s arrojados, assinados<br />
por renomados arquitetos. Um dos mais<br />
ousados , La Ciu<strong>da</strong>d del Vino, foi concebido<br />
pelo mundialmente famoso Frank O.<br />
Gehry.<br />
Merece destaque também a região<br />
norte <strong>da</strong> Espanha, com as quatro comuni<strong>da</strong>des<br />
autônomas <strong>da</strong> região: Galícia, Astúrias,<br />
Cantabria e Pais Basco. Ali a oferta<br />
gastronômica é caracteriza-se pelos pratos<br />
à base de mexilhões, ostras, vieiras e outros<br />
frutos do mar. Para acompanhar essa<br />
riqueza de sabores, a região norte t<strong>em</strong><br />
como destaque o vinho Rioja, cuja produção<br />
anual se eleva a 250 milhões de litros.<br />
Se quiser conhecer de perto a fabricação,<br />
o turista t<strong>em</strong> ao seu dispor os roteiros do<br />
Enobús. O viajante pode subir e descer do<br />
ônibus quantas vezes desejar no mesmo<br />
dia. É o ideal para aproveitar ao máximo<br />
a degustação. Ou seja, você mete o pé na<br />
estra<strong>da</strong> com o copo de vinho na mão, s<strong>em</strong><br />
probl<strong>em</strong>as com as leis de trânsito.<br />
23 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
TURISMO DE COMPRAS<br />
Madri e Barcelona <strong>em</strong>pataram <strong>em</strong><br />
segundo lugar no Globe Shopper City Index<br />
elaborado por The Economist. Em Madri, a<br />
maioria dos locais preferidos pelos turistas<br />
encontra-se no centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, nos arredores<br />
de La Puerta del Sol. Você pode fazer<br />
caminha<strong>da</strong>s pelas ruas Arenal, Mayor, Preciados<br />
e Gran Via, obrigatórias para qu<strong>em</strong><br />
procura as griffes internacionais. Ain<strong>da</strong> na<br />
capital, impõe-se a rua Ortega y Gasset<br />
, que abriga marcas como Tiffany’s, Hermès,<br />
Chanel e Valentino; nos arredores,<br />
etiquetas locais como Adolfo Dominguez,<br />
Amaya Arzuaga e Purificacion Garcia.<br />
Um outlet <strong>em</strong> Madri? A nova mania é<br />
o Las Rozas Village, com descontos de 30<br />
a 70 por cento.Informações no site: www.<br />
lasrozasvillage.com.<br />
Em Barcelona, o lugar certo para<br />
peças originais é a região L’Eixample, ao<br />
redor <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Diagonal e do Paseo de<br />
Gracia. Os cafés e restaurantes têm mesas<br />
nas calça<strong>da</strong>s, para <strong>um</strong>a pausa entre <strong>um</strong>a<br />
compra e outra.<br />
El Born é <strong>um</strong> dos bairros <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>,<br />
com oferta de artigos únicos. Ande pelas<br />
ruas Princesa e L’argenteria e os arredores.<br />
Os mercados de pulgas na Europa são<br />
s<strong>em</strong>pre <strong>um</strong> passeio agradável. Em Barcelona,<br />
conheça o Mercat Del Encants, ao lado<br />
<strong>da</strong> Plaça de lês Glories. Jóias, roupas, livros<br />
e antigui<strong>da</strong>des estão expostos às segun<strong>da</strong>s,<br />
quartas, sextas e sábados.<br />
Em Barcelona, o outlet também têm<br />
vez: La Roca Village oferece griffes com<br />
descontos de até 60 por cento, e ain<strong>da</strong><br />
dá transporte grátis. Veja os detalhes <strong>em</strong><br />
www.larocavillage.com<br />
Guia prático de compras ( programe-se).<br />
- Se vc for ficar com <strong>um</strong> amigo, terá de apresentar <strong>um</strong>a carta convite (veja<br />
<strong>um</strong> ex<strong>em</strong>plo de carta convite no link:<br />
http://www.interior.gob.es/extranjeria-28/regimen-general-189/carta-de<br />
-invitacion-199);<br />
- Sua passag<strong>em</strong> de retorno, ou a a passag<strong>em</strong> que irá levar você a outro país,<br />
depois <strong>da</strong> visita à Espanha, deverá ser mostra<strong>da</strong>.<br />
- Você vai precisar provar que t<strong>em</strong> pelo menos 65 euros para gastar por dia<br />
durante sua esta<strong>da</strong>.<br />
- Além disso, precisará mostrar que t<strong>em</strong> na carteira pelo menos 580 euros,<br />
<strong>em</strong> travelers cheques ou cartão de credito.<br />
- Faça <strong>um</strong> seguro de viag<strong>em</strong>. Atenção, isso é essencial.<br />
- Tenha à mão <strong>um</strong> cartão de crédito internacional<br />
Esses itens garant<strong>em</strong> o direito de permanecer na Espanha por 90 dias.<br />
Se sua intenção é ficar mais de três meses, procure <strong>um</strong> consulado espanhol,<br />
e solicite o visto adequado a sua situação.
Em <strong>defesa</strong> do jov<strong>em</strong><br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 24 DA REDAçÃO<br />
<strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, a <strong>juventude</strong><br />
Em 2013, há a meta de implantar o<br />
<strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> <strong>em</strong> todo o país. Em termos<br />
qualitativos, existe a possibili<strong>da</strong>de<br />
de aprimoramento <strong>da</strong> metodologia<br />
ou ela já está b<strong>em</strong> consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>?<br />
Nós nunca sab<strong>em</strong>os tudo. Ninguém<br />
é tão bom que não possa aprender alg<strong>um</strong>a<br />
coisa. Não importa se você t<strong>em</strong> 30, 50 ou<br />
80 anos, s<strong>em</strong>pre há algo para aprender<br />
e melhorar. Nós estamos aprendendo<br />
no <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, se olharmos para o início<br />
dele, quando estava apenas <strong>em</strong> Fortaleza,<br />
pod<strong>em</strong>os ver que a ca<strong>da</strong> estado que<br />
<strong>em</strong> primeiro lugar<br />
Jair Antônio Meneguelli é presidente do Conselho Nacional do SESI, posto ocupado pela primeira vez<br />
por <strong>um</strong> trabalhador, <strong>em</strong> 65 anos de história <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de. Anteriormente, como Deputado Federal,<br />
sindicalista e metalúrgico, lutou pelos direitos dos trabalhadores e pela igual<strong>da</strong>de social no Brasil.<br />
Em 2013, Meneguelli colocará <strong>em</strong> pauta <strong>um</strong> t<strong>em</strong>a que t<strong>em</strong> alcançado ca<strong>da</strong> vez mais espaço na mídia<br />
e merecido reconhecimento de gestores públicos e privados: as tecnologias sociais. Caro leitor, nesta<br />
edição, você conhecerá <strong>um</strong>a tecnologia que está mu<strong>da</strong>ndo a vi<strong>da</strong> de centenas de jovens brasileiros <strong>em</strong><br />
situação de vulnerabili<strong>da</strong>de social.<br />
O programa <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, iniciativa do Conselho Nacional do SESI, foi criado <strong>em</strong> 2008 e oferece<br />
oportuni<strong>da</strong>des a jovens com i<strong>da</strong>de entre 16 e 21 anos, que sofreram abuso ou exploração sexual.<br />
Em parceria com o Sist<strong>em</strong>a S, organizações de proteção à criança e ao adolescente,<br />
<strong>em</strong>presas e governos, o <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> t<strong>em</strong> levado educação básica, profissionalização e<br />
atendimento psicossocial, médico e odontológico a adolescentes e jovens nessa<br />
situação.<br />
Atualmente, o programa é desenvolvido <strong>em</strong> 19 ci<strong>da</strong>des: Fortaleza, Recife,<br />
Natal, Belém, Brasília, Salvador, Teresina, João Pessoa, Campina Grande,<br />
Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Rio de Janeiro, Porto Velho, São Luís,<br />
Aracaju, Maceió, Contag<strong>em</strong> e Porto Alegre. Além disso, está <strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entação<br />
<strong>em</strong> outras quatro capitais: São Paulo, Goiânia, Cuiabá e Manaus.<br />
alcançamos, o programa melhorou, foi<br />
aperfeiçoado.<br />
Uma <strong>da</strong>s áreas que vamos focar<br />
ain<strong>da</strong> mais esse ano é o cui<strong>da</strong>do com a<br />
autoestima dos alunos atendidos. A dor do<br />
abuso e <strong>da</strong> exploração é <strong>um</strong> tra<strong>um</strong>a muito<br />
difícil de ser vencido, é <strong>um</strong>a marca que a<br />
pessoa carrega a vi<strong>da</strong> inteira. Quer<strong>em</strong>os<br />
aju<strong>da</strong>r mais nossos jovens nesse sentido.<br />
T<strong>em</strong> sido feito <strong>um</strong> grande esforço<br />
para alavancar o <strong>projeto</strong> <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>.<br />
O que precisa ser feito para tornálo<br />
<strong>um</strong>a política de estado? Esse<br />
processo já foi iniciado?<br />
Junto com o Poder Executivo, nós<br />
vamos preparar o <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> para que<br />
ele possa se transformar n<strong>um</strong>a política<br />
pública, consoli<strong>da</strong>r a tecnologia social,<br />
a<strong>um</strong>entar sua amplitude, mostrar os seus<br />
resultados e como ele pode aju<strong>da</strong>r a mu<strong>da</strong>r<br />
o quadro <strong>da</strong> exploração sexual no Brasil.<br />
Para isso, t<strong>em</strong>os alguns instr<strong>um</strong>entos,<br />
como a Avaliação de Impacto Social,<br />
Econômico e Financeiro do <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>.
