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23.02.2013 Views

alojavam mais de 14 mil pessoas, afastando do Centro e da zona do porto — que pelo fim do século passado se estendia para além da praça Mauá, de Sacadura Cabral até a Gamboa — tanto a gente pequena vinda do Império, como negros, nordestinos e europeus recém-chegados na cidade. A Saúde, onde se concentrava grande parte da colônia baiana, integrados os homens como estivadores no porto, seria também afetada pelas reformas, fazendo com que muitos, juntamente com seus novos parceiros arrebanhados pela situação comum, fossem procurar moradia pelas ruas da Cidade Nova, além do Campo de Santana, ou para os subúrbios e, logo depois, nos morros em torno do Centro. [pg. 55] Favelados do morro da Babilônia. Foto A Noite , fotógrafo não identificado, s.d. Na verdade, a zona da Saúde é uma parte antiga da cidade. Os entornos da extensão da enseada depois do Centro da cidade,

sua ocupação era difícil nos primeiros tempos, as enchentes tornando, nas marés altas, seus morros em ilhas que se separavam provisoriamente do continente. Freqüentado inicialmente por pescadores e marinheiros aproximados pelo porto, fora da cidade oficial, mas imediatamente contígua, o lugar manteria essa marca ao longo dos anos, marginal mas complementar e funcional ao Centro administrativo. A administração colonial e a Igreja usariam a área para suas atividades menos “nobres”, relacionadas à lida com os subalternos. Assim, lá se instala o Aljube, prisão eclesiástica, depois cadeia comum, como o cemitério dos Pretos Novos. Seus primeiros largos abrigam as forcas e os pelourinhos da justiça municipal e, depois, o grande mercado de escravos do Valongo, para onde convergiria todo o comércio de homens, uma das atividades econômicas principais do Rio colonial. Seu passado é negro? Mas é o porto que se alonga para os lados, que daria a feição definitiva do bairro, por onde passa tanto a produção agrária da cidade como as mercadorias que chegam de Portugal, e o ouro das Minas Gerais para o embarque nos galeões — que justifica a transferência da capital colonial de Salvador para o Rio —, o transporte dos grandes fardos entre os navios e os trapiches, provocando uma atividade febril e característica nas suas ruas. Nas primeiras décadas do século XIX, a área urbana é dividida em cinco freguesias entre os morros do Centro, quando a população residia principalmente nas freguesias de Santana e de Santa Rita, esta compreendendo a área situada nas proximidades do cais, bairro de moradia [pg. 56] popular onde a população vai crescendo com a chegada crescente de migrantes, se apertando a gente em mansões tornadas habitações coletivas e nas casinhas

alojavam mais de 14 mil pessoas, afastando do Centro e da zona<br />

do porto — que pelo fim do século passado se estendia para além<br />

da praça Mauá, de Sacadura Cabral até a Gamboa — tanto a<br />

gente pequena vinda do Império, como negros, <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s e<br />

europeus recém-chegados na cidade. A Saúde, onde se<br />

concentrava grande parte da colônia baiana, integrados os<br />

homens como estivadores <strong>no</strong> porto, seria também afetada pelas<br />

reformas, fazendo com que muitos, juntamente com seus <strong>no</strong>vos<br />

parceiros arrebanhados pela situação comum, fossem procurar<br />

moradia pelas ruas da Cidade Nova, além do Campo de Santana,<br />

ou para os subúrbios e, logo depois, <strong>no</strong>s morros em tor<strong>no</strong> do<br />

Centro. [pg. 55]<br />

Favelados do morro da Babilônia. Foto A Noite , fotógrafo não identificado, s.d.<br />

Na verdade, a zona da Saúde é uma parte antiga da cidade.<br />

Os entor<strong>no</strong>s da extensão da enseada depois do Centro da cidade,

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