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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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um candomblé colossal a perambular pelas [pg. 40] ruas da cidade. E<br />

de feito vingavam-se assim os negros fetichistas das impertinências<br />

intermitentes da polícia exibindo em público a sua festa (Nina<br />

Rodrigues, op. cit).<br />

Nos cantos das nações se tornam comuns as giras dos<br />

batuqueiros onde vai surgir o samba baia<strong>no</strong>, motivos<br />

desenvolvidos pelo coro e contestados pelos solistas: o samba de<br />

roda. Orquestra de percussionistas com tamborins, cuícas, reco-<br />

recos e agogôs. Batuque era o <strong>no</strong>me genérico que o português<br />

dava às danças africanas suas conhecidas ainda <strong>no</strong> continente<br />

negro, que na Bahia tomam a forma de uma dança-luta que<br />

ocorria aos domingos e dias de festas na praça da Graça e na do<br />

Barbalho, apesar da constante vigilância policial. Entretanto, se o<br />

conde dos Arcos, governador da Bahia <strong>no</strong> início de século,<br />

defendera a libertação dos batuques de nação, argumentando que<br />

estes “re<strong>no</strong>variam as idéias de aversão recíproca que lhes eram<br />

naturais desde que nasceram, e que todavia se vão apagando<br />

pouco a pouco com a desgraça comum”; com a revolta de 1814, a<br />

permissão do conde dos Arcos é revogada e os batuques são<br />

<strong>no</strong>vamente proibidos, assim como a permanência de negros em<br />

tendas, botequins e tavernas.<br />

Manuel Queri<strong>no</strong> fala do samba que se tocava nas festas de<br />

rua de Salvador, rodas de samba onde os batuqueiros respondiam<br />

aos refrões conhecidos, muitos deles ainda referentes ao trabalho<br />

com a cana <strong>no</strong> interior — um “samba arrojado, melodioso, (...) as<br />

morenas, entregues a um miudinho de fazer paixão” (op. cit.).<br />

Pandeiro, violão, ganzá, faca arranhando o prato com o ritmo<br />

certo. O partido alto que aparece na cidade de Salvador atualiza a<br />

tradição musical africana, refrões que se celebrizam contestados<br />

pelos improvisos de cada um. O mesmo acontece com a dança: os<br />

movimentos rítmicos do conjunto são por momentos respondidos

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