Mas o primeiro passo, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>, é a<br />
implantação do programa nas 27 uni<strong>da</strong>des<br />
federativas do nosso país.<br />
Isso não significa dizer que o SESI<br />
vai abandonar essa tecnologia social.<br />
Quer<strong>em</strong>os que ele seja <strong>um</strong> programa de<br />
Estado, desenvolvido <strong>em</strong> parceria com o<br />
Sist<strong>em</strong>a S, que os poderes público e privado<br />
and<strong>em</strong> juntos nessa ação. Nós t<strong>em</strong>os grande<br />
expertise na formação de profissionais e a<br />
capacitação é essencial para que os jovens<br />
mud<strong>em</strong> suas vi<strong>da</strong>s e possam caminhar com<br />
digni<strong>da</strong>de, conquistando sua autonomia<br />
por meio do trabalho.<br />
Outro ponto importante é que, no<br />
Sist<strong>em</strong>a S, <strong>em</strong>bora seus dirigentes também<br />
mud<strong>em</strong>, o que se percebe é que não existe<br />
<strong>um</strong>a descontinui<strong>da</strong>de dos programas -<br />
o que frequent<strong>em</strong>ente acontece com a<br />
mu<strong>da</strong>nça de governos. O <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> precisa<br />
ser <strong>um</strong>a programa de Estado, deve ser<br />
<strong>um</strong>a preocupação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira,<br />
independente de partido político, credo<br />
religioso e etc. São nossos jovens. Nosso<br />
país precisa deles e o Estado t<strong>em</strong> que<br />
oferecer oportuni<strong>da</strong>des.<br />
Quando o <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> se tornar<br />
<strong>um</strong>a política pública, conseguir<strong>em</strong>os<br />
a<strong>um</strong>entar a capaci<strong>da</strong>de de atendimento,<br />
principalmente chegando aos municípios e<br />
não apenas nas capitais, porque o probl<strong>em</strong>a<br />
<strong>da</strong> exploração sexual está entranhado <strong>em</strong><br />
todo o Brasil. Os últimos mapeamentos<br />
mostram essa reali<strong>da</strong>de. Há registros de<br />
denúncias de exploração <strong>em</strong> quase mil<br />
municípios.<br />
Hoje há <strong>um</strong>a grande rede que lucra<br />
com esse crime. Como combatê-lo?<br />
O tráfico de mulheres e a rede de<br />
exploração sexual são tão rentáveis<br />
quanto, ou mais ain<strong>da</strong> que o tráfico de<br />
armas e de drogas. E t<strong>em</strong> <strong>um</strong>a vantag<strong>em</strong>:<br />
é menos perigoso. Se <strong>um</strong>a jov<strong>em</strong> que for<br />
trafica<strong>da</strong>, e ela for maior de 18 ano, ela t<strong>em</strong><br />
o direito de ir e vir, pode ser convenci<strong>da</strong> e<br />
dizer “eu quero. Não estou sendo força<strong>da</strong>”.<br />
Então, não é <strong>um</strong> probl<strong>em</strong>a fácil, t<strong>em</strong>os<br />
que continuar insistindo. Normalmente,<br />
esses jovens acabam tendo <strong>um</strong>a vi<strong>da</strong> curta.<br />
Primeiro v<strong>em</strong> o abuso, depois as drogas,<br />
abandono <strong>da</strong> escola, vivência nas ruas e,<br />
muitas vezes, a criminali<strong>da</strong>de. O destino<br />
final é a morte precoce.<br />
Enquanto nós não tivermos <strong>um</strong><br />
país que ofereça boa cultura, educação,<br />
profissionalização e distribuição igualitária<br />
de ren<strong>da</strong>, esse probl<strong>em</strong>a continuará<br />
existindo. O que nós pod<strong>em</strong>os fazer para<br />
reduzir os casos é sensibilizar a socie<strong>da</strong>de,<br />
incentivar as denúncias, conscientizar os<br />
jovens a não se deixar<strong>em</strong> ser explorados,<br />
25 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />
enfim, t<strong>em</strong> que ser <strong>um</strong> trabalho forte<br />
e conjunto de todos os setores – poder<br />
público, privado e socie<strong>da</strong>de civil<br />
organiza<strong>da</strong>.
RJ Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 26<br />
Daisy Nascimento<br />
Ci<strong>da</strong>de maravilhosa<br />
Que o Rio é <strong>um</strong>a ci<strong>da</strong>de bonita por<br />
natureza ninguém duvi<strong>da</strong>. O recorte<br />
<strong>da</strong> Baía de Guanabara, o azul do mar<br />
que se funde no horizonte com o<br />
azul do céu, as montanhas, os vários<br />
tons de verdes <strong>da</strong>s matas e florestas;<br />
imagens dignas dos pincéis do pintor<br />
francês Claude Monet, <strong>um</strong> dos mais<br />
importantes representantes do<br />
impressionismo.<br />
A ci<strong>da</strong>de abençoa<strong>da</strong> por Deus recebe<br />
de braços abertos milhares de turistas que<br />
se encantam com a paisag<strong>em</strong>, com a luz<br />
que se reflete nas águas e com o jeito de<br />
ser de qu<strong>em</strong> vive aqui. E é esta vocação do<br />
carioca de ser feliz, apesar dos pesares ou<br />
com todos os pesares, a outra maravilha<br />
desta ci<strong>da</strong>de maravilhosa.<br />
Longe dos holofotes e dos cartões<br />
postais a ci<strong>da</strong>de pulsa, com todos os dramas<br />
e dificul<strong>da</strong>des de ci<strong>da</strong>de grande. Mas para o<br />
carioca a dor que muitas vezes enfraquece,<br />
paralisa e desestimula, alimenta a força de<br />
<strong>um</strong> povo que encontra nas adversi<strong>da</strong>des<br />
<strong>um</strong> atalho para <strong>da</strong>r a volta por cima.<br />
Foi assim <strong>em</strong> fevereiro de 2011,<br />
quando <strong>um</strong> grande incêndio destruiu<br />
completamente o barracão de <strong>um</strong>a grande<br />
escola de samba, a Grande Rio, de Duque<br />
de Caxias, baixa<strong>da</strong> fl<strong>um</strong>inense, e atingiu os<br />
de outras duas: União <strong>da</strong> Ilha e Portela. O<br />
fogo queimou fantasias, adereços e carros<br />
alegóricos, mas não cobriu de cinzas o<br />
carnaval <strong>da</strong>quele ano. As lágrimas deram<br />
Jornalista<br />
O jeito de ser carioca<br />
lugar ao suor de qu<strong>em</strong> virou noites para<br />
recuperar o que foi perdido, refazer o que o<br />
incêndio cons<strong>um</strong>iu. S<strong>em</strong> passes de mágicas,<br />
mas com muita garra e determinação as<br />
escolas foram para a aveni<strong>da</strong> e fizeram<br />
mais <strong>um</strong> belíssimo desfile. Naquele ano,<br />
a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de foi o maior juiz; nenh<strong>um</strong>a<br />
escola foi rebaixa<strong>da</strong>. Dois carnavais depois,<br />
o Rio de Janeiro volta a fervilhar. Ao som de<br />
batuques, sambas e marchinhas a abertura<br />
não oficial do carnaval de 2013 aconteceu no<br />
dia 6 de janeiro, com a apresentação de mais<br />
de 23 blocos de ruas que transformaram a<br />
Praça XV, no centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, n<strong>um</strong> grande<br />
baile à céu aberto. Milhares de pessoas foram<br />
às ruas, sorriso aberto, alegria estampa<strong>da</strong><br />
no rosto, três dias depois <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de sofrer<br />
com a enchente que atingiu 200 mil pessoas<br />
<strong>em</strong> todo o Estado. O distrito de Xerém, <strong>em</strong><br />
Duque de Caxias, a mesma do barracão<br />
destruído há 2 anos, foi o mais devastado<br />
pelo t<strong>em</strong>poral. Quatrocentas pessoas<br />
ficaram desabriga<strong>da</strong>s e duas morreram. No<br />
momento <strong>da</strong> chuva, a ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Baixa<strong>da</strong><br />
Fl<strong>um</strong>inense, que enfrenta probl<strong>em</strong>as com a<br />
coleta há mais de seis meses tinha 50.000<br />
tonela<strong>da</strong>s de detritos abandonados nas<br />
ruas, o que agravou a situação. O ex-prefeito<br />
José Camilo Zito, mais conhecido como<br />
Zito, que prometeu durante a campanha<br />
cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e resolver os probl<strong>em</strong>as de<br />
infraestrutura, saúde, educação, moradia,<br />
saneamento básico, deixou que a situação<br />
chegasse ao nível de calami<strong>da</strong>de. Mas<br />
<strong>em</strong>bolsou feliz mais de R$ 27 mil líquidos,<br />
<strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro do ano passado, somando os<br />
salários de prefeito e de guar<strong>da</strong> municipal<br />
aposentado. Enquanto isso, de acordo com<br />
o Sebrae-Serviço Brasileiro de Apoio à Micro<br />
e Pequenas Empresas, 27,9% <strong>da</strong>s famílias<br />
que moram n<strong>um</strong> dos 266.717 domicílios<br />
de Duque de Caxias têm ren<strong>da</strong> familiar <strong>em</strong><br />
torno de R$1.400,00.<br />
A conta injusta expõe o descaso, o<br />
abandono, o interesse político, as falsas<br />
promessas. Mas não tira desse povo a<br />
capaci<strong>da</strong>de de ser feliz com pequenas<br />
coisas; não tira a capaci<strong>da</strong>de de se renovar,<br />
recuperar e reacender as esperanças. E<br />
essa é a magia de ser carioca. Às vésperas<br />
do carnaval, a escola de samba Grande<br />
Rio, de Duque de Caxias, já se prepara<br />
para mais <strong>um</strong> desfile. Vai levar para a<br />
aveni<strong>da</strong> o enredo: “AMO O RIO E VOU<br />
À LUTA: OURO NEGRO SEM DISPUTA”<br />
… “CONTRA A INJUSTIÇA EM DEFESA<br />
DO RIO”. O amor pela ci<strong>da</strong>de foi a<br />
grande inspiração e briga pelos royalties<br />
do petróleo, a munição do protesto <strong>em</strong><br />
forma de samba. Enquanto o Congresso<br />
Nacional adia a votação dos vetos parciais<br />
<strong>da</strong> presidente Dilma Rousseff à nova lei<br />
dos royalties, os sambistas apostam na<br />
tecnologia e n<strong>um</strong> show de luz para dizer<br />
aos deputados e senadores que a ci<strong>da</strong>de<br />
que produz 83% de todo o petróleo do país<br />
t<strong>em</strong> ficar com o bônus e não só com o ônus<br />
do produção.<br />
O ritmo <strong>da</strong>s batuca<strong>da</strong>s vai ser o<br />
protesto de <strong>um</strong> povo que sabe cantar e<br />
<strong>da</strong>nçar até mesmo quando o assunto é
DA REDAçÃO<br />
Primeiro BRT <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a Transoeste<br />
liga a Barra <strong>da</strong> Tijuca a Campo Grande e<br />
Santa Cruz de maneira ágil e confortável,<br />
beneficiando cerca de 220 mil pessoas<br />
por dia. Em operação no trecho Barra x<br />
Santa Cruz desde junho, o investimento <strong>da</strong><br />
prefeitura na implantação do corredor é de<br />
R$ 900 milhões.Com a entrega <strong>da</strong>s obras<br />
até Paciência, <strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro, a Transoeste<br />
passou a ter 44,5 quilômetros já <strong>em</strong><br />
funcionamento. Totalmente segregado<br />
do tráfego geral, composto por linhas<br />
expressas e paradoras, o corredor terá, <strong>em</strong><br />
2013, 56 quilômetros de extensão e 64<br />
estações.<br />
Ao longo do traçado <strong>da</strong> Transoeste, a<br />
Secretaria Municipal de Obras construiu o<br />
túnel José Alencar, perfurado na Serra <strong>da</strong><br />
Grota Fun<strong>da</strong>, o mais moderno e seguro do<br />
