23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

frente às <strong>no</strong>vas situações enfrentadas por seu povo. Apesar da<br />

dita “pobreza da mítica banto, em relação aos sudaneses, fato<br />

reconhecido por todos os etnógrafos, o que resultou na sua quase<br />

total absorção <strong>no</strong> Brasil, pelo feitichismo jeje-nagô” (Artur Ramos,<br />

O negro brasileiro), essas conclusões parecem esconder tanto o<br />

pouco conhecimento real da cultura dos povos subequatoria<strong>no</strong>s,<br />

como uma não compreensão do sentido dinâmico fundamental de<br />

seu complexo civilizatório, me<strong>no</strong>s comprometido com a<br />

manutenção de formas tradicionais fixas, sensível às conjunturas<br />

históricas vividas e aos encontros culturais. Edison Carneiro, um<br />

negro doutor mais versado <strong>no</strong>s bantos, dizia que na Bahia, já na<br />

primeira metade do século XIX, talvez só houvesse um candomblé<br />

estritamente afro-banto, o do pai Manuel Bernardi<strong>no</strong> <strong>no</strong> Bate-<br />

Folha, o que pode ser compreendido tanto como prova da<br />

fragilidade de suas formas culturais superadas pelos cultos nas<br />

nações iorubas, como numa reavaliação, percebida sua extrema<br />

vitalidade assimiladora, que <strong>no</strong> inconsciente coletivo do negro<br />

brasileiro faria aflorar uma multidão de entidades <strong>no</strong>vas, índios,<br />

caboclos, [pg. 22] santos católicos, representações de seu <strong>no</strong>vo<br />

mundo social que, através das <strong>no</strong>vas religiões afro-brasileiras,<br />

seriam integradas numa cosmogonia comum onde ganham<br />

Inteligibilidade, preservadas suas características e posições.<br />

Se o banto escravizado marca sua presença em Salvador<br />

pela transformação que opera nas características das festas do<br />

calendário católico hegemônico na cidade, o negro sudanês se<br />

voltaria para a atividade de flagrante resistência, se distinguindo<br />

explicitamente não só dos brancos, como inicialmente dos negros<br />

das outras nações a quem é apresentado pelo proselitismo político<br />

dos islâmicos. A política do conde dos Arcos, permitindo a<br />

retomada dos encontros de nações, para que surgissem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!