TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio
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esparramada feito luz em torno da cabeça pequetita. Ninguém mais não enxergava olhos nela, era só ossos duma cumpridez já sonolenta pendendo pro chão da terra.” Mário de Andrade “Gostava tanto de folguedos que inventava até aniversário.” “Era muito falada mas não sabia nada.” Donga Ary Vasconcelos “A mulata Hilária Batista de Oliveira — Tia Ciata, babalaô-mirim respeitada, simboliza toda a estratégia de resistência musical à cortina da marginalização erguida contra o negro em seguida à Abolição.” Muniz Sodré “Eu era muito pequena, na minha época onde uma criança chegava tinha que respeitar os mais velhos, a gente ficava no nosso montinho lá, esperando a festa começar. Quando começava a gente entrava, eu nem sambava nem batia palmas, porque eu não entendia nada, mas apreciava porque ela era uma senhora muito antiga...” Sinhá D’Ogum — Morro de São Carlos “Olha aqui, rapaz, você sabe que o nosso nome tem... essa família Jumbeba, vou te contar, tem no mundo inteiro...” Dino (Dinamogenol Jumbeba) “Quando ela ia nessas festas usava saia de baiana, batas, xales,
só pra sair naqueles negócios de festas. Na cabeça, quando ela ia nessa festa, minha mãe é quem penteava ela, fazia aqueles penteados assim. Ela não botava torso não. Só botava aquelas saias e aqueles xales ‘de tuquim’ que se chamava. Tinha muita [pg. 161] baiana mesmo que tinha casa e tudo que tinha inveja dela, mas ela acabava na beira do fogão fazendo doces”. D. Lili (Licínia da Costa Jumbeba) “Minha vó era a voz suprema, quando ela dizia qualquer coisa ninguém respondia nada, porque todo mundo gostava dela, ela tinha qualquer coisa que a palavra dela era uma ordem e todo mundo respeitava.” Bucy Moreira Mangue mais Veneza americana do que Recife Cargueiros atracados nas docas do canal Grande O morro do Pinto morre de espanto Passam estivadores de torso nu suando facas de ponta Café baixo Trapiches alfandegários Catraias de abacaxis e de bananas A Light fazendo crusvaltina com resíduos de coque Há macumbas no piche Eh cagira mia pai Eh cagira Houve tempo em que a Cidade Nova era mais subúrbio do que todas as Meritis da Baixada Pátria amada idolatrada de empregadinhos de repartições públicas Gente que vive porque é teimosa Cartomantes da rua Carmo Neto
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esparramada feito luz em tor<strong>no</strong> da cabeça pequetita. Ninguém<br />
mais não enxergava olhos nela, era só ossos duma cumpridez já<br />
so<strong>no</strong>lenta pendendo pro chão da terra.”<br />
Mário de Andrade<br />
“Gostava tanto de folguedos que inventava até aniversário.”<br />
“Era muito falada mas não sabia nada.”<br />
Donga<br />
Ary Vasconcelos<br />
“A mulata Hilária Batista de Oliveira — Tia Ciata, babalaô-mirim<br />
respeitada, simboliza toda a estratégia de resistência musical à<br />
cortina da marginalização erguida contra o negro em seguida à<br />
Abolição.”<br />
Muniz Sodré<br />
“Eu era muito pequena, na minha época onde uma criança<br />
chegava tinha que respeitar os mais velhos, a gente ficava <strong>no</strong><br />
<strong>no</strong>sso montinho lá, esperando a festa começar. Quando começava<br />
a gente entrava, eu nem sambava nem batia palmas, porque eu<br />
não entendia nada, mas apreciava porque ela era uma senhora<br />
muito antiga...”<br />
Sinhá D’Ogum — Morro de São Carlos<br />
“Olha aqui, rapaz, você sabe que o <strong>no</strong>sso <strong>no</strong>me tem... essa família<br />
Jumbeba, vou te contar, tem <strong>no</strong> mundo inteiro...”<br />
Di<strong>no</strong> (Dinamoge<strong>no</strong>l Jumbeba)<br />
“Quando ela ia nessas festas usava saia de baiana, batas, xales,