Rio, ligando o Recreio dos Bandeirantes a<br />
Guaratiba. Com 1.100 metros de extensão<br />
<strong>em</strong> ca<strong>da</strong> sentido, o túnel é a principal<br />
estrutura do <strong>projeto</strong> e <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s maiores<br />
intervenções urbanísticas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, sendo<br />
a primeira ligação entre as baixa<strong>da</strong>s de<br />
Jacarepaguá e Guaratiba.<br />
O itinerário dos ligeirões <strong>da</strong><br />
Transoeste entre a Barra <strong>da</strong> Tijuca e Santa<br />
Cruz conta ain<strong>da</strong> com seis viadutos e<br />
quatro pontes. Nesta extensão foi escavado<br />
1,3 milhão de metros cúbicos, equivalente<br />
a 97 mil caminhões e utilizados 1,2 milhão<br />
de metros cúbicos de aterro compactado,<br />
correspondente a 91 mil caminhões. A<br />
somatória destes dois vol<strong>um</strong>es equivale ao<br />
estádio do Maracanã. Além disso, foram<br />
usa<strong>da</strong>s 1.1179 tonela<strong>da</strong>s de estrutura<br />
de aço para construir as estações de BRT<br />
e 181.170 tonela<strong>da</strong>s de asfalto para<br />
pavimentação.<br />
Nas vias exclusivas, os ônibus<br />
articulados – com ar-condicionado e<br />
capaci<strong>da</strong>de para 140 passageiros - trafegam<br />
livres de congestionamentos, o que encurta<br />
pela metade o t<strong>em</strong>po de viag<strong>em</strong> de qu<strong>em</strong><br />
faz diariamente o trajeto entre os bairros.<br />
27 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />
Rio vira canteiro de obras de olho na copa<br />
Transoeste, o primeiro<br />
corredor de BRT do Rio<br />
Via expressa ligando a<br />
Barra <strong>da</strong> Tijuca a Santa<br />
Cruz está <strong>em</strong> operação<br />
desde junho.<br />
O Terminal Alvora<strong>da</strong>, ponto de integração<br />
com o BRT Transcarioca (Barra–Galeão),<br />
foi r<strong>em</strong>odelado e opera desde junho com<br />
os ligeirões <strong>da</strong> Transoeste. O terminal<br />
segue <strong>em</strong> obras no trecho que atenderá<br />
futuramente à Transcarioca. Além <strong>da</strong><br />
ligação dos corredores expressos, o terminal<br />
vai receber todo o transporte de ônibus <strong>da</strong><br />
Zona Oeste.<br />
CORREDOR DE BRT VAI LIGAR<br />
A BARRA DA TIJUCA AO AERO-<br />
PORTO INTERNACIONAL<br />
Intervenções no traçado já foram<br />
entregues<br />
A Transcarioca será o primeiro<br />
corredor de alta capaci<strong>da</strong>de no sentido<br />
transversal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, ligando a Barra <strong>da</strong><br />
Tijuca ao Aeroporto Internacional, na Ilha<br />
do Governador, n<strong>um</strong>a faixa segrega<strong>da</strong> de<br />
39 quilômetros de extensão.O sist<strong>em</strong>a<br />
de BRT (Bus Rapid Transit) vai atender<br />
também os bairros de Curicica, Taquara,<br />
Tanque, Praça Seca, Campinho, Madureira,<br />
Vaz Lobo, Vicente de Carvalho, Vila <strong>da</strong><br />
Penha, Penha, Olaria e Ramos.<br />
As obras já acontec<strong>em</strong> <strong>em</strong> duas frentes:<br />
<strong>da</strong> Barra à Penha (etapa 1) e <strong>da</strong> Penha ao<br />
Galeão (etapa 2). A Secretaria Municipal<br />
de Obras já inaugurou três importantes<br />
estruturas do traçado: o mergulhão Clara<br />
Nunes, no Campinho; a ampliação do<br />
viaduto de Madureira (Negrão de Lima) e o<br />
mergulhão Billy Blanco, na Barra (próximo<br />
à Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Artes). To<strong>da</strong>s estão libera<strong>da</strong>s<br />
para o tráfego geral.<br />
A Prefeitura também trabalha na<br />
construção de <strong>um</strong>a ponte estaia<strong>da</strong> na<br />
Aveni<strong>da</strong> Ayrton Senna, na Barra <strong>da</strong> Tijuca,<br />
e na duplicação do viaduto João XVIII, que<br />
liga as aveni<strong>da</strong>s Brás de Pina e Lobo Júnior,<br />
na Penha. A obra do viaduto <strong>da</strong> Penha t<strong>em</strong><br />
como objetivo melhorar o escoamento do<br />
tráfego na região antes <strong>da</strong> implantação do<br />
sist<strong>em</strong>a BRT.<br />
A segun<strong>da</strong> etapa <strong>da</strong> obra <strong>da</strong><br />
Transcarioca também já está <strong>em</strong><br />
an<strong>da</strong>mento e começou pela construção<br />
de <strong>um</strong>a ponte estaia<strong>da</strong> sobre a Baía de<br />
Guanabara (ligando o Fundão à Ilha<br />
do Governador). A ponte estaia<strong>da</strong> será<br />
exclusiva para o BRT e paralela à ponte de<br />
acesso <strong>da</strong> Ilha do Governador.<br />
Ao longo do traçado estão previstas 45<br />
estações, três terminais, três mergulhões,<br />
10 viadutos (incluindo as duplicações)<br />
e nove pontes (sendo duas pontes
Rio antigo<br />
RJ Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 28<br />
Luiz Augusto Gollo<br />
Entre as grandes intervenções<br />
urbanas <strong>em</strong> an<strong>da</strong>mento na ci<strong>da</strong>de do Rio<br />
de Janeiro para os eventos esportivos já<br />
sabidos, <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s principais é chama<strong>da</strong><br />
Porto Maravilha, que não t<strong>em</strong> a ver<br />
diretamente com nenh<strong>um</strong> deles, mas<br />
sim com o resgate social, econômico,<br />
cultural e histórico de <strong>um</strong>a importante<br />
área correspondente a cinco milhões de<br />
metros quadrados, entre a Praça XV e o<br />
bairro de São Cristóvão. A revitalização<br />
do centro carioca começou na Lapa,<br />
por iniciativa de comerciantes e<br />
<strong>em</strong>presários <strong>da</strong> noite, diferent<strong>em</strong>ente<br />
do que ocorre na Praça Mauá e to<strong>da</strong> a<br />
região portuária, onde o estado tomou<br />
a dianteira nos três níveis de governo.<br />
A área central do Rio s<strong>em</strong>pre manteve<br />
características de bairro residencial e muitas<br />
<strong>da</strong>s ruas mais antigas estão cheias de prédios<br />
mistos ou residenciais, como a Riachuelo.<br />
Esporadicamente e por razões diversas, a<br />
região passa por transformações profun<strong>da</strong>s<br />
como a que agora test<strong>em</strong>unhamos no Porto<br />
Maravilha, denominação que a prefeitura<br />
deu ao processo, sob a ótica ufanista.<br />
No começo do século passado, o<br />
prefeito Pereira Passos promoveu a grande<br />
mu<strong>da</strong>nça urbanística com <strong>um</strong>a política<br />
que o povo batizou de “Bota abaixo”, com<br />
razão: foram d<strong>em</strong>oli<strong>da</strong>s mais de 1500<br />
construções para a abertura <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong><br />
Central (Rio Branco), <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Beira-Mar,<br />
o alargamento <strong>da</strong> Rua Uruguaiana, entre<br />
outras obras de impacto.<br />
As principais críticas ao “Bota abaixo”<br />
defendiam as populações desapropria<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong>s casas d<strong>em</strong>oli<strong>da</strong>s e que não encontraram<br />
endereço novo na área subitamente<br />
valoriza<strong>da</strong>. Foram <strong>em</strong>purra<strong>da</strong>s para<br />
as fral<strong>da</strong>s dos morros, dos quais o <strong>da</strong><br />
Providência registra o surgimento <strong>da</strong><br />
primeira favela carioca. O Rio de Janeiro, que<br />
na vira<strong>da</strong> do século XIX para o seguinte era<br />
conhecido no cenário internacional como<br />
“Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Morte”, depois de higieniza<strong>da</strong><br />
por Oswaldo Cruz e reurbaniza<strong>da</strong> por<br />
Pereira Passos, ganhou o apelido de “Ci<strong>da</strong>de<br />
Maravilhosa”, <strong>em</strong> artigo de jornal de Coelho<br />
Neto, <strong>em</strong> 1909.<br />
As políticas excludentes dos sucessivos<br />
governos ao longo do século passado<br />
multiplicaram por mais de mil as favelas<br />
cariocas, provocaram a degra<strong>da</strong>ção do<br />
centro urbano <strong>em</strong> benefício primeiro <strong>da</strong><br />
Zona Norte, a partir dos anos 1920, depois<br />
<strong>da</strong> Zona Sul, nas déca<strong>da</strong>s seguintes, e <strong>da</strong><br />
Zona Oeste, com a ocupação <strong>da</strong> Barra<br />
<strong>da</strong> Tijuca a partir de 1970. Este processo<br />
chegou ao ponto máximo na última déca<strong>da</strong><br />
do século passado, quando o centro era o<br />
lixo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e a Lapa <strong>da</strong> bo<strong>em</strong>ia dos anos<br />
1930 <strong>em</strong> diante se refez <strong>da</strong>s cinzas para<br />
servir de ex<strong>em</strong>plo ao que o estado pretende<br />
replicar na Praça Mauá e adjacências.<br />
Como nos t<strong>em</strong>pos de Pereira Passos,<br />
Jornalista<br />
Ossos <strong>da</strong> história<br />
também hoje ouv<strong>em</strong>-se protestos contra<br />
o Porto Maravilha, entre as quais a<br />
valorização territorial que já expulsa<br />
habitantes <strong>da</strong> região, como Gamboa, Santo<br />
Cristo, Saúde e do morro <strong>da</strong> Providência<br />
que talvez ilustre melhor o ciclo que se<br />
completa. Mas a surpresa maior pegou a<br />
prefeitura despreveni<strong>da</strong>, logo no começo<br />
<strong>da</strong>s obras de recuperação <strong>da</strong>s ruas próximas<br />
ao porto e à Praça Mauá – Camerino,<br />
Sacadura Cabral, Barão de Tefé. Quando as<br />
escavadeiras romperam o asfalto, revelouse<br />
o Cais <strong>da</strong> Imperatriz, construído <strong>em</strong> 1843<br />
para o des<strong>em</strong>barque <strong>da</strong> esposa de D. Pedro<br />
II, Teresa Cristina, que ele só conheceu<br />
naquele instante e que achou “baixa, manca<br />
e feia”, mas com qu<strong>em</strong> viveu por 46 anos e<br />
teve as filhas Isabel e Leopoldina.<br />
Antes que o texto vire o Samba do<br />
Crioulo Doido, do Sérgio Porto, vamos ao<br />
que interessa: escavando <strong>um</strong> pouco mais,<br />
encontrou-se o Cais do Valongo, ponto de<br />
des<strong>em</strong>barque de <strong>um</strong> número indeterminado<br />
de negros africanos escravizados e este sim<br />
o sítio arqueológico de grande relevância<br />
porque, além de principal porto de chega<strong>da</strong><br />
de negros <strong>em</strong> todo o continente americano,<br />
conferiu, com o C<strong>em</strong>itério dos Pretos<br />
Novos, onde eram enterrados (por assim<br />
dizer) os que des<strong>em</strong>barcavam feridos,<br />
doentes e não sobreviviam, concretude à<br />
escravidão presente quase que somente<br />
nas gravuras de Debret e Rugen<strong>da</strong>s. As<br />
pedras gastas do cais e os amontoados
de ossos mal enterrados são a evidência<br />
histórica <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> ao Rio de Janeiro de<br />
<strong>um</strong> contingente estimado entre 800 mil e<br />
mais de dois milhões de africanos traficados<br />
através do Oceano Atlântico.<br />
O achado desta novi<strong>da</strong>de, juntamente<br />
com os previsíveis canhões, âncoras, munição<br />
