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O velho Bandeira. In: Luiz<br />
Edmundo, O <strong>Rio</strong><br />
de Janeiro do meu tempo. <strong>Rio</strong><br />
de Janeiro,<br />
forros ou nas povoações formadas de<br />
antigos quilombos <strong>no</strong> interior, apenas<br />
começa a se reestruturar <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo<br />
contexto da capital. Bem cedo, muitos<br />
negrinhos eram expostos a uma<br />
auto<strong>no</strong>mia precoce e injusta, chamados<br />
à necessidade de prover ou pelo me<strong>no</strong>s<br />
[pg. 68] de ajudar <strong>no</strong> sustento, <strong>no</strong><br />
melhor das vezes achando uma<br />
oportunidade de se engajar como<br />
ajudantes das empresas artesanais,<br />
distantes das possibilidades da<br />
educação sistemática nas escolas, a<br />
vida os tornando escolados mas os<br />
mantendo analfabetos. D.Carmem fala<br />
da formação e da vida profissional do<br />
Xibuca, seu marido:<br />
ele aprendeu com os amigos do pai dele, que era meu sogro, que<br />
levava ele pra casa deles pra ele aprender. Ele comprava martelo,<br />
paus, pregos, levava pra ele aprender a fazer aquelas casinhas de<br />
bonecas, e dali que eles conseguiam. Quando abriam oficinas ele aí<br />
pedia uma vaga, gostavam dele e aí ele ia aprender (...) Trabalhavam<br />
mais como biscateiros, pedreiros, meu marido nunca teve patrão. Em<br />
trabalho de obra depois que ele aprendeu, tratava obra por conta<br />
própria e botava duas ou três pessoas pra trabalhar como operário.<br />
(...) Meu marido não quis ficar na Bahia, aqui <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> se ganhava mais<br />
dinheiro, ele abriu uma oficina e ficou trabalhando aqui, tomava<br />
móveis para fazer, e consertava camas, aumentava diminuía,<br />
empalhava cadeiras. Um lutador! (Depoimento de Carmem Teixeira da<br />
Conceição).<br />
Conta Heitor dos Prazeres, <strong>no</strong> seu depoimento para o Museu