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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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aos livres nacionais é facultado trabalhar <strong>no</strong> transporte de<br />

saveiros da cidade a partir de 1850. Em 1861 é a vez dos<br />

estivadores protestarem junto ao presidente da província quanto<br />

ao “<strong>no</strong>civo e contumaz ascendente que há formado o abuso da<br />

introdução de escravos <strong>no</strong> serviços da profusão de atividades <strong>no</strong><br />

porto desta cidade”. Também nas obras públicas, uma das<br />

possibilidades que se abrem a indivíduos sem especialização<br />

profissional, a partir de 1848, fica impedida a contratação de<br />

escravos. Não constituindo a indústria ainda uma fonte de<br />

absorção significativa de mão-de-obra, e os empregos <strong>no</strong><br />

funcionalismo público se reservando a uma mi<strong>no</strong>ria mais<br />

instruída, restam como saída para o grande número de<br />

desempregados os peque<strong>no</strong>s ofícios e o comércio ambulante,<br />

expedientes que se tornam tradicionais para grande faixa da<br />

população, marginalizada das possibilidades regulares de trabalho<br />

até <strong>no</strong>ssos dias.<br />

“A Alforria nunca é uma aventura solitária. A carta de<br />

alforria é um ato comercial, raramente um ato de generosidade”. A<br />

afirmação de Kátia Mattoso resume bem a questão das cartas de<br />

alforria. Se a legislação garantia ao escravo dentro da perspectiva<br />

cristã “ressuscitar como homem livre”, a compra de sua própria<br />

liberdade se reveste de extrema dificuldade, só sendo possível com<br />

o concurso das juntas de [pg. 29] auxílio mútuo ou com a ajuda<br />

dos parentes. O preço de referência era o de sua compra<br />

atualizada pelos <strong>no</strong>vos preços do mercado, o proprietário só o<br />

“alforriando” quando o negócio lhe era favorável, possibilitando a<br />

compra de um escravo mais moço. Frequentemente, o escravo<br />

passava por um período intermediário em que continuava devendo<br />

obrigações ao senhor, ou pagando parcelas periódicas sobre seu<br />

valor de venda. A liberdade, entretanto, era apresentada ao

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