e utensílios domésticos, descortinou <strong>um</strong><br />
cenário inesperado, que as autori<strong>da</strong>des<br />
tentam compreender e digerir, enquanto<br />
as lideranças afrodescendentes lutam para<br />
O Rio de Janeiro cresceu do<br />
acidente geográfico denominado Morro<br />
do Castelo, <strong>em</strong> 1567. Os portugueses<br />
liderados por Estácio e M<strong>em</strong> de Sá<br />
estavam instalados há <strong>um</strong> t<strong>em</strong>po no<br />
Morro Cara de Cão, tentando conquistar<br />
a região habita<strong>da</strong> pelos índios<br />
tamoios. Tinham tudo para perder<br />
porque chegaram depois dos colonos<br />
franceses liderados por Villegagnon,<br />
que, na época, já conviviam <strong>em</strong> certa<br />
tranquili<strong>da</strong>de com os indígenas locais.<br />
Mas acabaram levando a melhor e, por<br />
questões estratégicas, acabaram se<br />
estabelecendo no alto de <strong>um</strong>a colina<br />
inicialmente intitula<strong>da</strong> Morro do<br />
Descanso. Após erguer muros e batizar<br />
os principais pontos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dela, o<br />
Descanso chamou-se Morro do Castelo,<br />
<strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> à Fortaleza de São<br />
Sebastião, que mais parecia o palácio<br />
real.<br />
O Morro do Castelo abrigava <strong>um</strong>a<br />
ci<strong>da</strong>de feu<strong>da</strong>l com aproxima<strong>da</strong>mente<br />
600 pessoas, entre eles colonos<br />
portugueses, jesuítas, índios catequizados,<br />
r<strong>em</strong>anescentes franceses apaziguados<br />
e pouquíssimas mulheres. Sua entra<strong>da</strong><br />
era feita, de início, somente através <strong>da</strong><br />
Ladeira <strong>da</strong> Misericórdia, que é o primeiro<br />
e mais antigo logradouro do Rio de<br />
Janeiro. Apesar de não ter permanecido<br />
com sua extensão integral, foi a única<br />
parte poupa<strong>da</strong> <strong>da</strong> destruição no Morro<br />
do Castelo. Pena que a rua hoje passe tão<br />
bati<strong>da</strong> aos olhos <strong>da</strong>queles que trafegam no<br />
Centro do Rio, já que ali também se situa<br />
a Igreja construí<strong>da</strong> no século XVIII, Nossa<br />
Senhora do Bonsucesso, valendo <strong>um</strong> bom<br />
passeio.<br />
Além do Largo <strong>da</strong> Misericórdia, os<br />
limites do Morro do Castelo ficavam onde<br />
hoje estão situa<strong>da</strong>s as ruas São José, Santa<br />
Luzia e México. No alto do morro, ficava a<br />
fazer valer na história oficial <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e<br />
do país. Foi traçado o Circuito <strong>da</strong> Herança<br />
Africana na área, incluindo o c<strong>em</strong>itério, o<br />
cais, a Casa <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> (onde engor<strong>da</strong>vam-se<br />
os africanos para o mercado de escravos), a<br />
Pedra do Sal (onde escravos transportavam<br />
o sal des<strong>em</strong>barcado no porto e voltavam<br />
à noite para recolher o que caía dos cestos)<br />
e suas imediações e acrescentou-se novo<br />
ingrediente ao caldo de cultura do Porto<br />
Maravilha: as populações negras dos morros<br />
29 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />
<strong>da</strong> Providência e <strong>da</strong> Conceição precisam ser<br />
manti<strong>da</strong>s como m<strong>em</strong>ória viva deste passado<br />
durante tanto t<strong>em</strong>po escondido. A área do<br />
porto do Rio e a região ao redor que inteira os<br />
cinco milhões de metros quadrados pod<strong>em</strong><br />
experimentar a valorização inédita, porém<br />
prevista, repetindo o fenômeno de mais de<br />
c<strong>em</strong> anos atrás. Mas desta vez não se pode<br />
fechar os olhos do estado à história negra do<br />
Rio de Janeiro e do Brasil e sua contribuição<br />
na construção <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong>de.<br />
Cássia Olival<br />
Produtora cultural e responsável pela<br />
página Histórias do Rio no facebook<br />
historiasrio@gmail.com<br />
O descanso do Morro<br />
Casa do Governador, a cadeia e o edifício<br />
<strong>da</strong> Câmara, Igreja de São Sebastião e a<br />
Igreja e Colégio dos Jesuítas. Apesar de<br />
ser<strong>em</strong> expulsos <strong>em</strong> 1759 pelo Marquês<br />
de Pombal, os jesuítas deixaram para a<br />
população a len<strong>da</strong> do Morro do Castelo,<br />
que se referia a <strong>um</strong> tesouro oculto <strong>em</strong><br />
túneis e galerias secretas ergui<strong>da</strong>s pelos<br />
padres <strong>da</strong> Ord<strong>em</strong>.<br />
Os moradores obtinham isenção nos<br />
impostos para construir suas casas e povoar<br />
a região que foi crescendo rapi<strong>da</strong>mente.<br />
Em poucas déca<strong>da</strong>s, a elite descia o morro,<br />
deixando a região exclusivamente para a<br />
população menos favoreci<strong>da</strong>. Quando a<br />
família real chegou ao Brasil <strong>em</strong> 1808, os<br />
cariocas já ocupavam a área do Centro até<br />
a região do Valongo e Morro <strong>da</strong> Conceição.<br />
Nesta época, inclusive, já se cogitava <strong>um</strong><br />
plano de urbanização que derrubasse<br />
morros para facilitar a circulação dos ventos<br />
e o melhor escoamento aquaviário <strong>da</strong>quela<br />
área.<br />
A ci<strong>da</strong>de foi crescendo e mu<strong>da</strong>ndo<br />
de cara, especialmente após as reformas<br />
de Pereira Passos. Infelizmente, estas<br />
reformulações não cont<strong>em</strong>plavam o<br />
Morro do Castelo. Para a abertura <strong>da</strong><br />
Aveni<strong>da</strong> Rio Branco <strong>em</strong> 1905, parte do<br />
morro foi abaixo. O tiro de misericórdia<br />
veio <strong>em</strong> 1922, quando o prefeito do então<br />
Distrito Federal Carlos Sampaio decretou<br />
a d<strong>em</strong>olição do Morro do Castelo com a<br />
justificativa de arejar a ci<strong>da</strong>de e obter mais<br />
espaço para a exposição com<strong>em</strong>orativa<br />
do Centenário <strong>da</strong> Independência.<br />
Curiosamente, apenas o paulista Monteiro<br />
Lobato se posicionou publicamente contra<br />
a derruba<strong>da</strong> na época. A população que ali<br />
morava foi transferi<strong>da</strong> para os subúrbios
RJ<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 30<br />
Cantando coisas de amor<br />
Meados dos anos 60, ditadura militar,<br />
bossa nova, Leila Diniz, cin<strong>em</strong>a<br />
novo. Pasquim, Albino Pinheiro, Rio de<br />
Janeiro, Ipan<strong>em</strong>a, ban<strong>da</strong>...Fatos, personagens<br />
e movimentos que se confund<strong>em</strong><br />
e se misturam na vi<strong>da</strong> de tantos<br />
brasileiros, e, principalmente, na história<br />
dos cariocas. hoje é dia de falar<br />
de carnaval, <strong>da</strong> mais legítima, popular<br />
e irônica representação <strong>da</strong> festa de<br />
Momo carioca. Vamos falar <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong><br />
de Ipan<strong>em</strong>a que mantendo a tradição,<br />
a ca<strong>da</strong> ano arrasta centenas de foliões<br />
pelas ruas do bairro onde foi cria<strong>da</strong>.<br />
Mãe de to<strong>da</strong>s as ban<strong>da</strong>s carnavalescas<br />
do país, a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a foi inspira<strong>da</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>um</strong>a pequena e diverti<strong>da</strong> versão mineira,<br />
chama<strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> <strong>da</strong> Mula Manca, onde<br />
seus seguidores usavam ternos, fingiam<br />
tocar instr<strong>um</strong>entos estragados e saiam pelas<br />
ruas <strong>da</strong> pequena ci<strong>da</strong>de de Ubá, MG, no<br />
sábado de carnaval. Perto de completar 50<br />
anos, nossa ban<strong>da</strong> carioca carrega ain<strong>da</strong><br />
hoje, e ca<strong>da</strong> vez mais, a mesma irreverência<br />
que a caracterizou, trazendo para as ruas e<br />
aveni<strong>da</strong>s assuntos polêmicos, fatos políticos<br />
e sátiras sociais.<br />
Brilho, música, alegria e muita irreve-<br />
Cecilia Brant<br />
Jornalista<br />
cecilia.brant@gmail.com<br />
Estava a toa na vi<strong>da</strong>...<br />
rência faz<strong>em</strong> <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a ain<strong>da</strong><br />
hoje, <strong>um</strong> dos principais atrativos do carnaval<br />
carioca. Ao longo dos últimos 48 anos<br />
a agr<strong>em</strong>iação de Ipan<strong>em</strong>a lançou nomes,<br />
defendeu causas e falou sério de assuntos<br />
que marcaram a vi<strong>da</strong> dos brasileiros. Cria<strong>da</strong><br />
para ser mais <strong>um</strong>a folia de carnaval, a Ban<strong>da</strong><br />
se tornou <strong>um</strong> importante instr<strong>um</strong>ento<br />
de denúncia.<br />
Em 2003, a Prefeitura do Rio de Janeiro<br />
decidiu tombar a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a,<br />
imortalizando o que já era imortal e a tornando<br />
o primeiro b<strong>em</strong> imaterial a ser tombado<br />
na ci<strong>da</strong>de. A partir <strong>da</strong>quela <strong>da</strong>ta a Ban<strong>da</strong><br />
de Ipan<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> o compromisso de sair<br />
pelas ruas todos os anos, leva<strong>da</strong> pelos seus<br />
organizadores ou mesmo pela prefeitura <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de. Seus milhares de foliões agradec<strong>em</strong>.<br />
A ca<strong>da</strong> ano a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a elege<br />
<strong>um</strong> personag<strong>em</strong> ilustre para patrono. Em<br />
2010 foi a vez de Oscar Ni<strong>em</strong>eyer, <strong>um</strong> de<br />
seus mais ferrenhos admiradores. Durante<br />
seu funeral, Ni<strong>em</strong>eyer recebeu, como derradeira<br />
homenag<strong>em</strong>, o som dos ritmistas<br />
<strong>da</strong> ban<strong>da</strong>. A camiseta de 2013 mostra dois<br />
desenhos do arquiteto: <strong>um</strong>a bandinha e a<br />
mão com <strong>um</strong>a flor. Os atabaques e folhas de<br />
bananeiras são <strong>um</strong>a referência ao Jongo <strong>da</strong><br />
Serrinha, também l<strong>em</strong>brado este ano.<br />
Também <strong>em</strong> 2013 a agr<strong>em</strong>iação com<strong>em</strong>ora<br />
os centenários de nascimento de<br />
Vinícius de Moraes, Jamelão, Paulo Tapajós,<br />
Wilson Batista, Ciro Monteiro e Rub<strong>em</strong><br />
Braga. Neste Carnaval, a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a<br />
promete abrir o desfile com <strong>um</strong> poster de<br />
Ni<strong>em</strong>eyer junto ao de Albino Pinheiro, seu<br />
fun<strong>da</strong>dor.<br />
PROGRAMAçÃO<br />
O bloco fará três grandes desfiles:<br />
<strong>em</strong> 26 de janeiro, 9 e 12 de<br />
fevereiro, com concentração às<br />
16h, na Rua Gomes Carneiro, <strong>em</strong><br />
Ipan<strong>em</strong>a, e a saí<strong>da</strong> prevista para<br />
as 17h30m. No dia 11 de fevereiro,<br />
haverá <strong>um</strong> baile infantil, às 15h,<br />
na Praça General Osório.
