23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

principalmente <strong>no</strong> vale do Paraíba, seria um importante<br />

comprador, seguido por São Paulo, que se expandia e que <strong>no</strong><br />

momento seguinte optaria por uma solução mais “moderna”<br />

atraindo o imigrante europeu, embora ainda oferecendo condições<br />

[pg. 27] econômicas e sociais praticamente insustentáveis para o<br />

trabalhador rural na grande empresa cafeeira. A província do <strong>Rio</strong><br />

de Janeiro, de 119.141 escravos em 1844, <strong>no</strong> início da década de<br />

1870 passa a contar com mais de trezentos mil, dos quais grande<br />

parte havia chegado da África através dos portos do Nordeste,<br />

muitos vindos de Salvador, podendo se imaginar que também<br />

sudaneses da Costa da Mina e do golfo de Benin foram vendidos<br />

para essas bandas.<br />

Os negros vendidos em Minas Gerais enfrentavam e<strong>no</strong>rmes<br />

caminhadas, acompanhados pelos feitores montados na direção<br />

de suas <strong>no</strong>vas senzalas <strong>no</strong> vale do Paraíba. As estradas de ferro<br />

que vão se instalando sob o comando dos engenheiros ingleses,<br />

símbolos do progresso, também curiosamente possibilitariam o<br />

trânsito de milhares de escravos. Muitos homens de dinheiro,<br />

afetados pelo estado de depressão por que passava a província da<br />

Bahia, passam a se valer dos altos lucros da venda de negros,<br />

enviando-os para o Sul por navio, sendo que somente entre os<br />

a<strong>no</strong>s de 1872 e 1876 chegam ao <strong>Rio</strong> de Janeiro 25.711 escravos<br />

vindos do Norte e Nordeste.<br />

Entretanto, surgem possibilidades para alguns da população<br />

negra de Salvador. Se muitos escravos recém-chegados ou já<br />

trabalhando <strong>no</strong> estado são transferidos abruptamente para o Sul,<br />

muitos se alforriariam, aumentando uma classe intersticial de<br />

negros livres que tomam as ruas com seus interesses e ofícios<br />

junto aos negros de ganho, gente que sobe e desce as ladeiras, que<br />

toma o espaço dos cantos, das beiras, das madrugadas, das feiras,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!