23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

narrativas, como a de Froger, descrevem as procissões medievais<br />

portuguesas:<br />

a do Santíssimo Sacramento, que não é me<strong>no</strong>s considerável nesta<br />

cidade por uma quantidade prodigiosa de cruzes, de relicários, de ricos<br />

ornamentos e de tropas em armas, de corpos de ofícios, confrarias e de<br />

religiosos, como também ridícula pelos grupos de máscaras, de<br />

músicos e de dançari<strong>no</strong>s, os quais por suas posturas lúbricas<br />

atrapalham a ordem desta santa cerimônia (Froger, Voyages de Mr. de<br />

Gennes).<br />

Mas é em Salvador que se redefine o calendário cristão num <strong>no</strong>vo<br />

ciclo de festas populares, quando <strong>no</strong>s santos católicos seriam<br />

encontradas correspondências e identidades associadas aos orixás<br />

nagôs, homenageados não só em cerimônias privadas, mas, a<br />

partir de então, com toda exuberância na festa “católica”, nas<br />

ruas, nas praças, <strong>no</strong>s mercados e mesmo nas igrejas da cidade.<br />

Esse ciclo de festas populares que daria substância à<br />

identidade profunda de Salvador, criando elementos fundamentais<br />

à sua personalidade moderna de cidade, se inicia com o Advento,<br />

um mês antes do Natal, aberto pela festa de santa Bárbara, a<br />

Iansã, que já na metade do século XIX tinha a participação<br />

marcante dos africa<strong>no</strong>s, celebrando sua entidade de devoção <strong>no</strong><br />

mercado dos Arcos de Santa Bárbara. Dias depois é homenageada<br />

Iemanjá, <strong>no</strong> dia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, a festa<br />

armada em tor<strong>no</strong> de sua igreja, onde, já <strong>no</strong> princípio do século<br />

XIX, se misturavam brancos, pretos e mulatos, as negras com<br />

seus turbantes, suas camisas finamente bordadas e saias<br />

franzidas e rodadas. O Natal era [pg. 35] pretexto para uma série<br />

de manifestações dos negros: cheganças, bailes, pastoris, bumba-<br />

meu-boi e cucumbis, que saíam à rua revelando, mesmo em meio<br />

da dura repressão provocada pelas insurreições dos escravos, a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!