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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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abolicionista, o negócio negreiro não era na época socialmente<br />

infamante nem dava dores de consciência aos do<strong>no</strong>s da Cidade<br />

frente à Igreja ou ao gover<strong>no</strong> colonial, que, acumpliciados, só<br />

cederiam em suas rendosas transações, quando não restavam<br />

mais meios práticos de mantê-las. Henri Cordier registra em seu<br />

livro Mélanges américains um relato do barão Forth Rouen sobre<br />

sua passagem em Salvador:<br />

Numa igreja da cidade tive a oportunidade de ver, entre um grande<br />

número de ex-votos, um quadro bem recente representando um navio<br />

negreiro sob pavilhão brasileiro, sendo perseguido por dois barcos, um<br />

francês e outro inglês. No céu, aparecia a figura de Cristo que, com<br />

sua mão poderosa protegia o navio brasileiro, permitindo-lhe escapar<br />

do perigo e entrar calmamente na enseada.<br />

De qualquer forma, depois de a<strong>no</strong>s de tráfico contínuo com a<br />

África, a Bahia liquidava sua população escrava. Dos quinhentos<br />

mil que teria pelo início do século XIX, em 1874 não restaram<br />

mais, de acordo com as estatísticas, que 173.639 escravos. A<br />

decadência do açúcar brasileiro frente à concorrência <strong>no</strong> mercado<br />

internacional e a progressiva importância econômica que assumia<br />

o café que se expande em municípios do <strong>Rio</strong> de Janeiro, Minas<br />

Gerais e São Paulo, faz com que grandes levas de negros sejam<br />

vendidas a preços crescentes para o Sul. As plantações cafeeiras<br />

haviam sido supridas <strong>no</strong> primeiro momento, <strong>no</strong> segundo quarto do<br />

século XIX, pelo excedente de escravos acumulado na região<br />

mineira. O esgotamento desta fonte, agravado pelo térmi<strong>no</strong> do<br />

tráfico africa<strong>no</strong>, diminui a oferta, subindo astro<strong>no</strong>micamente a<br />

procura e os preços “por peça”, já que inicialmente os fazendeiros<br />

não consideravam a possibilidade de mobilizar trabalhadores<br />

livres como uma alternativa.<br />

Assim, o <strong>Rio</strong> de Janeiro, com sua cultura de café localizada

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