Carlos Sampaio<br />
Jornalista e assessor de imprensa <strong>da</strong><br />
Revista Rio Samba & Carnaval<br />
carlos_sampaio@hotmail.com<br />
O Carnaval 2013 terá Grupo de<br />
Acesso com 19 escolas e dois dias de<br />
desfiles. No Grupo Especial, enredos<br />
inéditos e inusitados promet<strong>em</strong> divertir<br />
e <strong>em</strong>ocionar o público<br />
Trinta e <strong>um</strong>a escolas de samba – mais de<br />
40 horas de aveni<strong>da</strong> – e quatro dias seguidos<br />
de desfiles. O folião vai precisar de fôlego<br />
para encarar o Carnaval 2013 na Marquês de<br />
Sapucaí. Por causa <strong>da</strong> criação do novo Grupo<br />
de Acesso A, composto por 19 agr<strong>em</strong>iações,<br />
a maratona no Sambódromo terá início já na<br />
sexta-feira de carnaval. Mu<strong>da</strong>nça: esse era<br />
o dia que tradicionalmente era reservado às<br />
escolas mirins.<br />
No Grupo Especial, 12 escolas<br />
disputarão o sonhado título com enredos<br />
que vão <strong>da</strong> Coréia do Sul às manifestações<br />
rurais do Brasil.<br />
A grande novi<strong>da</strong>de do ano, o desfile <strong>da</strong>s<br />
escolas do Acesso reunirá agr<strong>em</strong>iações dos<br />
antigos grupos A e B que até o último carnaval<br />
eram filia<strong>da</strong>s a extinta Liga <strong>da</strong>s Escolas<br />
de Samba do Grupo de Acesso (Lesga).<br />
Caberá a nova Liga <strong>da</strong>s Escolas de Samba<br />
do Rio de Janeiro (Lierj), a coordenação <strong>da</strong>s<br />
apresentações na sexta-feira, quando nove<br />
escolas passarão pela Sapucaí, e no sábado,<br />
que terá mais 10 escolas. Nos dois dias de<br />
desfile as apresentações começam às 21h e<br />
ca<strong>da</strong> escola terá no máximo 55 minutos para<br />
mostrar seu carnaval. Apenas a campeã sobe<br />
para o Especial <strong>em</strong> 2014, e três escolas serão<br />
rebaixa<strong>da</strong>s para o Grupo B, antigo C, que<br />
desfila na Estra<strong>da</strong> Intendente Magalhães, <strong>em</strong><br />
Campinho. (Zona Oeste do Rio).<br />
Depois de dois anos atípicos — o<br />
primeiro s<strong>em</strong> rebaixamento e o segundo<br />
com 13 escolas desfilando, por causa do<br />
incêndio na Ci<strong>da</strong>de do Samba <strong>em</strong> 2011<br />
— o grupo principal do carnaval voltará<br />
a ter seu moldes normais de competição:<br />
12 escolas se apresentam nas noites de<br />
domingo e segun<strong>da</strong>-feira. A estreante<br />
Inocentes de Belford Roxo abre a festa às<br />
21h do domingo, 10 de fevereiro, segui<strong>da</strong><br />
por Salgueiro, Unidos <strong>da</strong> Tijuca, União <strong>da</strong><br />
Ilha, Moci<strong>da</strong>de e Portela. Na segun<strong>da</strong>-feira<br />
desfilam São Cl<strong>em</strong>ente, Mangueira, Beija<br />
31 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />
Tá chegando a hora<br />
EuSou o Samba<br />
Vamos entender a<br />
maratona dos desfiles e<br />
seus grupos, nos mínimos<br />
detalhes. Isso mesmo, o<br />
carnaval está chengando,<br />
gente!!!<br />
Flor, Grande Rio, Imperatriz e Vila Isabel.<br />
A última coloca<strong>da</strong> entre as 12 será<br />
rebaixa<strong>da</strong> para o Grupo de Acesso A. Na<br />
noite de terça-feira será a vez <strong>da</strong>s escolas de<br />
samba mirins desfilar<strong>em</strong> na Sapucaí.<br />
ENREDOS INÉDITOS<br />
E INUSITADOS<br />
Personagens que o público se<br />
acost<strong>um</strong>ou a ver desfilar no Sambódromo<br />
como índios, nobres portugueses e escravos<br />
vão aparecer menos <strong>em</strong> 2013. Reflexo dos<br />
enredos inéditos e inusitados que as escolas<br />
estão preparando. Afinal quando se imaginou<br />
que a distante Coreia do Sul, as telenovelas<br />
brasileiras ou a divisão dos royalties do<br />
petróleo <strong>da</strong>riam samba? Pois é Quilates<br />
queri<strong>da</strong>s e amigo: <strong>em</strong> 2013 esses são alguns<br />
dos t<strong>em</strong>as que serão levados para a Sapucaí.<br />
A estreante Inocentes de Belford Roxo<br />
talvez seja a agr<strong>em</strong>iação que viajará mais<br />
longe para conquistar as quatro notas 10 do<br />
quesito enredo. A agr<strong>em</strong>iação se volta para<br />
o extr<strong>em</strong>o oriente com o enredo “As sete<br />
confluências do rio Han”, do carnavalesco<br />
Wagner Gonçalves. O desfile vai celebrar os<br />
50 anos de imigração sul-coreana no Brasil.<br />
A vice-campeã e a campeã do último carnaval,<br />
respectivamente a segun<strong>da</strong> e a terceira escola<br />
desfilando no domingo também terão t<strong>em</strong>as<br />
inéditos. O Salgueiro cantará a busca pelo<br />
estrelato com o enredo “Fama”, desenvolvido<br />
pela dupla Renato e Márcia Lage. Enquanto<br />
a Unidos <strong>da</strong> Tijuca, do mestre Paulo Barros,<br />
v<strong>em</strong> de “Desceu n<strong>um</strong> raio, é trovoa<strong>da</strong>! O<br />
deus Thor pede passag<strong>em</strong> pra mostrar nessa<br />
viag<strong>em</strong> a Al<strong>em</strong>anha encanta<strong>da</strong>”.<br />
Na sequência o carnaval canta a música<br />
sob três ritmos distintos. A União <strong>da</strong> Ilha<br />
chega cheia de bossa com a vi<strong>da</strong> e obra do<br />
poetinha Vinícius do Moraes, o nome do<br />
enredo de Alex de Souza é “Vinícius no plural,<br />
paixão, poesia e carnaval”. Depois a Moci<strong>da</strong>de<br />
faz seu solo de guitarra para cantar “Eu vou<br />
de Moci<strong>da</strong>de com samba e Rock in Rio, por<br />
<strong>um</strong> mundo melhor”, de Alexandre Louza<strong>da</strong>.<br />
A Portela fecha a noite exaltando a capital<br />
do samba com “Madureira... Onde o meu<br />
coração se deixou levar”, de Paulo Menezes.<br />
A segun<strong>da</strong> noite também promete<br />
surpreender o público. A São Cl<strong>em</strong>ente já<br />
abre a festa com “Horário Nobre”, enredo do<br />
carnavalesco Fábio Ricardo sobre telenovelas<br />
que marcaram a história <strong>da</strong> dramaturgia<br />
brasileira. Na Mangueira, Cid Carvalho<br />
desenvolve “Cuiabá: Um Paraíso no Centro<br />
<strong>da</strong> América!”, <strong>um</strong>a homenag<strong>em</strong> à capital do<br />
Mato Grosso.<br />
A comissão de carnaval <strong>da</strong> Beija Flor<br />
também inova e mostrará a importância<br />
dos cavalos na história <strong>da</strong> h<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de<br />
com o enredo “Amigo Fiel, do cavalo do<br />
amanhecer ao Mangalarga Marchador”.<br />
Em segui<strong>da</strong>, a Grande Rio entra na<br />
campanha pela divisão justa de royalties<br />
do petróleo com “Amo o Rio e vou à luta:<br />
Ouro negro s<strong>em</strong> disputa...Contra a injustiça<br />
<strong>em</strong> <strong>defesa</strong> do Rio”, de Roberto Szaniecki.<br />
A Imperatriz segue para a região amazônica<br />
para cantar “Pará - O Muiraquitã do Brasil”,<br />
do trio de carnavalescos Cahê Rodrigues,<br />
Kaká e Mário Monteiro. A Vila Isabel, <strong>da</strong><br />
carnavalesca Rosa Magalhães, fecha as<br />
apresentações trazendo para a aveni<strong>da</strong> a<br />
beleza <strong>da</strong> cultura caipira com “A Vila canta o<br />
Brasil, celeiro do mundo - Água no feijão que<br />
chegou mais <strong>um</strong>”.<br />
Vocês acreditam que exist<strong>em</strong> pessoas<br />
que desfilam <strong>em</strong> 3 ou 4 escolas <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> dia?<br />
Então prepar<strong>em</strong>-se:<br />
O amigo médico e <strong>em</strong>presário Marcos<br />
D’Andreia, 42 anos, vai desfilar <strong>em</strong> 4 escolas<br />
por dia, isto mesmo 4 por dia, digo, sexta,<br />
sábado, domingo e segun<strong>da</strong>! Haja amor por<br />
<strong>um</strong>a aveni<strong>da</strong>!!! Nossa, só <strong>em</strong> escrever fiquei<br />
cansado!!!!<br />
“Não f<strong>um</strong>o não bebo e faço to<strong>da</strong> <strong>um</strong>a<br />
preparação <strong>em</strong> acad<strong>em</strong>ia para manter o<br />
pique”. Palavras do nosso maratonista <strong>da</strong><br />
folia.
