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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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Relata Nina Rodrigues o que provavelmente o babalaô<br />

Martinia<strong>no</strong> Eliseu do Bonfim lhe contou: “Em 1802, o Dam-Foité<br />

Othman, constituindo-se, com os fiéis, em dijemãa, ou associação<br />

religiosa e militar, (...) inspirou-se <strong>no</strong> mesmo fanatismo religioso<br />

que lançou os árabes vitoriosos sobre a África e sobre a Europa”<br />

(Nina Rodrigues, Os africa<strong>no</strong>s <strong>no</strong> Brasil). Na África, as jihád,<br />

guerras santas islâmicas que se iniciam <strong>no</strong> século XIX,<br />

forneceriam escravos para Salvador, exportando também o espírito<br />

guerreiro e independente dos contendores. Com as lutas<br />

religiosas, negros islâmicos haussas (auçás) e malês, que já eram<br />

enviados anteriormente pelos azares do tráfico, vêm agora em<br />

maior número juntamente com seus adversários na África,<br />

iorubas e jejes. O islamismo, como ideologia religiosa e guerreira,<br />

passa a ter grande influência entre os escravos em Salvador,<br />

operando um movimento cultural de grande importância que se<br />

fortalece na marginalidade com a organização de cultos religiosos<br />

e sociedades secretas. No Islã fica explícito que a função do Estado<br />

é servir à lei divina, implicando a conversão num projeto político<br />

de tomada do gover<strong>no</strong> (uma teocracia almejada, como diz Manuela<br />

Carneiro da Cunha em Negros, estrangeiros) que seria liderado por<br />

um líder religioso letrado, como foi Licutan na revolta malê<br />

baiana.<br />

Continua Nina:<br />

repelidos pelos fulás, os negros haussas caíram sobre o grande e<br />

poderoso rei<strong>no</strong> central de Ioruba e [pg. 21] destruíram-lhe a capital<br />

Oyó. No reinado de Arogangan, Ioruba perdeu, em 1807, a província<br />

Ilorim, cujo governador Afunjá, sobrinho do rei, se serviu dos haussas<br />

para declarar-se independente. Os maometa<strong>no</strong>s em 1825 queimaram<br />

vivo a Afunjá e desde então elegeu-se ali um rei ou gover<strong>no</strong><br />

muçulma<strong>no</strong>. Ilorim tor<strong>no</strong>u-se por este modo um centro de propaganda<br />

do islamismo <strong>no</strong>s povos ioruba<strong>no</strong>s ou nagôs (Nina Rodrigues, op. cit.).

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