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sua ocupação era difícil <strong>no</strong>s primeiros tempos, as enchentes<br />
tornando, nas marés altas, seus morros em ilhas que se<br />
separavam provisoriamente do continente. Freqüentado<br />
inicialmente por pescadores e marinheiros aproximados pelo<br />
porto, fora da cidade oficial, mas imediatamente contígua, o lugar<br />
manteria essa marca ao longo dos a<strong>no</strong>s, marginal mas<br />
complementar e funcional ao Centro administrativo. A<br />
administração colonial e a Igreja usariam a área para suas<br />
atividades me<strong>no</strong>s “<strong>no</strong>bres”, relacionadas à lida com os<br />
subalter<strong>no</strong>s. Assim, lá se instala o Aljube, prisão eclesiástica,<br />
depois cadeia comum, como o cemitério dos Pretos Novos. Seus<br />
primeiros largos abrigam as forcas e os pelourinhos da justiça<br />
municipal e, depois, o grande mercado de escravos do Valongo,<br />
para onde convergiria todo o comércio de homens, uma das<br />
atividades econômicas principais do <strong>Rio</strong> colonial. Seu passado é<br />
negro?<br />
Mas é o porto que se alonga para os lados, que daria a feição<br />
definitiva do bairro, por onde passa tanto a produção agrária da<br />
cidade como as mercadorias que chegam de Portugal, e o ouro das<br />
Minas Gerais para o embarque <strong>no</strong>s galeões — que justifica a<br />
transferência da capital colonial de Salvador para o <strong>Rio</strong> —, o<br />
transporte dos grandes fardos entre os navios e os trapiches,<br />
provocando uma atividade febril e característica nas suas ruas.<br />
Nas primeiras décadas do século XIX, a área urbana é dividida em<br />
cinco freguesias entre os morros do Centro, quando a população<br />
residia principalmente nas freguesias de Santana e de Santa Rita,<br />
esta compreendendo a área situada nas proximidades do cais,<br />
bairro de moradia [pg. 56] popular onde a população vai<br />
crescendo com a chegada crescente de migrantes, se apertando a<br />
gente em mansões tornadas habitações coletivas e nas casinhas