Babilônia<br />
RJ<br />
há no Rio de Janeiro o Grêmio<br />
Recreativo Esportivo Cultural Bloco<br />
Carnavalesco “Que Mer<strong>da</strong> é Essa?”,<br />
fun<strong>da</strong>do <strong>em</strong> 1995, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a<br />
<strong>um</strong> bloco de Olin<strong>da</strong>, <strong>em</strong> Pernambuco.<br />
A ideia inicial dos fun<strong>da</strong>dores (leio<br />
na internet) era criticar e ironizar<br />
a quali<strong>da</strong>de dos próprios músicos<br />
<strong>da</strong> ban<strong>da</strong>. Com o t<strong>em</strong>po, a crítica foi<br />
amplia<strong>da</strong> a qualquer fato <strong>em</strong> evidência<br />
no Rio e no País. A l<strong>em</strong>brança do<br />
bloco me veio à cabeça menos pela<br />
proximi<strong>da</strong>de do carnaval e mais por me<br />
deparar <strong>em</strong> plena Ipan<strong>em</strong>a com <strong>um</strong>a<br />
placa com letras garrafais anunciando<br />
o BRS. Parei, olhei e tentei entender.<br />
Novato no Rio, fiquei s<strong>em</strong> saber o<br />
que era. In<strong>da</strong>guei a <strong>um</strong>a senhora que<br />
passava qual era o significado <strong>da</strong> tal<br />
placa:<br />
- Ah!! É ônibus que an<strong>da</strong> ligeiro.<br />
Explicou.<br />
Ônibus que an<strong>da</strong> ligeiro? Seria<br />
<strong>um</strong> fura-fila, <strong>um</strong> ligeirinho, <strong>um</strong> ônibus<br />
expresso? Preocupado com minha<br />
ignorância, procurei saber o que era<br />
realmente o tal BRS. E, perplexo, descobri<br />
que era a sigla para Bus Rapid Syst<strong>em</strong>.<br />
Ou seja, <strong>um</strong> sist<strong>em</strong>a para os ônibus<br />
transitar<strong>em</strong> mais rápido <strong>em</strong> corredores<br />
exclusivos. Simples, não? Na<strong>da</strong>. Ain<strong>da</strong> mais<br />
perplexo fiquei ao saber a explicação para<br />
nome na língua pátria de Charles Chaplin,<br />
Jerry Lewis e os irmãos Marx, além dos<br />
Simpsons. Ora, explicou <strong>um</strong> burocrata <strong>da</strong><br />
prefeitura, com certa soberba:<br />
- O Rio de Janeiro recebe muitos<br />
estrangeiros. É para facilitar o acesso deles<br />
ao transporte público. Cravou o nobre<br />
barnabé.<br />
Depois <strong>da</strong> esclarecedora e definitiva<br />
explicação, comecei a preparar <strong>um</strong>a<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 32<br />
What kind de<br />
porra is that?*<br />
manifestação exigindo isonomia para<br />
quando viajar para fora do País. Afinal,<br />
apenas para informar, nós lideramos o<br />
ranking (ops!) dos que mais gastaram <strong>em</strong><br />
Nova Iorque <strong>em</strong> 2012. Mais que ingleses<br />
e canadenses, que foram maioria <strong>em</strong><br />
número de visitantes estrangeiros naquela<br />
ci<strong>da</strong>de. Aproxima<strong>da</strong>mente 830 mil turistas<br />
brasileiros gastaram US$ 1,9 bilhão durante<br />
o ano que passou. É bastante dinheiro para<br />
exigir, e não pedir, que o transporte público<br />
nos Estados Unidos (Miami não vale) seja<br />
anunciado <strong>em</strong> português. Pois pau que dá<br />
<strong>em</strong> Chico dá também <strong>em</strong> Francisco. É falta<br />
de respeito esse tratamento desigual.<br />
É aí que eu queria chegar: a falta de<br />
respeito com a língua portuguesa. Não<br />
cabe aqui elogiar simplesmente o idioma<br />
her<strong>da</strong>do, como faz<strong>em</strong> os poetas e literatos.<br />
Receb<strong>em</strong>os, como poucos países, <strong>um</strong>a<br />
herança tão Benéfica como o português.<br />
Uma língua fala<strong>da</strong> de ponta a ponta <strong>em</strong><br />
todo o território. Países com a nossa<br />
extensão, e até menores, cost<strong>um</strong>am ter<br />
Luis Jorge Natal*<br />
É potiguar, botafoguense, jornalista e atualmente<br />
trabalha com marketing político<br />
mais de <strong>um</strong> idioma, além de dialetos. Aqui<br />
t<strong>em</strong>os apenas expressões regionais e todos<br />
se entend<strong>em</strong>. Qualquer brasileiro pode<br />
sentar n<strong>um</strong> restaurante <strong>em</strong> Porto Alegre ou<br />
Macapá e vai entender o cardápio. A língua<br />
foi fun<strong>da</strong>mental para a identi<strong>da</strong>de nacional<br />
e cultural. Foi com o português que a nossa<br />
música ganhou prestígio internacional.<br />
Não merece ser tão esculhambado.<br />
Hoje não entregamos mais <strong>em</strong><br />
domicílio, é delivery. Não existe mais na<strong>da</strong><br />
dietético, é diet. E por aí vai. Os nomes<br />
dos conjuntos comerciais são ridículos.<br />
Os lançamentos imobiliários não ficam<br />
atrás. Se tudo isso nos transformasse<br />
n<strong>um</strong> país bilíngue, vá lá. Mas faz apenas<br />
deformar. T<strong>em</strong>os que garantir é educação<br />
de quali<strong>da</strong>de para os nossos filhos, pois,<br />
como provam as avaliações do Ministério<br />
<strong>da</strong> Educação, nossas crianças ca<strong>da</strong> vez<br />
sab<strong>em</strong> menos português e mat<strong>em</strong>ática.<br />
Não concordo com leis ridículas que<br />
tentam proibir os anglicismos, o Estado<br />
mal consegue garantir educação decente<br />
para a <strong>juventude</strong>, quanto mais fiscalizar o<br />
uso do nosso idioma. O que peço apenas é<br />
<strong>um</strong> pouco de bom senso.<br />
Na<strong>da</strong> tenho contra a língua inglesa,<br />
n<strong>em</strong> qualquer outro idioma. Cresci<br />
escutando rock e vendo filme americano.<br />
Estudo inglês desde criança, comecei ain<strong>da</strong><br />
no extinto Instituto Brasil Estados Unidos,<br />
<strong>em</strong> Natal. E voltei a estu<strong>da</strong>r no ano passado.<br />
Milha filha fala e escreve essa língua com<br />
fluência e está passando <strong>um</strong> período no<br />
Canadá, na parte inglesa. Sei também que<br />
as línguas são vivas, dinâmicas e pod<strong>em</strong><br />
e dev<strong>em</strong> incorporar novas palavras. A<br />
tecnologia avança e traz novas expressões.<br />
E voltando ao português: canja de galinha<br />
não faz mal a ninguém, evitar o que é<br />
ridículo também não.<br />
E s<strong>em</strong> esquecer ou ser injusto, não<br />
poderia deixar de falar dos cerimoniais.<br />
Não é que acabaram com o intervalo<br />
para o café? Agora é coffee break. E <strong>um</strong>a<br />
inauguração rápi<strong>da</strong>, como foi o caso <strong>da</strong><br />
famosa Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Música (ou <strong>da</strong>s artes),<br />
virou soft opening. Agora chega, acabou a<br />
party, pois tenho <strong>um</strong> job para fazer. E ain<strong>da</strong><br />
vou a <strong>um</strong>a loja onde t<strong>em</strong> sale, já que os<br />
preços estão 15% off.
Paulo César Feital<br />
33 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />
Compositor, poeta, produtor e diretor musical<br />
paulo.feital@globo.com Retranca<br />
Trenzinho Brasileiro<br />
Lá v<strong>em</strong> ele...<br />
Já ouço ao longe<br />
Os acordes estridentes<br />
Do seu apito dolente<br />
Nos trilhos do descampado,<br />
Sugando os seios <strong>da</strong> serra<br />
Já surge do vão <strong>da</strong> terra<br />
O tr<strong>em</strong> dos desamparados.<br />
Lá v<strong>em</strong> ele...<br />
Carregado de tristezas,<br />
Cheinho de desespero,<br />
Se aproxima <strong>da</strong> estação,<br />
Da vila <strong>da</strong> opressão,<br />
Meu trenzinho brasileiro.<br />
V<strong>em</strong> parando,<br />
Lamentando,<br />
Grita, chora, chora e grita<br />
Chora e grita, grita, chora, chora,<br />
chor... cho...ch...ch...<br />
Na estação não t<strong>em</strong> ninguém,<br />
Ninguém espera qu<strong>em</strong> v<strong>em</strong>,<br />
Qu<strong>em</strong> v<strong>em</strong> não t<strong>em</strong> mais ninguém,<br />
N<strong>em</strong> pai, n<strong>em</strong> mãe, n<strong>em</strong> parente.<br />
E o viajante pressente<br />
Que o Brasil, infelizmente,<br />
É o exílio do passado<br />
Onde qu<strong>em</strong> faz a história<br />
Não merece estar presente.<br />
São três vagões que formam a composição.<br />
Na frente, <strong>em</strong> letras borra<strong>da</strong>s pelo sangue<br />
<strong>da</strong>s canções,<br />
Se lê no primeiro carro,<br />
Todo sujo pelo barro:<br />
“Vagão <strong>da</strong>s Desilusões”.<br />
Nele viajam calados,<br />
Com os olhos injetados<br />
Do choro <strong>da</strong> solidão:<br />
Pixinguinha, Orestes, Noel,<br />
Patápio, Custódio e Nazareth,<br />
Francisco, Orlando e Ary,<br />
Lamartine e Ataulpho,<br />
Wilson, Geraldo e Ismael,<br />
Antonio Maria e Dolores,<br />
Ciro, Zéquinha e Dalva,<br />
Lupicinio, Nelson, Cartola,<br />
Zé ketti e Mauro Duarte,<br />
Monsueto,Wilson e Candeia,<br />
João Nogueira e Jamelão,<br />
Rafael e Paulo Moura...<br />
E senta<strong>da</strong> lá no fim,<br />
N<strong>um</strong> velho banco de couro,<br />
Chiquinha com a rosa morta<br />
Do cordão “Rosa de Ouro”<br />
E o tr<strong>em</strong> range sofrimento,<br />
N<strong>um</strong> soluço lento, lento,<br />
Destilando na f<strong>um</strong>aça<br />
A m<strong>em</strong>ória de <strong>um</strong>a raça<br />
No vagão do esquecimento.<br />
Que povo é esse, meu Deus,<br />
Que detesta ser chamado<br />
De colônia e filial,<br />
Mas que brinca o carnaval<br />
Balançado pelo rock,<br />
E nas horas de aflição<br />
Já te chama na oração<br />
De “my brother,de “my God”?<br />
Que povo é esse,meu Deus?<br />
O segundo carro é o mais deprimente.<br />
Gente que até muito pouco t<strong>em</strong>po<br />
Fazia parte desse mundo muito louco,<br />
Dando <strong>um</strong> pouco de alento<br />
A índios, negros, caboclos,<br />
Que no planeta <strong>da</strong> gente<br />
São chamados de pingentes<br />
Quando pegam o tr<strong>em</strong> dos vivos.<br />
Qu<strong>em</strong> an<strong>da</strong> nesse vagão<br />
Tocou fundo o coração<br />
De todos que aqui estão.<br />
Mas apesar do pouco t<strong>em</strong>po,<br />
Entre o desencarne e a vi<strong>da</strong>,<br />
Já são vozes esqueci<strong>da</strong>s<br />
Pela m<strong>em</strong>ória <strong>da</strong> gente.<br />
É o “Vagão dos Penitentes”!!!<br />
Um poeta e duas vozes<br />
Que resistiram aos algozes<br />
Enquanto a vi<strong>da</strong> pulsou.<br />
Quando vivos,<br />
Mon<strong>um</strong>entos <strong>da</strong> Cultura Nacional!<br />
Enquanto serviram ao corvo,<br />
Aos interesses dos lobos,<br />
Era do povo aviva<strong>da</strong><br />
A m<strong>em</strong>ória escraviza<strong>da</strong><br />
Pelo sist<strong>em</strong>a imoral.<br />
Mas eles eram a resistência!<br />
Hoje pagam a penitência<br />
Do esquecimento total<br />
No vagão mais infeliz:<br />
Vinícius,Clara e Elis!<br />
Chora , grita , grita, chora,<br />
Grita, chora, chora, grita,<br />
chor...cho...ch..ch...<br />
Que povo é esse , meu Deus,<br />
Que detesta ser chamado<br />
De colônia e filial<br />
Mas que brinca o carnaval<br />
Balançado pelo rock<br />
E nas horas de aflição<br />
Já te chama na oração<br />
De “my brother”,de “my God”?<br />
Que povo é esse , meu Deus?<br />
Mas qu<strong>em</strong> esquece não é o povo,é a”nata”.<br />
Gente que nunca viu a beleza <strong>da</strong>s cascatas,<br />
A jaçanã pelo mangue,<br />
O tiê n<strong>um</strong> vôo-sangue<br />
Avermelhando essas matas,<br />
Ou <strong>um</strong> mulato no sapê<br />
Cantando as suas bravatas.<br />
No último vagão ouv<strong>em</strong>-se gritos.<br />
É o “Carro dos Alaridos”,<br />
O “Vagão dos Oprimidos”.<br />
Parece sardinha <strong>em</strong> lata,<br />
É gente feito sucata,<br />
Mortos-vivos e feridos.<br />
É o “Carro dos Aguerridos”!<br />
É tanta gente morena,<br />
Um cheiro de alfaz<strong>em</strong>a<br />
Misturado com suor,<br />
Fragrância que eu sei de cor<br />
Pelo vício dos sentidos.<br />
É o “Carro dos Abandonados”,<br />
Dos párias, dos maus fa<strong>da</strong>dos,<br />
Da miséria e cari<strong>da</strong>de.<br />
É o “Vagão <strong>da</strong> H<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de”!<br />
É gente que por mais que eles tent<strong>em</strong>,<br />
A ternura jamais arrefece!<br />
É o povo, gente. É o povo,<br />
E o povo jamais esquece!<br />
Chora,grita , grita , chora<br />
Grita , chora,<br />
Se levanta e chor...cho.. ch...<br />
E lá no final dos trilhos,<br />
Correndo atrás do vagão,<br />
Chegando assim tão sozinhos,<br />
Gritando: -“Esper<strong>em</strong>, tinha <strong>um</strong>a pedra no<br />
caminho<br />
No caminho tinha <strong>um</strong>a pedra”,<br />
Em alta voz e bom som,<br />
Os últimos dos esquecidos:<br />
Antonio Carlos Jobim,<br />
Poeta Carlos Dr<strong>um</strong>ond.<br />
Chora ,grita ,grita ,chora,<br />
Chor... Ch..Ch...<br />
Vai maestro, leva o povo<br />
Maquinista Villa Lobos,<br />
Vai e não volta mais,<br />
Leva esse negro pé-de-cana,<br />
Esse mulato tão louco,<br />
Esse povo meio gira,<br />
Vai cantando as Bachianas...<br />
Vai cantando as Bachianas...<br />
Meu trenzinho caipira!!
