23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Inicia-se, assim, com a guerra civil que divide o império ioruba de<br />

Oyó <strong>no</strong> início do século XIX, irradiando o islamismo de Ilorin onde<br />

se reuniram iorubas islamizados com haussas, um processo de<br />

transnacionalização, que teria seqüência imediatamente depois <strong>no</strong><br />

Brasil, um movimento multiétnico que toma o Islã como<br />

linguagem. Um projeto político embutido num projeto religioso,<br />

reunindo sob a bandeira do islamismo diversos grupos étnicos.<br />

Esse processo de transnacionalização se amplia <strong>no</strong> Brasil entre os<br />

próprios adversários na África, através dos prisioneiros de ambos<br />

os lados que se reencontram aqui, em condições comuns como<br />

escravos em um <strong>no</strong>vo mundo. A revolta de 1809 reúne pela<br />

primeira vez haussas e nagôs, o processo se expandindo a ponto<br />

do movimento de 1835 unir oito nações em Salvador contra o<br />

poder colonial.<br />

A antropologia brasileira clássica privilegiou o estudo dos<br />

negros sudaneses que se concentram em Salvador, enquanto na<br />

maioria das outras províncias seguia-se o tráfico com a costa de<br />

Angola. O livro de Luís Viana Filho, O negro na Bahia,<br />

significativamente prefaciado pela mestria de Gilberto Freyre,<br />

mesmo trazendo como <strong>no</strong>vidade uma reavaliação da presença<br />

numérica de negros bantos na Bahia, mantém a tese de sua<br />

inferioridade frente aos nagôs (iorubas), e da diluição de suas<br />

marcas civilizatórias numa cultura popular urbana liderada pela<br />

Igreja e vulgarizada para o consumo das grandes camadas<br />

escravizadas da população. Tal fato teria determinado na época a<br />

não participação dos bantos <strong>no</strong>s movimentos insurrecionais<br />

baia<strong>no</strong>s.<br />

As religiões banto partiam do culto dos ancestrais, dos<br />

grandes personagens da comunidade que retornavam<br />

incorporados <strong>no</strong>s seus cavalos, atualizando suas características

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!