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 34 Autor<br />
Retranca Reveillon no Piantella<br />
A confraternização dos Baracat<br />
Frederico Guilherme se confraternizando com seus familiares<br />
Lúcio Neves e Carlos Odorico com seus familiares e amigos<br />
Sandra e Olivier Matos<br />
Oswaldo Rocha<br />
Jornalista Jornalsta<br />
E-mail mundovip@terra.com.b<br />
Maurício L<strong>em</strong>os e familiares<br />
Ana Carolina e Leandro Szervinsk com o filho Hugo<br />
As glamourosas primas Lucila, Juliana e Alessandra<br />
Borges<br />
O pianista Mário Pinheiro (que com seus acordes<br />
abrilhantou a vira<strong>da</strong> do ano) com seu filho, Mário<br />
Filho, sua nora Laura e sua neta Luísa<br />
Teresa e Paulo Peres Isabela e Rodrigo Peres com Shelbi e Leonardo Sal<strong>em</strong>i<br />
Dalila e Luiz Quintanilha<br />
Fotos: Oswaldo Rocha
Reveillon no Copacabana Palace<br />
Cristine e Eduardo Paes Claudia Fialho e Guilherme Sampaio Ferraz<br />
Gerard Waldner e Sílvia Amélia<br />
Ferraz<br />
Andréa Natal e Yasmin Brunet<br />
Totia Meirelles - Jaime Rabacov<br />
35 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />
Maria Pia Marcondes Ferraz com as filhas Allegra e<br />
Sílvia Amélia<br />
Nathália Rodrigues, Vanessa Giácomo e<br />
Emanuelle Araújo<br />
Nívea Stelmann Karen Brustolin e Alexandre Nero<br />
Fotos: Paulo Jabur<br />
Marcos Caruso e passistas Fernan<strong>da</strong> Machado Olívia e Flávia Alessandra com Mariana Rios<br />
"ABRE TEUS BRAçOS à MUDANçA, MAS NÃO ABANDONES OS TEUS VALORES"
Terapia<br />
Inocência<br />
RJ Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 36<br />
Rosângela Alvarenga<br />
há pouco t<strong>em</strong>po me encontrei no facebook<br />
com <strong>um</strong>a jóia de valor incalculável para mim.<br />
Uma rara entrevista com Freud, concedi<strong>da</strong> ao<br />
jornalista americano George Sylvester Viereck,<br />
<strong>em</strong> 1926. Sigmund tinha 70 anos e usava <strong>um</strong>a<br />
prótese no maxilar superior que necessitou ser<br />
operado por causa <strong>um</strong> t<strong>um</strong>or maligno.<br />
Entrevistando <strong>um</strong> hom<strong>em</strong> nessas condições, ou<br />
seja, já visl<strong>um</strong>brando a barca de Caronte, perguntou<br />
se Freud acreditava na persistência <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de<br />
após a morte, de alg<strong>um</strong>a forma que fosse. Ao que este<br />
respondeu: “Não penso nisso. Tudo o que vive perece.<br />
Por que deveria o hom<strong>em</strong> constituir <strong>um</strong>a exceção?”<br />
Seguindo com a entrevista:<br />
No começo, a psicanálise supôs que o Amor tinha<br />
to<strong>da</strong> a importância. Agora sab<strong>em</strong>os que a Morte é<br />
igualmente importante. Biologicamente, todo ser<br />
vivo, não importa quão intensamente a vi<strong>da</strong> queime<br />
dentro dele, anseia pelo Nirvana, pela cessação <strong>da</strong><br />
“febre chama<strong>da</strong> viver”, anseia pelo seio de Abraão. O<br />
desejo pode ser encoberto por digressões.<br />
Brinca: seria mais possível que pudéss<strong>em</strong>os<br />
vencer a Morte se não fosse por este desejo de parar<br />
de viver, aliado <strong>da</strong> Magra, dentro de nós.<br />
Estou pegando pesado, eu sei, mas já vou aliviar.<br />
Minha intenção não é falar sobre Morte, mas sobre<br />
os efeitos malignos <strong>da</strong> ignorância. É que por outra<br />
mídia encontrei e encarei a leitura do lançamento<br />
de <strong>um</strong> livro de <strong>um</strong> psicólogo americano chamado<br />
Michael Shermer: “Cérebro & crença” <strong>da</strong> (Editora<br />
JSN). Um debate sobre razão e religião.<br />
É claro que o cientista e defensor radical do<br />
pensamento científico, estu<strong>da</strong> há três déca<strong>da</strong>s os<br />
mecanismos neurológicos que faz<strong>em</strong> as pessoas<br />
acreditar<strong>em</strong> <strong>em</strong> coisas tão diferentes quanto Deus,<br />
milagres, fenômenos paranormais, ETs, astrologia,<br />
d<strong>em</strong>ônios ou anjos. A explicação é única: as crenças<br />
são adquiri<strong>da</strong>s desde muito cedo, e o cérebro aprende<br />
a usar suas capaci<strong>da</strong>des racionais para justificar tudo<br />
<strong>em</strong> que se crê.<br />
Ora, qualquer neurótico que se preze faz isso o<br />
t<strong>em</strong>po todo. Quer levantar cedo, mas... Ah! Hoje posso<br />
chegar mais tarde no trabalho. Quer <strong>em</strong>agrecer s<strong>em</strong><br />
parar de comer, ganhar dinheiro s<strong>em</strong> trabalhar, é só<br />
essa vez, juro, etc., tudo isso apoiado por justificativas<br />
e explicações aparent<strong>em</strong>ente superplausíveis e só o<br />
automentiroso sabe o quanto custa elaborá-las! E por<br />
que o coitado/ ou delinquente faz isso?<br />
Porque não é mais inocente. Tendo tomado, a<br />
contra gosto porque v<strong>em</strong> junto com responsabili<strong>da</strong>de,<br />
a consciência de <strong>um</strong> bocado de comportamentos<br />
seus que obviamente o levaram para o brejo, porém<br />
Astróloga e Psicanalista<br />
rosangela.alvarenga@globo.com<br />
ele queria muito ir lá, mentiu para si mesmo o<br />
famoso: “desta vez vai ser diferente!”<br />
Na aurora do século 20, Sigmund Freud já tinha<br />
estu<strong>da</strong>do tudo isso: o inconsciente e suas mil e <strong>um</strong>a<br />
manhas para convencer o sujeito e não mais indivíduo:<br />
ele está sujeito à Lei, mas é divisível e completamente<br />
automanipulável até cansar de quebrar a cara, e<br />
resolver ir aceitando, aos trancos e barrancos que não<br />
pode fazer tudo o que o seu desejo, seja de vi<strong>da</strong> ou de<br />
morte man<strong>da</strong>.<br />
Quando o entrevistador pergunta para ele se<br />
<strong>um</strong>a <strong>da</strong>s conclusões de “Cérebro & crença” é que o<br />
cérebro mente para as pessoas? Ele diz que sim!<br />
“Nosso cérebro age como <strong>um</strong> advogado n<strong>um</strong><br />
julgamento: montando evidências a favor de seu<br />
cliente, que nesse caso são nossas crenças, e<br />
ignorando ou recusando to<strong>da</strong>s as provas que não se<br />
encaixam ou derrubam essas crenças”.<br />
Justamente! Desde o hom<strong>em</strong> primitivo – ele<br />
mesmo nos conta como já fazia suas manipulações e<br />
se enganava a rodo.<br />
Só resta colocar o cientista n<strong>um</strong>a máquina do<br />
t<strong>em</strong>po feita nos moldes <strong>da</strong> mais moderna tecnologia<br />
e apresentá-lo ao mesmo velhinho doente que<br />
concedeu a entrevista cita<strong>da</strong> lá ano começo!
ENTREVISTA<br />
Você é maranhense e muita liga<strong>da</strong><br />
à sua terra e a sua gente. De onde v<strong>em</strong><br />
a sua paixão pela Mangueira?<br />
Desde a <strong>juventude</strong>, no Maranhão,<br />
a Mangueira já me chamava a atenção.<br />
Quando vim para o Rio e conheci a Estação<br />
Primeira, virou paixão pra to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. A<br />
Estação Primeira de Mangueira, como diz<br />
o poeta, não cabe explicação mesmo.<br />
Além do samba e <strong>da</strong>s amizades<br />
construí<strong>da</strong>s ao longo dos anos, sua<br />
dedicação à Mangueira vai <strong>um</strong> pouco<br />
mais além. Como é essa relação com a<br />
comuni<strong>da</strong>de, com os <strong>projeto</strong>s sociais<br />
<strong>da</strong> Escola?<br />
Muitos viraram amigos mesmo, quase<br />
<strong>da</strong> família. A Nilc<strong>em</strong>ar, neta do Cartola,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, t<strong>em</strong> <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> comunitário<br />
maravilhoso, o Centro Cultural Cartola, e<br />
Marcus Hermes<br />
ficou amiga de to<strong>da</strong> a minha família. Já fiz<br />
parte <strong>da</strong> criação de alguns <strong>projeto</strong>s, como<br />
a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Mangueira do Amanhã.<br />
E s<strong>em</strong>pre estou disposta a auxiliar a<br />
Mangueira. Quando posso... Mas, pelos<br />
inúmeros compromissos profissionais que<br />
tenho, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre posso acompanhar o<br />
dia a dia <strong>da</strong> Escola.<br />
Você s<strong>em</strong>pre conta <strong>em</strong> seus shows<br />
que o Rio de Janeiro te acolheu com<br />
carinho. Foi s<strong>em</strong>pre assim? Como é<br />
hoje a sua relação com a ci<strong>da</strong>de e com<br />
os cariocas? Você sai, vai ao shopping,<br />
à praia, namora, participa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de?<br />
O Rio de Janeiro é a “minha segun<strong>da</strong><br />
casa”. Aquela que me acolheu e me<br />
<strong>projeto</strong>u. Devo muito a esta Ci<strong>da</strong>de, e<br />
agradeço aos cariocas pela acolhi<strong>da</strong> que me<br />
concederam. Quanto a sair, ir às compras,<br />
frequentar esse ou aquele lugar, fica meio<br />
difícil pra mim. Ultimamente, tenho<br />
viajado pelo Brasil inteirinho para divulgar<br />
o meu novo trabalho fonográfico intitulado<br />
“Duas Faces”. É <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> com<strong>em</strong>orativo,<br />
pelos meus quarenta anos de carreira, e<br />
tenho batido <strong>um</strong>a perna por aí... Mas não<br />
me escondo não, não sou nenh<strong>um</strong>a Greta<br />
37 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />
Alcione, charme e simpatia<br />
Relação de amor com a Estação Primeira<br />
Maranhense de nascença e alma, e<br />
carioca de coração, Alcione, entre <strong>um</strong><br />
show, <strong>um</strong>a gravação e <strong>um</strong>a reunião<br />
familiar, bate <strong>um</strong> papo com a REVISTA<br />
ENTRE LAGOS e fala <strong>da</strong> sua relação<br />
com o Rio de Janeiro, com a Estação<br />
Primeira de Mangueira e, ain<strong>da</strong>,<br />
conta <strong>um</strong> pouco do seu trabalho atual.<br />
Senhoras e senhores, com vocês, a<br />
Marrom!!!<br />
Fotos: Raphael Dias<br />
Garbo. Quando posso, vou aos lugares,<br />
transito por aí mesmo....<br />
O que você espera para o Rio de<br />
Janeiro?<br />
Que encontre a necessária PAZ para<br />
poder se desenvolver condignamente!<br />
O Rio, que vai receber tantos eventos<br />
internacionais a partir deste ano, precisa<br />
exalar tranquili<strong>da</strong>de para recepcionar os<br />
visitantes - do exterior e <strong>da</strong>qui.<br />
V<strong>em</strong> novi<strong>da</strong>des por aí? O que seu<br />
público pode esperar para 2013?<br />
Ah, felizmente, novi<strong>da</strong>des não<br />
faltam nunca...Além de continuar a<br />
turnê do <strong>projeto</strong> Duas Faces, vou gravar,<br />
depois do Carnaval, <strong>um</strong> novo álb<strong>um</strong>.Pra<br />
isso, já estou mergulhando n<strong>um</strong> mundo<br />
de canções que recebo, todos os anos.<br />
É t<strong>em</strong> muita coisa boa, canções lin<strong>da</strong>s<br />
...Um trabalho difícil, quase de garimpo,<br />
mesmo... Mas vale a pena, é muito<br />
gratificante. Me aguarde.
Entrevista<br />
RJ<br />
EL - O seu partido, o PV, parece ganhar<br />
espaço a ca<strong>da</strong> ano no mundo político.<br />
Qual a sua expectativa para os próximos<br />
anos, e, é claro para 2014?<br />
FG - É ain<strong>da</strong> <strong>um</strong> pouco cedo para falar<br />
<strong>da</strong>s expectativas <strong>em</strong> 2014. Viver<strong>em</strong>os<br />
ain<strong>da</strong> todo o ano de 2013 e no<br />
final dele, virão as definições. Viv<strong>em</strong>os<br />
<strong>um</strong> 2012 economicamente probl<strong>em</strong>ático,<br />
com baixo crescimento.<br />
O PV deve apresentar <strong>um</strong>a perspec-<br />
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 38<br />
Gabeira vê Marina Silva<br />
com chances <strong>em</strong> 2014<br />
O escritor, jornalista e político, Fernando Gabeira, mineiro de Juiz<br />
de Fora, 72 anos e <strong>um</strong> dos maiores líderes do Partido Verde, vê com otimismo<br />
e entusiasmo o momento político que atravessa. E experiência e<br />
sabedoria para avaliar esse momento político ele t<strong>em</strong> de sobra, e tudo que<br />
faz e projeta t<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre o aval e respaldo de seus seguidores. Gabeira t<strong>em</strong><br />
história, e <strong>da</strong>s mais ricas. De 1964 a 1968 ele brilhou como jornalista no<br />
antigo Jornal do Brasil, talvez o mais importante jornal do País na época.<br />
Em 60 Gabeira ingressou pra valer na política, e liderou luta arma<strong>da</strong> contra<br />
a ditadura. Foi preso e exilado político. Na literatura apareceu com sucesso<br />
com o livro “O que é isso com panheiro”, que mais tarde virou filme. Fez<br />
também “O crepúsculo do macho”, outro sucesso. De 1998 a 2010, como<br />
Deputado Federal defendeu o Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados.<br />
Em 2008 tentou ser prefeito do Rio, mas foi derrotado e <strong>em</strong> 2010, como<br />
candi<strong>da</strong>to a Governador de seu Estado ficou <strong>em</strong> segundo lugar n<strong>um</strong>a eleição<br />
concorri<strong>da</strong>. Na conversa com o editor de Entre Lagos e a repórter<br />
Daisy Nascimento, Gabeira se diz tranquilo quanto ao seu futuro político<br />
e elogiou a gestão de Eduardo Paz a frente <strong>da</strong> prefeitura do Rio. Segundo<br />
ele, Marina Silva teve <strong>um</strong> bom des<strong>em</strong>penho na última campanha eleitoral<br />
e t<strong>em</strong> chances de vencer <strong>em</strong> 2014.<br />
tiva depois de discutir o quadro<br />
nacional no final do ano.<br />
EL - To<strong>da</strong>s as pesquisas junto a<br />
opinião pública nos últimos t<strong>em</strong>pos<br />
apontam a classe politica <strong>em</strong> baixa<br />
credibili<strong>da</strong>de. O que o senhor acha<br />
disso ?<br />
FG - O descrédito nos políticos é perfeitamente<br />
compreensivel. Os escân<strong>da</strong>los<br />
sucessivos, a resposta corporativa<br />
que o Congresso t<strong>em</strong> diante deles,<br />
tudo isso contribui para o afastamento<br />
<strong>da</strong> população e para a crença<br />
de que os políticos quer<strong>em</strong> apenas<br />
enriquecer.<br />
EL - Qual a sua opinião sobre a política am-<br />
bientalista do governo Dilma? Mudou<br />
alg<strong>um</strong>a coisa <strong>em</strong> relação ao governo<br />
Lula ?<br />
FG - A política ambiental que o Brasil de-<br />
fende nas conferências internacionais<br />
é ca<strong>da</strong> vez mais avança<strong>da</strong>. Internamente,<br />
no entanto, os progressos<br />
são pequenos. A política de estímulo<br />
à indústria de automóveis e a ven<strong>da</strong><br />
de carrros <strong>em</strong> longas prestações é insustentável<br />
diante do quadro caótico<br />
do trânsito nas principais ci<strong>da</strong>des<br />
brasileiras.<br />
EL - O que o senhor achou <strong>da</strong> atitude do De-<br />
putado José Genoino, condenado pelo<br />
Supr<strong>em</strong>o, tomar posse na Camara ?
FG - Não creio que José Genoino tenha<br />
condições políticas ou psicológicas<br />
para exercer b<strong>em</strong> o seu man<strong>da</strong>to nos<br />
meses que anteced<strong>em</strong> à decisão dos<br />
recursos no Supr<strong>em</strong>o. Seu man<strong>da</strong>to,<br />
como qualquer outro, consome R$136<br />
mil por mês. Seria muito mais correto<br />
com a população não ass<strong>um</strong>ir.<br />
EL - Aspásia Camargo fez <strong>um</strong>a boa campanha<br />
para a prefeitura do Rio, t<strong>em</strong> a<br />
simpatia popular e <strong>um</strong>a reconheci<strong>da</strong> ficha<br />
limpa. Por que ela teve votação tão<br />
baixa ?<br />
FG - As eleções no Rio ficaram polariza<strong>da</strong>s<br />
entre o grande favorito, Eduardo<br />
Paes, e Marcelo Freixo, do PSOL. Os<br />
votos de oposiçao acabaram se concentrando<br />
no candi<strong>da</strong>to do PSOL<br />
e Aspásia não conseguiu, no curto<br />
t<strong>em</strong>po que tinha e poucos recursos,<br />
alterar essa polarização.<br />
EL - O Rio elegeu Eduardo Paes com <strong>um</strong> caminhão<br />
de votos. Qual a sua avaliação<br />
política do prefeito do Rio?<br />
FG - Eduardo Paes é o prefeito<br />
que conduzirá o Rio nos<br />
grandes eventos, inclusive<br />
as Olimpía<strong>da</strong>s.A população<br />
optou por <strong>um</strong>a continui<strong>da</strong>de e<br />
ele passa agora pela prova do<br />
segundo man<strong>da</strong>to. Creio que<br />
contribuiu para sua gestão o<br />
apoio decidido do governo<br />
federal e estadual.<br />
EL - O senhor desfruta de <strong>um</strong>a grande simpatia<br />
popular, inclusive de eleitores de<br />
outros partidos. Essa credencial anima<br />
o senhor para <strong>um</strong>a futura candi<strong>da</strong>tura?<br />
FG - Voltei ao jornalismo e a profissão<br />
d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de,<br />
sobretudo n<strong>um</strong> momento<br />
de grandes transformações,<br />
provoca<strong>da</strong>s pela revolução<br />
digital. Como disse no livro<br />
que acabo de lançar, Onde Está<br />
Tudo Aquilo Agora, a reali<strong>da</strong>de<br />
mu<strong>da</strong> muito e o r<strong>um</strong>o do país<br />
vai definir para mim o que fazer<br />
no futuro.<br />
39 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />
EL - Além dos aeroportos, transporte, segurança<br />
e rede hoteleira quais os itens<br />
que dev<strong>em</strong> merecer maior atenção no<br />
Rio com relação a Copa de 2014 ?<br />
FG - O grande probl<strong>em</strong>a é tornar todo o<br />
investimento na Copa de Olímpia<strong>da</strong>s<br />
<strong>em</strong> algo que fique para a ci<strong>da</strong>de,<br />
depois dos eventos. É o chamado legado.<br />
N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre o que é bom para<br />
os jogos é o melhor para a ci<strong>da</strong>de. No<br />
entanto, o governo precisa aproveitar<br />
o vol<strong>um</strong>e de recursos que que os<br />
eventos alavancam para construir<br />
algo duradouro para o futuro do Rio,<br />
como fez Barcelona por ex<strong>em</strong>plo.<br />
EL - As UPPs parece que de fato levam a digni<strong>da</strong>de<br />
e a segurança as favelas. Na sua<br />
opinião o que falta para que o Rio resolva<br />
de vez os probl<strong>em</strong>as socias <strong>da</strong> periferia ?<br />
FG - As UPPs foram <strong>um</strong> êxito nas comuni<strong>da</strong>des<br />
qu<strong>em</strong> o governo as implantou.<br />
No entanto, O Rio t<strong>em</strong> mais de<br />
mil comuni<strong>da</strong>des e o cobertor é curto.<br />
A violência tende a se transferir<br />
para zonas <strong>da</strong> periferia e ci<strong>da</strong>des médias<br />
do EstadO.<br />
EL - Objetivamente, qual o fato realmente<br />
positivo que aconteceu na RIO+20?
*Verifi que condições de pagamento com a construtora e/ou agente fi nanceiro.<br />
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